Parte I –Mundo pequeno
Pela milésima vez escovou o cabelo ajeitando os fios numa trança, tudo tinha que ser perfeito naquele dia memorável, o dia que mais esperou durante a sua vida. Rapidamente passou o brilho labial em sua boca já rosada enquanto escolhia com cuidado a maquiagem. Estava em frente ao espelho fazia muito tempo, não queria que nada desse errado no momento mais feliz da sua vida.
-Mana! –Exclamou o garoto batendo na porta novamente.
-Já vou! –Respondeu irritada.
Pegou o perfume mais agradável que encontrou no armário, checou a roupa e sorriu, estava ótima; a blusa social de um azul opaco junto a uma saia castanha claro. Estava orgulhosa de si mesma como toda sua família, agora que iria buscar o resultado da prova no hospital e iria fazer uma entrevista que definiria sua vida, claro, como sempre estava confiante e alegre em toda sua existencia havia se saído bem em absolutamente tudo, consagrava-se auto-suficiente e responsável, a filha, irmã, amiga ou namorada perfeita.
-MANA!
Ignorando o irmão menor deu mais uma volta olhando-se no espelho e saiu do banheiro encontrando o garoto irritado.
-Baka ne Sangô!
Sangô suspirou voltando para o quarto para pegar a bolsa, não seria o irmão que estragaria seu dia.
Sango Yamakawa era o orgulho de toda a sua família, em seus vinte e cinco anos tinha terminado a faculdade de medicina em primeiro lugar, tinha a vaga de residente praticamente garantida em todos os melhores hospitais de Tóquio. Como de costume havia se saído bem no teste do hospital, agora iria pegar o resultado já anunciado para ela por telefone e dar a sua entrevista, sua vida era estável e boa, afinal tinha um irmão e pai que amava muito, a melhor amiga que alguém poderia ter, Kagome, que atualmente estudava engenharia e mantinha um trabalho temporário como assistente em uma livraria. O que poderia acontecer de errado? Vivia bem, tinha saúde, era bonita...
Correu para a sala, estava atrasada, se não se apressasse a melhor chance de sua vida iria por água abaixo. Gritou um "Até logo", calçou os sapatos e saiu da casa na tranqüila rua.
***
-Miroku! –Chamou Kikyou irritada.
O jovem virou-se confuso encontrando sua superior o fuzilando com o olhar batendo o pé furiosa.
-Olhe aqui! –Exclamou apontando para um relatório –Sabe o que é isso daqui espertinho?!
-Um relatório. –Responde inocentemente.
Kikyou respirou profundamente afastando o cabelo de seu rosto enquanto tentava se acalmar, o seu residente só causava problemas (N/A: Na medicina quando uma pessoa passa na faculdade e tudo mais ela faz um teste em algum hospital para ser residente, uma espécie de estagiário que aprende sobre a especialização * pediatria, ginecologia... * Existem três níveis de residentes, o R1, R2, R3, cada nível representa um ano de residência, que são três no total *ex: o R1 está no hospital há um ano, o R2 há dois e o R3 há três*. Existe uma hierarquia entre os residentes; os R1 são coordenados pelos R2 que são coordenados pelos R3 que são coordenados pelos médicos já formados, quando é um problema disciplinar ou de convivência grave os médicos se interferem... Na história o Miroku é R2 ^^'''' e a Kikyou é uma médica já formada... ufa! Que nota!)
-Sim! É um relatório, mas sabe o que ele diz Miroku?! –Exclamou furiosa –É sobre você, aqui está escrito que o senhor abusou sexualmente de TRÊS pacientes! TRÊS! Será que você esta se especializando em ginecologia por que quer ver mulheres nuas?!
O jovem arregalou os olhos mordendo o lábio inferior, seus olhos azulados mostravam um misto de medo e preocupação, o que ele faria se fosse despedido do hospital? Depois de tanto tempo seria expulso? Não tinha sido nada grande para ser motivo de relatório, apenas havia tocado as três "sem querer", não tinha machucado nenhuma.
A mulher respirou profundamente jogando o cabelo para trás levando as mãos ao rosto tentando se acalmar. Arrumou as roupas brancas ligeiramente amassadas apertando o relatório entre os dedos.
-O que eu faço com você? Apesar de ter sido o melhor aluno da turma não posso mantê-lo aqui deste modo.
-Senhorita Kikyou, por favor! Sabe o quanto eu preciso do emprego!
-Eu não tenho o coração de pedra Miroku, eu sei o quanto você precisa do emprego... Mas os médicos têm uma coisinha que se chama ética como todas as outras pessoas, e se não aprendeu isso durante um ano aqui no hospital e os outros cinco na faculdade sinto muito, não serei eu quem vai ensinar isso para você novamente. Sabe por que não foi preso? Porque esse maldito relatório não foi oficial e a queixa não pode ser provada, pois você as tocou "acidentalmente", mas eu te conheço muito bem para saber as suas intenções!
O jovem agradeceu aos céus por não ter sido algo oficial ou estaria seriamente encrencado, claro, já estava com problemas o suficiente não queria arranjar mais um gravíssimo para a coleção na situação que estava, porém ainda não estava aliviado, agora seria uma advertência e a Kikyou o perseguiria pelo resto de sua vida, ela era uma boa professora, mas muito exigente, mas como ela dia "medico e moleza são coisas opostas".
-Devia ser mais responsável, afinal já é um R2, quer perder tudo por uma mania estúpida? Ainda não vou te expulsar daqui, vou te dar mais uma chance, mas se passar um dedo da linha...
-Sim senhora.
Ela olhou para cima balançando a cabeça e deu um longo suspiro, não entendia como a pessoa na sua frente poderia jogar ao vento um futuro brilhante por futilidades, depois quando abrisse os olhos seria tarde demais.
-Bom... O senhor vai ter a grande chance de testar sua responsabilidade.
Os olhos dele brilharam, apesar das broncas a senhorita Kikyou não era tão má assim como ele pensava.
Ela segurou verticalmente a prancheta que carregaval, com um sorriso sádico pegou a caneta no avental rabiscando alguma coisa no papel, parecia concentrada no que fazia, pois examinava com extrema atenção. Depois de mais alguns rabiscos tirou a folha entregando na mão do residente.
Miroku olhou confuso para a folha, viu a foto de uma garota, olhos castanhos, cabelos negros, um rosto levemente maquiado e bonito, nas linhas que havia no papel encontrava todos os dados dela.
-Yamakawa, Sango. "Sua" R1.
Ele fitou a ficha novamente, mas dessa vez estava boquiaberto, o que a médica pretendia? Sabia que não era muito responsável, não tinha o melhor histórico em comportamento e a R1 tinha as melhores notas, fora aluna modelo... Entre outras qualidades invejadas por qualquer quase-fracassado.
-Quem sabe ela não te bote na linha?
Olhando para a foto novamente sorriu maliciosamente, ela era linda, mas Kikyou percebeu aquele sorriso e olhar dele, então puxou a ficha da mão dele dizendo em tom severo:
-Sem gracinhas com ela, ouviu bem?
-Sim senhora. –Respondeu inocente.
A mulher pegou um pequeno envelope na bolsa dando para ele.
-São os dados dela, deixe na secretaria, certo? E claro... O envelope é lacrado espertinho.
Ele suspirou desanimado e respondeu:
-Claro, claro...
***
Nada no mundo poderia comparar-se a sua felicidade, estava quase pulando no meio da avenida com um largo sorriso estampado em sua face. Podia fazer sol ou chuva nada mudaria o seu humor, só se o conteúdo do envelope que tinha em mãos fosse falso, mas era pouco provável afinal quem recusaria uma garota com aquele excelente histórico escolar?
Continuou andando pelas ruas entrando no centro comercial. Andou mais alguns poucos metros e encontrou a loja pintada de laranja, sorrindo entrou ansiosa naquele lugar e logo avistou quem fora visitar.
Com o cabelo trançado e o avental laranja a garota que não devia ser muito mais nova que Sangô dava instruções para um jovem de penetrantes olhos azuis e um rabo de cavalo alto. Ela anotava algo em uma prancheta enquanto dava alguns livros para o companheiro organizar nas estantes, seu sorriso era agradável, como sempre Kagome estava de bom-humor.
-Kagome-chan! –Chamou enquanto entrava na loja.
A garota virou-se e acenou.
-Sangô-chan! Venha aqui!
Respirou fundo e foi até as estantes onde estava sua amiga.
-Seu turno ainda não terminou? –Perguntou confusa a vendo trabalhando –Fazendo hora extra?
Dando um sorriso amarelo a jovem pegou mais alguns livros dando para o rapaz ao seu lado enquanto rabiscava algo no papel.
-Mais ou menos... –Respondeu ainda escrevendo –É que o Kouga-san é novo, só está aqui há uma semana, não aprendeu direito onde ficam os livros já que até agora esteve no só no caixa.
-Prazer. –Respondeu o rapaz concentrado.
-Ah... Prazer.
-Kouga-san está compenetrado. –Sorriu –Aprende rápido.
Sangô olhou para a amiga desconfiada, ela estava estranha de alguma maneira. Algo no olhar dela não era certo, estava com um brilho estranho, então puxou a amiga e sussurrou em seu ouvido:
-E como o Inu-Yasha está reagindo a esse rapaz trabalhando com você?
A expressão amável que Kagome carregava transformou-se em puro ódio, ela começou a escrever violentamente e mais rápido.
-Hump! Aquele... Aquele idiota! Ele... –Suspirou –Ele pensa que pode controlar a minha vida! Ele só pensa... Porque eu não vou deixar ele mandar em mim! –Estremeceu levemente enquanto dava os livros rudemente para Kouga –Ele pensa que é o rei do mundo... Implica com tudo! Não me deixa viver em paz!
-Há quanto tempo brigaram? –Perguntou Sangô cruzando os braços.
-Há quatro dias... Quando ele me viu ajudando o Kouga-san ao lado do Houjou-kun... –Limpou o olho rapidamente enquanto continuava a escrever –BAKA! O Inu-Yasha é um baka ciumento!
Ela olhou a amiga com compreensão, ela e o namorado brigavam às vezes, mas nada que não passasse logo, afinal os dois eram completamente apaixonados um pelo outro, não viviam separados, a amiga não via, mas tinha encontrado sua alma gêmea.
-Kagome-chan? –Perguntou um rapaz entrando na loja.
-Ah! Houjou-kun! –Exclamou correndo até o balcão tirando o avental –Tome! –Disse dando a prancheta para ele –Eu tenho que falar com Sangô... Você ajuda o Kouga-san?
-Claro! –Disse indo para perto do novato –Até logo!
Pegando pela mão a amiga as duas saíram da loja, andaram pelo centro comercial procurando um lugar agradável para se falarem.
Dobraram a esquina entrando numa rua menos movimentada e encontraram o simpático café que tomavam um lanche de vez em quando e quando estavam no colegial.
-Certo! –Disse Kagome –O que foi Sangô?
A moça sorriu alegremente dando um envelope para a companheira.
-Leia.
A garota abriu o envelope pegando os papeis, os analisava cuidadosamente lendo cada linha, a cada momento que avançava em sua leitura começava a sorrir cada vez mais exclamando algumas onomatopéias de tempos em tempos. Sua expressão mudava a cada instante até que deixou os papeis no colo e abraçou a amiga.
-PARÁBENS!!! –Ela disse animada.
-Obrigada K-chan! –Ela riu –Consegui não foi?
-Claro! –Olhou para o lado chamando o garçom –Ei! Pode me ver dois copinhos de sakê? Por favor,... –Disse com aquele sorriso cativante.
Voltou a olhar para a amiga que tinha uma expressão desconfiada.
-Ah Sango-chan! É só um copinho! Eu NUNCA posso beber, não tenho mais quinze anos certo? Tenho que aproveitar... O Inu-kun nunca deixaria eu fazer isso.
Arregalou os olhos tampando a boca, limpou os olhos rapidamente balançando a cabeça.
-Falei nele de novo... Eu prometi para mim mesma que...
Sango pegou as mãos da amiga e sorriu.
-Vocês se merecem... Não é só ele que é um "baka" por aqui. Relaxe K-chan! Vocês se amam. E pode ter certeza que vão voltar.
-Eu não quero vol...
-Seus olhos dizem o contrário... Se vai querer seguir sua carreira precisa amadurecer.
-Eu sei... –Sorriu.
O garçom veio depositando dois copos na mesa, elas os pegaram fazendo um brinde.
-Saúde! –Disseram em uníssono.
-Ops... –Disse Kagome terminando de virar o copo olhando no relógio –Está quase na hora de voltar...
-Você está muito atarefada... –Riu Sango –O que foi agora?
Ela revirou os olhos.
-"Ele" vai passar aqui... Ele trabalha aqui hoje, esqueceu?
-Como eu iria esquecer K-chan? –Riu.
-Ei! Garçom! A conta!
***
Ele colocou suas mãos nos bolsos da calça branca admirando a paisagem pacata do estacionamento do hospital.
Na verdade não tinha motivo para estar ali, ou tinha? Aquela pediatria era linda, porém para impressiona-la simulou a ida para o seu carro, o fato é que estava duro e não tinha carro.
Mulheres eram realmente muito difíceis de se impressionar, você tinha que ter um carro, casa na praia, um talão de cheque em branco, cartão de crédito sempre a disposição e um celular de ultima geração para elas acharam que você era digno, graças aos deuses que não tinha caído na besteira de oferecer uma carona, ela iria ter o prazer de andar de ônibus e depois pegar o metrô, claro, iria ser uma senhora carona e era capaz de nunca conseguir sair com ninguém... Porque? As mulheres espalham os fracassos dos homens muito rapidamente para a infelicidade do sexo masculino, já que um fracasso fica para a sempre e ter que se monitorar vinte e quatro horas não era nada fácil.
Quem sabe não alugasse um carro se ela mostrasse que tinham futuro? É, mas alugar um carro por um tempo não era fácil... Pronto! Já tinha um motivo para falar para Kikyou porque não tinha relacionamentos duradouros, não tinha como dar certos privilégios para suas namoradas. Desculpa idiota? Era... Mas a melhor que podia inventar até aquele momento.
-Fazendo hora no estacionamento de novo Miroku? –Disse sarcástico.
Virou-se encontrando a pessoa que menos queria ver... Sesshoumaru.
-Boa tarde para você também. –Respondeu desanimado.
-Amanhã é seu dia de sorte não é Miroku?
Ele estremeceu ao notar o tom de voz do namorado-quase-noivo de sua "chefa".
-Kikyou deu mais uma chance para você, eu sei... Mas você ainda vai ser dar mal moleque! Eu ainda vou te expulsar daqui...
Sentiu um arrepio correr a espinha, Sesshoumaru achava humilhante ter um médico com uma disciplina como a dele no hospital e fazia tudo para expulsa-lo de lá, por sorte Kikyou, sua chefa, sempre dava um jeito de contornar as situações, afinal a mãe dele tinha salvado a vida do pai dela.
-Quero ver quanto tempo a R1 fica na sua mão.
-Por mais tempo do que o senhor gostaria espero... –Respondeu irônico –Bom tenho que ir, foi um prazer vê-lo hoje.
Continuou andando, saiu do hospital cansado, não era fácil a sua vida, mas quem ligava? Ele gostava, apesar da disciplina; como todos alertavam para ele.
Caminhou até a alameda, aquele lugar estava cheio de gente, mas gostava das pequenas lanchonetes de lá.
Então entrou na rua principal, claro que não iria permanecer ali, o centro fervilhava de gente. Tentaria encontrar algum lugar mais calmo se fosse possível, estava ocorrendo tudo bem, não tinha olhado para quase ninguém nem "esbarrado" em nenhuma garota por enquanto, um bom sinal, será que estava aprendendo a controlar os instintos?
Sua felicidade não durou muito, já que no outro lado da rua avistou duas belas garotas rindo, tentou balançar a cabeça e continuar, mas era tarde demais.
Andou mais lentamente vendo-as atravessar a rua distraídas, que doce visão era aquela afinal... Então apressou o passo e "esbarrou" nelas fazendo com que sua mão pousasse na curva das nádegas da primeira e a outra no seio direito da segunda, tudo teria dado certo se não tivesse ficado tempo demais, pois as duas ficaram vermelhas e a segunda gritou:
-HENTAI!
Sentiu o rosto arder e viu a mão da primeira esbofeteando-o, porém a situação piorou quando viu um vulto atravessando a rua rapidamente e o segurar pelo colarinho.
-Inu-Yasha... –A segunda garota murmurou segurando o braço do rapaz enquanto a primeira o fuzilava com o olhar.
-O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTAVA FAZENDO COM A MINHA NAMORADA E A AMIGA DELA?
Ele arregalou os olhos, as estrelas não estavam ao seu favor hoje.
-Foi sem...
-CLARO QUE NÂO FOI SEM QUERER SEU TARADO! EU VI O MODO COMO VOCÊ PRECIONOU O LOCAL!
Ele engoliu seco, o rapaz de cabelos longos e negros não brincava, as coisas ficavam cada vez piores, muito piores, fechou os olhos esperando o pior.
O rapaz o soltou, mas ainda estava muito nervoso.
-SE VOCÊ TOCAR NELAS NOVAMENTE VOCÊ VAI VER! –Disse e virou-se para as duas ofegante –Estão bem?
Kagome tremia levemente enquanto Sango demonstrava muita raiva.
-Obrigada Inu-Yasha! –Respondeu Sango –Sim, estamos bem... Kagome?
A garota não olhava diretamente para o namorado, fitava o muro enquanto ele tentava ver dentro de seus olhos se estava bem, certamente estava chateada com ele.
-Kagome... –Ele a abraçou e murmurou em seu ouvido –Me descu...
Ele sentiu o odor que vinha da boca dela e da sua doce expressão surgiu uma irritada.
-Sakê? Você bebeu sakê?
Ele se desfez do abraço e continuou.
-Eu já disse que não quero que você beba! –Advertiu –Você fica bêbada muito fácil e eu não quero i...
-Foi só um pequeno copo Inu-Yasha! Eu estou lúcida, não estou?!
-Pode ter alguma coisa na bebida sua baka!
-Eu sou grandinha o bastante para decidir o que vou fazer!
-Deixe de bancar a garota mimada Kagome! Me ouça!
Ela estremeceu de raiva e apontou o dedo para ele.
-Primeiro... EU NÃO SOU GAROTA! MUITO MENOS MIMADA BAKA!
-KAG-
-Iie! Voc-
-Iie digo eu! EU VOU FALAR PRIMEIRO!
-BAKA!
Sangô olhou para os dois e balançou a cabeça enquanto falava para si.
-Esses dois se merecem...
***
Aquele seria seu primeiro dia, arrumou a saia branca e entrou no prédio magnífico. Parecia que as suas janelas refletiam uma luz mais brilhante, como se a luz fosse receber a mais nova "quase-médica" que andava rumo ao uma nova vida, a vida que levaria pelo resto de seus dias. Sentiu o cheiro tão confortante do hospital, o cheiro de soro, medicamentos e tinta se misturavam harmonicamente.
Com alguns envelopes na mão procurou o que seria a secretaria naqueles inúmeros corredores extensos, mas não poderia ser tão longe, não é mesmo? Andou mais alguns metros e achou a porta tão procurada, respirando fundo e checando a roupa pela milionésima vez bateu na porta e entrou.
-Com licença. –Disse polidamente.
A senhora olhou para a garota e fez um gesto para que se aproximasse.
-O que gostaria mocinha?
Sangô sorriu nervosa e estendeu os envelopes para a secretaria.
-Eu sou nova... Poderia ver meus dados ai, por favor?
-Certo... –Disse abrindo os envelopes e viu para a ficha da garota, alguns segundos devolveu alguns papeis –Ginecologia, terceiro andar, procure a Srta. Kikyou.
-Obrig- -Respondeu, mas foi interrompida.
-Quem quer falar comigo? –Perguntou a mulher entrando no cômodo.
Olhou para o lado e viu aquela moça, seu cabelo negro e longo estava preso em um rabo de cavalo, fazendo um agradável contraste com a pele alva e os olhos azulados. Ela era alta e elegante, tinha um ar de superioridade, porém parecia severa, sábia e justa, além de ser uma mulher muito elegante.
-Bom dia senhorita. –Disse enquanto fazia uma reverencia –Sou Yamakawa, Sangô, a no-
-Eu me lembro da sua ficha. –Disse sorrindo educadamente.
Os olhos da garota brilharam.
-Obrigada pela consideração.
Kikyou riu e balançou a cabeça.
-São raras as fichas iguais a sua... Quem não esqueceria? A propósito, sou Korinaki, Kikyou, sou a "chefa".
Sorriu, porém analisando sua chefa melhor lembrou de Kagome, era estranho... Eram incrivelmente parecidas!
-Me acompanhe, por favor. Receio que já conhece o hospital, mas mostrarei quem vai te ajudar e de certa forma te coordenar aqui.
Concordou com a cabeça e a seguiu pelo corredor.
***
-Ganhei de novo! –Disse vitorioso enquanto mostrava as cartas.
-Trapaceiro... –Grunhiu o outro rapaz.
-Não mais do que o Naraku, isso eu te garanto! –Disse sorrindo cinicamente –Agora eu quero os meus cinqüenta ienes!
-Droga... –Disse dando o dinheiro para o companheiro –Um dia eu vou pegar sua trapaças Miroku!
-Não dá para pegar algo que não existe. O fato é que eu sei jogar e você não.
-Pelo menos eu não estou com a bochecha inchada –Riu o outro –Você apanhou da pediatra?
-Não... Foi de uma garota na rua.
-Que azar, hein?
-Não meu amigo, é uma honra ter a lembrança das mãos tão belas daquela garota...
-Você não tem jeito mesmo! –Disse o rapaz rindo.
-Miroku! –Chamou uma voz familiar.
-A chefa! Boa sorte! –Disso o outro dando tapinhas no ombro do colega.
Miroku levantou-se indo falar com a superior como de costume, porém ela estava acompanhada...
-Como o mundo é pequeno... –Sussurrou para si enquanto seu rosto ficava branco.
A reação dela também não foi diferente, reconhecia muito bem o rosto do cafajeste que tinha tocado-lhe ontem, o que estava acontecendo? As lembranças voltaram rapidamente enquanto seus olhos transbordavam de raiva.
-Miroku, está é a R1 que mencionei.
Foi como se um alarme tocasse na cabeça dela, como assim a R1 que mencionou? Sentia que algo muito ruim viria pela frente.
Ele arregalou os olhos, como não tinha a reconhecido? Balançou a cabeça e continuou a ouvir Kikyou.
-Sangô ele é Miroku, será seu R2, a orientará e mostrará as instalações.
Miroku sorriu cinicamente estendendo sua mão, pelo jeito as estrelas não estavam contra ele, realmente o mundo era muito pequeno.
A jovem apertou a mão dele chocada, não podia ser verdade.
-Divirtam-se! –Disse Kikyou se afastando –Tenho que atender agora.
-Como... Como... –Gemeu a jovem cerrando os punhos.
-Bem-vinda ao hospital senhorita –Disse cínico –Irei ajuda-la no que precisar.
-Qualquer gracinha e eu garanto que você seja exportado para o Alasca –Ela respondeu.
-Raivosa... –Disse ele rindo arrancando um rosnado dela.
Continua...
N/a: Olá!
Eu sei que devem estar se perguntando "A Kiki é louca?! Mais um fic pra ficar incompleta ou abandonada???" Desculpa, eu não resisti ^^''' Mas esse terá só quatro ou cinco capítulos, e o "As faces de suas lágrimas" exige energia e inspiração, mesmo não parecendo XD... Porque é um fic muito mais "negro", então esse é para renovar as energias, ok? Além do mais não consigo continuar o cap 13 de jeito nenhum .
Esse fic é diferente, já que tem outros personagens principais e um romance mais complicado, é a primeira vez que eu tento escrever uma comédia romântica, então perdoem as falhas!
Eu pensei em não publicá-lo, mas uma "anja" chamada Milla me persuadiu o mês inteiro para publicar... E também os outros que eu fiz de cobaia XD (Lily e Ana me desculpem!!!) que falaram que gostaram "disso".
Bom, será um capitulo por semana, estou me divertindo muito com esse fic ^__^!
Ja ne
Kiki-chan
PS: Reviews... ^______^-
