Capítulo 5 - Quando Tudo Mudou

No dia seguinte, as aulas estavam maravilhosas. A comida estava divina. O professor de Poções foi muito simpático! Para ela, não haveria mais nada de errado. Como podia haver? Mas foi na hora do jantar que a coisa mudou. Estavam todos comendo, claro. Ela passara o dia reparando em Harry, que estava muito mais feliz que o normal. Ela ainda não sabia o que ia acontecer. Diferente do habitual, uma grande ave vermelha entrou voando por onde normalmente o correio-coruja entra. Ela reconheceu a ave como Fawkes, a fênix de Dumbledore. Ela segurava nas patas um pergaminho, que soltou sobre Harry. Este estava a algumas cadeiras de distância, mas mesmo assim, ela pode perceber a mudança de humor súbita que ele teve ao ler aquele recado. Ele olhava o pergaminho como se horrorizado. Largou o pergaminho sobre a mesa e saiu, meio bambo, para as escadas que levavam à Torre da Grifinória. O bilhete ficou ali jogado. Ela viu Rony pegá-lo e ler. A expressão dele mudou. Ele olhou para Hermione, que leu o bilhete também. Os dois levantaram e saíram, largando novamente o bilhete. Foi muito rápido, então. Antes que alguém mais próximo do bilhete pudesse pegá-lo, ela mergulhou sobre o bilhete. As pessoas envolta se ofenderam, claro. Pela reação do Trio ao ler o bilhete, devia ser sério. Algo sobre a Ordem da Fênix. Ela pegou o bilhete e leu:

"Caro, Harry Sei que será difícil para você isso, mas preciso lhe contar logo. Infelizmente, Almofadinhas foi atacado hoje. Alguém entrou na casa via Flú e o matou. Sinto muito, Harry... Se quiser falar comigo, pode ir até meu escritório pela manhã. Atenciosamente, Prof. Dumbledore".

Então foi isso. "Meu Deus", pensou Gina. "Sirius está morto! Sirius Black!" Ela destruiu o bilhete para que ninguém mais visse e consultou seu relógio de pulso. Estava quase na hora da sua detenção com Harry. Como seria? Com todos esses acontecimentos! Ela se levantou e foi direto para as masmorras. Imaginou que Harry ainda não estivesse lá, mas ele estava. Era incrível como ela estava tendo deduções erradas ultimamente. Ele estava no fundo da masmorra. Na parte escura, mais uma vez. Mas ele não estava em pé. Ele estava sentado, chacoalhando-se levemente no chão, parecendo um elfo doméstico que estava para fazer uma coisa que não devia. Então ele soluçou. Ela caminhou e se sentou ao lado dele, virando para poder ver o seu rosto. Ele a olhou também. Mais uma vez estava indecifrável. O que ela faria? O quê?! Simplesmente colocou uma das mãos sobre o joelho dele... Não havia muito o que fazer, afinal. Nada traria Sirius de volta. Mas ela precisava tentar: Harry... E ele abaixou a cabeça, também apoiando a mão sobre o próprio joelho, onde a mão de Gina estava. Harry, está tudo bem. Você não está sozinho. Mas ela sabia que não estava tudo bem para ele. Não havia o que ela pudesse fazer para devolver o sorriso ao rosto dele, nada para devolver o brilho àqueles olhos verdes. Então ela simplesmente o abraçou. Como um instinto. Queria que naquele abraço, toda a tristeza dele sumisse. Ele a abraçou também. Estava tremendo muito. Estava muito mal. Parecia pior do que no fim do ano passado, quando Cedrico morreu. Por quê? Por que ele, Gina? Ela não sabia o que responder, ela nem tinha o que responder. Gina, agora eu estou sozinho mesmo. Quem eu tenho agora? Primeiro meu pai, depois minha mãe... E agora o Sirius! Ele era como meu pai! Era o que eu tinha mais próximo e um pai! Por que eu? Como seria minha vida se eu tivesse meu pai, minha mãe, meu padrinho...? Eu não seria o maldito menino- que-sobreviveu, claro. Na verdade eu seria um menino normal. Como todos os outros, como o Rony... E seria tudo mais fácil. Ninguém me trataria como uma peça de vidro que pudesse quebrar a qualquer instante ou como um mentiroso indesejável porque então não teria verdade para contar a eles. Então seria tudo fácil mesmo. Eu poderia me aproximar de alguém sem ir parar na primeira página do Profeta Diário, então... Ah, é melhor eu deixar de ser um estúpido. Eu sou um idiota na frente de qualquer menina. Eu não consigo me aproximar de nenhuma menina porque... Sei lá o porquê! É tão difícil. Eu queria não precisar conversar com nenhuma menina. Queria que ela visse o que eu estou sentindo sem eu ter que contar... Gina percebeu que, na verdade, ele estava daquele jeito por causa de si mesmo e a morte de Sirius tinha sido apenas a gota d'água: Harry, comigo você não precisa dizer nada. Eu estarei sempre com você. Ele a olhou. Olhou por alguns segundos. Ela pode ver os olhos verdes dele mais uma vez. Então ele a abraçou... Abraçou de um modo maravilhoso, um modo que ele não tinha feito ontem. Eles ainda estavam abraçados quando escutaram o barulho da porta se abrindo. Os dois se levantaram e Harry lhe murmurou "obrigado", e eles foram para a Torre da Grifinória.
O dia correu dessa vez. Gina não pensava em mais nada fora a detenção. Hoje seria a noite dele... Seria daquele jeito novamente? Ela não sabia. Parte dela queria que fosse, mas outra parte dizia que não. Decididamente, foi a melhor noite da vida ela, a noite da antevéspera. Quando ela sentiu o seu amado ali, na sua pele.