Glossário: Obaa-chan: Vovózinha (Obaa-san seria somente "vovó")

Doozo – Pode entrar

Mukashi, Mukashi – Forma de se começar uma história, seria o nosso "era uma vez"

Okaa-san- Mamãe

Epílogo – Fora de controle

Para Sango aquela festa foi um total desastre...

Desastre é palavra mais razoável que encontrou para descrever o que aconteceu. Lembrava-se da última vez que bebeu assim. Naquela ocasião havia prometido para si que nunca mais uma gota de álcool entraria em sua boca, que grande mentira...

Alguns fios de luz entraram no quarto pela a cortina entreaberta. A médica resmungou um pouco ao sentir a luminosidade em sua pele e entreabriu os olhos, fitando o ambiente esperando encontrar as paredes de seu quarto, as várias fotos na penteadeira... Mas nada disso estava lá, ela nem ao menos estava em seu quarto.

Arregalou os olhos e tentou se sentar, mas uma forte dor na cabeça a impediu de fazer isso. Podia sentir seu crânio latejar e uma estranha sensação começar a dominar seu estomago. Com as mãos tremulas puxou o cobertor e cobriu toda a face, a luz que começava a aumentar a incomodava muito, para que ter cortinas se elas eram de um tecido tão fino que não repeliam a luz de manhã?

Não demorou a, além da ressaca, outro problema surgir, não se lembrava de nada da noite anterior. Não fazia a mínima idéia de como fora parar ali, não sabia nem mesmo onde estava e o mais importante: quem a trouxera ali? Mas a ressaca a impediu de continuar refletindo, rapidamente seu corpo de arqueou para frente, ela abraçou a barriga e fechou os olhos dolorosamente enquanto vomitava.

***

-Já são quatro da tarde e ela ainda não acordou. –Suspirou Miroku enquanto olhava para o relógio.

Ele caminhou até a mesinha na cozinha e pegou um copo o enchendo de suco. Puxou a cadeira se jogando quase imediatamente nela, tinha dores por todo o corpo. Dormir no sofá não havia sido nada agradável, na verdade não havia dormido quase nada.

Fechou os olhos e relaxou um pouco até ouvir um estranho barulho vindo de seu quarto.

-Sango! Finalmente! Boa tarde, já são quatro da tarde Bela ador- -Mas parou, ela estava terrível!

Ele correu até onde ela estava e a viu arqueada para frente enquanto vomitava.

-Oh Kami... –Suspirou enquanto ia ajudar a moça –Você está bem?

-Hm... –Ela gemeu –Vomitar sempre é MUITO agradável.

-Vou trazer algo para tomar... Fique deitada! –Advertiu.

Ela assentiu com a cabeça e suspirou. Então estava na casa dele. Devia estar realmente muito bêbada para aceitar isso.

Levou a mão a cabeça enquanto massageava sua testa em círculos, assim que a dor aliviou um pouco olhou para o lado e viu um grande espelho. Fitou sua imagem e riu com a voz fraca.

-Estou tão adorável...

Fitou a maquiagem totalmente borrada em sua face, estava parecendo um avental de pintor, e claro, seus olhos tinham olheiras enormes. Seu cabelo estava totalmente desgrenhado, ainda vestia a roupa de festa totalmente amassada e cheirava a bebida.

-Está admirando sua linda face Sangozinha?

-Seus elogios me ajudam tanto a melhorar Miroku... –Revirou os olhos.

-Eu sei! –Riu –Aqui, tome esse primeiro. –Disse dando um copo com um liquido esbranquiçado.

Miroku foi até o armário e o abriu tirando uma camisa azul clara e comprida, a jogou na cama e falou para Sango, que tampava o nariz para tomar o remédio.

-Vá tomar um banho, eu coloquei alguns desses cremes que vocês mulheres gostam no banheiro junto a roupas intimas e toalhas limpas... Minha irmã sempre esquece aqui.

-Certo, mas quanto as roupas int-

-Ela nunca as usou –Sorriu divertido –Se desmaiar no banheiro não hesite em me chamar! –Piscou um olho e acrescentou –Como fez ontem a noite. –E saiu.

-SEU BAKA HENTAI! –Gritou, mas logo se arrependeu, pois a dor de cabeça voltava com mais intensidade –Itai... –Gemeu.

Levantou-se um pouco tonta e correu para o banheiro. Depois de se certificar que a porta estava muito bem trancada, abriu o chuveiro e tirou as roupas colocando a cabeça debaixo da água quente.

Primeiro lavou o rosto e começou a tratar do cabelo. Era tão bom ter a água quente correr por seu corpo, encostou-se no Box frio, porém quando fez isso alguns flashs da noite anterior voltaram a sua mente. Aquele beijo que havia dado nele... NANI?! Ela havia o beijado!

Sentiu que estava corando furiosamente, era por isso que ele havia feito aquele comentário "assim como fiz ontem..." Baka!

Terminou seu banho e desligou o chuveiro confusa. Enrolou-se na toalha e foi pegar as roupas, mas havia esquecido de um detalhe muito importante... A camisa ainda estava no quarto de Miroku.

-Kuso!

Abriu a porta com extremo cuidado certificando que o hentai estaria bem longe, então saiu de fininho e pegou a camisa no quarto dele, voltando para o banheiro rapidamente. Vestiu a maldita peça de roupa, a camisa batia um pouco antes do meio de suas coxas, mas não iria se preocupar com isso agora. Sentou um pouco no vaso sanitário e suspirou, a dor de cabeça estava voltando, apertou os olhos sentindo a sensação de mal estar no estomago voltar, até que alguém bateu na porta.

-Sango! Você está bem?

-H-hai... –Suspirou enquanto tentava-se levantar.

-Certo... Estou na cozinha, assim que terminar de se arrumar vá até lá. Ande por esse corredor em linha reta e vai ver.

Ouviu os passos dele se distanciarem e ligou a torneira, não queria que ele a ouvisse vomitando. Assim que terminou abriu a porta e foi para a cozinha se apoiando na parede, estava completamente zonza e sua cabeça latejava. Logo que entrou no cômodo viu uma cadeira vazia e se jogou nela.

-Sango! –Ele falou –Realmente... Você está muito mal.

Ela sorriu sarcasticamente enquanto fechava os olhos com uma expressão irritada.

-Conte uma novidade.

-Seu humor também está ótimo! Mas isso não vem ao caso. Tome esse comprimido –Falou colocando um remédio cor-de-rosa na mão dela –Aqui. –Disse enquanto segurava o copo d'água.

Ela engoliu tudo de uma vez soltando um suspiro cansado. Abriu um dos olhos e viu Miroku fitando suas coxas com um grande interesse. Puxou a camisa para baixo e enrubesceu.

-Para onde está olhando hentai?

-Para suas coxas roliças, bem torneadas e ros-

Ele não conseguiu terminar a frase, pois foi atingido pelo copo na cabeça.

-BAKA!

-Ai... –Gemeu com um sorriso bobo –Toda rosa tem espinhos...

Ela suspirou enquanto revirava os olhos. Depois de alguns minutos de um silêncio incomodo, ela disse:

-Como vim para aqui afinal?

Miroku suspirou e se sentou na cadeira em frente a ela. Deu um sorriso divertido e começou a falar:

-Você estava completamente bêbeda quando me pediu para sair. Eu tentei te levar para sua casa, mas no caminho você apagou e não acordava de jeito nenhum. Então como bom cavalheiro eu resolvi cuidar de você.

-Tão caridoso... –Ironizou.

-Hai e me orgulho disso! –Riu –Parece que o remédio está fazendo efeito afinal.

-Parece que sim...

-Não quer comer nada?

-Acho que vou vomitar qualquer coisa que tocar meu estomago.

-Certo... Então, bom, sinta-se à vontade, estarei na sala se precisar de algo.

O médico se levantou a deixando lá corada olhando para as próprias mãos repousadas em seu colo. Sango engoliu seco, ele havia sido gentil com ela, não seria qualquer um que não teria se aproveitado da situação (ok, ele tinha se aproveitado, mas foi só um pouco) e teria cuidado dela, além de aturar seu humor. Mordeu o lábio inferior e disse com a voz tremula:

-Miroku...

Ele se virou confuso e respondeu:

-Hai?

-O-Obrigada. –Ruborizou.

Ele levantou uma sobrancelha, mas sorriu serenamente para a moça.

-Qualquer coisa estarei na sala. –E a deixou fitando as paredes da cozinha totalmente vermelha com uma emoção estranha nos olhos e sem perceber um sorriso doce moldou seus lábios como há muito tempo não moldava.

***

-TOTALMENTE IRRESPONSÁVEL!

Sango afastou o telefone do ouvido e cerrou os olhos enquanto ouvia o pai gritar.

-EU NÃO CRIEI MINHA FILHA PARA AMANHECER NA CASA DE UM RAPAZ COMPLETAMENTE EMBEBEBDADA!

Miroku observava divertido tudo por cima do livro que estava lendo, pai da moça estava fazendo um escândalo muito curioso, bom, ele avisara para falar com ele mais tarde, mas ela era terrivelmente teimosa. Talvez em certo ponto ela tivesse razão, seu pai iria ligar para a policia em uma hora se ela não entrasse em contato.

-Papai... –Ela gemeu –Minha cabeça está explodindo.

-A-HÁ! Aposto que não pensou nisso quando se embebedou!

-Vou desligar...

-ESPERE!

-Ja ne! –E desligou.

-Ele realmente se importa com você.

-Sim. –Suspirou –Ás vezes até demais.

-Pais sempre são assim. –Sorriu.

Sango suspirou e se jogou no sofá ao lado dele. Tinha uma expressão cansada no rosto, as coisas não estavam indo nada bem, maldita hora que fora beber... Em pensar que havia prometido a si mesma que nunca beberia mais. Sorriu ironicamente, era uma grande mentira.

Miroku fitou a mulher em seu lado... Malditos instintos! Mas o que poderia fazer se ela ficava tão tentadora daquele modo? A blusa até um pouco antes do meio de suas cochas... A camisa com alguns botões abertos mostrando a saliência de seus seios... Engoliu seco, não podia pensar nisso, mas ela era tão convidativa.

-Volte a olhar seu livro hentai.

-Gomen ne. –Sorriu sem graça.

Mas não conseguia voltar para o livro de jeito algum, na verdade nunca havia de fato prestado atenção aos livros, as palavras que lia eram vazias e não faziam sentido algum. Mirou Sango novamente e teve uma idéia.

-Olha o que recebi hoje de manhã! –Sorriu enquanto pegava algo na mesinha ao seu lado.

-Nani? –Ela perguntou.

-Aqui! É uma foto da festa de ontem, me mandaram por e-mail.

Na foto estavam somente os dois sorridentes. Ele tinha o braço ao redor dos ombros dela e ela tocava a mão dele levemente, ruborizou ao ver as duas mãos daquele modo... Não havia percebido isso quando haviam tirado a foto, além disso as cabeças roçavam uma na outra levemente, tinham uma expressão tão tranqüila nos olhos, principalmente ela. Era uma foto bonita.

-Saímos muito bem. Pode ficar para você.

-Demo-

-Eu posso imprimir outra.

-H-hai. –Ela respondeu sem tirar os olhos da foto com a face corada.

Miroku olhou-a mais atentamente, ela ficava tão linda corada daquele jeito! Os dedos dela roçavam levemente na foto como se a acariciasse... Não... Ele não iria resistir dessa vez.

-Sango! –Falou enquanto tirava a foto das mãos dela a depositando na mesinha.

-Nani? O q-

Ela não pode responder, pois ele pegou seu rosto com as duas mãos e se dirigiu em direção aos seus lábios.

No inicio foi somente um encontro dos lábios, mas foi suficiente para uma gostosa sensação invadir o corpo de ambos, um estranho calor confortável começava a surgir em seus peitos. Ele moveu sua mão para acariciar as mechas levemente úmidas dela enquanto aprofundava o beijo introduzindo sua língua dentro da boca dela, ele a beijava com ardor e paixão. Um pouco temerosa ela começou a corresponder devagar.

Sango o abraçou o puxando para mais perto... Estava totalmente mergulhada naquelas emoções. Separavam-se por um instante ofegantes, quando iam continuar o telefone tocou.

-Kuso! –Deixou escapar Miroku irritado.

Então Sango acordou de seu lindo conto de fadas. Estava deitada no sofá de veludo azul, antes com Miroku debruçado em cima dela, porém agora ele murmurava algumas coisas ao telefone.

-Gomen... –Murmurou –O filho do vizinho está com problemas e eu prometi ajudar... Já volto. –E saiu.

Ela permaneceu lá estática deitada no sofá, estava confusa demais para tomar qualquer atitude. Algumas lágrimas começaram a cair vagarosamente, estava sofrendo... Aquele sofrimento começava a sufocar e logo os soluços começaram a sacolejar seu corpo inerte no sofá. Não podia fazer isso... Iria embora!

Levantou-se tremula, precisava fugir! Era uma atitude covarde, mas seu coração dizia que era a mais certa a tomar, não queria mais sofrer.

Correu aos tropeços até o quarto dele. Ele havia dito que sua irmã sempre esquecia coisas lá, não disse? Provavelmente teria alguma roupa descente no armário, vasculhou por algum tempo e achou uma saia preta junto a uma blusa branca de mangas compridas e gola alta. As vestiu rapidamente, pegou suas sandálias e pegou um papel, pelo menos avisaria de sua partida. Terminou de escrever e ia sair, porém voltou, estava esquecendo a foto!

-A única lembrança...

Olhou pela última vez aquela casa e sorriu tristemente, os lábios ainda ardiam do beijo fervoroso.

Bateu a porta e nunca mais voltou atrás.

***

-Kuso... Era só uma febrinha.

Bateu na porta, mas ninguém atendeu, franziu as sobrancelhas confuso e moveu sua mão até a maçaneta. Estava aberta... Que estranho, podia jurar que havia trancado quando saíra deixando uma chave reserva para Sango abrir a porta.

-Sango?

Não ouve resposta.

-Sango?!

Ele correu para dentro do apartamento, ela não estava em nenhum lugar! Ia ver no banheiro até que ouviu a voz dela vinda da rua!

Foi rapidamente até a janela e se debruçou, pode vê-la com o dedo erguido chamando um táxi. Ela iria embora!

-SANGO! –Gritou se debruçando no parapeito.

Ela se virou rapidamente, mas logo o táxi chegou e ela entrou no veículo indo embora para sempre.

-SANGO! –Berrou novamente.

Algo o consumia por dentro, uma dor que há muito tempo não experimentava. Engoliu seco enquanto sentia os olhos arderem, mas algo chamou sua atenção.

Era um papel, um simples papel em branco em cima da mesinha, o pegou e reconheceu a caligrafia da médica.

"Miroku,

Sim, eu sei que essa atitude que tomei é totalmente covarde. Pode não acreditar, mas também estou sofrendo muito por ter que tomá-la, mas a única coisa que posso falar agora é: Gomen Nansai.

Parece pouco, mas...

Bom, obrigada pelos seus cuidados e toda a atenção que teve comigo... Eu realmente me senti muito feliz ao ver que se importava comigo Miroku... E claro, fiquei te devendo uma resposta. Você me perguntou se eu acreditava em amor a primeira vista, não é? Pois a resposta é não. Até que me provem que isso existe nunca vou acreditar.

Deve estar confuso agora, bom, eu gosto de você, mas não foi amor a primeira vista, na verdade meus sentimentos estão tão confusos que não sei direito o que estou sentindo.

Eu adoraria permanecer junto à você, mesmo com esse seu jeito hentai de ser, mas eu não posso...

Gomen...

Espero que possamos nos encontrar novamente, apesar de ser improvável, já que estou indo embora agora para Londres. Tenho uma amiga que mora lá e depois peço para enviarem minhas coisas. Sinto muito, mas se ficar aqui vou sofrer mais e não quero!

Foi maravilhoso nosso breve encontro,

Com amor

Sango".

-Baka... –Murmurou –Baka! –Sorriu tristemente –Eu sou a prova viva disso Sango... Do amor a primeira vista.

Olhou para a janela e se levantou decidido.

-Você não é a única teimosa aqui.

***

Sango estava sentada em frente a grande parede vidro do aeroporto vendo os aviões decolarem. Seus olhos estavam tristes, vazios e ligeiramente inchados pelo choro.

"Vôo 154, destino Londres...".

-É o meu... –Murmurou enquanto andava pelos corredores até o saguão de embarque calmamente.

O saguão estava um pouco mais a frente, seria tão simples chegar ao seu destino agora, era somente não se arrepender e olhar para trás...

-MATTE!

Aquela voz!

Se virou assustada, porém não teve tempo de fazer nada, pois recebeu um enorme e quente abraço de Miroku. Arregalou os olhos, como ele estaria lá? Tentou empurra-lo, mas ele continuava agarrado ao seu corpo.

-Largue Miroku.

-IIE! –Falou olhando nos olhos dela –Você pode ir embora, mas não antes de ouvir TUDO o que eu tenho a dizer.

-Eu-

Ele a calou com um beijo, menos intenso que o anterior, porém tão apaixonado quanto.

"Vôo 154...".

-Miroku...

-Escute –Disse enquanto pegava as mãos dela –Vamos nos encontrar novamente, afinal você não vai ficar lá para sempre... –Sorriu.

-Nani? –Pergunto ruborizando.

-Eu sou a prova viva de que amor a primeira vista existe, pois me apaixonei por você.

Ela mordeu o lábio inferior enquanto suas mãos tremiam.

-Miroku, eu...

A abraçou mais forte e murmurou em seu ouvido.

-Aishiteru Sango... Aishiteru... Aishiteru...

A médica engoliu seco, não podia chorar agora, mas seus olhos já estavam marejados.

-Eu prometo, vamos nos encontrar de novo. Agora –Deu mais um beijo nela e a empurrou –Adeus Sango! –Sorriu –Eu não vou impedi-la de realizar seu sonho.

Sua cabeça girava, piscou os olhos tentando assimilar todas as palavras que havia ouvido, estava tão confusa. Tudo havia caído de uma vez em sua cabeça. Um pequeno sorriso começou a surgir em seus lábios, queria falar com ele novamente, mas ele estava distante.

-BAKA HENTAI! –Berrou.

Não importava que metade do aeroporto tivesse olhado para ela, o que realmente contava é que olhou para trás.

-Adeus... –Sorriu enquanto deixava as lágrimas rolarem livremente por sua face.

Miroku somente sorriu de leve e acenou, após isso se virou e tornou a se infiltrar na multidão.

"Última chamada para o vôo 154...".

-É a minha vez... Baka... –Murmurou enquanto pegava a foto –Provavelmente você não irá vai cumprir essa promessa, você já não cumpriu a outra que me fez antes. "não vou fazer nada com voc", não é? –Sorriu.

Começou a caminh-

***

-Obaa-chan?

A senhora virou-se e encontrou os olhinhos castanhos da neta a espiando pela fresta da porta.

-Doozo! –Sorriu.

A menina deu um largo sorriso e correu para dentro do quarto do hospital. Sentou-se na cadeira em frente ao leito de sua avó, porém fez uma careta ao ver o que estava depositado, debruçou-se sobre a cama e pegou o livro de couro enquanto suspirava.

-Lendo isso de novo Obaa-chan?

-É o meu livro de memórias, gosto de passar a tarde lendo-o com a janela aberta... Afinal, Okinawa é um lugar bastante agradável para se ler.

-Quantas vezes já terminou isso?

-Não cheguei a terminar hoje. –Riu –Mas se quiser posso terminar com você.

-Iie! –Balançou a cabeça –A história é muito bonita Obaa-chan, mas estou cansada de ouvir "Mukashi, Mukashi uma moça muito inteligente...".

A velha deu uma gostosa risada enquanto se virava para a janela.

-E sabe Obaa-chan...

-O que foi querida? –Virou-se novamente para a menina.

-Okaa-san disse que essas histórias devem ser mentiras.

-É mesmo? Mas não são querida...

-Eu sei! –Ela pulou da cadeira para a cama e abraçou a avó –Eu acredito em Obaa-chan!

Sorriu enquanto envolvia a agitada garotinha nos braços. Fitou o livro e fechou os olhos, sempre chorava na parte do aeroporto, mas dessa vez sua neta havia chego e impediu que passasse por aquilo novamente. Era incrível, os sentimentos que afloraram em seu peito quando estava no aeroporto com ele continuavam os mesmo quando se lembrava da terna cena.

Havia se passado muito tempo e Sango escreveu um pequeno relato de sua experiência mais intensa em questões de amor... Lembrava-se que havia escrito nas primeiras semanas em Londres e relia quase todos os dias.

Quanto tempo havia passado mesmo? Deviam ser quarenta e sete anos...

Sim, fazia quarenta e sete anos que havia se separado de Miroku e o maldito não havia cumprido sua palavra, mas não o culpava. Sua estada na Inglaterra se estendeu por mais três anos e quando voltou, ele não estava mais em Tokyo havia um ano.

Não podia exigir nada dele, ela mesma havia refeito sua vida, se casou teve duas filhas e agora tinha uma neta também, mas apesar de tudo os seus sentimentos por ele não haviam sumido. Ao contrário do que as outras pessoas fariam ela transformou o que seria o sofrimento em lembranças felizes, que a faziam rir em momentos de solidão ao invés de chorar.

E apesar das dificuldades que estava enfrentando agora não se deixava abater.

-A senhora está bem Obaa-san? –Perguntou a menina –Está muito doente de novo?! –Perguntou assustada.

-Iie... Estou bem.

-Que alivio! –Sorriu –A senhora estava muito quieta.

-É assim mesmo... –Riu.

A menina correu até a porta e disse.

-Vou pegar água! Já volto.

-Hai querida.

Assim que a porta bateu Sango mirou o mar pelo vidro da janela. Aquela tarde de verão estava tão calma e bonita.

Pegou o livrinho de couro e abriu na última página, a foto estava um pouco velha e amassada, mas não importava. Passou os dedos por sua superfície enquanto tinha um sorriso de satisfação nos lábios, os dois continuavam abraçados... As cabeças e mãos juntas, aquela foto era realmente bonita.

-Arigatou por tudo... Kami-sama.

Fechou os olhos cansada, porém com um sorriso plácido. Seu peito doía como se estivessem enfiando facas, mas nada disso era importante naquele momento. Algumas poucas lágrimas desceram pelo seu rosto, mas não era pelo incomodo no peito e sim por felicidade.

Estava morrendo feliz.

-OBAA-CHAN! –Ouviu.

Podia escutar vozes distantes, as pessoas falavam bastante, porém todas as palavras se misturavam em seu ouvido.

-Ajudem! Ela está enfartando!

-Onegai... Viva!

Aquelas vozes não importavam agora.

"Baka ne Miroku... Não cumpriu sua promessa, mas... Eu definitivamente não me importo com isso agora, você ainda não cumpriu, é só isso... Quem sabe na próxima encarnação?".

E nesse dia, agora Maiaki Sango faleceu... Mas aprendeu uma importante lição.

Nunca controlamos nosso coração.

O-W-A-R-I! ^_______^

N/a: *Kiki chorando de emoção* Eu acabei... Eu finalmente... ACABEI! ;___;

Bom, primeiramente olá! ^^

Aqui estamos com o epílogo de Amor Abstrato, uma história que me diverti tanto escrevendo, mas que, como tudo na vida, acabou.

OBRIGADA A TODOS QUE LERAM!!!!!!!!!!!

Antes de responder as reviews eu vou falar algumas palavrinhas, se não se importam certo?

Talvez isso que vou falar seja inútil para vocês, mas...

Bom, sempre é muito gratificante acabar algo que as pessoas deram valor, além de você ver seu projeto concluído dá aquela sensação de "dever cumprido".

Eu aprendi muito com Amor Abstrato, mesmo que tenha sido algo curto, você sempre aprende escrevendo, mesmo que seja uma linha só sempre podemos tirar algum aprendizado, afinal,acredito que para isso que estamos aqui na terra, para aprender. A própria história também me ensinou muita coisa, algumas ações de personagens foram baseadas na vida real e na verdade, esse final é alternativo também... Bom, era segredo, mas... A história de "Amor Abstrato" aconteceu de verdade ^^, claro, que de um modo ligeiramente diferente, mas aconteceu... Porém acabou de um modo muito mais triste, creio eu, que essa separação amigável.

Para fazer esse final eu me baseei nos personagens reais, por isso, se me perguntarem como Sango pode ter se casado de novo gostando de Miroku, eu fiz assim, pois com a "Sango" na realidade aconteceu desse modo e mesmo que a Sango "real" não admita isso, eu sinceramente acredito.

Falei demais dessa vez ^^' Ok, vamos as reviews ^___^ \o/!

Camis: Yo!

Sim, a fanfic acabou ^^! É uma pena mesmo, estava me divertindo tanto! Mas acabou ^^

Hai... ;__; Ela foi embora e o Miroku pode apenas aceitar a decisão, mas ele aproveitou bastante tb XD!

Hahahahahah, coitado do Miroku, ninguém tem fé nele XDDDDD

Arigatou por ler Camis ^____^! Muito obrigada mesmo!

Até a próxima!

Anna: Obrigada por ler ^^! E que bom que gostou da fanfic! Fico extremamente feliz.

Até a próxima!

Lally: Hahahha! Eu adoro fazer os personagens passarem um "pouquinho" da cota XDDD Ele não ficam uma graça? Rs

Hahahah, eu com fanfics maléficos XD? Imagine... Eu que sou tão "inocente" ^___^

Obrigada por ler Lally!

Até a próxima!

Lily: Oilá!

Hai ^^ A Sango bêbeda é bem mais legal... Huhuhu, você nem imagina o que ela fez da outra vez que bebeu XD

Bom... Num foi tão trágico, foi? XDDD Gomen lily! E aqui está o epílogo para matar sua ansiedade.

Ja ne! E até a próxima!

É isso minna... ^___^

Arigatou por tudo e deixem reviews no último cap! Onegai ;____:!!!

Bom...

Amor abstrato:

Início: 25/11/03

Término: 17/03/04

Até a próxima, né?

Kissu

Kiki (17/03/04, 17:20)