Como é o último capítulo escreverei um disclaimer descente: Os personagens não me pertencem, somente Acies Jones, Aurinko Ilkeä, aquele garoto que beijou a Chang, e outros que você não tenha encontrado no livro! E obviamente, essa fic não foi escrita com fins lucrativos!

            Capítulo 30: O Diário

            As semanas passavam e o enjôo só fazia aumentar. A cada dia sentia-se pior, não conseguia mais comer, estava fraca, mas apesar disso mais pesada. Naquela manhã seu estômago ainda estava adormecido, porém sua cabeça girava tornando o andar complicado.

            Todo seu corpo estava diferente, via-se de modo estranho no espelho, não era mais ela mesma, sentia-se mais velha. "Será que eu estou... Não... Não...". Uma idéia lhe atormentou repentinamente, tinha razões para crer que poderia estar grávida.

            -Merlim... Estou grávida... Não pode ser...

            Andava de um lado para o outro, completamente atordoada. Estar grávida era a única coisa que não poderia acontecer, primeiro porque não tinha dinheiro para sustentar uma criança, segundo porque teria que se formar para conseguir tal capital e terceiro porque só tinha quinze anos. "Não, não, não... Não, não, não... Não, não, não... Pare de negar e faça alguma coisa!".

            -Fazer o que??? Fazer... Alguma coisa, qualquer coisa... O QUE??? Ah... Que ódio... Já sei! Não... Não, não posso matar essa criança... Não... E outra, eu nem tenho certeza... São gases... –sabia que não eram gases que lhe incomodavam.

            Falaria com Acies, ela saberia o que fazer. "Não... É segredo...". Decidiu que o melhor seria ir até a biblioteca para tentar descobrir qualquer coisa que pudesse lhe indicar se estava ou não grávida, saber a verdade era o primeiro e mais importante passo.

            Procurou milhares de livros até que encontrou um que lhe chamou a atenção. Uma fácil receita que misturava ervas bem comuns era descrita passo a passo; no final o livro indicava que uma gota de sangue da mulher deveria ser misturada a ela, se a mistura ficasse vermelha o resultado era positivo.

            O problema agora seria encontrar os ingredientes dos quais precisava, pensou em pedir para Aurinko, porém ele entenderia qual era o objetivo daquilo tudo e contaria a sua família. "Então só me resta... Só me resta... Furtar...".

            Nunca antes fizera algo como aquilo, entretanto crescera aprendendo algumas técnicas com Fred e George, não seria tão difícil. Esperou Ilkeä deixar sua sala e correu até a porta. –Alohomorra...

            Adentrou o escritório, que era mais sombrio do que esperava. Demorou quase uma hora para encontrar tudo o que procurava, apesar dos ingredientes serem simples, já estava nervosa e voltou a respirar somente depois que conseguiu deixar aquele local.

            Voltou para seu dormitório e preparou a mistura. -Sim... Aqui... –estava no banheiro olhando para a meleca de ervas, pronta, exatamente como descrito no livro. Tremeu um pouco e embora soubesse que precisava fazer aquilo temia sua descoberta.

            -Vamos Ginny... Agora é tarde demais... –furou seu dedo indicador com uma agulha e deixou o sangue pingar sobre o pires. Assim que se misturou à geléia ficou rosada e em poucos segundos, muito vermelha.

            -Não... Não pode ser... –ela chorava, foi tomada por um desespero incontrolável, algo muito similar ao pânico. Destruiu o pequeno prato após jogá-lo com força contra a parede, para sua sorte todas as outras alunas estavam em aula, e ninguém ouviu o barulho.

            -O que eu vou fazer??? O que eu vou fazer... O que eu vou fazer... Não... Não, não posso estar grávida... Não posso... –deitou-se em sua cama se enrolando com os lençóis. Estava perdida, triste, deprimida, nunca pensara em ter um filho tão cedo. Sentia-se envergonhada, arrependida.

            Tudo piorou após lembrar que aquela criança tinha um pai. "Draco... Ele não vai suportar isso... É um filhinho de papai mimado, vai me largar com essa criança... DROGA!".

            Nada importava, ele tinha que saber, principalmente porque não havia feito aquela criança sozinha.

            Correu até o corujal e escolheu uma minúscula coruja, amarrou-lhe um bilhete e mandou-a atrás dele.

            -Entregue isso para Draco Malfoy, não importa onde ele esteja... Vai!

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            Para ele trocar de roupa era algo desnecessário, afinal durante as aulas de História da Magia fazia algo muito similar ao que fazia em sua cama, dormia, profundamente.

            Esperou o máximo que pôde por Ginny no Salão, mas ela não apareceu. Correu então para a classe, se posicionou sobre seu livro e fechou os olhos, aquele dia ele conseguiria até sonhar.

            Acordou assustado por uma coruja que bicava sua cabeça desesperadamente. Os alunos estavam muito interessados no bilhete que ela carregava, porém o professor nada pareceu notar.

            Abriu a mensagem e gelou.

            Preciso falar com você... Agora! Já! Espero em nossa sala... Ginny

            "O que aconteceu??? Gin..". Guardou o bilhete no bolso de sua capa e saiu disfarçadamente, Sr. Binns nem mesmo olhou para ele, continuando a aula no ritmo que lhe era peculiar.

            Suas pernas doíam muito, correra mais do que lhe foi possível, e assim que abriu a porta viu Ginny, coberta por lágrimas.

            -Gin... Gin, o que foi???

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            -Eu... Eu tenho algo para te contar... –ela tremia e se afastou do abraço. Tinha pavor do que aconteceria. –Espera... Estou com medo, pois não sei como você vai reagir...

            -Fala... Por favor...

            -Bom... A culpa não é minha, eu não queria... Mas, aconteceu... E, eu não sei o que vou fazer... –ela voltou a chorar muito. Draco estava em pânico, o que seria tão terrível?

            -Virgínia... Calma... Calma e me diz... O que há?

            -Há... Há uma criança...

            -O QUE?

            -Um bebê...

            -COMO???

            -Eu... Eu estou grávida.

            Nenhuma palavra foi dita, nenhum ruído escutado. Ginny já esperava pelos berros, gritos e até risadas irônicas, sabia que ele nunca aceitaria tal responsabilidade, mais por culpa de sua criação do que dele mesmo. Nunca fora criado para suportar esse tipo de responsabilidade, dele ela nada esperava.

            Draco olhou para o misterioso reflexo no chão, as nuvens eram tão azuis, enquanto o céu que via pelas janelas do castelo estava triste e cinza. Aquilo significava alguma coisa, mas ele não sabia bem o quê. Mergulhara em pensamentos difusos até que finalmente se atinou daquilo que acabara de descobrir: seria pai.

            O belo garoto se mantinha em um silêncio sepulcral, olhando fixamente para o misterioso chão claro. Era difícil identificar o que ele sentia, seus olhos não podia ver, mas parado como uma estátua lhe passava a impressão de não ter compreendido o que lhe fora dito.

            Nunca fora impulsivo, poucas vezes sua emoção ganhara uma batalha contra sua razão e sempre que tal acontecera Virgínia estava envolvida. Novamente ela seria a culpada por fazê-lo se esquecer de todas as outras coisas que o rodeavam, mais uma vez ela conseguia penetrar seu coração com uma força surreal trazendo lágrimas aos seus olhos.

            Finalmente ele a olhava, e o fazia de um modo que nuca antes fizera. Os fios loiros lhe caiam pela a face levemente rosada, seus olhos profundamente cinzas brilhavam como cheios de água. E assim estavam, foi o que Ginny descobriu ao notar lágrimas molhando o bonito rosto.

            Pouco se lembrava da sensação de chorar, há muito não o fazia. Ainda não conseguia entender a razão de tanta emoção, muitas informações deveriam ser processadas ao mesmo tempo, sua mente certamente não estava preparada para isso. "Draco... Uma criança...". Sim, uma criança que seria sua, somente sua e de mais ninguém.

            -Meu...

            -O que? –Ginny soluçou após não entender o lhe fora dito.

            -Meu... Meu filho... –ele suspirou ainda a encarando serenamente.

            Ginny sabia que nunca se esqueceria do que via. Draco acabara de se entregar a algum sentimento para ele desconhecido e se deixou chorar em meio um largo e lindo sorriso.  

            -Eu não sei ainda o que faremos... Não sei como... Mas... Essa é a melhor notícia que já recebi em toda a minha vida!!!!

            Acolhida em meio aos braços dele pensava que tudo aquilo só podia ser um sonho, mais um de seus devaneios. Sua vida havia se tornado um sonho desde o momento em que havia conhecido Draco.

            -Somos muito novos... E também... –ela inconscientemente propôs o problema

            -Eu não me importo... –ele disse. –Temos tempo para pensar nos problemas... E eu sei que serão vários...

            -Não sei se posso cuidar de uma criança... –ela chorava

            -Você não pode. Eu não posso. Nós podemos... Tenho certeza...

            -Onde essa criança vai morar??? Como vai ser educada... Quem vai... –ela se afastou dele

            -Gin... Ouça uma coisa... Eu sei que como a grande maioria das pessoas você também acha que sou somente um garoto mimado, que teve sempre tudo o que desejou, -ele falava de um modo diferente, com uma maturidade inesperada –eu não nego. Nada me faltou, nunca... Moro em uma bela casa cheia de serviçais, sempre tive toneladas de brinquedos com os quais não brincava...

            -Draco...

            -Espere... Só um pouco. Apesar disso fui criado de um modo que não me permitiu ser criança por muito tempo... Agora que é mãe de meu filho deve saber sobre a real fortuna dos Malfoy...

            -Eu não quero o seu dinheiro...

            -Tenho a minha própria... Investimentos que faço em determinados ramos. Sou rico, e todo o dinheiro é meu, não vivo de heranças, mas de trabalho...

            -O que isso tudo significa???

            -Faço o que quiser de minha vida...

            -E o que você quer???

            -Ficar com  você...

            Sua resposta a trouxe amavelmente de volta para ele. Entendia perfeitamente os medos de sua pequena ruiva, afinal ele também os tinha, porém sentia-se responsável por ela. A maior tarefa que a vida lhe propunha seria tomar conta daquela mulher, que ainda parecia uma menina, deveria ser o elo forte que os manteria sempre unidos.

            -Mas eu não posso depender de você...

            -Você depender de mim??? –ele perguntou espantado. –Virgínia eu dependo de você... Carrega a coisa que mais me é cara! Dependo de você desde o momento em que te conheci, e assim será até minha morte...

            A seriedade na voz de Draco fazia com que aquelas palavras soassem como um juramento, entretanto para Ginny formavam a mais bela declaração de amor. E após escutá-lo atentamente deixou-se confortar no peito dele.

            -Gin... –ele sussurrou

            -O que? –ela perguntou com carinho

            -Por acaso você já pensou no quão pura será essa criança???

            Nada pôde fazer, mas sorrir. Aquilo era exatamente o que esperaria dele.

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            Naquela tarde não foi às aulas, seria impossível se concentrar após tantas coisas que haviam acontecido. Andava debilmente pelos campos gelados de Hogwarts, imaginando que por longos meses teria uma constante companhia, alguém que estava mais perto dela do que qualquer outra pessoa.

            A baixíssima temperatura a fez tremer, porém a visão do sol entre as brancas nuvens a fez ficar. Sentou-se em um grosso galho de uma velha árvore que ficava perto do lago, e por um longo tempo parou de pensar para observar o efeito da brisa sobre a água.

            Combinara com Draco que naquela noite contariam a novidade para Acies, apesar de estar temerosa quanto ao que aconteceria se um de seus irmãos ficasse sabendo. Mesmo assim entendia que precisariam de mais alguém para os ajudar.

            Tomou um longo banho muito quente, acariciava seu ventre de um modo diferente, com o carinho que uma mãe tem para com seu filho. "Você será lindo... Um lindo menino... Eu tenho certeza!".

            Trocou-se rapidamente e ao se olhar no espelho notou o quanto mudara desde aquela manhã de Setembro, quando falara com ele pela primeira vez. Estava toda vestida de negro, os sapatos envernizados brilhavam, após conhecer Draco passava parte de suas noites envernizando os sapatos e passando sua capa. O seu cabelo cor de vinho estava muito bem penteado, seguro por uma bela tiara dourada de três tiras.

            "Creio que você está... Hum... 'Aceitavelmente' bela!".

            Desceu lentamente os degraus da antiga escada de pedra que levava até o Grande Salão. Cumprimentou todas as pinturas que naquela noite a saldavam animadamente, alguns até lhe ofereciam chá e biscoitos.

            -Boa noite, senhor! Boa noite...

            Enquanto caminhava vagarosamente pensou no quanto a reação de Draco a surpreendera. Chegou a se culpar por um breve momento, pensando que pouco sabia sobre aquele que seria o pai de seu filho, porém esse período logo passou, afinal ela sabia muito bem que a exceção havia sido a reação dele e não seu pensamento. "Qualquer outra pessoa pensaria o mesmo...".

            -Agora você precisa de um nome, não posso passar nove meses te chamado de nenê... Não é mesmo???

            "Há belos nomes para meninos, e como tenho certeza que você será um menino... Vamos lá, qual deles você prefere? Pensei em vários nomes lindos e fortes... Você poderia se chamar Magnus... É muito belo! Gosto também de Augusto, ou mesmo Augustus... Mas o único Augustus que conheço é o pai de Acies... Não é exatamente um bom exemplo".

            -Mas sei um melhor, nenê... Você terá o mesmo nome que meu pai, Arthur. Nome de um homem forte, uma personalidade histórica, grande general! Você sabia...? Já ouviu os contos do rei Arthur? Há quem diga que ele nada foi, afinal lhe coroaram anos após sua morte, porém eu acho que Arthur foi um homem brilhante! Foi amado enquanto vivo e isso é o que importa... Arthur...

            O hall estava ainda vazio, apesar de já ser noite. O frio era intenso, entretanto Ginny decidiu que seria bom observar o escuro céu, que  estava muito limpo, evidenciando estrelas e constelações. Andou pela grama úmida que mantinha o silêncio mesmo enquanto ela se movia, olhou para cima e viu-se logo a baixo das estrelas do Dragão; sentiu-se fortemente tocada por aquela constelação que emanava sobre ela uma estranha luz e um forte poder.

            -Arthur, a constelação do Dragão... Você nascerá sob seu poder e será belo e forte como ela! Meu filho, essas são suas estrelas...

            Antes que pudesse se virar para voltar ao castelo ouviu uma fria voz. –Boa noite, Virgínia Weasley...

            -Quem é... –logo deu de cara com Aurinko Ilkeä. Os olhos azuis sobre ela pareciam maus. –Aurinko?

            -Boa noite... Sei que é educada o bastante para responder...

            -O que aconteceu com você?–algo dentro dela dizia que estava sendo ameaçada. O instinto fez com que desse vários passos para trás. –O seu... O seu... O modo como fala... Quem é você???

            -Virgínia... Ginny! Antes de lhe dar explicações, sei que VOCÊ me deve algumas, não é mesmo??? –ele se aproximava sorrindo sarcasticamente. –O que foi fazer em meu escritório hoje???

            -Não fui ao seu escritório... –ela tentou correr, mas ele a segurou pelo braço. –Me largue!

            -Não grite criança... Não se estresse a toa, minha pequena... Não preciso de respostas se não as quer me dar. Acalme-se, nunca se esqueça que há alguém que depende de você, e de seu humor.

            -Do... Do que... Do que está falando???

            Ele deu uma risada fria. –Do que será... Pense bem... –puxou-a para perto e sussurrou em seu ouvido. –Está grávida. Eu sei... E agora deverá vir comigo!

            -NÃO! NÃO VOU! –se contorceu com todas as forças que ainda tinha, entretanto os braços do homem foram mais fortes. Tinha que fazer alguma coisa, mas não sabia o que. Ainda se mexendo percebeu o diário em seu bolso, ele era sua única esperança. Com grande dificuldade conseguiu tocá-lo, puxou-o para fora e jogou no exato local onde estava.

            -Sopire! –escutou a palavra e aos poucos sua visão escureceu, logo perdeu os sentidos.

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            Não teria paciência para qualquer aula que fosse, estava muito feliz com a notícia e a única coisa em que conseguia se concentrar era na imagem que criara de sua filha. Incrivelmente sabia que aquela criança seria uma bela menina, que em seus pensamentos tinha longos cabelos platinados e enormes olhos azuis. "Você está sendo um pouco egoísta... Fora o fato que nenês nascem carecas...". Agora via uma bela menina, de pele muito branca, cabelos ainda loiros mas enormes olhos castanhos.

            Todos os outros slytherins seguiam para as estufas, por inércia fez o mesmo, entraria naquela aula, pois demandava pouquíssima ou nenhuma atenção. Acomodou-se confortavelmente em um dos bancos duros de madeira, aparentemente naquele dia aprenderiam novos cortes.

            -Bom dia alunos! –a pequena e roliça professora falou animadamente. –Hoje aprenderemos novos cortes que ajudarão na matéria de Poções... –mais uma tentativa imbecil de se seguir metodologias muggles idiotas de ensino.

            Agradeceu por ter feito par com um garoto muito inteligente que fez questão de fazer tudo sozinho. –Malfoy, posso cortar essa daqui???

            -Lógico, fique a vontade... –dizia olhando para o chão.

            -E essa... Sprout disse que é o corte mais complexo, posso tentar???

            -Toda sua...

            O tempo demorava muito a passar, e ao ouvir a frase estão dispensados correu para o castelo. A primeira coisa que fez ao chegar em seu quarto foi tomar um bom banho de águas ferventes. "Minha filha deverá ter um belo e poderoso nome...". Já se ensaboava pela terceira vez quando decidiu nomear a criança. "Pense... Talvez Ailis... É um belo nome de rainha. Há também Sophie... Mas creio que o melhor de todos os nomes seja Helena... Minha filha se chamará Helena, nome nobre, com um belo significado... Luz...".

            Enxugou-se e enquanto procurava por uma vestimenta adequada pulava e cantava completamente nu pelo quarto. Crabbe e Goyle adentraram o recinto com uma demasiada e engraçada cautela, moviam suas pernas como se cada uma delas pesasse várias toneladas.

            -Malfoy???

            -Vincent... Gregory... Como estão?

            -Malfoy, está bem???

            -Vincent... Malfoy??? Somos amigos há tanto tempo... Não há necessidade de me chamar pelo sobrenome, me chamo Draco...

            -Tá... Tá bom, Dr... Dra... Draco... –o garoto disse com enorme dificuldade, e com ainda mais medo se aventurou a continuar. –Será que se eu perguntar por que está tão feliz estarei me intrometendo em sua vida?

            -Obviamente... Sim... Minha felicidade interessa somente a mim...

            -Me desculpe... –o menino saiu cabisbaixo

            Admirou-se no espelho e gostou do que viu. "Draco, você é lindo, sabia... Sim, eu sei...". Antes de deixar o dormitório lamentou a demora no serviço de entrega dos ourives de Hogsmeade. Havia pedido uma insígnia de sua família, uma bela peça de ouro, um M circundado por um dragão, deveria dá-la para Virgínia, mãe de sua primogênita.

            Queria chegar logo até o salão, para isso fez o caminho em passos rápidos. Contudo, antes de chegar ao Hall sentiu uma forte pontada em seu coração, encostou-se à parede e pensou no que seria aquilo. Começou a se lembrar de tudo o que acontecera durante aquele dia, e chegou a uma conclusão. "Ginny pensou que eu não aceitaria a criança... Que eu a deixaria só...". A partir disso entendeu que deveria mudar seu comportamento, ao menos frente àqueles que amava.

            -Ah... –alguém grande acabara de o atropelar.

            -Malfoy, por que não sai do caminho? –Weasley perguntou grosseiramente   

            -Por que você está sempre no MEU caminho???

            -Você pára no meio da escada e quer que todos desviem de você?

            -Potter, como você é inteligente... Espanto-me com tal sapiência... –disse em tom jocoso

            -Eu... Eu... Vou quebrar sua cara! –Weasel parecia descontrolado

            Ele estava feliz demais para brigar, e nem mesmo o monte de entulhos que era Weasley conseguiria o tirar do sério. Fingiu não ouvir o que ele dizia e continuou andando.

            -Está com medo???

            -Não... –ele respondeu simplesmente ainda de costas. O ruivo continuou a falar coisas de um modo que não era possível entender, repentinamente Draco se virou para o garoto, olhou no fundo de seus olhos e inconscientemente se lamentou. –Pobre Helena... Quem consegue ser feliz com um tio desses...

            -O que??? O QUE ESTÁ FALANDO??? Quem é Helena???

            -Ninguém... Ninguém... –notou o quão estúpida havia sido sua colocação.

            Deu mais alguns passos até avistar Acies parada em frente à porta do salão, procurando algo em sua bolsa. Como na maioria das vezes estava só, poucas pessoas conversavam com ela e todos que o faziam tinham segundas intenções. Draco sabia que ela pouco ligava para essas coisas, entretanto era notório que tal solidão a deixava a cada dia mais triste e calada.

            -Acies Jones... –ele disse, vendo-a se assustar.

            -Oi Draco...

            -O que você está procurando???

            -Meu trabalho de Aritmancia... Que droga! Tinha ficado tão bom... Pelos meus cálculos no próximo mês quebraria as duas pernas em três lugares diferentes, e até o final do ano não estaria viva...

            -Acho que foi longe demais...

            -Espero que sim!!! Mas a posição das estrelas anunciou minha morte...

            -Credo!!!

            A menina riu. –O que você quer me contar??? –perguntou com o rosto ainda enfiado dentro de sua bolsa.

            -Bom... Bom... É uma coisa MUITO boa... Pelo menos eu acho... Mas não vou contar agora. –ele queria que Ginny estivesse junto.

            -Você está feliz mesmo... –ela o observou atentamente

            -Pare! Não leia minha mente, se não vai estragar a surpresa...

            -Tá bom... Mas eu sou curiosa...

            -Eu sei... Espera só um pouco...

            Entraram juntos no Salão, jantaram e continuaram esperando. Virgínia não chegava, horas se passaram e ela não descia. Estava ficando muito nervoso e preocupado.

            -Draco... O que está acontecendo...?

            -Ela já devia estar aqui...

            -Quem??? Me diga agora o que está acontecendo...

            -É que... Bom... Eu e a Ginny queríamos contar juntos... Assim... –ele sabia que estava muito vermelho. –Bom... AH! Eu vou ser... Bom, bem, assim... Virgínia está grávida...

            -Grávida??? Não... Não pode ser... –ela dizia olhando para o chão. –Onde ela está???

            -Não sei... Por que???

            -Ilkeä não veio...

            -Acies... Se Ilkeä não estava aqui, e Ginny  também não... Isso...

            -Vamos... Vamos atrás dela...

            Os dois corriam pelos corredores, até que Draco chegou a uma desagradável conclusão e por tal parou a outra garota.

            -Acy... Se a levaram... O filho dela não é meu, é do Potter...

            -Draco... –ela disse calmamente –ela te deu um amuleto... Qual é a forma dele???

            Ele tirou a bela serpente de seu bolso. –Uma serpente...

            -Sim. Uma serpente...

            Logo que entendeu o que tudo aquilo significava fixou seus olhos em um ponto da grama escura. Sentiu como se seu coração tivesse parado de bater, identificou um pequeno caderno de couro.

            Aproximou-se cautelosa e vagarosamente, abaixou-se e levantou-o. As páginas que tocaram a relva estavam muito úmidas e em alguns pontos as letras haviam borrado. Olhou para o céu muito negro, estava logo abaixo das estrelas do dragão.

            -Eles a levaram...

Um final com cara de novo começo, reparem que até o título desse capítulo é o mesmo que o do primeiro... Sim, o pessoal das reviews disse que prefere uma nova fic! Semana que vem começaremos a seqüência... Ou até antes, quem sabe??? Por favor leiam o "pseudo" capítulo 34, escrevi com muito carinho para vocês...