Capítulo 9

- Hmm?

- O que foi?

- Sentiu isso?

- Senti, mas... isso era tão...

- Familiar, não é mesmo? Sei que era.

- De onde você acha que veio isso?

- Não daqui. Tenho certeza que não.

- Você sempre foi capaz de sentir o despertar de um filho de Júpiter... o que acha?

- Uma breve suspeita – ele se ergue da cama aonde estava deitado, ao passo que uma luz se acende. Caminhando por alguns segundos no quarto aonde estava, ele para, fitando o próprio vazio.

- Querido – a mulher que estava ao seu lado continuava na cama, observando seu amado caminhar pelo quarto e parar – você sempre foi capaz de sentir quando um Joviano despertava, quando ele compreendia sua real natureza. E nem mesmo um universo inteiro era capaz de impedir tal coisa.

- Eu tenho esse Dom desde a mais tenra idade... mas, agora...

- O que você acha?

- Está brilhando, querida. Em algum canto do universo, um joviano despertou. – ele apontava para sua testa, o qual tinha o símbolo de Júpiter brilhando com força total – posso sentir isso.

- Certo – ela se levantava da cama, ajeitando sua cabeleira ruiva, caminhando para perto dele – irei preparar uma equipe de busca para...

- Não é necessário.

- Por que? Ele está perto?

- Mais longe do que você imagina, mais próximo do que eu esperava.

- Não acha que devemos nos apressar, então? Ele pode ficar confuso. Lembra do último renascido que...

- Não é um renascido. Esse brilho de Júpiter, ele... ele é algo novo.

- Como assim?

- Dias atrás, eu senti o brilho de Júpiter... de Mako-chan.

- Como é?- ela arregalava os olhos – Makoto?!?!?

- Sim. Sua essência joviana brilhou como há séculos atrás, desde que ela sofreu aquela perda.

- Estou preocupada, será que ela está com problemas? Talvez nós devamos...

- Ela tem sua própria vida, esqueceu? Não podemos ficar ajudando-a sempre que se mete em confusões, assim como ela também não poderá ajudar as filhas sempre que as mesmas aprontam.

- O que quer dizer?

- Essa presença que eu senti em meu intimo... ela se parece com a de Makoto.

***

- Grrrrr!!!!!

- Allete! – Marina gritava. Não conseguia acreditar que a irmã segurava a criatura, mas também se desesperava ao pensar no que poderia acontecer se...

Ela se cala quando vê a ruiva dar uma chave de braço no Ursolino, pressionando seu pescoço enquanto com a outra mão empurrava a cabeça do mesmo. O youma em questão não demora para perceber o que ela iria fazer e, em um principio de desespero, começa a se contorcer e correr dali, com ela em suas costas. A criatura se joga contra uma arvore, pressionando-a, mas ela não larga, pelo contrário, continua daquele jeito, de forma que em um rápido movimento faz suas pernas se enroscarem com as dele, derrubando-o no chão. Tentava ferí-la, mas não conseguia, sentia sua respiração sumir e seu pescoço estalando aos poucos.

Um estalo seco é ouvido, e no momento seguinte Allete se erguia, deixando a criatura imóvel. Marina dá um passo para trás ao ver a irmã vindo em sua direção, a qual estranha tal reação.

- O que foi?

- Como... como você fez isso?

- Isso o que?

- Isso! – ela apontava para a testa da mesma, aonde o símbolo de Júpiter brilhava.

- Eu... eu não sei, eu... senti que tinha que te proteger, que precisava de forças para tanto, mas...

- Nossa... você o imobilizou e não deixou ele fugir! Como fez isso?

- Não sei, mesmo – o símbolo parava de brilhar e some da testa dela, enquanto ela se apoia em uma árvore, arfando pesadamente.

- Nossa, Allete... você fez igualzinho a mamãe! Igualzinho!

- Marina, vamos... embora daqui, antes que...

- Tá!- ela apoia Allete em seus braços, e ambas vão caminhando rapidamente – mas aquilo foi incrível!

- Você acha?

- Aham! A mamãe ia ficar orgulhosa de você!

- De você também... obrigada por ter me ajudado, mana.

- Obrigada você por ter me salvado. Vamos, ainda temos que salvar a mamãe. E, de quebra, recuperar a caneta dela!

- Acho que ela não precisa da caneta, sabe.

- É mesmo... agora que você falou, ela venceu aquela mulher sem se transformar, hmmm...

- O que foi?

- Tava pensando nisso... será que a caneta era apenas uma farsa?

- A Sailor Júpiter é a princesa de Júpiter renascida, lembra? Ela sempre precisou da caneta para se transformar.

- Talvez ela não precise mais.

- Mas a gente já viu ela se transformando antes, lembra?

- Vai ver, era um truque para enganar as pessoas.

- Se é assim, então as outras Senshis são iguais, não é mesmo?

- Devem ser. Olha, saímos da floresta. Só precisamos subir o morro e pronto. E olha que sorte, tem uma encosta!

- Sorte demais, não acha?

- O que quer dizer?

- Nada, só tenho um mal pressentimento – ela se afasta, caminhando seu ajuda.

- O que foi?

- Posso caminhar seu ajuda.

- Gostei de ver, ruivinha!!!

- Heim? O que disse?

- Disse que gostei de ver essa sua atitude.

- Não, aquilo do qual você me chamou.

- O que? Ruivinha?

- É, eu... tive a impressão de que outra pessoa já me disse isso antes...

***

- Entendeu, Rei?

- Tá, tá... eu já entendi, que droga!

- Ótimo, então poderia fazer isso agora?

- Como se eu tivesse escolha... mas não é fácil encontrar Hip-chan, sabia?

- Entre no plano astral e a procure, Simples. Os telepatas podem acessar o plano astral e usá-lo para fazerem suas mentes viajarem por distâncias inconcebíveis para os seres humanos e...

- Amy, tá certo que você é casada com o telepata mais poderoso do planeta... mas isso não significa que eu seja uma leiga no assunto!!! Eu sei muito bem como funciona o plano astral, só estou reclamando por que vai dar muito trabalho encontrar minha filha, e com certeza ela não está na Terra! E pode me explicar por que o Sume não procura ele mesmo a Ariel?

- Primeiro por que você é a mãe de Hipólita, ou seja, tem um elo mental permanente com ela. Claro que ele perde seu poder e capacidade devido a distância a qual ambas devem estar, mas mesmo assim, isso vai te servir de guia no plano astral. E, segundo... ela não quer ser encontrada.

- Ai, meu pai... quando eu penso que já troquei mais fraldas do que devia, ainda me sobra essa! Que filha vocês foram arrumar, Amy!

- As pessoas tem maneiras diferentes de encarar os problemas, Rei.

- fugir do problema, você quer dizer! Não acredito que ela ainda ache que ficar longe daqui vá resolver as coisas!

- Talvez não resolva... mas se ficar aqui dói tanto para ela, então eu prefiro que ela fique o mais longe possível. Eu, meu marido... até hoje nós sentimos que falhamos com ela quando a mesma mais precisou, sabe.

- Então todos nós somos os verdadeiros culpados. Ou deveríamos colocar a culpa na família de Makoto? O sangue dela parece ter uma maldição em que os entes mais queridos morrem, não é mesmo?

- Rei...

- O que foi? E não é verdade?

- Eu não acredito em maldições, Rei. O que aconteceu foi uma fatalidade do destino.

- Então me deseje sorte por que, se eu ou Hipólita não formos bem sucedidas, será a terceira fatalidade do destino pela qual essa família irá passar. E a julgar que Ariel quer a cabeça de Hipólita numa bandeja, acho melhor irem preparando Joynah, Allete e Marina para o pior...

***

- Bonito, não acha?

- É – ela olhava para o campo aonde estiveram – é bonito, sim. Quem será que morou aqui?

- Aquele sujeito disse que era alguém que ajudou os youmas... o que será que aconteceu?

- Já deve ter morrido, ou ter se cansado de morar por aqui. Imagina só como o cabelo de alguém ficaria neste lugar depois de um dia inteiro!

- Allete, como é que você consegue pensar no cabelo numa hora dessas?

- Pensando, oras! Essa poeira incomoda! E foi sua a idéia de subir por essa encosta cheia de terra e sujeira!

- Preferia dar a volta? Iamos perder um tempão à toa!

- Pois eu preferia... preferia... – a ruiva para de falar, não acreditando no que acabara de ver.

- Allete? O que foi?

- M-m-m-Marina, v-v-veja a-a-aqui...

- Heim? O que... AAAAAHHHHHHHH!!!!! MAS QUE DROGA!!!

Aquilo só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto, pensavam.

Ursolinos.

Não um, dois ou três, mas... vários!

E, para piorar a situação... o que era aquele bicho enorme que vinha bem atrás dele? Não conseguiam identificá-lo, mas parecia ser algo muito grande e assustador.

As duas fazem a única coisa da qual eram capazes: correm. Não podiam desistir, não podiam morrer justo agora que haviam chegado tão longe.

- Droga! Droga! Droga! Droga! – a caçula resmungava, percebendo que os youmas, os quais estavam correndo nas quatro patas, se aproximavam – droga! Droga! Droga!!!!

- Corre mais rápido!

- Isso é uma subida, não dá! Acha que eu não estou me esforçando?

- Não o suficiente! Não quero virar comida de youma! Esses bichos feios vão...

Sua frase não é terminada. Quando se deram conta, os Ursolinos não apenas as alcançaram como também fizeram um círculo em volta delas.

- Mana, eu... eu... – Marina dava um passo para trás.

- N-n-não tenha medo, Marina... vai dar tudo certo! Vai dar tudo certo, você vai ver, eu não vou deixar te ferirem, eu... eu... – o símbolo de Júpiter tornava a brilhar em sua testa, e a mesma fita aquelas criaturas.

- M-m-mana, o-o-olha...

- O que foi? – ela olhava furiosa para os youmas – eles não vão te ferir, eu... eu...

Em outra ocasião, ela enfrentaria os youmas com todas as forças, protegendo sua irmã. Mesmo sabendo que estava em minoria, que não tinha chance alguma, ela o teria feito.

No entanto, quando olhou para trás, seus olhos fitaram que pelo caminho que percorreram, algo novo surgia.

Demora um pouco para o cérebro delas aceitar aquilo, conceber o que acabara de surgir. Simplesmente por que personificava seus maiores pesadelos.

Qual era o tamanho daquilo? Dois metros? Não, devia ter uns cinco... mas isso era apenas parte do terror, visto que a criatura de terror estampada nem sua face.

Um Ursolino, ambas pensavam. Exatamente igual a um Ursolino, com a diferença de que era muito, mas muito maior do que aqueles que as cercavam.

O medo é tanto, que o brilho na testa de Allete some, e a mesma cai de joelhos, ao passo que Marina estava com os olhos arregalados diante daquela visão assustadora.

Os demais youmas se aproximavam. A caçula da família Kino se abaixa, protegendo a cabeça quando um deles salta em direção.

Um salto que nunca se completou. Seu trajeto fora interrompido quando uma lança de madeira o atingiu bem no peito, derrubando-o. Os demais se afastaram um pouco, assustados, até que Allete olha para cima, encontrando seu salvador.

Justamente a pessoa que ela menos esperava.

- Hã... quem é você?

***

Estava furiosa. Muito! O que suas irmãs tinham na cabeça para se arriscarem daquele jeito?

Perdeu muito tempo procurando-as. Por que elas tinham que ficar se movendo? O rastreador do palácio as detectou, mas elas tinham que ficar dando voltas por ali?

E aquele lugar, o parque...

Como foi que elas chegaram ali? Não havia nenhum caminho para o local, e até mesmo os mais habilidosos escaladores iriam Ter dificuldades.

A não ser, claro, que tivesse pulado.

É, no mínimo ela pegou a caneta de transformação de sua Mãe novamente.

- Ah, encontrei! – Ela olhava atentamente para a subida de um morro, uma encosta bem espaçosa. Lá estavam ambas e.. e... mas que diabos eram aquelas coisas? Pareciam filhotes de ursos e ... quem era aquele sujeito que estava parado na frente delas?

Definitivamente não era humano, não com aquela cauda!

- Já se esqueceram de mim?

- É que eu acabei não gravando seu nome! Você foi tão mal-educado que eu me irritei, tá bom?

- Mal-educado? Eu as avisei, não avisei? Falei para não arrumar confusão com eles, e no entanto... – ele se aproxima, puxando a lança que estava cravada no peito do Ursolino e encarando os demais. Havia um olhar de fúria ali, e os mesmos estavam prestes a atacá-lo.

- O que é aquela coisa? – Allete apontava para o youma gigante.

- É a rainha dos Ursolinos.

- Todos eles ficam desse tamanho?

- Não.

- Entendi, é que nem a abelha-rainha! Como a gente faz pra sair daqui?

- Sair? – ele dava uma risada debochada – eu nem sei se vamos escapar com vida, filhote. – ele apontava sua lança para frente, mais exatamente na direção da Rainha dos Ursolinos, a qual avançava ferozmente em sua direção.

Era uma coisa assustadora de se ver.

Não apenas assustadora, como também desproporcional. A própria terra tremia quando a criatura pisava no chão, com suas garras e presas apontadas para eles.

Os demais Ursolinos saem do caminho, percebendo que sua "mãe" estava com fome, muita fome, mesmo.

- Não temos salvação – ele murmurava diante do olhar de Allete e Marina.

- Por que – Marina se ergue, tocando no ombro dele – se você odeia tanto assim os humanos, por que veio nos ajudar?

- Não me entendam mal. Não gostar e não tolerar a presença são coisas diferentes, e não pensem que fiquei compadecido de ambas, nada disso. Apenas estou retribuindo um favor.

- Favor?

Ele nem responde, fica em guarda. Só tinha uma chance, uma única chance. Teria que atingir a lança bem no olho da criatura que se aproximava se quisesse sobreviver.

Que piada! Nunca conseguiria, e a criatura era resistente demais para ser detida por apenas uma lança!

Mas... o que fazer? Não podia desistir, tinha que fazer aquilo. Tinha que devolver o favor que lhe fora feito, aos seus ancestrais, um dia.

Hunf... quem diria que estaria ali, protegendo a família do herói? Quem diria? Sadraq, Mesaq, Abdinego, Kiss, Urep... até mesmo Hakim, um dos grandes líderes dos youmas, o qual não ligava nem um pouco para títulos ou honra, apenas para a sobrevivência do seu povo, até ele ficaria orgulhoso em saber que um descendente seu morreria defendendo alguém da família daquele que lutou até o fim para garantir a sobrevivência do povo Youma.

É, grande honra. Pena que nem salvá-las seria possivel.

Ele para, colocando a lança em posição de defesa.

- Fujam – ele as encarava – eu irei detê-los.

- Como é? – Maria torcia o pescoço – e deixar vocês para trás?

- Vieram até aqui para salvar sua mãe, não é mesmo? Sigam por esta encosta e vocês encontrarão o lugar aonde o herói morou – ele fazia uma pausa – se a crença de vocês for forte o suficiente, encontrarão o que tanto procuram. Vão!

- Espera, a gente te ajuda a...

- Vocês só me atrapalham! – ele fita a criatura que estava cada vez mais próxima – vão! Agora!

Harik se posiciona. Era o mínimo que podia fazer por elas. Seus olhos opacos fitavam o Youma tamanho extra-grande, e suas garras prontas para fatiá-lo...

... até que, do nada, a criatura é detida. Ele salta para trás por puro instinto quando se dá conta que, entre ele e seu atacante, estava uma pessoa com vestes estranhas... uma roupa bem curta, com um laço nas costas, uma... uma...

- SAILOR!!! – ele arregalava os olhos ao ver aquilo – AQUI?!?!?

Joynah não entendia direito o que acontecia, apenas resolveu impedir aquele combate e conseguir suas respostas depois. Com as mãos ela segurava as mãos daquela criatura – que força ela tinha! – e a empurrava para trás. Quando o bicho abre sua bocarra e Joynah se dá conta de que estava em uma situação bastante desfavorável, ela empurra a criatura para trás e, apontando para a mesma, dispara.

Harik observa atentamente a reação da Sailor. O disparo dela era uma esfera esverdeada e, curiosamente.

A Rainha Ursolina, ao contrário do que seu tamanho enorme aparentava, move um dos braços de modo que eles ficam bem em frente de seu rosto quando Joynah dispara. Não fez a menor diferença, a mesma fora arremessada alguns metros para trás, para a surpresa de Harik.

Aquilo era surpreendente. Os Ursolinos não eram propriamente seres irracionais, pelo contrário. Possuíam uma inteligência bem limitada, mas possuíam . Percebeu quando ela encravou no chão as garras dos pés para não ser jogada para trás, mas... ou aquele disparo era muito poderoso, ou não podia ser bloqueado.

Já havia ouvido a respeito disso, mas... seria possível?

- Tudo bem com vocês? – Ela encarava as irmãs, as quais estavam com sorrisos de alegria nas faces.

- Joynah!!!! – elas se atiravam encima dela, abraçando-a com força.

- Que bom que você veio!!!

- Tá, mas de quem foi essa idéia maluca de terem vindo até aqui?

- É que – Allete começava – lembra daquela história que a mamãe contava sobre um lugar aonde quem fosse iria viver?

- Pois é, a gente veio até aqui para ajudar a mamãe e...

- Como é? Arriscaram suas vidas por causa de uma história que ela contava pra gente quando éramos crianças? Por acaso vocês não tem cérebro não, é? – ela apontava para Allete – o que deu em você? Devia ter um minimo de responsabilidade! É mais velha do que ela, que idiotice foi essa?

- Eu...

- Quieta! A mamãe tá doente no hospital e vocês duas me aprontam uma coisa dessas? O que querem, que o papai fique ainda mais preocupado, é?

- Aham, com licença...

- Só um instante. Vocês vão ficar de castigo por um longo tempo até...

- Aham, com licença...

- Importa-se de não nos – ela e dá conta de que o sujeito de orelhas estranhas estava bem perto dela – ahhhh! Não me assuste assim! Quem é você?

- A pergunta é: o que fazemos com eles?

- Eles, quem?

- Eles – ele girava a lança, apontando para os Ursolinos que os cercavam... novamente.

- Que bichos estranhos são esses?

- O que importa saber é que eles são carnívoros e não fazem acepção de presas. Vou afastá-los dessas duas inúteis ai, você aproveita e ataca-os por trás, ok?

- Espera, eu não posso – ele nem esperou, saltou dali e, aproveitando o fator suspresa, cai bem atrás de um dos Ursolinos, perfurando o animal sem hesitar. A criatura grita enquanto Harik o ergue pela lança e salta, afastando-se ainda mais das demais criaturas. Parecia até um canguru saltando, pensava Joynah. Quando se dá conta, as demais criaturas se afastavam, indo atrás dele. Aparentemente estavam furiosos.

E como estavam, pensava Harik. Podiam ser carnívoros, traiçoeiros... mas acima de tudo, tinham um forte espirito de equipe, e o fato dele ter matado dois deles apenas agravava ainda mais a situação.

Pura sorte, pensava. Podia escapar de dois ou três deles, mas não de um bando inteiro!

Cercado, ele avalia melhor sua situação. Tinha que pensar em uma boa reação, do contrário...

Ele fecha sua guarda quando um deles salta, mas suspira aliviado ao ver a Sailor atingir um pelas costas, fazendo o mesmo dobrar de dor, e depois mais um. Nada mal, pensava. Então as Sailors eram realmente tudo o que ouviu falar. Ele gira a lança e acerta outro eles no torço, enquanto que gira o resto do corpo para se esquivar de outro. Aquela passou muito perto.

Mas havia algo estranho ali. Em verdade a Sailor estava se dando bem, cada soco dela era mais do que suficiente para fazer os Ursolinos serem arremessados ora morro abaixo, ora contra a parede da encosta, emitindo sons nada agradáveis, mas...

Ela estava suando. Ou melhor, arfando pesadamente. Parecia até que estava lutando desde que o dia raiou. Mas a julgar pelo fato dela Ter aparecido do nada, não poderia, certo? A mesma parecia muito bem antes de disparar contra a Rainha dos... dos...

Um grande rugido era ouvido. E, a julgar pelos últimos acontecimentos, imaginava muito bem de onde via.

- Dispare – ele se dirigia até a mesma, enquanto sua cauda se enroscava na perna de outro Ursolino, o erguia no ar e o arremessava contra outros três – dispare novamente contra a Rainha dos Ursolinos, Sailor!

- Eu... não posso, eu...

- Como é? Não brinque, eu não tenho a menor chance de enfrentá-la, dispare!

- Eu... eu... eu não posso, eu... não comi direito – e falava, enquanto acertava um chute em outra daquela criaturas.- Não... não me alimentei.

- E daí? – falava ele, pouco antes de receber um corte em seu braço, obrigando-o a largar a lança.

No entanto, a conversa de ambos não passou despercebida por Allete e Marina, a qual sabiam muito bem o que isso significava. Joynah gastava sua própria energia quando usava seus poderes. Se ela não tinha tomado seu café da manhã, então estava prestes a desmaiar.

Mas não iria acontecer assim sem mais nem menos, é o que a moça que viera em socorro das irmãs pensava ao pular por cima das criaturas e avançar contra a sua Rainha.

- Mas o que...? – Harik fica levemente surpreso quando vê a guerreira indo com um olhar de fúria contra o perigo maior, deixando-o ali para resolver aquele problema. Ele se agacha por completo, ficando de quatro e começa a mover sua cauda como se fosse um chicote, ora atacando, ora deixando-os apenas afastados.

Quanto a Joynah, a mesma não estava em uma situação melhor. Descobriu da pior forma que seu adversário não era uma besta irracional, e sim alguém que não caia no mesmo truque, tanto que ela se esquiva do soco da mesma e a ataca. Surpresa, a Senshi salta para trás, colocando a mão no braço direito para conter um corte profundo. Ela dá uma rasteira no youma, mas ele salta e lhe dá um soco, o qual a empurra alguns metros para trás. Quando ela consegue se erguer, percebe que ele já estava quase encima dela, pronta para fatiá-la.

E, de camarote, as duas observavam tudo.

Tal coisa não era possível, nem um pouco.

- JOYNAH!!!! – Marina corre desesperadamente em direção a irmã mais. Primeiro sua mãe, agora ela... aquilo não podia estar acontecendo, não ali, não agora...

- Espera, Marina! – Allete corre atrás da irmã, já não bastava as coisas estarem ruins o bastante, e ainda por cima, dava para ficar ainda pior?

***

Interessante. Muito interessante.

Tal situação lhe era bastante familiar. Inesperada, mas familiar.

Pimeiro, o Youma que lutava contra seus semelhantes. Há séculos eles se afastaram em definitivo dos humanos, com certeza aquele ali tinha fortes motivos.

Em segundo lugar, a jovem guerreira enfrentando a Rainha dos Ursolinos. Uma Sailor. Era incomum encontra-la ali, naquele lugar, mas a julgar pelas outras que a acompanhavam, era compreensivel.

A ruiva e a de cabelo castanho-escuro. Isso lhe trazia boas lembranças.

Sua mão se fecha enquanto ele observa a cena, imóvel. A ruiva corria atrás da outra, como se quisesse impedi-la, mas falha, de modo que a mais nova passa direto pelo bloqueio dos Ursolinos, empurrando-os e correndo na direção da Senshi, a qual estava com sérios problemas. Sabia que a criatura que ela enfrentava tinha uma força enorme, somado com suas garras, já a deixavam como um adversário perigoso, mas não o bastante para uma Sailor. A não ser, claro...

Ele volta sua atenção para o outro grupo. A ruiva não fora rápida o suficiente e agora estava com um grupo de Ursolinos encarando-a, enquanto que o Youma sofria cortes profundos.

Isso não iria dar certo, o resultado era óbvio demais. Tinha que fazer algo, mas infelizmente não podia. Se ele estivesse REALMENTE ali, o que não era o caso, poderia fazer alguma coisa.

Mas havia algo incrivelmente familiar naquelas três garotas. Familiar demais, na verdade. Em verdade sua esposa estava ajudando-o a projetar seu espirito até ali, mas ainda assim, não era o suficiente. Precisava fazer algo, mas... o que?

- Isso não é coragem, é estupidez! – ele esbravejava – a Sailor e eu estávamos garantindo a sua fuga, garota!

- É, eu sei – ele cruzava os braços – mas não tem jeito mesmo, né? – e corria para trás, fazendo três deles a perseguirem. Ao menos esperava que sua tática desse resultado.

Primeiro ela deu uma rasteira no primeiro e depois um pequeno salto, girando no ar e acerto o segundo bem no peito com ambos os pés. Aproveitando seu súbito atordoamento, ela parte para cima do segundo, segurando-o pelo braço e girando a criatura, atirando-a para baixo do morro. O rosnado do bicho dura alguns segundos, até que ela vê ele encravar suas garras na rocha e começar a escalar aquilo.

Ao longe, ela via que Harik não estava tendo muita sorte. Havia uma daquelas criaturas em suas costas, mordendo seu pescoço, enquanto que outro tinha uma das garras cravadas em seu braço.

Ele iria morrer, e ela não poderia fazer nada. Como a sua mãe, em que ela apenas ficou parada observando a mesma lutar, lutar... e cair.

Não podia permitir tal coisa, Não podia ficar parada de braços cruzados. Tanto que começa a correr desesperadamente contra o grupo que o atacava, decidida a fazer algo. Não muito, mas ao menos, alguma coisa.

Joynah estava sendo erguida pelo pescoço quando vê, pelo canto do olho, a caçula da família acertar um potente chute no joelho do monstro, fazendo-o se contorcer de dor. A mesma cai, arfando pesadamente.

- Joynah, tudo bem com você?

- Sua tonta! – ela empurra Marina, a qual cai no chão – o que você pensa que está fazendo? Vai embora daqui, anda! Sai logo, eu não preciso da sua ajuda! – e avançava contra a Rainha, unindo os punhos e atingindo-a bem nas costas, fazendo-a gritar de dor. No entanto, longe de estar caida, ela gira o corpo e atinge Joynah, a qual grita. Marina coloca a mão na boca, horrorizada ao ver joynah andar cambaleante com um grande corte na barriga.

Como fora tola em não se alimentar. Usagi já havia lhe apontado essa sua fraqueza diversas vezes, sobre as vantagens que ela tinha e as suas limitações.

E agora, suas irmãs estavam em perigo. Onde estava com a cabeça?

- JOYNAH!!! – Marina salta, dando um soco no braço da criatura... e fazendo a mesma dar alguns passos para trás.

Passos?

Ela arregala os olhos, enquanto a caçula caia no chão, olhando furiosa para o youma. Mas não era aquilo que mais a impressionava, não... o que a impressionava era o brilho em sua testa e o simbolo gerado por ele.

O símbolo de Júpiter.

-Uma... Joviana! – Harik se contorcia em meio a mordida que levava no pescoço ao ver aquilo.

- Se abaixa – ele obedece, ao passo que Allete passa por ele no meio de um salto, acertando a cabeça do Ursolino que o mordia, afastando-o dali. Aproveitando suas ultimas forças, a cauda do mesmo agarra o outro que o mordia, jogando-o para longe dali.

- Obrigado, sua tola.

- De nada, queridinho.

- Você é estranha.

- Você também não é um exemplo de beleza, sabia?

- já me disseram isso antes. Sobraram cinco – ele arfava, usado sua cauda como apoio – e os três que você atrasou estão se aproximando. Algum plano?

- Não, nenhum. Mas eu não posso mais voltar atrás, veja – ele apontava para suas irmãs, as quais enfrentam aquele bicho, ou melhor, vez ou outra Marina batia nele, e joynah concentrava todos os seus esforços em tirar a irmã do caminho dos ataques – me pergunto se será esse o nosso destino, quem sabe. Não sei se posso salvá-las... não sei nem se posso salvar a mamãe, mas... ela ficaria feliz de nos ver agora, igual a elas. Guerreiras.

- Acha mesmo que ela ficaria orgulhosa de vê-las mortas?

- Nem um pouco... mas ficaria feliz de nos ver agindo como verdadeiramente somos – ela fechava os olhos. Era estranho finalmente entender aquilo justamente ali, naquela situação. A marca que voltava a surgir em sua testa não lhe conferia mais poderes, longe disso... apenas a fazia entender o que havia dentro de si, a sua herança, as características de seu povo. Em verdade embora aparentasse Ter 14 anos, ela tinha séculos de idade e, como tal, muito treinamento, mas todos em nível humano. Mas, mesmo assim, era muita coisa. O símbolo de Júpiter apenas a fazia entender, apenas servia para lhe dar coragem, determinação, confiança em si mesmo. – Jovianas.

Do outro lado, a situação não era das melhores. Joynah estava em desespero unindo as mãos em forma de concha. Pouco lhe importava se fosse morrer depois que fizesse aquilo, mas não iria ficar de braços cruzados enquanto a irmã ameaçava ser morta!

E como! Lutando com ambas ao mesmo tempo, a criatura agarrou Marina com apenas uma das mãos e estava esmagando-a aos poucos. Embora não aparentasse, estava bastante esgotada pelo golpes de Joynah. Quanto a Marina...

Ela não desistia, em momento algum. Mesmo sua força sendo insignificante em comparação com a do Ursolino, ela segurava nos dedos dele, forçando-os. Não iria desistir, não iria se entregar, nunca se daria por vencida, nunca. Nunca. Nunca. Nunca. Nunca!!!!!

- Marina!!! – Joynah começa a carregar seu ataque. Quando aquele símbolo torna a brilhar na testa da irmã, o símbolo de... de...

- Seu – ela força ainda mais os dedos dele – bicho – para a surpresa deste, ela começava a afastá-los – FEIO!!!!!

Aquilo era louvável, e ele teve a chance de testemunhar. Já vira o bastante, agora sim era o momento certo para ajuda-las, ou melhor, mostrar para as mesmas o caminho que deviam seguir.

Ele fecha a mão, e uma luz se fecha na mesma. Um sorriso se forma em sua face, aquilo seria interessante...

- ALLETE! MARINA! – os quatro procuram a origem da voz até que, no ponto mais alto do morro, avistam uma silhueta negra encarando-os – PEGUEM!!!!

Parecia uma estrela cadente, mas não era. Era um brilho muito, mas muito bonito, até que para na metade do caminho e sua luz cessa.

- Mas é... – Allete arregala os olhos ao ver o que era aquilo que brilhava tanto.

- A caneta da mamãe!!! – E afasta mais os dedos, até que consegue liberar um braço e aponta para o objeto. Allete não fica para trás e pula bem encima de um Ursolino, usando-o sua cabeça como apoio para pular ainda mais alto.

Mas nenhuma delas imaginava o que estava prestes a acontecer, até que a caneta torna a brilhar novamente e o brilho se divide, indo um para Allete, que o agarra em pleno ar, e Marina, a qual o pega.

A ruiva olha curiosa para aquilo, com um certo medo. Fora considera inapta, mas e agora?

Já a caçula olhava o brilho com medo. Fora recusada, fora considera indigna.

Demora menos de um segundo para elas analisarem a situação e, com toda a força de seus corações, realizarem o que mais desejavam.

- PELO PODER DO PLANETA JÚPITER, TRANSFORMAÇÃO!!!

Poder? Amor? Dor? Não importava. Era o desejo mais profundo de ambas, poder proteger as pessoas que mais importavam para elas, as que mais amavam.

Allete cai no chão com um brilho no corpo inteiro, enquanto que a criatura que segurava Marina fecha os olhos para escapar do clarão.

- Mas... – Joynah não estava acreditando naquilo, ela não... não...

- Não acredito – Harik arregalava os olhos ao ver o brilho sumir de Allete. Uma... uma... – SAILOR!!!!

- As suas ordens! – ela saltava e, dobrando a perna, atinge um dos Ursolinos bem no torno, arremessando a criatura para longe.

- Marina!

- Eu... estou bem... MANA!!! – O brilho que envolvia a caçula sumia, e Joynah se surpreende ao ver a mesma com um uniforme similar aos seus, mas com cores diferentes.

Com ambas as mãos ela começa a afastar os dedos da criatura, que olhava surpresa a nova força da moça. Tomada por uma coragem e determinação sem limite, ela consegue se livrar e, tomando os dedos do mesmo como apoio, estica o corpo e acerta um chute potente no Ursolino, derrubando-o .

- Tudo bem com você? – perguntava para a irmã ferida.

- Sim, mas... como... você fez... isso?

- Ah, não se preocupe, pois a Sailor Júpiter vai te salvar! – e corria contra a criatura que se erguia.

Já allete não pedia tempo, seus socos dobravam os corpos dos pequenos youmas. Harik olhava aquilo com uma surpresa tremenda, não acreditava que aquela mesma garota se tornara tão forte de uma hora pra outra.

- Atrás de você! – ela segurava com uma das mãos o bicho e o arremessa para o alto e, tomando impulso, acerta-lhe um chute. Ela cai perfeitamente no chão, acertando uma cotovelada em outro, uma cabeçada no seguinte e um soco no último.

- Tem mais vindo pela sua esquerda – o aviso lhe fora bastante útil, de modo que ela salta o mais alto que pode.

Estava impressionada. Não era novidade quando se transformara antes, mas... era um salto poderoso, como se estivesse voando até as nuvens.

Ela une as mãos, apontando-as para as criaturas. Não sabia por que, mas desta vez, sentia algo diferente, como se o poder dos raios não preenchesse cada parte do seu ser. Sem hesitar, ela resolve confiar em seus instintos e lança seu ataque. Harik é obrigado a saltar para o lado para escapar daquilo. Podia esperar tudo, menos... LAVA!!! O jorro de lava que saiu das mãos dela atingiu em cheio os três Ursolinos que estavam bem abaixo dela e, quando ela parou o ataque, restou apenas um buraco no chão e a lava endurecida.

Uma Sailor... controlando a lava? Até a mesma estava surpresa com aquilo, mas os ursolinos estavam mais, tanto que quando ela toca o chão, todos os que ainda haviam restado saem correndo dali.

- Beleza! Mais uma vez a Sailor Júpiter salva o dia!!!!

Havia uma ponta de orgulho nos olhos de Joynah. Sua irmã estava lutando como uma guerreira de verdade, sem se deter em momento algum.

Aproveitando sua nova força e agilidade, Marina salta contra o barranco e, unindo seus braços, ele mira na criatura. Era agora, finalmente iria utilizar um Trovão de...

Aquilo era novidade. Esperava raios, e não... gelo?

Joynah torcia o pescoço quando via a cabeça da criatura ser congelada por completo, ficando abismada, mas Marina não perdeu tempo e, forçando seus pés contra o barranco, ela toma impulso e vai contra a criatura, girando o corpo e fazendo um arco com a perna, acertando a cabeça congelada, a qual é reduzida a frangalhos.

A mesma toca no chão com um sorriso no rosto.

Ela... ela... ELA CONSEGUIU!!!!

- E MAIS UMA VEZ A SAILOR...

- Pode ir parando por ai, queridinha – Allete se aproximava – Eu sou a Sailor Júpiter!

- Nem vem! Eu sou a Sailor Júpiter!

- Eu!

- Eu!

- Nenhuma de vocês é a Sailor Júpiter – Joynah se joga no chão, respirando pesadamente – não sem antes derrotar a mamãe.

- Beleza, é a primeira coisa que eu vou fazer assim que ela ficar melhor! – falava Marina;

- Vai sonhando – e fechava os olhos, se permitindo um merecido descanso.

***

- Eí, esperem! – Joynah tentava detê-las, mas as mesmas desciam correndo o morro.

Enquanto isso, pouco atrás delas, aquele estranho sujeito estava parado, apenas observando-as. Não sabia quem era, mas era grata por ele ter lhe arranjado algumas frutas. Nessas horas era bom poder se recuperar rapidamente enquanto se comia.

- Veja, Allete! – Marina apontava para uma casa bem no meio de um campo. A julgar pela altura da grama, fazia muito tempo que não viviam ali, mas era uma casa muito bonito. Aparentemente pequena, mas bonita.

- É mesmo! Lá está a casa! Iupi, a mamãe vai ficar legal!

- Essa eu quero ver! – Joynah passava voando por elas, parando bem em frente a casa. Era uma casa de campo, mas ao se aproximar, percebia que parte da madeira estava corroida pelo tempo.

Estranho. Se aquela casa estava ali há séculos, então já deveria Ter sido destruida há muito tempo, Não?

- Abre logo essa porta, Joynah! – Marina chegava, junto de Allete, ambas mais energéticas do que nunca.

- Tá bom – e forçava, abrindo-a – alô? Tem alguém ai dent... heim?

- Ué – Marina coçava a cabeça – mas... tá tudo vazio! Os móveis estão revirados, as mesas...

- Estão empoeiradas – Allete entrava em desespero – mas... a gente pensou que... que...

- Deixa pra lá – Joynah se virava para a saída – eu falei, era só uma história antiga que...

- Apenas uma história – ela se vira, percebendo que Allete e Marina olhavam surpresas para um homem que se materializava bem diante delas!!!

- AH!!!! FANTASMA!!! – as tres gritavam assustadas.

- Fantasma? Francamente...

- Espera um pouco eu... eu não te conheço – a mais velha dá um passo a frente.

- Talvez, se sua memória não estiver falhando...

- Deixa de conversa fiada – uma furiosa Marina se adiantava – nossa mãe nos contou que aqui era a montanha da vida, e que qualquer um que chegasse até aqui, viveria!

- É isso mesmo! – Allete tirava forças não sabia de onde para encarar o "fantasma" – queremos que cure nossa mãe!

- Sua mãe se chama Makoto Kino, não é mesmo?

- Isso!

- Me desculpem, mas eu não posso curá-la.

- Como é?

- Como assim, não pode curá-la? A gente passou o inferno lá fora e agora diz que não pode curá-la? Tem idéia dos perigos que passamos?

- Eu sei. Eu vi – um brilho surgia na palma de sua mão, tomando a forma da caneta de Júpiter – procurando por isso vocês duas?

- Eí, foi você quem a roubou? – gritava Marina – nós quase morremos por que...

- Nào, eu não a roubei... mas a encontrei por ai. Vejo que vocês se deram muito bem com ela, não é mesmo. Imagino que a mãe de vocês ficaria muito orgulhosa.

Joynah ficava a parte da conversa. Aquele homem, seus olhos verdes, o cabelo espetado da cor castanho escura como o de Marina, ele... era uma memória distante, ma agradável. Um sentimento doce que invadia seu ser, que...

- Você não pode curá-la? – Joynah interrompe sua linha de raciocinio – mas...

- Lamento... mas eu não posso. Vim até aqui por que senti um Joviano despertar – e olhava para as outras – mas eu não posso curá-la. Não aqui.

- E... quem é você?

- Não me reconhece... fadinha?- ela arregala os olhos, só havia uma pessoa que já a chamou daquela forma e... e...

- VOVÔ!!!! – ela pulava nos braços dele, decepcionando-se ao atravessá-lo.

- Vovô?!?!? – Allete não compreendia – espera, que papo é esse de "vovô"?

- Eu me lembro dele, é o Rei de Júpiter!

- Mas a gente nunca tinha visto esse sujeito antes!

- Mais respeito com o vovô, vocês duas! – ela olhava duramente para as irmãs – ele não mora aqui. Faz muito tempo desde a última vez que nos encontramos, você era muito novinha, Allete, e você nem tinha nascido ainda, Marina!

- Você é mesmo o nosso avô ? – Marina o encarava espantada – então você, digo, o senhor... está morto?

- Não. Meu espírito está aqui, mas meu corpo está em outro lugar. Posso sentir o despertar de um Joviano em qualquer lugar e, quando senti o seu brilho, minha querida ruiva – ele passava os dedos insubstanciais pelas mechas de Allete – minha esposa providenciou um modo de eu me materializar aqui. Nossa, como você se parece com a sua avô...

- Entào era o senhor que nos jogou a caneta da mamãe! – Marina batia uma mão na outra como se tivesse feito uma descoberta – Legal! Pode nos devolvê-la?

- Lamento, mas ela vai voltar para sua verdadeira dona, garotinha.

- Não sou garotinha!

- É mesmo, parece mais uma formiga... formiguinha!

- Tem certeza de que é nosso avô? – Allete olhava torto para ele – é tão brincalhão...

- O que esperavam, um velho caduco?

- O senhor vai ficar quanto tempo?

- Tenho que me despedir de vocês agora, Joynah. Lamento, mas eu tenho outros assuntos que pedem a minha atenção.

- Espera a mamãe tá doente, o senhor podia...

- Mesmo que eu pudesse, estaria muito longe. Falem com Ariel, tenho certeza de que ela pode resolver isso.

- Ariel? – As três ficavam confusas – mas quem é Ariel?

- A filha mais velha de Amy e... hmm, pela cara de vocês, acho que também não sabiam disso, não é mesmo? Bem, aconselho a irem rápido, se quiserem ajudar Mako-chan.

- Tá – elas se preparavam para partir, quando...

- Esperem – ele as chamava – isso é pra vocês.

- Mas o que – as mãos dele brilhavam e dois pontos luminosos surgiam, indo um para a mão de Allete, e outro para a mão de Marina. Ambas sorriem quando vêem que, diante delas, haviam duas canetas de transformação, iguaizinhas as de sua mãe, quer dizer, quase iguais.

- Iupi! Ganhei uma caneta só pra mim! Legal!

- Eu também! Olha Joynah, agora eu sou a Sailor Júpiter de verdade!

- É nada, eu é quem sou!

- Eu!

- Eu!

- Eu!

- Vão ter que polir muito o cristal de vocês antes de sonharem em serem a senshi de Júpiter, mas... hmmmm... um nome é necessário para designá-las e... bem, por que não?

- No que está pensando, vovô? – Joynah olhava torto para ele, lembrando-se de seu jeito brincalhão.

- Querem ser a Sailor Júpiter, não é mesmo? Pois bem, a partir de agora estão em treinamento. Tenho certeza de que Serenity vai designar uma líder adequada para vocês e, bem... acho que Sailor Calisto e Sailor Europa cai muito bem em vocês!

- Europa? – Marina ficava surpresa.

- Calisto? – idem Allete – Por que não Ganimedes? É muito melhor, já que é a maior lua do Sistema Solar!

- Eí, isso é legal, eu quero me chamar Sailor Ganimedes! – Gritava Marina.

- Claro... mas vão Ter que tomar o título de sua avô. Até outra oportunidade, meninas. E lembrem-se, nos veremos em breve, muito em breve – e desaparecia.

- Ah, ele sumiu! – Havia uma certa tristeza na face de Allete – Puxa, eu queria perguntar tantas coisas para ele!

- Eu também, não sabia que tinha um avô! Onde ele está? Será que tem outros iguais a ele? E... Allete!!! A mamãe! Vamos!

- É mesmo! – e saiam correndo para fora da casa.

Joynah faz o mesmo, até que se vira, contemplando o vazio.

- Vovô, elas... elas não são renascidas, são?

"Não. Aquelas canetas não fazem isso. Ao contrário do que fazem com Rei e Amy, essas canetas apenar servem para despertar o poder latentes delas, só isso. Foi bom te ver novamente, Fadinha. Foi bom te ver."

- Também foi bom te ver, vovô – e caminhava para fora da casa, com um sorriso e uma lágrima escorrendo pelo canto dos olhos – foi bom te ver.

***

- Anda logo, joynah!

- Não é fácil voar rápido segurando vocês duas, sabia?

- Ah, você encheu sua barriga, para e reclamar!

- Reclamar? Vocês vão ficar de castigo por uma semana depois de terem aprontado tanto, vão ver!

- Ai... Eí, mana!

- Sim?

- O que ele quis dizer com eu ser parecida com a vovó?

- Hihihi... é que você puxou muito a ela, "ruiva elétrica".

- Não entendi! Aliás, eu não sabia que o pai da mamãe ainda tava vivo!

- Tem muitas coisas que nós não sabemos sobre ambos, Allete.

- E o que você sabe, por exemplo?

- Que ela não é a primeira Sailor Júpiter da Terra...

Fim

***

Para quem não sabe, este fanfic foi uma homenagem ao fanfic "Lunar Senshi", "Uma Visita Inesperada" e "Herança", do Roberto Martim Kiss. Talvez eu escreva mais capítulos no futuro, talvez não, mas creio que atingi meu objetivo inicial.

Sim, como devem Ter percebido, eu coloquei alguns personagens de "Dias de um Passado(quase) Esquecido", mas foi com boas intenções, afinal, é uma homenagem! Leiam o fanfic do Roberto, é muito bom, com certeza vocês vão gostar!!!

Joynah, Allete, Marina e as demais "crianças" são personagens de Roberto Martim Kiss.

Akira, Naru e demais personagens da "Montanha da Vida" são criações minhas.

Sailor Moon é da tia Naoko, não deixem de comprar o mangá - no dia em que ele chegar no Brasil...