Capítulo 8
- Mana, tem certeza de que foi uma boa idéia ?
- Claro que foi, oras !
- Mas ... e se nos perdermos ?
- Ah, isso é muito fácil, veja – ela apontava – viemos por ali, certo ? Só precisamos fazer o caminho inverso.
- E se não conseguirmos ?
- Fazemos o trajeto de onde o sol irá se por, simples. Se ainda assim nos perdermos, podemos nos guiar pelas estrelas, a mamãe ...
- Nos ensinou – falava Marina – eu sei, a gente aprendeu o que ela ensinou, a mesma aprendeu com o pai dela, o qual aprendeu com a mãe dele, eu sei muito bem disso, tá ? Mas e ...
- Podemos seguir o rio, veja – Allete apontava para o rio que passava bem próximo delas – veja a direção na qual ele segue, se fizermos o caminho contrário, podemos chegar ao topo ou, pelo menos, até a casa daquele sujeito, daí a gente pede pra ele nos levar até a saída, simples.
- Não acho que ele vai querer nos ajudar ... viu como ele ficou furioso ?
- Vi. Será que ele falou a verdade ? Acho que não.
- Como assim?
- Pensa bem : o cara vive no meio do mato, não tem contato nenhum com pessoas "diferentes", de repente nos vê ...deve ter contado aquela história pra nos assustar e não voltarmos mais aqui, sabe.
- Mas e se for verdade?
- Ah, claro, uma raça inteira dizimada e a nossa rainha ficando de braços cruzados ? Marina, seu cristal precisa de polimento !
- Vou pedir para o Atsuki fazer isso !
- Atsuki ? Atsuki ? Espera, você por acaso disse Atsuki ? Teria eu ouvido a pirralha da minha irmã caçula dizer o nome do maior gato da escola, Atsuki ?
- Algo contra ?
- Desde quando estão saindo juntos ?
- Desde o dia em que você foi pega pela professora conversando na aula, lembra ?
- Ah, sim ... sua assanhada, roubou minha paquera !!!
- Sua ? Pensei que era da Rita, mas não importa, tivemos uma ótima tarde no nosso primeiro encontra ! Você precisa ver como ele beija bem ...
- Poupe-me dos seus comentários !
- Certo, não vamos fugir muito do assunto, a questão é : e se for verdade?
- Enlouqueceu ? Tókyo de Cristal é a utopia almejada pela humanidade há milênios ! A Rainha e as Senshis tem protegido o planeta por eras e eras, nunca permitiriam o extermínio de uma raça inteira!
- Mas e se ...
- Você acha que a rainha ficaria de braços cruzados? Acha que ela não enviaria alguém para ajudar, um dos seus Senshis?
- Bom, ele disse que foi há séculos atrás e ...
- Mesmo assim – Allete parava e batia o pé – as Senshis existem desde tempos imemoriais, o que te faz pensar que ficariam paradas ?
- Mas ... e se a Rainha não pudesse ?
Allete estava prestes a falar algo, mas de repente parou, fazendo uma cara de indignada . Simplesmente não estava acreditando no que a irmã falava e ... e ...
Marina é tomada pela surpresa quando a mesma a segura e a puxa, correndo dali . Sem entender, resolve segui-la, até que ambas param um pouco distantes atrás de uma arvore.
- Mas o que foi ? Por que me puxou ? Eram os Ursolinos ? O que foi que – ela segue a mão de Allete, a qual apontava na direção do rio – o que tem lá que ... o que é aquilo ?
Ela apontava para o rio, aonde uma estranha criatura se aproximava. Seu corpo a primeira vista era humanóide, mas uma olhada mais atenciosa revelaria que a criatura possuía listras vermelhas nas pernas, as quais eram cobertas por uma longa penugem. Uma cauda bem saliente saia da parte de trás na altura da cintura, e as mesmas marcas vermelhas marcavam as costas e parte do rosto, o qual poderia passar muito bem pelo de uma pessoa normal, senão fossem as listras na face e as orelhas, as quais pareciam as de um gato ...
A criatura se abaixa na beirada do rio, como se quisesse tocar na água, mas uma segunda olhada revelaria o que eram as manchas vermelhas : realmente eram parte do corpo da criatura, mas algumas manchas tinham uma tonalidade muito mais avermelhada do que o normal.
Sangue, ambas pensavam. Seja o que fosse, aquela criatura estava sangrando. Não sabiam o que, mas ela ...
Marina fora interrompida quando Allete colocou a mão em sua boca e começou a arrastá-la para longe dali, afastando-se e evitando fazer qualquer ruído.
- Hmmm ! Allete, nós ...
- Shhh ! Fica quieta !
- Mas ele estava fer ...
- Fica quieta ! – e largava a boca da caçula, caminhando a passos largos, sendo seguida, à contragosto, por Marina.
Alguns minutos depois, Marina estava suando um pouco, mas não menos emburrada.
- Por que não o ajudamos ? Ele estava ferido, precisava de ajuda e ...
- E o que você iria fazer? Ajudá-lo ? Lembra-se do que o Harik disse, de que todos fugiriam de nós?
- Mas isso era diferente, era um ser ferido que precisava de ajuda!
- Não tínhamos como ajudá-lo, ele só nos atrasaria, lembra? Ou por acaso se esqueceu do motivo de estarmos aqui?
- As Senshis o ajudariam.
- Não somos Senshis e, pelo que me consta, fomos recusadas como senshis, lembra? A essa altura, a caneta de transformação deve ter voltado para a mamãe ou ido procurar uma dona mais digna, talvez a Joynah.
- É, falou a toda poderosa Sailor Júpiter ...
- Não fui eu quem fui renegada sem nem ao menos ter me transformado. – ela falava, a voz cheia de veneno – ao menos a caneta me deu uma chance de provar meu valor.
Ambas caminharam por longos minutos sem trocarem nenhuma palavra. Era um fato, mas Marina ainda sentia aquela dor no peito, e a irmã ter jogado aquilo na sua cara não ajudava em nada.
Allete também não estava muito melhor. Em verdade queria Ter ajudado o Youma, como queria.
Mas não podia. Não por que iria atrasá-la, longe disso. Envolvia algo pior.
Primeiro por que estavam próximas do rio, o qual era uma parada obrigatória para muitas criaturas que viviam na floresta, hostis ou não.
Segundo, pelo sangue. As feridas dele não eram comuns. Tinha certeza de que havia visto cortes no Youma, os quais pareciam ser muito profundos.
Ela tocava levemente em seu corpo, lembrando-se de que não estava mais ferida. Harik deve tê-la curado de alguma forma, pensava. Talvez algum remédio ...
Bom, isso não importava. Concordava com a irmã, devia ter ajudado a criatura, mas aquele sangue era perigoso. Sabia que o cheiro do mesmo atrairia atenção indesejada, bem como a presença dos prováveis predadores que o feriram ...
- Olha lá !
- O que foi ? – Allete seguia o dedo de Marina, quebrando o silêncio imposto por ambas – isso é ...
- O fim da floresta e ... parece Ter um pequeno morro ali, veja ... já passamos por alguns vales ... será que depois daquele finalmente encontraremos o que nós ... ? – ambas se encaram por alguns momentos e, no instante seguinte, estão correndo .
Finalmente estavam próximas do que tanto almejavam, do seu objetivo ! Iriam salvar sua mãe, pensavam. Encontrariam a cura que a salvaria do veneno que aquele general havia ...
Ambas param, surpresas. Não pelo caminho à frente, o qual revelava uma trilha que seguia pela encosta do morro, não ... o que as surpreendia era o fato de acabarem de dar de cara com ... com ... bom, com alguma coisa que devia Ter sido os restos de um animal ou coisa parecida, visto que havia muito sangue e carne espalhados por ali.
Mas o que mais as surpreendia era, na verdade as assustava e muito, era o fato de, diante delas, estar o ser que muito provavelmente abateu aquela criatura.
Um Ursolino.
***
58 vezes, ela contava.
58 vezes que fizera aqueles testes, e já iria para a qüinquagésima - nona vez.
Em momento algum ela desistiu ou pensou em desistir. Tinha que fazer aquilo. Devia tudo àquela família. Em verdade, a mulher que estava deitada na maca era uma grande amiga, alguém que era muito importante para ela.
Fora que ... por falta de termo melhor ... era uma família amaldiçoada.
As perdas que aquela família já sofreu no passado ... até mesmo a perda que Makoto havia sofrido, não ... não podia permitir isso. Como iria encarar Joynah, Allete e Marina depois daquilo ? Já não bastavam os problemas do passado?
Em verdade a família de Makoto fora muito numerosa, mais do que as outras, mas parecia um alcunha de cada um perder um ente querido, não ... parecia uma marca daquela família.
Ela olhava para a maca novamente e depois para o homem ao lado dela, o qual passou os últimos séculos ao seu lado. Tanto tempo juntos, tantas experiências .. não seria ela quem iria deixar aquilo acabar.
- Sohar – Amy se aproximava do mesmo, parando bem em frente a ele – não se preocupe, iremos trazê-la de volta.
- Essas coisas você sempre sabe que podem acontecer, mas nunca espera que ocorra com você mesmo, não concorda ? – ele a encara.
- Não. Lamento. É como uma sina que acompanha o sangue de Makoto. Usagi achou que fosse uma maldição lançada sobre a família dela, mas o Cristal de Prata nada pode fazer.
- Não importa o nome que dêem, podem classificar uma doença, mas isso não irá fazer a dor sumir, não simplesmente. Essa é a vida que ela escolheu, que a família dela escolheu. Coisas assim são inevitáveis. E pelo visto, minha filha está seguindo os passos dela.
- Poderia falar com a rainha, ela com certeza ...
- Amy ... cada um deve seguir seus próprios passos. Essa não é a vida que eu quero, mas não me perdoaria se algo assim acontecesse com elas.
- Se ao menos Ariel estivesse aqui ...
- Ariel ... quando foi a última vez que a encontrou, Amy ?
- Há muito tempo atrás. Mais do que eu gostaria. Em momentos como esse, as habilidades dela são extremamente necessárias.
- Ariel ... nem mesmo no Reinado de minha cunhada eu havia visto uma pessoa com tamanha habilidade, afinco e dedicação para salvar pessoas.
- Eu também não. E a julgar pelas memórias que eu tenha da minha antiga vida, nem mesmo os mais habilidosos Saturnianos e Netunianos superavam a habilidade dela. Se ela estivesse aqui, com certeza ela poderia ajudar Makoto, Sohar . Não, poderia curá-la totalmente, tenho certeza disso.
- ....
- Mas ela não está aqui, e não temos a menor pista de onde ela está e ... e ...o que foi ?
- Hipólita .
- O que tem ela ? Ela não está aqui e ... e ... – amy arregala os olhos, dando-se conta das palavras de Sohar – ela ... ela pode encontrar Ariel ! Ela deve saber onde Ariel está !- Ela corria até a outra sala e pegava seu comunicador, o qual estava em sua bolsa – Rei ! Rei ! Aqui é a Amy ! Escute, precisamos da sua ajuda ! Precisamos que você ...
***
Elas ficam estáticas, sem qualquer reação. Estavam em campo aberto, sem Ter para onde fugir, a mercê da criatura, a qual avança em sua direção com as garras à mostra, pronta para retalha-las.
O que não ocorre, Allete dá um passo para o lado saindo da frente, e o Youma passa direto por elas, seguindo em direção a floresta.
A surpresa dura um mero instante, de modo que Marina suspira. Quase que ...
- Allete ! – ela grita quando a irmã corre. Só que, ao contrário do esperado, Allete corre para a floresta, para onde o Ursolino fora.
E tinha motivos para isso, de modo que ela se abaixa e pega algumas pedras no chão. Aquela criatura não passou direto por elas sem motivo. Realmente acharam que podiam morrer, que era o fim, mas ele passou direto por elas ...
- Para, seu bicho burro ! – ela continuava correndo – Para ! – e continuava – Para ! – o mesmo atravessava a densa floresta – PARA, SEU URSO-ANÃO ! – a mesma jogava com força a pedra, a qual atingira em cheio a nuca do youma, fazendo-a tombar por alguns instantes.
No entanto, o tempo em que ficou caído fora menor do que ela imaginava, de modo que, não muito depois, ele se ergue, virando-se e encarando-a.
Allete pisca seguidas vezes, não acreditando no que acabara de fazer. Realmente funcionou seu plano, conseguiu atrair a atenção da criatura, mas agora ... agora a mesma vinha em sua direção ! Que droga, por que não pensou no que fazer depois?
Mas ... havia algo que ela percebeu ... algo do qual ela só se dera conta naquele curto momento em que ele passar direto por elas.
Ele podia tê-las matado. Ao menos, era nisso que acreditava. Não por ser tão feroz, mas por estarem tão assustadas que pouco fariam para se defender.
Mas a criatura ... passou direto. Sequer as arranhou.
Talvez ... talvez a força daquele youma estivesse no bando. Quando foram atacadas, os mesmos estavam atacando em um bando.
Mas se eram predadores, por que o medo ? Estava começando a achar que aquele youma ferido há pouco fora vitima de um ataque deles, mas ... por que não a atacou ? Não que estivesse reclamando, mas ...
Bem, de qualquer forma, a chance de testar tal teoria se aproximava cada vez mais rápido.
Ainda suando, ela se põem em posição de guarda. Medo ? Sim, muito. Pavor ? Bastante. Pânico ? Subindo pelas paredes !
Mas não tinha escolha. Tinha que enfrentar a criatura, mesmo desconhecendo as reais habilidades da mesma. Era uma fera, diferente dos oponentes aos quais estava acostumada a enfrentar nos campeonatos.
Mas não tinha escolha. Perseguiu-o justamente por medo da criatura chamar o resto do seu bando – fora a única coisa que se passou pela sua cabeça – mas agora não tinha outra alternativa senão lutar.
- Venha – ela apontava para o youma, provocando-o . O fato de que muito provavelmente iria se arrepender não saia da sua cabeça ...
Como uma fera irracional – e naquele momento, não era algo maior do que isso – o Ursolino avançava com suas garras perigosamente em direção à ruiva. A mesma pisca os olhos, teria apenas uma chance, uma única chance ...
Ela fica totalmente imóvel, esperando o ataque. As garras do youma se aproximam, de modo que, quando vão atingir seu rosto, Allete desvia a face e, segurando os braços dele, ela se joga para trás. Em seguida ela faz um jogo de pernas, dando uma banda e combinando uma imobilização, ela retira a criatura do chão e lhe aplica um golpe de judô, jogando o corpo do youma violentamente contra o chão e usando-o contra si mesmo. Ela se afasta, vendo-o se erguer furioso, mas um pouco cambaleante. Ela não perde a chance e corre em sua direção, dando um pequeno pulo e esticando sua perna, acertando-o bem na nuca. Aproveitando a brecha, ela começa a atingi-lo em partes criticas do corpo, até que finaliza com um "telefone", deixando-o ainda mais zonzo.
Não era um animal, disso sabia. Parecia, mas não era. Sendo assim, era só imaginar que estava lutando contra uma pessoa como ela, para ter uma idéia de onde atingir, dos pontos principais.
Parecido, mas não igual, coisa que ela comprova quando o vê avançando.
- Hã ? O que ? – a surpresa dura um segundo quando ela ergue o braço para bloquear o golpe, esquecendo-se de um pequeno detalhe – Ahhh ! – ela desfaz o bloqueio bem a tempo de evitar que as garras da criatura se encravassem por completo em seu braço, de modo que se vira e começa a correr, com ele em seu encalço. Ela fita uma arvore bem à sua frente e, com cuidado, Allete usa a arvore como apoio, executa uma "caminhada" na mesma e, na metade do caminho, gira o corpo, caindo bem atrás do ursolino. Em seguida ela estica bem sua perna, acertando um chute nas costas dele com tal força que o mesmo urra de dor, chocando-se contra a árvore.
Estava acabado, ela pensava enquanto a criatura ia caindo lentamente, mas esse fora outro erro seu, comprovado quando o mesmo se ergue, cambaleando um pouco.
Sem chance de reagir, ela só sente a mão da criatura agarrando seu pescoço, enquanto ele corre pela floresta, empurrando-a, até que ela se choca contra uma arvore.
A mesma se contorcia, segurando no braço e nas garras dele, tentando afastá-las, enquanto sentia as mesmas se encravando em seu pescoço.
Mas ... o que fazer? Iria morrer ali ?
A resposta parecia óbvia quando ela vê, com os olhos entreabertos, a outra garra do monstro, pronto para perfurá-la.
Naquele momento, ela parou de se debater. Sabia o que aconteceria, aceitou seu destino. Não tinha a menor chance contra aquele monstro, sabia que todos os seus esforços seriam inúteis . Estava derrotada, acabada, não valia a pena continuar lutando, nenhum milagre iria acontecer, de modo que ela fecha os olhos ao ver as garras dele vindo em sua direção.
Para sua felicidade, elas nunca concluíram seu trajeto.
Ela sentiu um alivio enorme quando finalmente recuperou seu fôlego, visto que sua garganta havia sido liberada. Sentindo um forte formigamento, ela comprova que não havia ali muito mais do que leve arranhões.
Mas, se era assim, o que a salvou ?
A resposta estava bem perto dela, muito perto, mesmo.
Mais perto do que imaginava.
Marina, lutando contra o Ursolino. A principio podia se dizer que ela estava lutando muito bem – acertava uma seqüência fulminante na criatura, de forma que os socos e chutes da mesma não deixavam o bicho se esquivar, mas ...
Por outro lado, a mesma também não fazia outra coisa. Esse era um defeito da irmã, ao menos na sua opinião. Ela apenas atacava, atacava, e atacava, sem parar . Só dava golpes, mas não se preocupava muito em defender, bloquear e esquivar, não, ela só atacava, deixando sua guarda totalmente aberta.
Mas ela continuava, apesar de ter alguns cortes no corpo – como ela conseguia continuar lutando ? Não era possível, e fora que a criatura não fizera nenhum ataque fatal, apesar de só estar usando uma única mão e ...
Única mão ?
Quando ela se vira, bate de leve em algo que reconhece como as garras dele. Não demora muito para ela deduzir que Marina atingiu-o no momento em que ela iria ser perfurada, de modo que a criatura encravou suas garras na madeira e com a força do impacto, as mesmas ficaram na arvore, arrancadas à força.
Era por isso, a criatura estava lutando com dificuldade, apesar de ainda dar trabalho. E tinha realmente dificuldade para atingir Marina, apesar de Ter acertado um ou outro golpe nela.
Mas, em seu intimo, ela sabia que a irmã não iria agüentar muito tempo. Primeiro por que seu corpo não era como o de sua mãe, segundo por que qualquer resquício de racionalidade daquele youma se anulara, agora que a criatura estava tomada pela raiva e pelo instinto de sobrevivência.
Sua irmã não teria a menor chance, de modo que ela começa a correr em direção a ambos. Não sabia o que fazer, mas tinha que fazer algo. Era sua irmã, era uma pessoa muito importante para ela mas, acima de tudo, tinham prometido a si mesmas que salvariam sua mãe.
Ela tinha que fazer alguma coisa.
Marina arfava um pouco quando viu Allete simplesmente agarrar o Ursolino pelas costas, imobilizando-o . Não obstante ele começa a se debater, tentando atingi-la com a garra da mão que estava inteira e com as garras dos pés, sem sucesso. A ruiva ainda o segurava com todas as forças, de modo que ele começa a forçar seu corpo para se libertar. Marina olha aquilo surpreso, sabia que a força de ambas em nada se comparava com a dele, mas ... havia algo diferente.
Pela primeira vez ela viu Allete não desistir facilmente. Sabia que, quando a mesma estava diante de algo que considerava impossível de ser feito, ela não seguia adiante, o que muitos chamavam de "desistir facilmente". Sempre soube que Allete não forçava muito além de seus limites como ela, mas agora havia algo diferente. Mesmo sabendo claramente que estava enfrentando uma criatura dominada pelos seus instintos, Allete se esforçava para segura-lo. Mesmo sabendo que a criatura em si era mais forte, ela não desistia, não o soltava.
E isso foi mais do que suficiente para deixar Marina impressionada, claro. Afinal, o youma poderia fatiá-la com as garras dos pés, aplicar-lhe uma cabeçada ... mas a mesma não o largava de jeito nenhum, mesmo que, em seu intimo, a mesma sentisse que não podia vencer tal criatura. Como se ela não se entregasse, estivesse disposta a impedir o avanço do monstro de qualquer forma.
Mas nem de longe fora isso que deixara Marina ainda mais impressionada, totalmente surpresa.
O que lhe causou uma surpresa que superava todas as anteriores foi ver, na testa de Allete, algo brilhando.
O Símbolo de Júpiter.
