Ele apenas sorriu. Fayth fechou os olhos e contorceu o rosto de raiva. Anna
se afastou, sabendo que aquilo nunca era bom.
__ EU NÃO VIM AQUI PRA VOCÊ DEBOCHAR DE MIM, PROFESSOR!!! EU VIM AQUI PARA OBTER RESPOSTAS!!! VOCÊ É OU NÃO É MEU PAI??? É UMA PERGUNTA SIMPLES, COM UMA RESPOSTA SIMPLES!!!! SIM OU NÃO????
__ Como eu disse antes, Fayth, eu tenho muito orgulho de você.
Anna prendeu a respiração. Draco arregalou os olhos e Fayth permaneceu imóvel, parecendo não ter entendido o que ele disse.
__ Você sempre foi rápida de raciocínio, assim como sua mãe. Aliás... Você é idêntica à sua mãe em tudo.
__ Ela... Era bonita?
__ A mulher mais linda que eu já conheci.
Anna, percebendo que ela e Draco estavam sobrando ali, pegou ele pela gola das vestes e saiu arrastando ele pra fora.
__ Não vai dizer mais nada?
__ Que espera que eu diga? "Eu te amo, papai!"? "Que bom que te conheci!"? Você me deve explicações!! Por que me deixou para ser criada com a irmã da mamãe??? Por que não pediu a minha guarda??? Por que me abandonou?
__ Eu lutei por você, Fayth. Mas perdi! A sua tia provou ter um lar estável e eu, na época, ainda estava desempregado!
__ Isso não te dá razão para nunca ter entrado em contato!!
__ Eu pensei que usaria esse argumento. - ele abriu uma gaveta de sua escrivaninha e tirou dois bolos de papel, que entregou para Fayth.
__ O que é isso?
__ São cartas. Quando consegui meu emprego de auror, tentei entrar em contato com você, mas as cartas todas voltaram. - ele se ajoelhou na frente dela, colocando as mãos em seus ombros. - Amélia me odiava tanto que mandou todas as cartas de volta para mim. Veja essa carta que eu recebi. - ele tirou uma carta do bolo e a abriu, fazendo Fayth ler.
__ "Prezado senhor Telford, sinto muito dizer que o destinatário ao qual se dirige em suas cartas faleceu há três anos. Sinceras condolências. George Kvar".
__ Entende agora o que aconteceu? Veja a data da carta. No dia que você veio para Hogwarts. Você foi afastada de mim, e não ao contrário!
__ Meu pai... Ele nunca...
__ George Kvar nunca teve nem conhecimento de tal carta, Fayth. Amélia escreveu essa carta! Ela é a única que sabia como usar o correio coruja!
__ Por que ela fez isso?? POR QUÊ??? - ela gritou, espumando de raiva.
__ Por que fui eu quem apresentou Narcissa a Lúcio Malfoy. Ela era minha vizinha e nós já nos conhecíamos há algum tempo. Eu e Lúcio nunca fomos muito amigos, mas também não nos odiávamos.
__ É por isso que ela te odeia tanto?? Por ciúmes?? POR CAUSA DE UMA DOR DE COTOVELO ELA ME AFASTOU DE QUALQUER CONTATO COM VOCÊ?????? - uma das janelas se estilhaçou com a raiva de Fayth.
__ Hei, hei! Calma! Isso não importa mais! O que está feito está feito! E eu não acreditei que estivesse morta, é claro. Eu vivia perto de você, escondido para que não se assustasse.
__ Que tipo de ser humano faz isso com alguém, pai? - uma lágrima escorreu pelo rosto de Fayth e outra pelo rosto de John.
__ Me chamou de pai...
__ Chamei?
__ Não sabe quantos anos esperei para ouvir isso.
__ No natal fariam onze anos e dez meses. - ela falou, dando um sorriso.
Ele não falou mais nada, nem ela. Eles apenas se abraçaram com força, e ficaram assim por longos minutos.
------------------------
__ Bom... - Anna falou, enquanto colocava um pedaço de bomba de chocolate na boca. Estavam de volta à cozinha de Hogwarts. - Pelo menos você vai poder passar as férias de verão na casa do seu pai!
__ Mas só tem um probleminha. Lá não tem computador. A gente não vai mais poder ficar conversando na internet!
__ É, isso realmente vai ser um problema... Mas se estamos sobrevivendo sem internet aqui, sobreviveremos por dois meses!
__ Mas aqui a gente se vê todo dia! É diferente! - disse, comendo de um doce que não sabia o que era, mas que achava delicioso.
__ Você tem a Shadow! A gente pode se corresponder!
__ Mas não vai ser em tempo real! E não vai ter tanta graça...
__ Mas o que seus pais adotivos vão pensar disso?
__ Não sei e não quero saber. Se Amélia foi capaz de tamanha baixaria, eles não devem ser muito diferentes. Afinal, George e Amélia são irmãos!
__ Lílian e Petúnia também, nem por isso!
__ George e Amélia são parecidos. E Clair... Nunca demonstrou afeto por mim. Parece que até ficou com raiva de saber que eu era bruxa!
__ Quem sabe ela não é um aborto?
__ Meus avós são trouxas. Ela tinha inveja, isso sim!
Enquanto comiam mais doces, Harry e Rony entraram na cozinha.
__ Como sabem daqui?? - Rony perguntou, assombrado.
__ Livros sobre Harry. - Anna se limitou a dizer.
__ Harry Potter!! - Dobby deu sinal de vida pela primeira vez desde que Anna e Fayth estavam na cozinha. - Que prazer tê-lo novamente na nossa humilde cozinha!
__ Como sempre, Dobby, como sempre. Fayth, fiquei sabendo que houve uma confusão com você e o professor Telford. Dizem que você até quebrou a janela dele!
__ Como essas notícias correm rápido... - Anna zombou.
__ Confusão alguma, Harry. Na verdade nós apenas estávamos resolvendo assuntos pendentes.
__ Que tipo de assuntos pendentes? - Rony perguntou, sem nenhuma discrição.
__ Ele é meu pai. - ela disse, calmamente. - E minha tia é uma vaca que me afastou dele a vida inteira. A janela se quebrou porque eu estava com raiva dela, não dele.
__ Ah... - eles falaram, tentando entender. - E isso é... Bom?
__ Depende do ponto de vista. Pra mim e para ele foi ótimo, mas para minha tia... Eu duvido que ela se sinta feliz com isso. - finalizou, comendo outro pedaço do doce.
__ FAYTH!!! - Anna gritou de repente.
__ AAAII!! Que foi, viu alguma assombração?? Algum demônio?? Alguma barata?? Algum grilo??
__ Não, sua tonta! Você ainda não abriu o presente que o Malfoy te deu!!
__ Que história é essa de presente?? - Rony perguntou.
__ É uma longa história. - Harry se apressou em dizer, batendo a mão no ombro do amigo. - Depois eu te conto.
__ Ih, é mesmo! - ela enfiou a mão no bolso e tirou a pequena caixinha do bolso.
__ Vai, abre!
__ Ih, já vai!! Parece até que o presente é seu!!
__ Mas eu colaborei!
Fayth apenas olhou para Anna com um olhar de "Cala essa boca" e abriu a caixa.
__ E então??? O que é???
__ Um colar. - ela tirou o colar de dentro da caixinha. Era um pequeno cordão prateado, com uma pedra verde no pingente, em formato de "F".
__ É lindo!!!
__ É sim. - ela se limitou a dizer.
------------------
Na segunda de manhã, na hora do correio coruja, Shadow trouxe uma carta para Fayth. Anna, que nunca perdia um movimento da irmã, antes mesmo de Fayth pegar a carta, já estava na mesa da Sonserina.
__ O que é?
__ Minha tia. - ela olhou para o remetente. - Com certeza já deve estar sabendo de tudo.
__ Não vai abrir?
__ Pra quê? Com certeza deve estar escrito algo do tipo "Não acredite em uma palavra do que Telford disser" ou mesmo "Nem pense em vir para as festas de natal".
__ Talvez ela não saiba.
__ Tá certo, eu abro. - ela abriu e começou a ler.
"Fayth. Parece que já está sabendo de tudo. Não vou falar para não acreditar no que ele disse. Seria inútil. Acabou minha farsa. Mas não pense que vai ficar assim. Diga ao seu pai que vai ter um troco. Amélia".
__ Ela ainda tem a cara de pau de ameaçar meu pai???
__ Hei, tem outra carta na pata da Shadow! - Anna notou.
__ Mas... Quem pode ter me mandado essa carta? - ela retirou a carta de Shadow, que começou a beber do suco de abóbora de Fayth. - Anna... É pra você!
__ Pra mim?? Quem me mandaria uma carta???
__ Como vou imaginar? Não tem remetente!
Anna tomou a carta das mãos de Fayth e a abriu.
"Logo será sua inimiga. Impeça que isso ocorra. Salve sua alma".
__ Não tem assinatura??
__ Não. Nada.
__ Bizarro...
__ MUITO bizarro. Mudando de assunto, Grifinória versus Corvinal no próximo sábado, não esquece!
__ Claro que não!
__ Harry nos convidou para ver os treinos!
__ Nesse toró??? Que animação!!!
__ Vamos, please!!!
__ Tá, eu vou! Que dia tem treino?
__ Amanhã depois das aulas. A Angelina é a nova capitã da Grifinória e o Rony é o novo goleiro.
__ Sério? O Rony? E ele é bom?
__ Vamos ter que descobrir! Mana... Realiza a situação! Nós vamos ver um jogo de Quadribol ao vivo!!!! - Anna disse, roubando um pedaço de bolo do prato de Fayth.
__ Vai ser tudo de bom!
--------------------
Anna tentava prestar atenção à aula de História da Magia, aula que assistia junto com a Lufa-Lufa, mas era realmente muito difícil se interessar por guerras de Fadas contra Duendes. Olhava mais através do professor Binns do que para ele diretamente.
Só estranhou o fato de que, repentinamente, o professor tomara uma forma estranha, de outra pessoa. Um homem alto e magro, de pele muito branca e olhos vermelhos, vestido com roupas negras e uma capa idem.
Olhou ao seu redor e tudo havia sumido. Só estava ela e aquele homem. Sentiu medo. Muito medo. Começou a sentir frio também. Tentava se aquecer com as mãos, mas só conseguia sentir mais frio ainda.
Naquela hora, a imagem de sua irmãzinha surgiu ao lado do homem.
__ MANINHA!!! - ela tentou gritar, mas se surpreendeu de que não saia ruído algum de sua garganta. Começou a correr, tentando alcançar os dois, mas eles pareciam se afastar cada vez mais a cada passo que ela dava.
Nisso seu sangue gelou. O homem se ajoelhou ao lado de sua irmã e a envolveu com sua capa, desaparecendo logo em seguida. Então Anna gritou.
__ NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
__ Menina, que é isso?? - ela ouviu a voz do professor Binns e despertou. Olhou em volta e todos estavam lá, olhando assombrados para ela.
__ Foi um pesadelo...! - murmurou para si mesma.
__ Está se sentindo bem?? - Binns tornou a falar com ela.
__ Não! Eu vou até a Ala Hospitalar, professor! Desculpe atrapalhar sua aula! - ela não tinha um pingo de remorso, na verdade.
Correu pelos corredores e encontrou com Fayth, que parecia tão mal quanto ela própria. Sem falar uma única palavra elas se abraçaram, com medo de que fossem sumir se elas se soltassem.
__ Foi horrível!!! - Anna murmurou.
__ Eu não sei o que você viu! Só sei que eu sabia que você estava com medo! Eu senti seu medo, Anninha! Pensei até que estivesse em perigo! Afinal, o que aconteceu??
Anna apartou o abraço e olhou para o rosto de Fayth, com uma expressão de incredulidade no rosto.
__ Não sei!
__ Como não sabe??
__ Não sei!! Eu estava na aula do professor Binns e de repente tudo ficou escuro! Depois não me lembro de mais nada!!! Eu só sei que nunca tive tanto medo na minha vida!
__ Relaxa! Agora está tudo bem!! - ela tornou a abraçar Anna, que tremia muito. - Vamos à Ala Hospitalar.
__ Não! Eu já estou melhor, maninha. Pode ir para sua aula!
__ Sinceramente! Herbologia com a Corvinal não é mais importante que saber o que você tem!
__ Deve ter sido só uma crise de pânico!
O sinal bateu e um dos alunos do primeiro ano da Grifinória cruzou com as irmãs.
__ Anna, o que foi aquele grito que você deu???
__ Grito?? - Fayth perguntou.
__ É, ela estava dormindo, de repente começou a se contorcer na mesa aí soltou um grito.
__ E eu gritei alguma coisa específica? Alguma palavra?
__ Você gritou "não". Credo, foi assustador. Você deve ter tido um pesadelo horrível! Mas até que foi bom! O Binns ficou tão desconcertado com o seu grito que não conseguiu mais dar aula! Acho que ninguém nunca interrompeu a aula dele!
__ Hermione já. - Anna retrucou.
__ Hermione está no quinto ano! - ele tornou a insistir. - Qualquer aluno daquela idade tem coragem o suficiente para...
__ Ela estava no segundo ano, Kevin. Pergunta pra ela depois!
__ Mesmo assim! Ele perdeu completamente a noção com o seu grito! Foi muito legal!
__ Eu não achei nada legal!
__ Afinal de contas o que foi que você sonhou?
__ Não me lembro...
__ Tá, mas vamos embora! Temos Feitiços com a Corvinal!
__ Que aula você tem agora, maninha? - ela virou-se para Fayth.
__ Astronomia com a Lufa-Lufa.
__ Certo, a gente se vê no almoço! - Anna saiu, sem dar espaço para a irmã protestar e levá-la até a Ala Hospitalar.
------------------------------
__ TELFORD MALDITO!!!!!!! - Amélia quebrava outro vaso na parede.
__ Tarde demais, Amélia! - George, um homem claro, de cabelos grisalhos e alto, mas não em sua melhor forma, dizia a irmã. - Nossa farsa foi pro ralo e em breve a menina vai saber do resto!
__ Tudo estava dando tão certo!!! - ela sentou-se ao lado de George e afundou o rosto nas mãos. - Deveria tê-lo matado quando tive a chance!!!
__ Você seria expulsa de Hogwarts, não poderia executar magia e a menina não nasceria, estragando mais ainda nossos planos. Nem tudo está perdido. Só se tornou um pouquinho mais complicado!
__ E o que o mestre vai fazer com a gente agora, George???
__ Com certeza algo ruim. Mas, não com a gente. Eu não tenho absolutamente nada a ver com esse último fracasso. O azar é somente seu.
Ele se levantou e saiu da sala, deixando Amélia com seus pensamentos.
------------------------------
__ Foi uma sensação de pânico, como se algo horrível estivesse acontecendo. - Anna explicava para o trio Grifinório e para Draco, que já tinha sido aceito na família e permanecia abraçado a Fayth, que fingia estar detestando aquilo. Eles estavam sentados na grama, fora do castelo, depois as aulas, em um dos raros momentos que não estava chovendo.
__ Bom, ter que aturar o Binns realmente é algo horrível, mas nada que me fizesse entrar em tamanho pânico! - Rony brincou. - É até bom, um horário para dormir!
__ Não foi por causa do Binns! Foi um pesadelo que eu tive, mas não consigo me lembrar do que era!! Mas o pior é que essa sensação de perigo eminente não passou ainda!
__ Não é coisa do Voldemort? - Harry perguntou. Todos olharam para Draco.
__ Eu não trabalho para Voldemort e não tenho culpa do meu pai trabalhar!
__ Mas você deve ouvir alguma coisa em casa! - Fayth falou.
__ Meu pai não fala sobre isso em casa. Apenas que "mal espera para eu completar dezoito anos para poder me juntar ao Lorde". Ele que vá sonhando. Jamais me rebaixaria a andar na sombra de alguém.
__ Pelo menos isso você tinha que ter de bom, Malfoy. - Rony cutucou.
__ Pelo menos eu não tenho que me preocupar se vai ter comida no meu prato no dia seguinte, Weasley.
__ Parem vocês dois!! - Hermione interrompeu antes que esquentasse. - Pensei que estávamos de comum acordo em não brigarmos mais!!
__ Diga isso ao seu namoradinho, que insiste em me implicar!
__ Ninguém obriga você a retrucar!! - Rony devolveu.
__ Você está ruivo de saber que eu não engulo ofensa calado, Weasley!
__ Eu disse pra pararem!!! Temos coisas mais importantes para pensar! Não se esqueçam que ao mesmo tempo em que Anna teve o pesadelo, a cicatriz de Harry doeu!!!
__ Claro que existe a possibilidade de uma coisa não ter nada a ver com a outra. - Anna tentou desviar a atenção do pesadelo dela, que ainda incomodava.
__ Assim como pode ter tudo a ver!
__ Eu nem me lembro do que era!!!
__ Mas ainda está com muito medo! Coisa boa não era!
__ E desde quando pesadelo é coisa boa, Mione?? - Anna tornou a retrucar. - Eu devo estar apenas com uma sensação ruim!
__ Você não está acostumada com as coisas no mudo bruxo, Anna! Nada pode ser ignorado, nada!!
__ Ela tem razão, Anna. - Harry tomou a palavra. - Eu também achava que meus sonhos eram besteiras.
__ Mas Harry, você tem uma ligação com Voldemort! Eu não tenho nada de especial!!
__ Talvez tenha e nem saiba! Eu nem imaginava que eu era o "Menino que sobreviveu" até Hagrid me contar. Nem que tinha alguém tão poderoso querendo me matar.
__ Mas meus pais são trouxas! E meus avós também!! E os meus bisavós também!!! Eu nunca tive nenhuma ligação com o mundo bruxo até receber aquela carta!
__ O que você pode saber sobre os seus outros antepassados?
Anna foi pega de surpresa. Ela nem imaginava quem poderiam ser seus outros antepassados até antes de seus bisavós.
__ Veja a Fayth, por exemplo. Ela não fazia nem idéia de que tinha um pai bruxo até ontem!
__ Fayth é adotada.
__ E minha tia é uma vaca. - a referida se manifestou.
__ Ela não é um bom exemplo. E você também é adotado, Harry. Mas eu não! Minha família não tem sangue bruxo nas veias!
__ Então me diga como você nasceu bruxa. - Hermione jogou.
__ Certo! Vocês venceram!! Que coisa... Pode ter ligação com o Voldemort sim!
__ Mas vocês insistem em dizer o nome dele!!! - Rony falou entre os dentes.
__ Dizer o nome dele não o materializará aqui, Rony! - Hermione ralhou.
__ Mas dá arrepios...
__ Tá, tá, Rony. - Harry resolveu cortar a discussão dos dois. - Independente do que houve, nada poderá ser feito agora. Não sabemos por que minha cicatriz doeu e não sabemos que sonho a Anna teve.
Hermione começou a falar, mas Anna parecia ter entrado em um estado de estupor. Ela via a boca de Hermione se mexer e todos prestarem atenção a ela, mas ela não ouvia uma palavra do que era dito.
"Os cabelos de Mione encolheram? Ela... Está de pé. Mais magra... Mais pálida... Mais alta... Que olhos vermelhos são aqueles? Decididamente não são os olhos da Mione. O que está havendo? Cadê todo mundo? Mana? Malfoy? Harry? Rony? Tá tudo tão escuro... Tão frio... Mana! Aí está você... Mana? Olha pra mim! O que está fazendo? Não, não se aproxime da Mione!!! Não é a Mione!!! É o Voldemort!!! Sai daí, mana!!! Não encoste nela, seu maldito!!! Não!!! Outra vez não!!! Larga ela!!!! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!"
__ ANNA, ACORDA!!!!! - Fayth sacudia a irmã com violência, que abriu os olhos assustada.
__ VOCÊ! VOLDEMORT QUER ALGO COM VOCÊ!!! ELE TE LEVOU E EU NÃO CONSEGUI FAZER NADA!!!
__ Harry, você tá legal?? - Hermione levantava o amigo que tinha caído de costas no chão.
__ Tô sim, Mione... Já parou de doer...
__ Sua cicatriz doeu?? - Anna perguntou, aflita.
__ Mais do que qualquer outra vez que tenha doído antes, tirando a vez em que Voldemort em pessoa encostou em mim.
__ Vocês tinham razão, meus sonhos e a dor na cicatriz do Harry têm ligação!!! Ele quer machucar a Fayth!!! - Anna disse, em tom de desespero.
__ Vamos falar com Dumbledore. - Harry disse, se levantando. - É o mais sensato a fazer. Foi muita coisa que aconteceu agora. Anna teve um pesadelo que fez minha cicatriz doer e Fayth viu todo o pesadelo de Anna.
__ COMO??
__ Eu vi tudo, como se eu estivesse de fora, vendo uma televisão! Voldemort surgindo, você diante dele, EU surgindo, ele me levando! Quando você gritou eu saí do transe e te acordei!
__ Que ligação é essa? - Anna perguntou, olhando descrente para Fayth.
__ Não sei, maninha. Mas agora eu sei porque teve tanto medo! Eu teria o mesmo medo se estivesse no seu lugar!
---------------------------
__ Professora MacGonagall! - Harry chamava pela professora em sua sala. Ela surgiu quase imediatamente, parecendo um pouco irritada.
__ Sim, senhor Potter. Precisa de mim? Ou... Alguém de sua comitiva? - ela disse, estranhando ver Draco Malfoy entre os outros.
__ Na verdade precisamos do professor Dumbledore.
__ Lamento, mas o professor Dumbledore teve que sair.
__ Mas é muito importante, professora!!
__ Sinto muito, não posso fazer nada. Se me dão licença, vou voltar para meu quarto.
__ Pensei que você era a vice-diretora. - Draco falou, não com desdém, mas com raiva. - Não poderíamos tratar o assunto com você?
__ Pois eu ficaria encantada com isso, senhor Malfoy. Mas Harry foi bem específico ao dizer que queria Dumbledore, por isso pensei que não fosse de minha competência. - ela disse, com clara irritação na voz.
__ Creio que qualquer coisa envolvendo Voldemort seja da competência dos professores de Hogwarts, visto que todos fazem parte da Ordem. - ele falou, com calma.
__ Ordem? - os outros olharam para Draco e depois para MacGonagall, que não pareceu gostar do que Draco disse.
__ Não sei como pode saber disso, Malfoy.
__ O caso é que Anna Foster teve um pesadelo com Voldemort, pesadelo que foi visto por Fayth, que estava acordada, e que fez a cicatriz do Potter doer pela centésima vez.
MacGonagall tornou-se extremamente pálida. Procurou sua cadeira e se apoiou nela antes de se sentar.
__ Deveria ter procurado seu pai imediatamente, Fayth! - ela se levantou abruptamente e jogou algo no fogo de sua lareira. - Telford, por favor venha imediatamente à minha sala! - ela falou para o fogo.
Em alguns minutos, John Telford entrou na sala e ao ver a enorme comitiva na sala de MacGonagall, teve certeza de que coisa boa não era.
__ O que houve, Minerva?
__ Ele as encontrou, John. Ele as encontrou!
Continua...
__ EU NÃO VIM AQUI PRA VOCÊ DEBOCHAR DE MIM, PROFESSOR!!! EU VIM AQUI PARA OBTER RESPOSTAS!!! VOCÊ É OU NÃO É MEU PAI??? É UMA PERGUNTA SIMPLES, COM UMA RESPOSTA SIMPLES!!!! SIM OU NÃO????
__ Como eu disse antes, Fayth, eu tenho muito orgulho de você.
Anna prendeu a respiração. Draco arregalou os olhos e Fayth permaneceu imóvel, parecendo não ter entendido o que ele disse.
__ Você sempre foi rápida de raciocínio, assim como sua mãe. Aliás... Você é idêntica à sua mãe em tudo.
__ Ela... Era bonita?
__ A mulher mais linda que eu já conheci.
Anna, percebendo que ela e Draco estavam sobrando ali, pegou ele pela gola das vestes e saiu arrastando ele pra fora.
__ Não vai dizer mais nada?
__ Que espera que eu diga? "Eu te amo, papai!"? "Que bom que te conheci!"? Você me deve explicações!! Por que me deixou para ser criada com a irmã da mamãe??? Por que não pediu a minha guarda??? Por que me abandonou?
__ Eu lutei por você, Fayth. Mas perdi! A sua tia provou ter um lar estável e eu, na época, ainda estava desempregado!
__ Isso não te dá razão para nunca ter entrado em contato!!
__ Eu pensei que usaria esse argumento. - ele abriu uma gaveta de sua escrivaninha e tirou dois bolos de papel, que entregou para Fayth.
__ O que é isso?
__ São cartas. Quando consegui meu emprego de auror, tentei entrar em contato com você, mas as cartas todas voltaram. - ele se ajoelhou na frente dela, colocando as mãos em seus ombros. - Amélia me odiava tanto que mandou todas as cartas de volta para mim. Veja essa carta que eu recebi. - ele tirou uma carta do bolo e a abriu, fazendo Fayth ler.
__ "Prezado senhor Telford, sinto muito dizer que o destinatário ao qual se dirige em suas cartas faleceu há três anos. Sinceras condolências. George Kvar".
__ Entende agora o que aconteceu? Veja a data da carta. No dia que você veio para Hogwarts. Você foi afastada de mim, e não ao contrário!
__ Meu pai... Ele nunca...
__ George Kvar nunca teve nem conhecimento de tal carta, Fayth. Amélia escreveu essa carta! Ela é a única que sabia como usar o correio coruja!
__ Por que ela fez isso?? POR QUÊ??? - ela gritou, espumando de raiva.
__ Por que fui eu quem apresentou Narcissa a Lúcio Malfoy. Ela era minha vizinha e nós já nos conhecíamos há algum tempo. Eu e Lúcio nunca fomos muito amigos, mas também não nos odiávamos.
__ É por isso que ela te odeia tanto?? Por ciúmes?? POR CAUSA DE UMA DOR DE COTOVELO ELA ME AFASTOU DE QUALQUER CONTATO COM VOCÊ?????? - uma das janelas se estilhaçou com a raiva de Fayth.
__ Hei, hei! Calma! Isso não importa mais! O que está feito está feito! E eu não acreditei que estivesse morta, é claro. Eu vivia perto de você, escondido para que não se assustasse.
__ Que tipo de ser humano faz isso com alguém, pai? - uma lágrima escorreu pelo rosto de Fayth e outra pelo rosto de John.
__ Me chamou de pai...
__ Chamei?
__ Não sabe quantos anos esperei para ouvir isso.
__ No natal fariam onze anos e dez meses. - ela falou, dando um sorriso.
Ele não falou mais nada, nem ela. Eles apenas se abraçaram com força, e ficaram assim por longos minutos.
------------------------
__ Bom... - Anna falou, enquanto colocava um pedaço de bomba de chocolate na boca. Estavam de volta à cozinha de Hogwarts. - Pelo menos você vai poder passar as férias de verão na casa do seu pai!
__ Mas só tem um probleminha. Lá não tem computador. A gente não vai mais poder ficar conversando na internet!
__ É, isso realmente vai ser um problema... Mas se estamos sobrevivendo sem internet aqui, sobreviveremos por dois meses!
__ Mas aqui a gente se vê todo dia! É diferente! - disse, comendo de um doce que não sabia o que era, mas que achava delicioso.
__ Você tem a Shadow! A gente pode se corresponder!
__ Mas não vai ser em tempo real! E não vai ter tanta graça...
__ Mas o que seus pais adotivos vão pensar disso?
__ Não sei e não quero saber. Se Amélia foi capaz de tamanha baixaria, eles não devem ser muito diferentes. Afinal, George e Amélia são irmãos!
__ Lílian e Petúnia também, nem por isso!
__ George e Amélia são parecidos. E Clair... Nunca demonstrou afeto por mim. Parece que até ficou com raiva de saber que eu era bruxa!
__ Quem sabe ela não é um aborto?
__ Meus avós são trouxas. Ela tinha inveja, isso sim!
Enquanto comiam mais doces, Harry e Rony entraram na cozinha.
__ Como sabem daqui?? - Rony perguntou, assombrado.
__ Livros sobre Harry. - Anna se limitou a dizer.
__ Harry Potter!! - Dobby deu sinal de vida pela primeira vez desde que Anna e Fayth estavam na cozinha. - Que prazer tê-lo novamente na nossa humilde cozinha!
__ Como sempre, Dobby, como sempre. Fayth, fiquei sabendo que houve uma confusão com você e o professor Telford. Dizem que você até quebrou a janela dele!
__ Como essas notícias correm rápido... - Anna zombou.
__ Confusão alguma, Harry. Na verdade nós apenas estávamos resolvendo assuntos pendentes.
__ Que tipo de assuntos pendentes? - Rony perguntou, sem nenhuma discrição.
__ Ele é meu pai. - ela disse, calmamente. - E minha tia é uma vaca que me afastou dele a vida inteira. A janela se quebrou porque eu estava com raiva dela, não dele.
__ Ah... - eles falaram, tentando entender. - E isso é... Bom?
__ Depende do ponto de vista. Pra mim e para ele foi ótimo, mas para minha tia... Eu duvido que ela se sinta feliz com isso. - finalizou, comendo outro pedaço do doce.
__ FAYTH!!! - Anna gritou de repente.
__ AAAII!! Que foi, viu alguma assombração?? Algum demônio?? Alguma barata?? Algum grilo??
__ Não, sua tonta! Você ainda não abriu o presente que o Malfoy te deu!!
__ Que história é essa de presente?? - Rony perguntou.
__ É uma longa história. - Harry se apressou em dizer, batendo a mão no ombro do amigo. - Depois eu te conto.
__ Ih, é mesmo! - ela enfiou a mão no bolso e tirou a pequena caixinha do bolso.
__ Vai, abre!
__ Ih, já vai!! Parece até que o presente é seu!!
__ Mas eu colaborei!
Fayth apenas olhou para Anna com um olhar de "Cala essa boca" e abriu a caixa.
__ E então??? O que é???
__ Um colar. - ela tirou o colar de dentro da caixinha. Era um pequeno cordão prateado, com uma pedra verde no pingente, em formato de "F".
__ É lindo!!!
__ É sim. - ela se limitou a dizer.
------------------
Na segunda de manhã, na hora do correio coruja, Shadow trouxe uma carta para Fayth. Anna, que nunca perdia um movimento da irmã, antes mesmo de Fayth pegar a carta, já estava na mesa da Sonserina.
__ O que é?
__ Minha tia. - ela olhou para o remetente. - Com certeza já deve estar sabendo de tudo.
__ Não vai abrir?
__ Pra quê? Com certeza deve estar escrito algo do tipo "Não acredite em uma palavra do que Telford disser" ou mesmo "Nem pense em vir para as festas de natal".
__ Talvez ela não saiba.
__ Tá certo, eu abro. - ela abriu e começou a ler.
"Fayth. Parece que já está sabendo de tudo. Não vou falar para não acreditar no que ele disse. Seria inútil. Acabou minha farsa. Mas não pense que vai ficar assim. Diga ao seu pai que vai ter um troco. Amélia".
__ Ela ainda tem a cara de pau de ameaçar meu pai???
__ Hei, tem outra carta na pata da Shadow! - Anna notou.
__ Mas... Quem pode ter me mandado essa carta? - ela retirou a carta de Shadow, que começou a beber do suco de abóbora de Fayth. - Anna... É pra você!
__ Pra mim?? Quem me mandaria uma carta???
__ Como vou imaginar? Não tem remetente!
Anna tomou a carta das mãos de Fayth e a abriu.
"Logo será sua inimiga. Impeça que isso ocorra. Salve sua alma".
__ Não tem assinatura??
__ Não. Nada.
__ Bizarro...
__ MUITO bizarro. Mudando de assunto, Grifinória versus Corvinal no próximo sábado, não esquece!
__ Claro que não!
__ Harry nos convidou para ver os treinos!
__ Nesse toró??? Que animação!!!
__ Vamos, please!!!
__ Tá, eu vou! Que dia tem treino?
__ Amanhã depois das aulas. A Angelina é a nova capitã da Grifinória e o Rony é o novo goleiro.
__ Sério? O Rony? E ele é bom?
__ Vamos ter que descobrir! Mana... Realiza a situação! Nós vamos ver um jogo de Quadribol ao vivo!!!! - Anna disse, roubando um pedaço de bolo do prato de Fayth.
__ Vai ser tudo de bom!
--------------------
Anna tentava prestar atenção à aula de História da Magia, aula que assistia junto com a Lufa-Lufa, mas era realmente muito difícil se interessar por guerras de Fadas contra Duendes. Olhava mais através do professor Binns do que para ele diretamente.
Só estranhou o fato de que, repentinamente, o professor tomara uma forma estranha, de outra pessoa. Um homem alto e magro, de pele muito branca e olhos vermelhos, vestido com roupas negras e uma capa idem.
Olhou ao seu redor e tudo havia sumido. Só estava ela e aquele homem. Sentiu medo. Muito medo. Começou a sentir frio também. Tentava se aquecer com as mãos, mas só conseguia sentir mais frio ainda.
Naquela hora, a imagem de sua irmãzinha surgiu ao lado do homem.
__ MANINHA!!! - ela tentou gritar, mas se surpreendeu de que não saia ruído algum de sua garganta. Começou a correr, tentando alcançar os dois, mas eles pareciam se afastar cada vez mais a cada passo que ela dava.
Nisso seu sangue gelou. O homem se ajoelhou ao lado de sua irmã e a envolveu com sua capa, desaparecendo logo em seguida. Então Anna gritou.
__ NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
__ Menina, que é isso?? - ela ouviu a voz do professor Binns e despertou. Olhou em volta e todos estavam lá, olhando assombrados para ela.
__ Foi um pesadelo...! - murmurou para si mesma.
__ Está se sentindo bem?? - Binns tornou a falar com ela.
__ Não! Eu vou até a Ala Hospitalar, professor! Desculpe atrapalhar sua aula! - ela não tinha um pingo de remorso, na verdade.
Correu pelos corredores e encontrou com Fayth, que parecia tão mal quanto ela própria. Sem falar uma única palavra elas se abraçaram, com medo de que fossem sumir se elas se soltassem.
__ Foi horrível!!! - Anna murmurou.
__ Eu não sei o que você viu! Só sei que eu sabia que você estava com medo! Eu senti seu medo, Anninha! Pensei até que estivesse em perigo! Afinal, o que aconteceu??
Anna apartou o abraço e olhou para o rosto de Fayth, com uma expressão de incredulidade no rosto.
__ Não sei!
__ Como não sabe??
__ Não sei!! Eu estava na aula do professor Binns e de repente tudo ficou escuro! Depois não me lembro de mais nada!!! Eu só sei que nunca tive tanto medo na minha vida!
__ Relaxa! Agora está tudo bem!! - ela tornou a abraçar Anna, que tremia muito. - Vamos à Ala Hospitalar.
__ Não! Eu já estou melhor, maninha. Pode ir para sua aula!
__ Sinceramente! Herbologia com a Corvinal não é mais importante que saber o que você tem!
__ Deve ter sido só uma crise de pânico!
O sinal bateu e um dos alunos do primeiro ano da Grifinória cruzou com as irmãs.
__ Anna, o que foi aquele grito que você deu???
__ Grito?? - Fayth perguntou.
__ É, ela estava dormindo, de repente começou a se contorcer na mesa aí soltou um grito.
__ E eu gritei alguma coisa específica? Alguma palavra?
__ Você gritou "não". Credo, foi assustador. Você deve ter tido um pesadelo horrível! Mas até que foi bom! O Binns ficou tão desconcertado com o seu grito que não conseguiu mais dar aula! Acho que ninguém nunca interrompeu a aula dele!
__ Hermione já. - Anna retrucou.
__ Hermione está no quinto ano! - ele tornou a insistir. - Qualquer aluno daquela idade tem coragem o suficiente para...
__ Ela estava no segundo ano, Kevin. Pergunta pra ela depois!
__ Mesmo assim! Ele perdeu completamente a noção com o seu grito! Foi muito legal!
__ Eu não achei nada legal!
__ Afinal de contas o que foi que você sonhou?
__ Não me lembro...
__ Tá, mas vamos embora! Temos Feitiços com a Corvinal!
__ Que aula você tem agora, maninha? - ela virou-se para Fayth.
__ Astronomia com a Lufa-Lufa.
__ Certo, a gente se vê no almoço! - Anna saiu, sem dar espaço para a irmã protestar e levá-la até a Ala Hospitalar.
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__ TELFORD MALDITO!!!!!!! - Amélia quebrava outro vaso na parede.
__ Tarde demais, Amélia! - George, um homem claro, de cabelos grisalhos e alto, mas não em sua melhor forma, dizia a irmã. - Nossa farsa foi pro ralo e em breve a menina vai saber do resto!
__ Tudo estava dando tão certo!!! - ela sentou-se ao lado de George e afundou o rosto nas mãos. - Deveria tê-lo matado quando tive a chance!!!
__ Você seria expulsa de Hogwarts, não poderia executar magia e a menina não nasceria, estragando mais ainda nossos planos. Nem tudo está perdido. Só se tornou um pouquinho mais complicado!
__ E o que o mestre vai fazer com a gente agora, George???
__ Com certeza algo ruim. Mas, não com a gente. Eu não tenho absolutamente nada a ver com esse último fracasso. O azar é somente seu.
Ele se levantou e saiu da sala, deixando Amélia com seus pensamentos.
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__ Foi uma sensação de pânico, como se algo horrível estivesse acontecendo. - Anna explicava para o trio Grifinório e para Draco, que já tinha sido aceito na família e permanecia abraçado a Fayth, que fingia estar detestando aquilo. Eles estavam sentados na grama, fora do castelo, depois as aulas, em um dos raros momentos que não estava chovendo.
__ Bom, ter que aturar o Binns realmente é algo horrível, mas nada que me fizesse entrar em tamanho pânico! - Rony brincou. - É até bom, um horário para dormir!
__ Não foi por causa do Binns! Foi um pesadelo que eu tive, mas não consigo me lembrar do que era!! Mas o pior é que essa sensação de perigo eminente não passou ainda!
__ Não é coisa do Voldemort? - Harry perguntou. Todos olharam para Draco.
__ Eu não trabalho para Voldemort e não tenho culpa do meu pai trabalhar!
__ Mas você deve ouvir alguma coisa em casa! - Fayth falou.
__ Meu pai não fala sobre isso em casa. Apenas que "mal espera para eu completar dezoito anos para poder me juntar ao Lorde". Ele que vá sonhando. Jamais me rebaixaria a andar na sombra de alguém.
__ Pelo menos isso você tinha que ter de bom, Malfoy. - Rony cutucou.
__ Pelo menos eu não tenho que me preocupar se vai ter comida no meu prato no dia seguinte, Weasley.
__ Parem vocês dois!! - Hermione interrompeu antes que esquentasse. - Pensei que estávamos de comum acordo em não brigarmos mais!!
__ Diga isso ao seu namoradinho, que insiste em me implicar!
__ Ninguém obriga você a retrucar!! - Rony devolveu.
__ Você está ruivo de saber que eu não engulo ofensa calado, Weasley!
__ Eu disse pra pararem!!! Temos coisas mais importantes para pensar! Não se esqueçam que ao mesmo tempo em que Anna teve o pesadelo, a cicatriz de Harry doeu!!!
__ Claro que existe a possibilidade de uma coisa não ter nada a ver com a outra. - Anna tentou desviar a atenção do pesadelo dela, que ainda incomodava.
__ Assim como pode ter tudo a ver!
__ Eu nem me lembro do que era!!!
__ Mas ainda está com muito medo! Coisa boa não era!
__ E desde quando pesadelo é coisa boa, Mione?? - Anna tornou a retrucar. - Eu devo estar apenas com uma sensação ruim!
__ Você não está acostumada com as coisas no mudo bruxo, Anna! Nada pode ser ignorado, nada!!
__ Ela tem razão, Anna. - Harry tomou a palavra. - Eu também achava que meus sonhos eram besteiras.
__ Mas Harry, você tem uma ligação com Voldemort! Eu não tenho nada de especial!!
__ Talvez tenha e nem saiba! Eu nem imaginava que eu era o "Menino que sobreviveu" até Hagrid me contar. Nem que tinha alguém tão poderoso querendo me matar.
__ Mas meus pais são trouxas! E meus avós também!! E os meus bisavós também!!! Eu nunca tive nenhuma ligação com o mundo bruxo até receber aquela carta!
__ O que você pode saber sobre os seus outros antepassados?
Anna foi pega de surpresa. Ela nem imaginava quem poderiam ser seus outros antepassados até antes de seus bisavós.
__ Veja a Fayth, por exemplo. Ela não fazia nem idéia de que tinha um pai bruxo até ontem!
__ Fayth é adotada.
__ E minha tia é uma vaca. - a referida se manifestou.
__ Ela não é um bom exemplo. E você também é adotado, Harry. Mas eu não! Minha família não tem sangue bruxo nas veias!
__ Então me diga como você nasceu bruxa. - Hermione jogou.
__ Certo! Vocês venceram!! Que coisa... Pode ter ligação com o Voldemort sim!
__ Mas vocês insistem em dizer o nome dele!!! - Rony falou entre os dentes.
__ Dizer o nome dele não o materializará aqui, Rony! - Hermione ralhou.
__ Mas dá arrepios...
__ Tá, tá, Rony. - Harry resolveu cortar a discussão dos dois. - Independente do que houve, nada poderá ser feito agora. Não sabemos por que minha cicatriz doeu e não sabemos que sonho a Anna teve.
Hermione começou a falar, mas Anna parecia ter entrado em um estado de estupor. Ela via a boca de Hermione se mexer e todos prestarem atenção a ela, mas ela não ouvia uma palavra do que era dito.
"Os cabelos de Mione encolheram? Ela... Está de pé. Mais magra... Mais pálida... Mais alta... Que olhos vermelhos são aqueles? Decididamente não são os olhos da Mione. O que está havendo? Cadê todo mundo? Mana? Malfoy? Harry? Rony? Tá tudo tão escuro... Tão frio... Mana! Aí está você... Mana? Olha pra mim! O que está fazendo? Não, não se aproxime da Mione!!! Não é a Mione!!! É o Voldemort!!! Sai daí, mana!!! Não encoste nela, seu maldito!!! Não!!! Outra vez não!!! Larga ela!!!! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!"
__ ANNA, ACORDA!!!!! - Fayth sacudia a irmã com violência, que abriu os olhos assustada.
__ VOCÊ! VOLDEMORT QUER ALGO COM VOCÊ!!! ELE TE LEVOU E EU NÃO CONSEGUI FAZER NADA!!!
__ Harry, você tá legal?? - Hermione levantava o amigo que tinha caído de costas no chão.
__ Tô sim, Mione... Já parou de doer...
__ Sua cicatriz doeu?? - Anna perguntou, aflita.
__ Mais do que qualquer outra vez que tenha doído antes, tirando a vez em que Voldemort em pessoa encostou em mim.
__ Vocês tinham razão, meus sonhos e a dor na cicatriz do Harry têm ligação!!! Ele quer machucar a Fayth!!! - Anna disse, em tom de desespero.
__ Vamos falar com Dumbledore. - Harry disse, se levantando. - É o mais sensato a fazer. Foi muita coisa que aconteceu agora. Anna teve um pesadelo que fez minha cicatriz doer e Fayth viu todo o pesadelo de Anna.
__ COMO??
__ Eu vi tudo, como se eu estivesse de fora, vendo uma televisão! Voldemort surgindo, você diante dele, EU surgindo, ele me levando! Quando você gritou eu saí do transe e te acordei!
__ Que ligação é essa? - Anna perguntou, olhando descrente para Fayth.
__ Não sei, maninha. Mas agora eu sei porque teve tanto medo! Eu teria o mesmo medo se estivesse no seu lugar!
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__ Professora MacGonagall! - Harry chamava pela professora em sua sala. Ela surgiu quase imediatamente, parecendo um pouco irritada.
__ Sim, senhor Potter. Precisa de mim? Ou... Alguém de sua comitiva? - ela disse, estranhando ver Draco Malfoy entre os outros.
__ Na verdade precisamos do professor Dumbledore.
__ Lamento, mas o professor Dumbledore teve que sair.
__ Mas é muito importante, professora!!
__ Sinto muito, não posso fazer nada. Se me dão licença, vou voltar para meu quarto.
__ Pensei que você era a vice-diretora. - Draco falou, não com desdém, mas com raiva. - Não poderíamos tratar o assunto com você?
__ Pois eu ficaria encantada com isso, senhor Malfoy. Mas Harry foi bem específico ao dizer que queria Dumbledore, por isso pensei que não fosse de minha competência. - ela disse, com clara irritação na voz.
__ Creio que qualquer coisa envolvendo Voldemort seja da competência dos professores de Hogwarts, visto que todos fazem parte da Ordem. - ele falou, com calma.
__ Ordem? - os outros olharam para Draco e depois para MacGonagall, que não pareceu gostar do que Draco disse.
__ Não sei como pode saber disso, Malfoy.
__ O caso é que Anna Foster teve um pesadelo com Voldemort, pesadelo que foi visto por Fayth, que estava acordada, e que fez a cicatriz do Potter doer pela centésima vez.
MacGonagall tornou-se extremamente pálida. Procurou sua cadeira e se apoiou nela antes de se sentar.
__ Deveria ter procurado seu pai imediatamente, Fayth! - ela se levantou abruptamente e jogou algo no fogo de sua lareira. - Telford, por favor venha imediatamente à minha sala! - ela falou para o fogo.
Em alguns minutos, John Telford entrou na sala e ao ver a enorme comitiva na sala de MacGonagall, teve certeza de que coisa boa não era.
__ O que houve, Minerva?
__ Ele as encontrou, John. Ele as encontrou!
Continua...
