Capítulo VII – Fogo ...

Dias de um passado (quase) esquecido

By Lexas

Joaotjr@hotmail.com

Outubro/2001

- Realmente, tenho que dar o braço a torcer : como conseguiu convencê-la a vir conosco, Mako-chan ?

- Jeitinho feminino, sabe como é .

- Pro inferno vocês duas !

(Amy) – Temperamental como sempre, Rei . De qualquer forma, agradeço por ter decidido nos ajudar .

(Rei) – Não estou fazendo isso por vocês, Amy . Só resolvi vir por que não tive escolha ... por hora .

Aquele último comentário de Rei havia provocado calafrios em Amy, só de pensar nas conseqüências dele . Se Rei mudasse de idéia e fosse em direção ao templo, colocaria tudo a perder . Melhor nem pensar nisso .

No entanto, voltava a se lembrar do que Makoto dissera . O Reino negro ... o povo de Beryl ... ainda estava vivo ? Só podiam ser eles os responsáveis por toda essa confusão ! Mas ... por que Makoto os defendia ? Como ela podia ter tanta certeza de que eles não fizeram nada ?

E, para completar, o que houve com Minako ? Ela parecia tão ... apavorada . Não era o estilo dela . Pior, parecia incapacitada de mover um dedo contra alguém . Algo estranho, levando em conta que já havia enfrentados os youmas, o clã Black Moon, os Caçadores da Morte, e tantos outros . Difícil imaginar o que fez com que ela ficasse com medo de lutar de uma hora para outra .

Melhor deixar isso pra depois, precisava de toda a sua concentração nesse exato instante para o que estava prestes a fazer .

Mas que Minako e Makoto teriam que lhe dar explicações depois disso, teriam .

- É um plano idiota . Não vai funcionar .

(Makoto) – Rei ... poderia fazer o favor de ...

(Rei) – Não ouse me questionar . VOCÊ, não . Não é o seu que está prestes a perder a vida ! Responda-me, Amy ! Com toda essa "INTELIGÊNCIA",  não percebe que esse plano não vai dar certo ? Vamos, responda !

Amy tentava não olhar para trás e responder . Sabia dos riscos . Saiba muito bem dos riscos . Já foi um sacrifício convencer Rei a acompanhá-las . Teve que "não usar" algumas palavras na hora certa para convence-la . Mesmo assim, foi difícil .

Afinal, que mãe não socorreria seu filho sabendo que ele está em perigo ?

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Já era a quinta vez que olhava para o seu relógio . 11:20 . Já era para sua mãe ter voltado .

Megumi estava mais inquieta que o normal . Era Sábado, e Rei havia prometido que a levaria para passear . Havia até sugerido a possibilidade de acompanhá-la até a casa de Akira, mas a mesma a lembrou que deveria dar uma faxina no templo antes .

De qualquer forma, o templo já estava limpo . A varanda, os quartos, a sala de meditação ... tudo .

- Ufa ! Espero que Okaasan chegue logo !

Apoiada em sua vassoura, ela esperava calmamente . No entanto, algo mais a perturbava .

Não sabia o que, mas sentia algo de errado . Algo de muito errado . Era uma sensação forte e assustadora, que aumentava a cada instante ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Sim, estou me lembrando . Este é o templo Hikawa .

- Não sabia que você o conhecia, Kleb .

- Bom, Takeru ... quando era criança, eu tinha uma crença . Hoje, eu tenho um sonho, uma visão . No entanto ...

- Já te expliquei ...

- Eu sei, mas ...

- Está com pena de quem quer que esteja ai ?

- Não ... mas acho que isso não vai dar em nada . O que acha de atacarmos um shopping ? Ou um cinema ? Talvez um bairro inteiro, como Yuji e Aruma . Aqueles dois eram demais .

- Corajosos, isso sim . Agir daquela forma, em plena luz do dia ... desbravadores . Mas isso não nos leva até o ponto chave dessa discussão ...

- Na melhor das hipóteses, devem haver umas dez pessoas ai . Quinze, talvez . Aqueles vândalos que nós matamos hoje cedo, quantos eram ? Cem ? Trezentos ? Mil ... ?

- Sei que parece perda de tempo ... mas ordens são ordens, logo ...

- Não cabe a nós discuti-las .

Junto de Takeru e Kleb, estavam mais quatro pessoas, todas em silencio ;

- Takeru ... quanto falta ?

- A energia coletada até agora , mais a que foi gerada por Yuji e Aruma, mas a energia que eu consegui hoje cedo ... Falta pouco . Em breve, teremos o suficiente .

- Não acha estranho como as coisas começaram a andar mais rápido depois da morte daqueles três ?

- Depois da enorme destruição que os três causaram, eu já esperava por algo assim . Muitas pessoas morreram no cais e no centro de Tóquio . Muitas .

- Pois eu penso de forma diferente ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

De novo aquela sensação . Estava começando a ficar assustada com aquilo . Não sabia o que, mas sentia algo . Não sabia descrever ou imaginar o que era, mas estava sentindo .

Se Rei tivesse lhe dado um treinamento mais adequado, Megumi saberia o que era . Energia Maligna . Na verdade, não tão maligna . Ou melhor, maligna . Ou seja lá o que fosse, mas com certeza não estava carregada de boas intenções . Pelo menos, era conseguia sentir que algo não muito bom se aproximava .

Preocupada, ela resolve andar um pouco pelo templo . Aos poucos, aquela sensação estranha ia ficando mais intensa, tornando-se extremamente irritante .

Por instinto, ela segue em direção a escadaria . Seu medo aumenta quanto aquela estranha sensação parece, de alguma forma, aumentar .

Ela chega no pé da escada, e tem uma pequena surpresa com o que vê : pessoas, subindo as escadas .

Não era exatamente o que ela esperava . Achava que seria alguma coisa realmente perigosa . Diminuindo um pouco o susto, ela segue em direção ao templo .

Nisso, vem um estalo a sua cabeça, como se fosse um sinal de que havia algo estranho . Mas o que ?

Nisso, ela se lembra de uma coisa muito importante : naquele sábado, o templo não estava aberto ao público .

Rapidamente ela corre em direção as escadarias, apenas para ver que as pessoas estavam mais próximas . Ainda estavam longe, porem, mais próximas . Foi nesse momento que ela entendeu que aquela sensação estranha havia aumentado quando ela havia metido os olhos naquelas pessoas . Nesse instante, ela entendeu . O que era a estranha sensação : um aviso de perigo . Finalmente lembrou-se de ter ouvido histórias sobre Sailor Marte, a Sailor Paranormal . Aquela sensação estranha estava aumentando, batendo forte, como o pulsar de um coração . Nesse instante, ela teve mais medo do que nunca .

Pois sentia que ia morrer .

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Estou sentindo ... medo no ar .

- Kleb ... quem poderia sentir medo ... se nós ainda não começamos ?

- Não sei . Mas sinto cheiro de medo no ar . E vem dali de cima .

- Acho que vi alguém lá ... parecia ser uma garota . – dizia uma das pessoas que acompanhava Kleb e Takeru . Possuía um longo cabelo, que batia um nas costas, e possuía uma voz suave e doce .

- Tem certeza, Shimizu ? – Dizia Kleb para a mulher, num tem bastante irônico, o qual era direcionado para Takeru .- Bom, se há alguém lá encima, pelo menos nossa caminhada não foi em vão ...

- Kleb ... – Takeru o encarava – isso foi pra mim ? Sugere que nós ...

- O que eu estou dizendo é que acho uma perda de tempo atacarmos este local . Não que me importe com ele, claro, mas alguns de nós estão bastante cansados . Acredito que falo por todos quando digo que  o cansaço pode ser vencido, desde que valha a pena e, sinceramente, acho que é um perda de tempo este local .

Com exceção de Shimizu, todos estavam olhando para Takeru, aguardando uma resposta . Não demorou .

- Isso é traição .

- Prefiro chamar de bom senso .

- Ouça o que acabou de dizer .Sugere que ele esteja louco ?

- Não, eu não disse isso ! Não deturpe os fatos !

- Mas você entendeu, não é ? – dizia Shimizu, entrando na discussão .

- Agora os dois estão contra mim ?

- Eu é que pergunto isso, Kleb – dizia Takeru – está chamando ele de louco ? Por acaso duvida do conhecimento dele ?

- Não duvido ... e nunca duvidei .

- Pois é bom que não, do contrário, estaria contra todos nós ! Ou já se esqueceu de quem te deu um lar, uma família, um prato de comida ? Por acaso se esqueceu de quem te acolheu quando mais precisava, te deu um cobertor quando sentia frio ? Por acaso se esqueceu de quem te deu dignidade ?

- Eu não preciso ouvir isso de você, "irmão". Tenho a resposta para cada uma dessas perguntas . Apenas questiono a necessidade de esgotar a todos nós por algo que não vai dar em nada . E não, não duvido dele . Se preciso, dou minha vida por ele . E, se realmente há algo que nós tenhamos que fazer lá encima, que assim seja .

- Pois bem – dizia Shimizu – agora que resolveram suas diferenças, alguém tem algo mais a dizer ?

Ninguém se pronunciou .

- Pois bem ... vamos !

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Cada vez mais e mais assustada, Megumi corria .

Desesperada, ele chegava até a sala da casa, pegando o telefone e apertando diversos números rapidamente .

Em outro lugar, um telefone tocava . Uma, duas, três ... até a linha cair . Tocava de novo, e de novo, e de novo ...

- Droga, por que ninguém atende ? Okaasan, tia Makoto ... atendam, por favor !

No limiar do desespero, ela tecla outro numero . Não o de um conhecido, mas um que muitos discariam num momento de total desespero : o da policia .

- Não se preocupe, mocinha . Estamos enviando uma viatura até ai . Feche as portas

da sua casa e não saia de dentro dela por nada !

- Mas eu ... droga, desligou !

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Megumi está em perigo ... é bom que isso funcione, Amy !

- Vai funcionar . Comecem !

- Pois bem, Mars Crystal Power, Make ... ? Makoto ?

Makoto estava parada, inerte a tudo . Totalmente parada . Mas não era isso que

chamou a atenção de Rei . O que chamou de atenção foi algo que parecia estar vindo de Makoto . Algo incrivelmente ... poderoso .

O vento ao redor dela se movia de forma estranha, movendo a terra ao redor dela . Não só a terra, mas algumas folhas de arvores eram levantadas e arremessada para longe .

Quando ela abriu os olhos, a surpresa de Rei triplicou .

- Algum problema, Rei ? – dizia ele, enquanto eletricidade faiscava em seus olhos .

- Hã ...  – Rei engoliu a pergunta quando Makoto fechou a mão esquerda com força, expelindo diversas faíscas para tudo quanto é lado .

Ela levantou a mão, a qual produziu um globo de eletricidade ao seu redor . Pouco depois, Makoto aponta para Rei, e dispara .

Por instinto, Rei se joga no chão, do contrário não ia ter um bom dia . O globo arremessado por Makoto atinge um carro, e nenhum som é ouvido . Por pouco tempo, visto que ele explode em seguida .O queixo de Rei cai .

- M-m-m-Makoto ... c-c-como ... ?

- Qual é o problema, Rei ? Não vai revidar ? Pois bem, se você não vai, eu vou !

Makoto vai caminhando em direção a Rei, de maneira extremamente ameaçadora .

Rei, por outro lado, estava totalmente confusa ! Makoto havia disparado aquele ataque, que não demonstrou ser nem um pouco fraco ... sem nem ao menos estar transformada !

(Amy) – Levante-se, Rei ! Já se esqueceu de Megumi-chan ?

Aquilo reativou seu cérebro . Megumi . Por ela . Somente por ela .

Rolando para o lado e escapando de um outro ataque de Makoto, Rei pega sua caneta de transformação .

- Mars Crystal Power, Make Up !

O fogo cobre seu corpo, mas só por alguns segundos . Tempo suficiente para fazer renascer Sailor Marte, a guerreira do fogo !

- Não brinque com fogo, Makoto !

- Eu acho que você vai ter um choque com o que vai descobrir ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Bem, Takeru – dizia Kleb – chegamos . Seja bem vindo ao templo Hikawa ! E agora

?

- Muito bem, Shoten,  - um rapaz ruivo de olhos castanhos, usando calça jeans e jaqueta - Tohru, - um pouco mais alto que Shoten, vestido da mesma forma, com exceção que seus cabelos e olhos eram negros -  Miki, - uma linda garota ruiva, cujos cabelos batiam nos ombros . Usava um conjunto de corrida, incluindo tênis -  Kleb, - alto, olhos castanhos, cabelo loiro, musculoso . Usava uma jaqueta e uma camiseta branca por baixa, e uma calça cinza -  e Shimizu,  – embora aparentasse ser jovem como Miki, possuía um olhar mais maroto, mais vivo . seu cabelo castanho batia nas costas, combinando com seu Top e sua bermuda .- Vamos dar uma volta pelo local ! Eu sei que hoje esse templo está fechado, mas não acho que Seo nos enviaria aqui à toa !

Ele era tão alto quando Kleb, mas não possuía muita massa muscular . Seu cabelo também era loiro, mas seus olhos eram verdes . Vestia uma camisa social, uma calça de brim, e um sapato social .

Quanto mais eles se aproximavam, mais Megumi ficava assustada . Será que ela iria morrer ?

Eles estavam dando voltas pelo templo . Perto do lago, na floresta, na clareira ...

- Ei, Tohru ! – gritava Shoten – venha ver isso !

- O que foi ? Ei, mas isso é ...

- Que vista bonita, não acha ?

- Concordo . Dá pra ver o centro de Tóquio ao longe . Pensando bem, eu acho que foi  mais ou menos naquela área ali que Yuji e Aruma agiram ...

Súbito, algo ocorre : uma explosão . Não ali, mas ao longe . Mais exatamente, onde Tohru apontava . Estranho .

- Viu aquilo ?

- Alguns dos nossos estão lá ?

- Não sei . Vá chamar Takeru .

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Por que atirou em mim, Makoto ?

- Foi só um aquecimento . Não leve para o lado pessoal . Anda, temos trabalho a fazer !

Makoto concentra mais eletricidade e dispara . Dessa vez, não em Rei, mas nos carros ao seu redor . Ou melhor, no que havia sobrado deles, ou seja, um monte de sucata .

(Rei) - Fogo de Marte ... Acenda-se !

Invocando seu ataque, Rei atinge uma loja, a qual se encontrava vazia . O resultado é destruidor : o fogo rapidamente consome os materiais ali presentes, atingindo o sistema de gás, explodindo-a . Ao longe, o barulho é ouvido, além de gerar muita fumaça .

(Rei) - Será que isso basta ? Amy ?

(Amy) - Continuem atacando ! Tente causar o maior número de destruição possível !

(Rei) - Ainda bem que essa área está vazia . Mas também não me agrada fazer isso !

(Makoto) – É a única ... unf ... maneira ... unf ... de – Makoto finalmente consegue arrancar um poste que estava preso no chão, e o arremessa para dentro da loja que Rei havia tacado fogo . O fogo aumenta, e atinge os cabos de eletricidade do poste . Em poucos segundos, o fogo se espalha rapidamente pelos cabos - ... chamar a atenção deles ! Corram !

As três correm dali, já imaginando o que aconteceria : ocorre um curto circuito nos fios de luz, o qual se espalha por todos os postos da rua . Em fração de segundos, os postes estavam explodindo, espalhando metal e vidro para tudo quanto é lado . O fogo gerado se espalhava pela rua numa velocidade assombroso, atingindo várias lojas ao mesmo tempo . Destruição em massa, basicamente .

- Puxa ! – suspirava Amy – Ainda bem que nós somos os mocinhos !

- Espero que isso tenha chamado a atenção deles . Mas, me diz uma coisa, Makoto ... como é que você consegue usar seu poder sem estar transformada ?

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Como assim, Tohru ? Do que você está falando ?

- Você vai ver . Shoten, algo novo ?

- Traga-o aqui ! Melhor ele ver isso !

- Shoten, Tohru ... é bom que seja importante ... !

Takeru havia tomado um susto enorme quando contemplou a explosão ao longe . E a julgar pelo barulho e fumaça, era algo grande, e não parecia ser algum acidente ...

(Shoten) – Algum dos nossos está lá ?

(Takeru) – Que eu saiba, não . O que mais aconteceu ?

(Shoten) – Antes de você chegar, houveram outras explosões . Na verdade, podia jurar que vi um jato de fogo atingir o topo de um dos prédios ...

(Takeru) – Não me lembro de ninguém com esses poderes ...

(Tohru) – Melhor cotactarmos Seo ...

(Takeru) – Espere . Tem algo que não bate . O centro de Tóquio ainda está sendo reconstruído . E aquela área está interditada ...algo não bate ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

(Makoto) – Deixe as perguntas pra depois, Rei . Não sinto a energia deles se afastando do templo !

(Rei) – Nem eu ! Isso não está funcionando ! Temos que fazer alguma coisa !

Ambas continuavam disparando contra o bairro . Não causavam muita destruição, visto que o mesmo já estava seriamente avariada, mas produziam barulho suficientemente alto para ser ouvido à distância .

(Amy) – Droga, isso não está dando certo ! Tem que parecer que um deles está em perigo ! Espera, já sei ! Makoto, Rei, parem o que estão fazendo ... e comecem a lutar !

Ambas param e, sem discutirem, se afastam . Haviam entendido perfeitamente o plano de Amy . Só esperavam que desse certo .

(Rei) – Se você não vai se transformar ... então eu usarei meu golpe mais fraco ! FOGO DE MARTE ... – ela une as mãos e fecha os olhos, até que uma pequena chama surge acima de seus dedos indicadores – ACENDA-SE !

- Você quem sabe . TROVÃO DE JÚPITER ... – ela cruza os braços, e um raio corta os céus, atingindo-a . A energia acumulada atinge níveis incríveis, e ela o redireciona para ... – RESSOE !!!

Rei não conseguia acreditar que Makoto havia conseguido fazer aquilo . Pior, os golpes haviam se encontrado, porém, o golpe de Makoto havia superado o de Rei, e por pouco a mesma não é atingida, pois havia se jogado no chão .

(Amy) – Seu poder é maior do que eu imaginei, Makoto ! Incrível !

Ela, no entanto, não se pronunciou quanto ao comentário de Amy .

- MAS  QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI ? Você está utilizando seus poderes mesmo destransformada ... e ainda conseguir vencer o meu ataque, estando eu transformada ? IMPOSSIVEL !!!

- Você é que não entende, Rei – disse Makoto, com um olhar sério para Rei, e depois olhando para Amy – você não entendeu ainda ? Não entendeu a gravidade da situação ? Dez anos, Rei . Dez anos . O que andou fazendo esse tempo todo ? Eu treinei, e muito . E você, o que fez ?

Rei engoliu aquilo a seco . Não tinha resposta .

- Mas não é só isso, Rei-chan . Não é somente o treinamento que conta . É muito mais do que isso . Depende de cada uma de nós .

- Ela tem razão . Eu só te venci desse jeito ... por que você ainda está pensando como há dez anos atrás . Esqueça isso . Seu poder não é mais o mesmo . Ele aumentou . O de todas nós aumentou . Correto, Amy ?

- Correto . Sentiu um aumento no meu nível, não é mesmo ?

- Sim . No seu, no de Minako ... e no seu também, Rei .

- Mas ... mas como isso é possível ? Eu treinei ... mas não tanto quanto você ! Como meus poderes podem ter aumentado tanto assim ?

(Amy) – Isso depende de cada uma de nós, Rei . Eu também não treinei muito, e me surpreendi com a batalha que tive no cais do porto . Isso está intimamente ligado a cada uma de nós !

(Rei) – "Intimamente"...

(Makoto) – Tente senti-lo, Rei . Está em você . Vive em você . Você é que acha que seu poder ainda é o mesmo, mas já pensou em usar muito mais do que você acha que possui ?

(Rei) – Digamos que vocês estejam certas ... mas ainda não me explicaram como o meu poder pode ter aumentado sem um treinamento rígido !

(Amy) – Bom, eu não tenho certeza quanto a isso, mas ...

(Makoto) – Então, nem tente explicar, Amy ! Eu tenho uma teoria, mas não acho que seja 100 % correta, Rei . Quer ouvir ? Mas não sei se está preparada para o que irei dizer ...

(Rei) – Mesmo que eu não goste ... diga .

- Veja . Olha para Amy .

- O que tem eu ?

- Shhh !Olhe para ela, e me diga o que vê .

- Bom, eu ... eu vejo a minha amiga, que sempre me ajudou .

- E o que mais ?

- Bom, ela sempre foi muito inteligente ...

- E você acha que foi somente isso que mudou nela ?

- Bom ... claro que não ! Ela ... ela está bem diferente de antes ! Parece mais viva, mais alegre . Seu rosto possui uma expressão mais madura ...

- Reconheceria ela se ficassem dez anos sem se ver ?

- Acho ... que não .

- Havia lido nos jornais algo sobre explosões no cais, e dias atrás senti duas energias poderosas nele, de modo que, em determinado momento, uma delas desapareceu . Uma delas era Amy . Não sei quem era o outro, mas era extremamente poderoso . O que você acha que mudou em Amy ?

- Ela ... amadureceu ...?

- Ela cresceu como pessoa . Da mesma forma que você .

- Há ! Está querendo dizer que eu melhorei ? Bobagem . Sou a mesma de sempre, e gosto disso .

- É mesmo ? – dizia Amy – então, por que é que, durante esses instantes em que estamos conversando, você não teve um dos seus ataques de fúria ?

Rei estava pasma . Sentia um vazio dentro de si . Não estava sentindo vontade de gritar, provocar, explodir com alguém . Tentava fazer isso, mas elas estavam certas .

(Makoto) – Amy ... se eu estou certa ... você sempre foi muito inteligente, mas faltava algo, não é ?

(Amy) – Com todo o respeito, Mako-chan, mas você não conseguiria deduzir isso quando era mais nova ...

(Makoto) – Dou o braço a torcer . Todos mudam, e nós também . Você sempre foi a mais inteligente de todos, mas faltava-lhe algo ...

(Rei) – Sabedoria .

(Amy) – Como ?

(Rei) – Era isso que faltava em você, Amy !

(Amy) – Acho que quem precisava de muita sabedoria era Usagi ...

(Rei) – Não é disso que eu estou falando ! Ela realmente tinha muito a aprender, mas você ... não percebe a forma que você via o mundo ? Você ... você ... você sabia de muitas coisas, mas ainda faltava algo ! Faltava você descobrir ... a sua sabedoria ! Faltava você conhecer a si mesma como pessoa, precisava olhar o seu interior !

Makoto estava pasma, mas atenta . Iria dizer algo parecido, mas Rei conseguiu expressar tudo perfeitamente .

(Makoto) – Exatamente, Rei .

(Rei) – Mas ... e os nossos poderes ?

(Makoto) – Nossos poderes ... fazem parte de nós . Desde que ... retornamos a vida, Rei . Estamos tão ligados a eles que, da mesma forma que mudamos, eles mudam . Quando nos fortalecemos, eles mudam . Eles agem de forma diferente de acordo com o que passamos, com o que sentimos . Não é de se surpreender que eles mudem tanto quando ultrapassamos uma fase tão importante em nossas vidas .

(Rei) – Está querendo dizer que ao amadurecermos ...

(Amy) – ... nos fortalecemos . Mas não é somente isso .

(Makoto) – Cada um tem uma maneira diferente de aumentar seus poderes . Amy, por exemplo, descobriu o seu interior, a sabedoria e o conhecimento que lhe faltavam .

(Rei) – E ... você ?

(Makoto) – Eu ? Eu ... Eu treinei muito . Muito mesmo . Sempre fiz isso . Sempre quis fazer isso . Queria estar pronta . Não queria falhar com mais ninguém . Eu queria ... eu quero proteger a todos ! Usagi, Minako, Mamoru, Você, Amy, Megumi, Shin, Anchitka, Kinji, Akira ...

(Rei) – Amizade . Estou começando a entender . Você entendeu seus verdadeiros sentimentos em relação as pessoas . Por amor as pessoas que a rodeiam, se preocupou em não falhar . Não é a toa que é uma Joviana . O gigante que protege seus irmão menores ... eu não acredito que acabei de dizer isso !

(Makoto) – Mas você entendeu, não é ?

(Rei) – Sim . Temos que evoluir não somente em nível de poder, mas também psicologicamente, se quisermos usar o máximo de nossos poderes . Mas isso pode demorar .

(Amy) – Menos do que você imagina, Rei .

(Makoto) – Você mudou, só não aceita isso . Só há pouco que eu comecei a ter os primeiros resultados do meu treinamento .

(Rei) – Eu ... vou pensar a respeito . Agora, vamos continuar o que havíamos interrompido ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Estou sentindo ... uma energia muito familiar . Será que são elas ... ?

Seo ouvia aquela voz pacientemente . Estava em sua casa, nos fundos dela e, como anteriormente, uma escuridão enorme a cobria . Embora faltasse luz, ele andava sem a menor dificuldade . A silhueta de um par de olhos brilhava naquela escuridão, à frente de Seo; não era possível ver os olhos com precisão, mas os contornos pareciam pulsar junto com aquela escuridão . Seo os encarava, enquanto ouvia atentamente .

- Centro de Tóquio . Sinto uma energia familiar ...

- Centro de Tóquio ? É onde os corpos de Yuji e Aruma foram encontrados !

- Sinto duas energias nesse lugar, e uma me é familiar ...

- Mas não há ninguém por lá . Tem certeza ?

- Espere . Estou reconhecendo essa energia ... a maneira como ela pulsa ... Marte ! É  Sailor Marte ! Tenho certeza de que é ela !

Seo, no entanto, não se mostrou nem um pouco surpreso com isso .

- Eu já sabia que eram elas . Só podiam ter sido elas . Fiz bem em mandar atacarem o templo .

- Vocês dois perdem muito tempo com essas bobagens .

(Seo) – Oh, vejo que resolveu se pronunciar, senhor Chiba !

Em meio a toda aquela escuridão, uma luz vindo do alto bate em um ponto . Seo olha para esse ponto, o qual revelava um homem alto, de camisa social branca e calça preta, olhando para ele e para o lugar onde estavam aqueles estranhos olhos .

- Desde quando você opina aqui ? – a voz, grossa e cavernosa, vinha de lugar algum, mas Seo e Mamoru sabiam à quem ela pertencia .

(Seo) – Há algo que sabe que nós não sabemos, senhor Chiba ?

- Você é muito lento, Seo . Só agora percebeu que eram as Sailors o tempo todo ?

(Seo) – Numa coisa você está certo, senhor Chiba : eu sou lento . Melhor dar um telefonema, antes que seja tarde ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Alô ? Takeru falando !

- Takeru, consegue ver o centro de Tóquio de onde está ?

- Sim, senhor !

- Como eu pensava . O que viu ?

- Explosões, e das grandes ! E chamas cruzando o céu . E muita fumaça ! Parece que há alguém combatendo e ...

- Ignore . Já consegui o que queria . Retorne .

- Senhor ... eu acredito que alguém nos viu aqui, e parecia ser um dos moradores do templo .

- Isso não faz mais diferença, Takeru . Nós as encontramos !

- Quem nós encontramos, senhor ?

- Oh, perdão, você não conhece a história . Retorne, e eu lhe contarei . Mas antes, destrua o local, e todos os que encontrar . Esse templo é um forte ponto de energia, e não podemos desperdiçar isso, entendido ?

- Sim, senhor !

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Seo ...

- O que foi, senhor Chiba ?

- Como você é baixo ! Um dos seus subalternos está correndo perigo de vida, e você nem sequer se preocupa em salvá-lo ! Que tipo de homem é você ?

- Alguém que lê as manchetes . Ora, senhor Chiba ... por acaso acha que eu sou tolo ? Espero que não, uma vez que já sabe quem eu realmente sou ... talvez esse truque das Sailors tivesse enganado os mais jovens, uma vez que eles eram crianças quando elas lutaram pela última vez, mas não me subestime . Por favor, não faça isso .

- Você não pode com as Sailors !

- Talvez não, mas ... nossa "dama da escuridão", sim .

Pela primeira vez, aqueles olhos negros, que pulsavam com a escuridão, os quais haviam observado Seo e Mamoru, se fecharam . Uma luz iluminou o local aonde estava . Aquilo surpreendeu Mamoru . Seja o que for, seu corpo era totalmente coberto por um manto negro, seguido de um capuz que cobria o rosto . Pra completar, ainda carregava uma foice enorme na mão direita . A morte, resumidamente .

(Seo) – O que foi, senhor Chiba ? Ela o assusta ? Pois eu não acho que deveria . Afinal, ela não deseja o seu mal, não é mesmo, minha cara ?

- Fale por si próprio . Se dependesse de mim, eu matava agora mesmo esse desgraçado !

(Seo) - São duas coisas que eu não consigo entender . Primeiro, o porque desse ódio que você sente por ele . Segundo ...o que você tem de tão especial, senhor Chiba ? O que você é sua esposa tem de tão especial ? Quando os capturamos, percebemos que possuíam um nível de energia acima da média . Pra falar a verdade, eu mesmo já o teria drenado, mas nossa cara "dama da escuridão" não me permitiu . Pelo visto, quando isso terminar, ela tem planos para você ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- Shoten, Tohru, dispersem ! Procurem por qualquer movimento ao redor do templo ! Nos encontramos na frente do templo em cinco minutos !

Dadas as ordens, eles seguiram adiante .

Takeru estava feliz . Havias sentido um tom de alegria na voz de Seo . Isso era realmente importante . Finalmente seu "pai" estava alegre ! Pelo visto, havia superado as mortes de Yuji, Aruma e Yosho !

- Oh, um lago ! – Era a única expressão de Shoten – Faz tempo que eu não vejo um templo que possuísse um lag ... hã ? Quem está ai ?

Cautelosamente, Shoten se aproxima de um arbusto . Ao chegar nele, uma surpresa : havia uma pessoa ali, inconsciente . Era loiro, usava uma jaqueta e uma calça cinza ...

- Kleb ? Ei, acorda ! Isso não é hora de dormir ! Não estou a fim de me meter em outra briga entre você e Tak ...

Ele sequer tem tempo de concluir a frase .Tampouco vê o pé que acerta seu rosto em cheio, fazendo-o recuar . Não demora muita para ele cair inconsciente ... dentro do lago ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Ela ainda tinha muito medo . Tentara ligar para o celular de sua mãe, mas dava "fora de área". Que hora para uma coisa dessas acontecer ! Onde estava sua mãe ? Onde estavam as amigas de sua mãe, as Sailors, as defensoras do planeta ? Onda estava sua mãe ?

- M-m-mamãe !!!

Cada vez mais assustada . Havia colocado um pano nas portas e janelas, podendo assim observar o que ocorria do lado de fora sem ser notada . Não era muito consolador .

Eles estava lá, rodeando o local . Na frente, no bosque, no lago ... e aquela sensação aumentando cada vez mais !!!!

- Takeru !!! – gritava Miki – nada por aqui !

- Aqui também não! – gritava Tohru .

- Nem aqui – gritava Shimizu .

- Arghh ! Um recém-desperto Kleb resmungava – Droga, quem foi que ... Shoten ? Shoten ? Oh, não ! SHOTEN !!!!!

Todos correram para o lago, e não gostaram nem um pouco do que encontraram ...

(Kleb) – Anda, cara ! Reage ! – Kleb tentava reanimá-lo, mas nada acontecia – Anda, para de brincadeira ! Anda !

(Miki) – Afasta-se !

Miki se ajoelhou perto de Shoten, e colocou força em sua barriga diversas vezes, colocando a água para fora . Ele não se moveu .

Desesperada, ela começou a fazer respiração boca-à-boca nele, enquanto massageava seu peito, e pressionava sua barriga novamente, repetindo tudo diversas vezes, demonstrando um nervosismo cada vez mais  ...

(Miki) – Anda, reage ! Não fica ai parado, respira ! Anda ! Anda ! Anda ...

(Takeru) - ....

(Tohru) - ...

(Shimizu) ...

(Kleb) – O que foi ? Por que parou ? Ele ainda não está se mexendo ! Vamos, continue !

Kleb empurra Miki, e imita todos os procedimentos que ela estava fazendo . Uma vez, duas, três, quatro, cinco ...

(Kleb) – Reage, cara ! Vambora, amigão ! Não faz isso comigo ! A gente tem muito o que fazer ainda ! A gente tem uma missão pela frente ! Não faça isso ! Não faça isso, Shoten ! Reage ! Reage ! Reage ! Reage, seu desgraçado ! Você não pode morrer Aqui ! Ainda não me deu uma revanche no Poker ! Reage, seu infeliz ! Reage ! Reage ! Reage ...

Ele estava ali, naquela posição, imóvel, com a cabeça sobre o peito de Shoten .

Takeru colocou sua mão sobre o ombro de Kleb, tentando consolá-lo . Embora bem silencioso, conseguia escutar um choro vindo de Kleb .

(Takeru) – Kleb ... o que houve ?

(Kleb) – Eu ... eu não sei ... – ele ainda soluçava enquanto tentava responder à Takeru – Eu ... eu fui verificar um barulho estranho entre as arvores, e então ... então ... alguma coisa  me acertou, e eu cai ... pensei ter ouvido a voz de Shoten e ... e ... quando consegui me levantar ... ele ... ele ... ele estava no lago !!! NÃO !!!!!!!!!!

Nenhum deles se pronunciava . O grito de Kleb havia expressado toda a angústia sentida por eles .

(Shimizu) – Miki ... você sabe como foi que Yuji e Aruma morreram ?

(Miki) – Hã, hã .

(Tohru) – Seo não disse ?

(Takeru) – Ele não quis arriscar uma conclusão precipitada ... não acredito que ...

(Kleb) – Não acredita no que, Takeru ?

(Takeru) – Ele ... quando comentei sobre o acidente de Yosho, ele disse algo ... como se estivesse acontecendo algo que nós não sabemos ...

(Miki) – Que está querendo dizer ? Que Yosho não morreu por acidente ?

(Tohru) – Se for ... então ... Yuji e Aruma ...

Nesse instante, angustiado, irritado, debilitado e inconformado com a situação, Kleb se manifesta .

- Então, nós vamos matar esse desgraçado que está matando nossos irmãos ! Ele vai queimar junto com esse templo !

Depois disso, Takeru não se pronunciou, e os outros ficaram em silêncio . Kleb colocou o corpo de Shoten no chão, e se dirigiu para a frente do templo, sendo seguido pelos outros ...

Queimar ? Megumi havia ouvido o grito de Kleb, e a última frase também . Seu medo aumentava mais e mais .

(Shimizu) – Hunf ... hunf ... estou sentindo ... cheiro de medo ... está ... dentro do templo !

(Kleb) – Vamos acabar com eles !

(Takeru) – Espera, Kleb . Talvez ... talvez Seo queira que nós ...

(Kleb) - ... o levemos ? Não . Com certeza, não ! E depois ... se mataram Yosho, Aruma e Yuji ... devem ter muita energia ...

(Tohru) – O que é perfeito para nós .

Todos estavam em frente ao templo, observando-o . Shimizu continuava sentindo um forte "cheiro" de medo no local .

Seu coração batia mais e mais rápido . Ia morrer . Ia morrer . Ia morrer .

Enquanto isso, uma figura observava a tudo pacientemente . No entanto, sua paciência estava chegando ao fim . Não era difícil imaginar o que aquelas pessoas fariam . Tinha que detê-los antes que eles destruíssem o templo, e tudo o que estava dentro dele .

(Miki) – Cuidado !

Miki empurra Shimizu, salvando-a de uma pedra que havia sido arremessada em sua direção . Shimizu olha para trás, mas não vê nada . Nisso, uma pedra passa pelas arvores de forma bem rápido, atingindo em cheio Tohru, na cabeça . Devido a dor, o mesmo cai no chão . Ao se aproximar para ajudá-lo, Miki toma um susto : sangue .

(Takeru) – O que ? Miki, como ele está ?

(Miki) – Vivo, mas não sei por quanto tempo . Acho melhor ...

Todos ouvem um barulho, vindo da mesma direção de onde a pedra havia sido arremessada . Silêncio .

A figura observava atentamente . Um tipo diferente de energia pulsava nas mãos de Takeru e Kleb . Diferente de tudo o que havia visto anteriormente . Perigo . Ou não .

Takeru e Kleb abriram fogo, bombardeando o local aonde ele estava .

Correndo como um desesperado, ele percebia que aqueles dois estavam ouvindo ele se movimentar, e continuavam atirando em sua direção . Ele continuou correndo ...

... porém, eles não haviam percebido que ele corria em direção ao ... templo !

De repente, Takeru e Kleb não conseguem mais ouvir o barulho dos passos dele, e ficam atirando incessantemente em uma única direção . As pedras que são destruídas, os ornamentos, as estátuas do templo, as arvores ... tudo o que estava naquele local e no caminho era reduzido a poeira e/ou cinzas .

Porém, se pudessem enxergar entre as arvores, teriam percebido uma coisa : a figura misteriosa não havia parado de correr . Ela simplesmente, quando percebeu que o templo estava há apenas alguns metros, deu um "pequeno" salto em direção ao mesmo .

Megumi mal tem tempo de reagir quando uma pessoa atravessa a pequena janela que havia na sala onde ela estava . Ela só sente uma mão em sua boca, tapando-a . Tenta gritar, mas é inútil . Enquanto uma mão tapava sua boca, outra passava ao redor de sua barriga, prendendo seus dois braços, imobilizando-a .

Mais uma vez ela tentava gritar, mas era inútil .

- Shhh ! Faça silêncio ! Não grite !

Quando ouviu aquela voz ...

... Megumi tentou gritar de novo ...

... por que, através daquele pano que havia colocado no vidro da porta para não ser vista ...

ela havia visto ...

... que aqueles dois haviam parado de atirar nas arvores ...

... e Kleb havia apontado sua mão para o templo ...

... e disparado ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Seja quem for, iria pagar pela ousadia . Não importa quem, nem quantos, iria morrer . Isso não saia da cabeça de Kleb . Shoten foi o primeiro . Tohru estava ferido, e eles não possuíam material para fazer um curativo de emergência . Aquilo não podia estar acontecendo . Estava disparando freneticamente para o meio das arvores, descarregando sua raiva naquela que ousara matar seus irmãos . Miserável .

Já cansado de disparar, ele para e respira, enquanto pensa . Se algo estivesse ali, já estava morto . Agora, só faltava, o templo .

Não tinha muito tempo . Tinha que ser rápido . Apontara sua mão para o templo, e a mesma começara a brilhar . Não demorou muito para que ele começasse a disparar .

Apesar de estar bastante cansado, seu ataque não foi menos fraco . Pelo contrário, foi mais forte, pois estava carregado ... de ódio .

De todos os ataques que o templo Hikawa sofrera ao longo dos anos, aquele tinha sido diferente . Nunca alguém havia atacado aquele lugar com tanto ódio no coração . Tamanha é a força do disparo, que atinge a frente do templo, e explode em seguida . A porta é destruída, mas é apenas o fio da meada : a explosão arranca o assoalho, quebra os vidros, retorce o metal ... os observadores apenas viam madeira sendo arremessada para todos os lados . Quando termina, a visão não é das melhores : a entrada do templo não existia mais e,  pelo rombo feito, podiam ser vistos os corredores da casa, além de que, com o estrondo, a estrutura do templo foi seriamente afetada ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

- MEGUMI !!!

Rei estava desesperada, e com razão . Se a sensação de que sua filha estava em perigo não fosse o suficiente, a explosão seria . Não que o templo pudesse ser visto de toda a cidade, mas Rei estava olhando para a direção dele, no topo da colina, e havia visto a fumaça . Mais do que isso, havia sentido uma parte de si ser destruída .

- Calma, Rei – dizia Makoto enquanto a segurava – se você for lá ...

- ME LARGA !!!!

Makoto se odiou por ter esquecido de um detalhe : Rei estava transformada, e ela não . Embora Makoto tenha aparentado ser mais forte, ela havia dito a Rei que o desenvolvimento de seus poderes estava intimamente ligado com os seus sentimentos, com o seu interior, logo ...

Começou como uma aura vermelha, e a cor foi ficando mais e mais forte . Depois, a aura se converteu num escudo de fogo ao redor de Rei . Makoto tentava resistir, mas foi em vão, visto que a temperatura aumentava mais e mais . Vendo que não iria adiantar, ela solta o braço de Rei . A mesma não perde tempo, e salta entre os prédios, em direção ao templo, deixando Amy e Makoto para trás .

- Droga – dizia Amy – isso é mau !

- É muito pior . Devem ter começado a atacar . O plano falhou !

- Droga ! Será que nós vamos ter que passar por tudo aquilo de novo ? E eu que pensei que desta vez teríamos alguma vantagem sobre o inimigo !

- Eu vou ...

- Espera, de carro a gente chega mais rápido ! Espero que dê tempo ...

- Eu não sei, mas acho que Rei vai chegar antes de nós ... veja isto ...

Makoto mostra sua mão para Amy : queimada .

- É – dizia Amy – ela está começando a aprender ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Os dois estavam pasmos com aquilo, em especial, Megumi . Aquele sujeito havia destruído a frente do templo com apenas um disparo !

Mas a maior destruição não era a física, mas a psicológica : Megumi já não conseguia se controlar, deixando algumas lágrimas escorrerem .

- Shhh !!! Se fizer barulho, eles vão nos encontrar !

Não adiantava, ela não conseguia se controlar .

- Snif ... snif ... mamãe ... buáááááááá !!!!

Uma mão segura a boca de Megumi, abafando o barulho .

- Se você chorar, eles ... aíííí !

Por essa ele não esperava . Ela havia mordido sua mão .

- Megumi – ele gritava baixo – quer parar ?

- Não é a sua casa que está sendo destruída, Akira !

Sua infância, seus amigos, suas brincadeiras ... tudo aquilo passava pela sua cabeça naquele instante . Os momentos felizes, seu falecido bisavô ... tudo estava sendo destruído, e sua mãe não estava ali para ajudar !

- Onde é que está a sua mãe quando a gente precisa dela , hein ?!?!?!?

- Hã ... ela, tia Amy e sua ... aham ... elas foram para outro lugar, tentar despistar os vilões !

Por pouco Akira não consegue se controlar . Se Megumi já estava abrindo o maior berreiro, imagine se soubesse que sua mãe foi junto com o grupo ...

- Tia Makoto pediu pra você vir me salvar ? Obrigada, Akira-chan ! – e, totalmente despreparado, ele cai no chão, depois dela se atirar encima dele .

- Bem ... Okaasan pediu pra eu ficar em casa ...

- Você a desobedeceu ?

- Ahhhh ... não é bem assim ... ela disse que eu sempre deveria ajudar as pessoas, não é ?

- Brigadão, Akira ! Você é o meu herói !

- Ops ! Vem vindo alguém !

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

(Miki) – Foi por aqui . Tenho certeza de que ouvi um grito vindo daqui .

(Shimizu) – Tem certeza ? Não sinto mais cheiro de medo por aqui ... espera, estou sentindo novamente ! Dessa vez, o cheiro está diferente . É medo ... e ódio ! Sim, alguém não está muito contente em ter a casa destruída .

Akira estava começando a ficar nervoso . E sem saída ! O pior é que aquelas duas estavam se aproximando dele, e teria que passar por elas se quisesse chegar até a saída do templo .

Nisso, ele olha para o lado, e vê Megumi pegando uma pedrinha, e jogando para longe . Quando ela toca o chão, chama à atenção de Miki e Shimizu, as quais vão na direção de onde a pedra caiu .

- Eu não acredito que elas sejam tão burras ... talvez nós devêssemos dar um jeito nelas e poupar nossas mães desse trabalho ...

- Eu conheço um caminho secreto ! Vem comigo !

Ambos vão se esgueirando por entre as arvores, sem chamar a atenção .

Enquanto vão andando, uma coisa não lhes passa desapercebido : Takeru e Kleb ainda estavam atacando o templo, e pareciam estar fazendo com bastante raiva .

Aquilo chamava a atenção de Akira . A energia utilizada por eles ... era diferente . Ainda não tinha muita prática nisso, tendo que se concentrar bastante, dependendo do nível de energia que está tentando sentir, mas aquilo era diferente . Era como se algo tivesse fortalecido aqueles dois .

Bom, melhor deixar isso pra depois . Agora, havia chegado o momento mais perigoso : teriam que sair da proteção das arvores, correr até a escadaria e fugir dali o mais rápido possível .

- Megumi, a gente tem que correr pra caramba !

Ambos disparam freneticamente em direção a escadaria . Parecia durar uma eternidade aquela correria . O tempo parecia ter congelado . Tudo em alguns segundos .

- Puf ! Puf! Conseguimos, Aki ...

Antes mesmo que terminasse de falar, Miki surge na frente de Megumi, bloqueando sua passagem . Ela tenta voltar, mas esbarra em Akira, que estava parado .

- Corre, Akira ! Cor ...

Outro susto . Shimizu estava parada ali, em frente à Akira ;

(Miki) – Ora, ora ... mas o que temos aqui ! Parece que tiramos a sorte grande, não acha, Shimizu ?

(Shimizu) – Concordo . Não acharam que iríamos cair naquele truque, não é ?

- É, nós achamos ... – dizia um desconsolado Akira, enquanto olhava para Megumi ...

(Takeru) – Quem são esses dois ?

(Miki) – Nós os encontramos aqui . Não deveriam estar na escola, crianças ?

(Akira) – Hoje é Sábado !

(Kleb) – Pois eu acho ... que se eles estão por aqui ... seus pais devem estar por perto ... onde está o seu pai, garotinho ?

(Akira) – Não posso dizer .

(Takeru) – É ? Por que ?

(Akira) – Por que mamãe disse pra eu não falar com estranhos, seu estranho !

(Shimizu) – Que bonitinho ! Talvez sua mãe queira falar, conosco, não é ?

(Takeru) – É, talvez ela precise de um incentivo para aparecer, não acha, Kleb ?

(Kleb) – Concordo . Concordo plenamente .

Takeru estica sua mão para Kleb, e o mesmo a aperta . Algo estava acontecendo naquele momento . Ao se encontrarem, as mãos dos dois brilhavam, pulsavam, numa tonalidade bastante forte . Akira estava sentindo aquilo .

As mãos se separam, mas a mão de Kleb não deixa de brilhar . Aquela energia estava aumentando cada vez mais, até que ele a concentra, e a dispara ... em direção a parte do templo que ainda se mantinha de pé .

O que ocorreu em seguida foi algo que seria lembrado durante anos . O disparo de Kleb adentrou no templo Hikawa ... e ficou ali durante alguns segundos . Tempo precioso .

Logo em seguida, ele explodiu . Não uma explosão comum, mas algo diferente . De alguma forma, o ódio daquele homem havia aumentado, e muito, sua energia .

Quanto ao templo ... aquela energia explodindo, se espalhando rapidamente para todas as direções, consumindo tudo o que havia ao redor ... aquelas duas crianças não conseguiam acreditar no que estavam vendo .

O templo Hikawa . Destruído .

Naquele momento, Akira sentiu muita raiva, mais do que o normal . Tudo aquilo acontecendo ... e ele não podendo fazer nada ... tinha que agir . Por outro lado, Megumi parecia estar num estado catatônico, visto que não se movia ou demonstrava qualquer expressão .Ver sua casa, ser lar, sendo destruído, sem poder fazer nada ... era demais para uma garotinha .

- Megumi ... corre !!! – Akira despertava Megumi, a qual, embora continuasse chorando, despertava para a realidade . Aproveitando que os outros estavam observando o que sobrou do templo pegar fogo, Megumi corre . Corre muito . Não para a saída, pois seria impossível, mas para longe, bem longe . Enquanto corria, não deixava de pensar em Akira . Seu amigo ... ela o havia deixado para trás ... ele havia desobedecido sua mãe para salvá-la ... e, mesmo assim, ela o abandonara ...

- G-g-gomen, Akira–chan ...- e dizia isso, enquanto lágrimas continuavam escorrendo pelo seu rosto ...

(Kleb) – Agora, que tal se ... ei, onde está a garota ?

(Miki) – Estava aqui agora há pouco !

(Shimizu) – "timo ! Não conseguimos dar conta nem de uma criança !

Nisso, mesmo estando cercado, Akira percebe que o terreno está "a seu favor".

- Hi,hi . Beleza .

(Takeru) – Do que está rindo, garotinho ? Anda, desembucha !

Takeru agarra Akira pelos cabelos, e começa a erguê-lo . Qual não é sua surpresa( e despreparo) quando Akira "delicadamente" chuta suas "partes baixas" ! A dor é tanta que ele o larga, e fica andando para todas as direções, gemendo, gritando, gemendo  ... e gritando .

(Kleb) – Oh, céus ! Será que você não consegue dar conta nem de um garotinho, Takeru ?

Desnecessário dizer o sorriso abafado emitido por todos, enquanto Takeru se contorcia no chão .

(Kleb) – É só um garotinho, vê ? Não faz mal a ningu ...

Akira dá um pequeno salto, o suficiente para alguém de seu tamanho atingir uma razoável altura . No meio do salto, ele estica sua perna e, com força, a acerta bem no queixo de Kleb . Totalmente desnorteado pelo ataque, ele mal tem tempo de se esquivar quando Akira salta encima dele, acertando os dois pés bem no meio do seu peito, arremessando-o para trás ...

... e fazendo-o perder o equilíbrio bem na escada, o que provoca uma queda dolorosa e embaraçosa .

Akira leva um soco nas costas, e mal tem tempo de se esquivar de um chute dado por Miki . Ao cair no chão, ele rola para a direita, escapando de um esmagamento de crânio, e continua rolando, até que toma impulso e se coloca de pé . Ao olhar para a frente, percebe que havia tomado uma certa distância . Perfeito .

Ao seu ver, era seguro correr . Primeiro, aqueles dois caras estavam um pouco "incapacitados"; segundo, se aquelas duas mulheres não dispararam, era porque o poder delas era outro . Terceiro ...

... ele havia se esquecido completamente de Tohru, que já estava de pé, com uma faixa na cabeça, parado bem em frente a Akira . Ele toma impulso e, numa acrobacia bem feita, salta por cima de Tohru, girando ao passar por cima dele e, antes de tocar o chão, bate com seus dois pés nas costas dele, empurrando-o contra Miki e Shimizu, que vinham logo atrás, derrubando-as .

Por pouco ele não se joga para ao lado e escapa de um disparo . Pelo visto, sua teoria sobre o poder daquelas mulheres estava errado . Ele continua correndo, desta vez em ziguezague, tentando se esquivar . Um dos disparos passa perto, causando uma explosão no chão e derrubando-o . Ele se levanta em seguida, e continua correndo, embora sentisse uma certa dor na perna direita .

Ele corria em ziguezague, desviando por puro instinto dos disparos . Sabia que se fosse atingido, seria o fim .

(Miki) – Diabos, Shimizu ! Que bela pontaria você tem !

(Tohru) – Eu não acredito que nós deixamos ...

(Takeru) – Cale a boca, Tohru ! Aquela garotinho não era comum ! Viu o que ele fez com Kleb ? Venha, vamos ajudá-lo !

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Akira continuava correndo pelo bosque, sem sequer olhar pra trás . Não queria olhar . Não podia olhar .

Mais do que isso, estava triste com o que havia acontecido . Havia falhado . Não havia conseguido deter os vilões .

- DROGA !!! Eles destruíram o templo Hikawa e eu não fiz nada ! Ahhh, que droga ! Que grande guerreiro que eu sou !

Cansado de correr, ele para . É ai que ele se dá conta de que está no bosque, longe de tudo e de todos . Nada poderia encontrá-lo ali . Nada .

Naquela hora, ele também percebeu que havia corrido na direção contrária a de Megumi . Que dia . Teria ela conseguido escapar ? Estaria bem, ou estaria em algum canto, chorando ? Não podia contar com a sorte . Tinha que ir atrás dela .

Porém, sua perna volta a doer, e ele cai no chão, exausto de tanto correr . Tinha que fazer alguma coisa . Não podia desistir tão cedo . Tinha que voltar lá ...

- Sabia que não iria muito longe . Finalmente te alcancei . - e, nesse instante, o sangue de Akira gelou, quando sentiu uma mão em seu ombro ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

Foi durante alguns instantes, mas foi o suficiente . Kleb tentava abrir os olhos, mas os mesmo doíam . Ao seu ver, o garoto tinha algum treinamento . Pior, era forte ! Não conseguia entender como alguém tão pequeno tinha conseguido chutar seu queijo com tanta força . E quando ele "encaixou" seus pés em seu peito ...doía só de pensar . Não tinha dúvida, era o mesmo que o havia nocauteado antes ... e muito provavelmente, quem havia derrubado Shoten no lago . Criancinha ? Hunf ! O miserável iria pagar caro ...

Nisso, algo chama sua atenção . Não sabia descrever o que era, mas era algo . Parecia estranho, mas não havia outra explicação . Era como se alguém se aproximasse, mas ele não conseguia visualizar direito a pessoa . A única coisa que ficava em sua mente era a imagem de alguém vindo em sua direção saltando(?) muito alto . Na verdade, cada salto que dava cobria distâncias enormes, e se aproximava cada vez mais . Quando passou por cima de Kleb, ele pode perceber algo : não sabia dizer quem era, mas parecia vestir uma roupa que lembrava bastante a de um marinheiro ...

*          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *          *

(Miki) – Maldição ! Ele escapou !

(Tohru) – Não deve ter ido muito longe . Vamos nos separar e ...

(Shimizu) – Hã ? O que é isso ?

(Takeru) – Pessoal, cuidado ! Tenho a impressão de que teremos problemas ...

Era bom que Takeru e os outros estivessem preparado para encrenca . Não em dobro, mas multiplicada pelo ódio de uma pessoa .

Era algo que eles não entendiam . Uma pessoa caia de pé perto deles . Por mais que a visualizassem, a imagem do rosto dela não se fixava em suas mentes . A única coisa que conseguiam gravar era a roupa que usava : uma camisa, cujo design lembrava um uniforme da marinha, com a diferença que possuía um laço na altura do peito, uma saia vermelha e curta, com um laço maior nas costas, e um salto-alto vermelho . Ninguém tinha dúvidas de que, ao menos, era uma mulher .

Ela _ Não _ Acreditava _ No _ Que _ Estava _ Vendo .

O templo . Palco de encontros, desencontros, amores, batalhas, comédias, alegrias, desilusões, sonhos, pesadelos ...

Suas memórias vinham a tona nessa hora . Seu avô, suas amigas, seus namorados, sua infância, sua adolescência, sua maturidade ...

Aquele lugar não era apenas um templo . Era seu lar . Era onde ela sempre viveu . Aonde ela conheceu o mundo, aonde ela se abrigou nos seus piores momentos .

Aonde ela  encontrou Usagi pela primeira vez .

Aonde ela e suas amigas batalharam diversas vezes .

Aonde elas se reuniram diversas vezes, seja para planejar, brigar, conversar, festejar ou apenas desabafar .

O lugar onde ela enfrentou a fase mais difícil de sua vida, ao lado de sua filha .

- M-megumi ...

Ela pôde sentir um enorme aperto no coração . Sua filha, Megumi ... não conseguia mais senti-lá . Isso por que, mesmo nos piores momentos, elas sabiam que ainda tinham uma a outra . Sempre teve o apoio de suas amigas e de seu falecido avô, mas sabia que Megumi era a única que sempre estaria ali . Sabia que era a única que a entendia do fundo do coração . Tanto era verdade que, como Rei, Megumi também possuía algumas capacidades paranormais, e isso era intensificado mais e mais entre as duas, o que fazia com que uma sentisse quando algo de errado estivesse acontecendo com a outra . Eram mais do que mãe e filha . Eram mais do que amigas de sangue . Eram irmãs de alma . E, agora, ela não conseguia mais sentir Megumi . Medo, alegria, tristeza ... não conseguia mais senti-lá . Queria sentir a alegria dela . Queria sentir a ansiedade dela . Queria sentir o medo dela . Queria sentir a dúvida dela . Mas, ao invés disso, sentia apenas um imenso vazia . Uma ausência . Uma falta .

- M-megumi ...

Takeru e os outros não estavam entendendo o que se passava . Aquela mulher havia parado entre eles, e estava ali, ajoelhada, chorando ...

Nisso, um carro para em frente a escadaria . De dentro, saem Makoto e Amy . Makoto não perde tempo, e começa a subir as escadas, saltando vários degraus de uma só vez .

- Eu te alcanço, Makoto ! Vá na frente – dizia Amy, correndo bem atrás .

Naquele instante, Makoto havia sentido algo ... diferente . Ou não tanto . Era algo que parecia estar querendo surgir há algum tempo . Não sabia o que, mas sabia que teria que correr se quisesse presenciar isso .

- Rei ...

Naquele instante, Rei se levantou . Havia matado diversos youmas ... havia derrotado vários membros do Clã Black Moon, havia lutado contra os Caçadores da Morte, havia enfrentado as sombras do Circo da Lua Negra, havia dado tudo de si quando lutou contra Galáxia e suas Sailors  ... mas, em nenhum desses casos, ela havia sentido tanto ódio, tanta raiva  . Sua alma estava tomada por aquele sentimento . Todo o seu espirito pedia por aquilo .

- Fire ...

Nada mais importava naquele momento . Nada .

Aquilo pulsava, corroendo-a por dentro . Não podia agüentar .

Não podia suportar . Tinha que fazer aquilo .

Havia falhado com a pessoa que mais confiava nela . Mais do que Usagi .

Sua filhinha, Megumi,morta nessa ... nessa ... guerra .

Sem que percebesse, o sangue de marte esta explodindo em suas veias .

Aquelas pessoas ... haviam violado um dos sagrados mandamentos de marte ... haviam maculado o código do guerreiro ...

"Nunca machucar mulheres e crianças indefesas"

Finalmente, ela estava entendendo o que Makoto dissera, embora não lhe fosse muito reconfortante .

Ela tinha o poder, mas não o reconhecia . Não entendia que o sangue do povo de marte possui um poder incrivel ...

E que, misturado com o sangue dos terráqueos, pode ter resultados incriveis .

Pois embora pareçam fracos, os terráqueos tem uma vantagem sobre os demais povos : seu potencia infinito para evoluir .

Muito mais do que ampliar seus poderes, era entender isso .

Mas, no entanto, tudo isso era inútil .

Não possuia nenhuma serventia, uma vez que não pudera salvar a pessoa que lhe era mais importante .

Não só como filha, mas nela estavam todos os seus sonhos, suas dores, suas lutas, suas conquistas .

Em seu íntimo, ela queria estar ali . Queria ter podido ajudar, mas não podia, pois tinha sua obrigações . Por mais que odiasse admitir, sabia que Amy estava certa em seu plano, apesar de não ter funcionado . Como Sailor, tinha a obrigação de proteger as pessoas .Como mãe, a de proteger sua filha .

Nesse momento, a balança pesou de maneira desigual, tanto para Rei, quanto para Sailor Marte . Não podia fazer nada quanto aquilo . Não pôde salvar Megumi, era uma verdade, mas não podia ter feito nada . Em seu peito, batia a angústia de ter perdido sua filha por nada . Não havia adiantado nada . Sua filha estava morte, e o bairro de Juuban sofreria da mesma forma  .

- STORM !!!!!

Totalmente sem ação, Takeru, Miki, Shimizu e Tohru são pegos pela tempestade de fogo . Sem ação . Sem esquiva . Sem salvação . Seus gritos se perdem em meio as chamas, suas dores são consumidas tão rapidamente quanto são geradas .

No entanto, embora estivesse gerando tanto calor, o coração de Rei estava frio .

Naquele momento, seu ódio por sua incapacidade ela tanta, que aumentava mais e mais o calor de suas chamas .

Makoto para no meio do caminho, ao sentir aquilo . Era Rei . Só podia ser .Finalmente, ela havia entendido o que impulsionava seus poderes . Agora, a dúvida : conseguiria controlá-los ? Conseguiria controlar sua fúria e seguir em frente ?

Olhando para o chão, ela vê um homem caído, olhando para ela . Pelo rosto, deveria estar sentindo muita dor .

Ele sentiria mais dor ainda pelo que acabara de ver . Fogo .

Não fogo comum, mas fogo selvagem . Fogo que se espalhava rápido, que corria livremente por todas as direções . Ambos estavam alguns degraus abaixo do templo, do contrário, teriam sidos atingidos pelo fogo . Era como um turbilhão de chamas, o qual seguia em todas as direções . Como se olhassem para cima e dessem de cara com uma parede de chamas que parecia cobrir todos os lugares, sem exceção .

(Makoto) – Sim ... finalmente, Sailor Marte entendeu realmente o poder que tem ...

(Kleb) – O que ? Mas ... mas quem são vocês ?

Makoto olhava para a pessoa, com um olhar inquisitor . Deveria ter dezenove, vinte anos . Aquilo fazia sentido .

- Já entendi . Você deveria ter uns oito ou dez anos na época ...

- Isso não importa, Makoto .

Ao ouvir aquela voz, ela olha para cima, percebendo que as chamas haviam cessado . A primeira coisa que passa pela sua cabeça e subir as escadas, para ver melhor o houve lá encima, mas se detém, ao ver Sailor Marte descendo as escadas calmamente, com um olhar extremamente frio .

- Rei ?

- Não importa se ele era novo demais na época ... ele não vai escapar . Não vai . Pois eu vou matá-lo .

- Rei – dessa vez, era Amy, que havia chegado – não faça isso, por favor ! Não vai querer ...

- Não ouse, Amy . Não me peça isso . Esse desgraçado ... ele não merece viver ! Não depois de tudo o que fez . Ele não merece ... não merece ...

(Makoto) – Rei ... pare ... pare com isso, por favor !

(Rei) – O que foi, Makoto ? Não foi você mesmo quem disse que eu devo entender e aceitar a força dentro de mim ?

(Makoto) – Sim, eu disse ... mas você não pode se deixar vencer por ela . Olhe pra você . Daqui posso sentir um vazio enorme em seu coração . Quer mesmo fazer isso ? É isso que quer fazer ? Você não é um monstro, Rei . Você tem um coração enorme . Por favor, não faça isso !

Por alguns instantes, ela se deteve tentando não olhar para ninguém . Estava tentando se controlar . Não queria ser dominada pelo seu próprio poder . Era Rei . Era uma guerreira . Não iria perder .

Para a surpresa de todos os presentes, Rei reverte . Kleb ficou espantado com aquilo ! Agora, ele conseguia gravar em sua mente aquele rosto . Era uma mulher, sem sombra de dúvida . Porém, seu medo aumentou quando ela se aproximou dele .

(Amy) – Rei ... o que você vai fazer ?

(Rei) – Observe .

Rei coloca a mão sobre a cabeça de Kleb, o qual estava caído no chão e muito machucado para reagir . Ela fecha os olhos, e começa a se concentrar .

(Makoto) – Essa ... isso que você está fazendo ... eu já senti isso antes ! Foi no centro de Tóquio ! Aquela coisa estranha que eu e Minako estávamos sentindo ... então, era isso, não é ? Pelo visto, você também desenvolveu alguma espécie de poder sem estar transformada !

(Rei) – Da mesma forma que você aumentou sua força, Makoto .

(Amy) – Aumentou ... já entendi . Rei sempre conseguiu sentir presenças malignas ... acho que chamam isso de ... força mental ?

(Rei) – Poder psíquico, Amy . Sempre tive alguns, mas eles se manifestavam de forma bastante fraca . Agora ...

Rei abre os olhos, e volta a olhar para Amy e Makoto .

(Makoto) – O que você fez ?

(Rei) – Eu li a mente dele . Procurei por informações .

(Amy) – Conseguiu alguma coisa ?

(Rei) – Consegui, mas estavam um pouco confusas . Terei que sentar e me acalmar um pouco para analisar o que peguei na mente dele . Portanto, não precisamos mais dele ...

Rei torna a colocar a mão na cabeça dele, só que, desta vez, ele começou a gritar .

(Makoto) – Rei, o que está fazendo ? Vai matá-lo !

(Rei) – Não, eu não vou .

- Ahhhhh !!!Sua bruxa ! O que está fazendo com a minha cabeça ?

- Isso, rapazinho, se chama ataque psíquico . É muito eficiente . Faz você sentir dor mental, como se fosse física . Quer experimentar um pouco mais ?

Os gritos de Kleb se espalhavam por todos os cantos . Sua dor era imensa .

- AHHH !!!! PARA ! PARA ! POR FAVOR, PARA !

- Se alguém te pedisse isso, você pararia ? Acho que não . Devia ter pensado nisso antes de matar alguém . Foi bom ? Gostou de sentir o gosto da morte em suas mãos ? Talvez, queira chegar bem perto disso ...

Nisso, todas somem . Só estava ele lá , e mais ninguém .

Ao olhar para trás, estava Rei . Tentou fugir dela, mas ela se aproximava cada vez mais rápido, até que consegui agarrá-lo .

Ele tentou reagir, atacando-a, mas ela agarrou seu braço . Para sua surpresa, e dor, Rei o arrancou com imensa facilidade . A dor era enorme, e o sangue escorrendo era assustador .

Nisso, uma parede surgiu atrás dele, e Rei o empurrou em direção a ela .

Ela não conseguia se desgrudar da parede, e seu medo aumentou ainda mais quando viu objetos pontiagudos, como estacas, surgirem nas mãos de Rei . Ela lançou uma, que atingiu sua mão e a prendeu na parede . Em seguida, lançou outras  . As estacas, as quais eram de metais, perfuravam seu corpo, prendendo-o na parede, fazendo-o gritar  cada vez mais . Braços, pernas, barriga ... estava totalmente preso .

Nisso, ela fez surgir outra estava, e a enfiou na carne de seu ombro que estava exposta devido a falta de um braço .

Em seguida, ela encravou as unhas em seu olho direito, arrancando-o violentamente . Os gritos continuaram .

Por um momento, ele pensou que havia acabado, que finalmente morreria . Ledo engano .

Rei criou uma pequena chama em sua mão, e atirou no chão . A chama se movia como se estivesse viva, e não era pra menos : ela começou a se aproximar dele, lentamente, o que aumentava sua agonia .... até que ela atingiu sua perna, e começou a subir lentamente . Em seu trajeto, ela ateava fogo em cada parte do corpo dele, lentamente . A chama chega até seu cabelo e, após consumi-lo rapidamente, ela explode . Segundos depois, o corpo de Kleb queimava de uma forma muito mais violenta . Era como se o fogo estivesse vivo, clamando pelo seu corpo . Ele tentava se mexer, mas estava preso . E o pior, aquele fogo parecia não querer deixá-lo morrer, como se fosse continuar ali, por toda a eternidade ....

Amy e Makoto não estavam entendendo o que se passava .  De uma hora pra outra, Kleb havia parado de gritar, e seu olhar havia se tornado vago, vazia . O brilho de outrora havia sumido, como se ele estivesse ...

Rapidamente, Amy coloca a mão sobre seu coração, e comprava que ainda bate .

(Makoto) – O que fez, Rei ?

(Rei) – Nada .

(Amy) – O que houve com ele ? Por que não se move ?

(Rei) – Eu não o matei, se é o que estão pensando . Ao menos, não fisicamente .

Aquilo ecoou pela cabeça de Amy e Makoto . De alguma forma, Rei havia destruído aquele rapaz por dentro . Como, elas não gostariam de perguntar . Ele estava vivo ... mas agora, não passava de um vegetal, um corpo sem mente . Estava vivo, respirava, mas por dentro estava morto .

(Amy) – Ela deve ter traumatizado ele ... ou destruído sua mente ...

(Makoto) - .......

(Amy) – Não vai dizer nado, Mako-chan ?

(Makoto) – O que você quer que eu diga ?

(Amy) – Não sei, mas nós temos um zumbi caído aqui no chão e ... é, tem razão . Isso não vai adiantar em nada . Vamos levá-lo ?

(Makoto) – Deixe-o aí . O fogo que Rei gerou deve ter chamado atenção de bombeiros . Melhor nós ... aonde vai, Rei ?

Rei já estava a uma certa distância delas, quando olhou para trás, e respondeu : - Não estou me sentindo bem .- se estivessem frente a frente, Amy perceberia melhor as lágrimas e o tom amargo de  sua voz . – Preciso de alguém para conversar ...

Continua ....

Glossário :

Joviano : Derivado de Júpiter . Pessoa de Júpiter, nascida em Júpiter, no caso, Makoto, em sua vida anterior .