LOIS LANE
Depois de se reunir com Chloe e descobrir a localizacão de Milton Moses Fine, Clark se depara com um acontecimento inusitado envolvendo Lois Lane.
Capítulo 3 - Um Estranho Acontecimento
Eram férias escolares, mas Smallville High sempre tinha suas portas abertas para os alunos mais aplicados, como Chloe Sullivan, que se esmerava em seus trabalhos no editorial do Jornal do Colégio, mesmo nas temporadas em que ninguém gostava de passar em frente à fachada do prédio. Suas únicas companhias eram o zelador e o seu computador. Concentrada numa pesquisa a respeito de um misterioso negócio a ser fechado entre a LuthorCorp e a Wayne Industries, de interesse para Smallville, Chloe quase não percebeu Clark entrar na sala. Fechando todas as janelas do browser, levantou a cabeça por trás do monitor e sorrindo, disse:
"Ei! Achei que você não vinha!"
Clark sorriu e largou um livro que tinha emprestado da amiga, sobre a mesa.
"E, então? O quê você queria falar comigo?", perguntou ele, sentando-se numa cadeira próxima e que ficava de frente para a mesa da amiga.
Chloe suspirou. Estava com um aspecto de cansada. Havia ficado acordado até tarde, conversando com a prima Lois Lane.
"Você se lembra daquele artigo que lemos na Internet, sobre aquele famoso mentalista, Milton Moses Fine?", perguntou Chloe, referindo-se a um homem com incrível poder mental, cuja capacidade de estendia à de ler pensamentos.
Clark ficou pensantivo. O nome não era estranho, até que ele se lembrou. Meses atrás, Chloe o havia ajudado a encontrar nomes de cientistas que pudessem ajudar seu amigo Ryan, logo depois que este ficou internado num hospital psiquiátrico em Metrópolis, sob os cuidados do perigoso neurologista Mark Waid. Ryan estava sofrendo de uma doença degenerativa ocasionada por um tumor no cérebro. Não havia cura e o tempo se esgotava. Junto com nomes interessantes que poderiam ajudá-lo, mas que não obtiveram um resultado satisfatório, Chloe e Clark encontraram o tal Fine, que tinha a capacidade de ler pensamentos, assim como Ryan. Mas antes que Clark pudesse sair à busca de Milton Moses Fine, Ryan faleceu.
"Lembro", respondeu Clark, com muita tristeza ao recordar os últimos momentos com o garoto Ryan.
Percebendo o desconforto do amigo, Chloe continuou:
"Como não pudemos ajudar Ryan, achei que podíamos, pelo menos, contatar esse sujeito, para termos certeza de que não tinha mesmo nada que pudéssemos fazer e, assim, evitar que outras pessoas como Ryan possam ter mesmo fim".
Clark levantou os olhos. Na verdade, Chloe não sabia que Ryan também era mentalista, que podia ler pensamentos, mas que tinha grande capacidade mental, mas ela sabia que encontrar Milton Fine, poderia não apenas ter ajudado a salvar Ryan, mas também, a salvar o próprio Fine de um risco de adquirir a mesma doença a que o amigo de Clark foi acometido. Admirado pela atitude de Chloe, perguntou:
"Então você o localizou?", referindo-se ao fato de que, embora não tivessem tempo para salvar Ryan, o empecilho maior que os impediu de contatar o mentalista, era o fato de que não o haviam localizado, tendo eles apenas lido a seu respeito num editorial do infame "Inquisitor".
Com seu sorrisinho triunfal, Chloe mostrou a Clark os impressos que tirou da Internet. Olhando um a um, inclusive fotografias do tal mentalista, Clark perguntou, ao ler uma manchete:
"O Incrível Brainiac?"
"É...", respondeu ela. "Ele trabalha num circo de aberrações. Esse é o nome artístico dele".
Clark fica alarmado.
"Parece que ele tem problemas com alcoolismo e a ciência não coloca muita fé nele. Sua única alternativa parece ter sido se aliar aos esquisitos", continuou Chloe, relatando as informações contidas nos impressos que Clark folheava, justificando o fato dele se apresentar num circo de bizarrices.
"Que mórbido", comentou ele, olhando para uma fotografia do sujeito, ao lado da mulher e assistente, Janet Jones. Sua fragilidade física comparada ao poder mental que detinha, era impressionante. "E como vamos encontrá- lo?"
"Adivinha só", respondeu Chloe, sorridente, mostrando um cartaz anunciando a vinda do Circo Maximus à Smallville, no próximo outono, onde estava em destaque a sua mais importante "atração": 'O Incrível Brainiac'.
Clark pegou o anúncio. Era estarrecedor.
"E se ele já estiver com a doença que matou Ryan?", perguntou, inesperadamente. Era um fator do qual os dois ainda não haviam cogitado. Chloe ficou pensativa e disse:
"Tem razão. Talvez esperar mais uns dois meses possa ser tarde. Amanhã vou ligar para o Departamento Nacional de Arte e Cultura para ver como posso ter a agenda de parques de diversão e circos, já que não encontrei nada a respeito".
Clark sorriu, entregando os impressos de volta à amiga. Orgulhoso da sua iniciativa, pediu que o mantivesse informado. Sua idéia, era chegar antes, para alertá-lo do possível perigo que ele estava correndo. Não seria mais como salvar Ryan, mas era uma outra vida que estava em risco.
Depois de algum silêncio, Clark perguntou à amiga, mudando de assunto, e cheio de interesse:
"E como está a sua prima? Já se acostumou aos ares de Smallville?"
Chloe sorriu, enquanto trabalhava no computador:
"Na verdade, acho que ela nunca vai se acostumar", respondeu. "Smallville é pequena demais para ela...", completou, referindo-se ao fato de que, vinda de uma grande metrópole, apenas o céu era o limite para Lois Lane.
"O quê a trouxe aqui?", perguntou Clark, curioso. Tentou o máximo possível, não demonstrar interesse. Chloe era esperta, e logo entenderia suas pretensões, se não fosse cauteloso.
"Ela não entrou em detalhes, mas disse que está escrevendo um artigo para o jornal da escola dela", continuou Chloe. "Acho que é coisa de família, mesmo. Ela também é a chefe do editorial e apaixonada por jornalismo", respondeu Chloe. "Sabe como é, aspirantes de jornalismo são tão cheios de mistério, quanto os próprios jornalistas já formados...", continuou, concentrada, na leitura das manchetes de notícias do mundo inteiro que recebia por e-mail, todos os dias.
Clark sorriu, concordantemente, e cada vez mais interessado.
"Acho que ela não me conta muita coisa por causa disso. Deve imaginar que sou uma concorrente que pode prejudicá-la... como se já fôssemos jornalistas profissionais e trabalhássemos em jornais rivais! Mas, enfim, eu gosto dela apesar de nos falarmos pouco. Nossos interesses são os mesmos, e isso mais ajuda do que atrapalha. Ano que vêm, ela também vai tentar uma bolsa na melhor faculdade de Metrópolis e um estágio no Diário Planeta".
"Vocês duas são bem parecidas", comentou Clark, referindo-se às mesmas pretensões.
Chloe parou de ler seus e-mails e fitou o amigo:
"Na verdade, nossas semelhanças páram por ai", e antes que Clark perguntasse do quê a amiga estava falando, ela continuou: "Lois é tão determinada como eu, mas o quê eu vou te dizer agora, morre aqui", depois de uma pausa, tendo Clark concordado com um aceno, Chloe prosseguiu: "Ela tem uma mágoa terrível do pai, que sempre disse que queria que seu primeiro filho fosse um menino. Uma vez, ela me disse que ela ia se arrepender disso".
Surpreso, Clark encostou na cadeira e continuou a ouvir a estória:
"Depois que ela ouviu isso dele, escondida atrás da porta, tudo mudou. Não sei explicar, não sou psicóloga, mas Lois Lane se tornou mais forte. Parece que, mais do que querer provar alguma coisa para si mesma, ela quer é provar algo para o pai dela", completou Chloe.
"Isso soa um tanto 'luthoriano', não é?!", perguntou Clark, lembrando do problema de Lex com o pai, Lionel Luthor.
"Não sei", respondeu Chloe, com o olhar perdido. "Mas, às vezes, ela me mete medo... A determinação dela não tem limites".
Clark encarou Chloe. Afinal, não eram tão diferentes. Lembrou do episódio em que a amiga lhe revelou ter sido procurada por Lionel Luthor para juntar informações a seu respeito e de sua família em troca de uma vaga no Diário Planeta. Mas Chloe não era uma pessoa má. E, talvez, nem Lois Lane fosse tão perigosa, como a prima dizia.
De repente, o telefone celular de Chloe começou a tocar. Ao atendê-lo, Clark não pode evitar de ouvir a conversa com a sua audição especial, quando descobriu que se tratava de Lois.
"Chloe", disse Lois, com a voz bastante distante, "acho que peguei um atalho errado para a mansão dos Luthor".
"Onde você está?", perguntou a prima, preocupada, levantando e indo na direção da janela, para ouvir melhor.
"Não sei ao certo... Teve um acidente na estrada e peguei outra rota. Depois de um tempo o seu carro parou de funcionar. Não tem placa aqui por perto e nenhum carro passa há meia-hora! Espere, acho que vem vindo alguém!"
Então, a ligação caiu.
"A bateria dela deve ter acabado...", disse Chloe, virando-se para Clark, que já não estava mais ali.
Com sua super velocidade, Clark chegou à única estrada de Smallville que dava acesso à mansão Luthor. De uma certa distância, pôde visualizar que, realmente, havia acontecido um acidente na estrada. A polícia já estava no local e um carro da ambulância. Um caminhão havia capotado, atingindo uma caminhonete azul. Correu, normalmente, para ver do que se tratava.
"Xerife!", exclamou ele. "O quê aconteceu?"
"O quê está fazendo aqui, Kent?", perguntou ela, grosseiramente, como sempre. Sabendo, porém, que ele não sairia enquanto não soubesse o que tinha acontecido, respondeu: "Esse caminhão que vinha de Metrópolis parece ter capotado do nada atingindo um carro com uma família inteira. Mas estão todos bem, felizmente. Agora, pode circular, Clark".
A xerife lhe deu as costas e continuou colocando ordem no local do acidente, e Clark olhou ao redor, depois de checar que não havia feridos graves, ficou imaginando qual caminho Lois Lane tinha tomado como alternativa para chegar à mansão Luthor, tal como ouviu na conversa dela com Chloe.
"Xerife!", chamou ele, mais uma vez.
Ela se virou e, indignada por ele ainda estar ali, perguntou:
"O quê foi, agora?"
"Passou por aqui, um conversível vermelho?", perguntou ele, referindo-se ao carro de Chloe, que não estava no estacionamento do colégio e tudo indicava estar com Lois Lane, de acordo, também, com a conversa que ele ouviu pelo telefone.
"Passou. Falei para ela pegar aquele trecho", respondeu ela, indicando uma trilha que cortava a floresta. "Vai dar numa estrada alternativa".
"Obrigado, xerife!", disse Clark, indo na direção apontada.
"Espere, vai correndo? É muito longe essa trilha!", gritou a xerife, enquanto Clark se dirigia à estrada.
"Não tem problema!", respondeu ele, continuando a correr normalmente em direção à floresta.
"Garoto esquisito", murmurou a xerife, para si mesma.
Depois de sumir pela floresta, Clark usou sua super velocidade até chegar à estrada alternativa que a xerife mencionou. Realmente, ela dava para o mesmo acesso à mansão Luthor. Porém, não muito longe de onde estava, Clark viu o carro de Chloe fora da estrada, no acostamento. A porta do lado do motorista estava aberta, mas não havia ninguém por perto. Olhou ao redor, inclusive na floresta, usando sua visão de raio-x, para ver se tinha alguém por perto, mas nada encontrou. Correu, então, velozmente até o carro, e viu, em frente ao veículo, Lois Lane desmaiada ao chão. Correu para socorrê- la, não sem antes usar sua visão de raio-x para averigüar se havia alguma fratura. Mas ela não tinha nenhum ferimento grave, exceto um pequeno corte no lado esquerdo da testa.
Clark tentou reanimá-la, mas foi em vão. Pegou-a, então, nos braços, e a colocou no banco de trás do carro. Certificou-se, novamente, de que não tinha mais nenhum ferimento. Depois de ajeitá-la no banco, com cuidado, viu sua bolsa jogada no mato. Caminhou para buscá-la, imaginando que havia sido vítima de um assalto. Todos os seus pertences estavam espalhados. Juntou os documentos e a carteira. Nada de valor parecia estar faltando. Cartões de crédito e até mesmo dinheiro estavam intactos, o que o deixou um tanto desconfiado. Colocou tudo de volta na bolsa e antes de dirigir até o Centro Médico Hospitar de Smallville, verificou se Lois ainda estava incosciente. Seu rosto estava sujo e Clark passou, delicadamente, a ponta dos dedos na sua face, para tirar a poeira do asfalto misturada com o pouquinho de sangue que corria da testa. Tinha um rosto delicado e enquanto afastava algumas mechas do cabelos dos olhos, descobriu que eles também eram macios, assim como sua pele.
Quando chegou em frente ao hospital, recebido pelos enfermeiros que já o aguardavam e que atenderam prontamente Lois Lane, Clark se aproximou de Chloe, que também o esperava, depois de ter sido avisada por ele, pelo celular de Lois, acerca do que havia acontecido.
Nervosa, Chloe, que assistia a prima ser levada às pressas para a sala de emergência, onde verificariam a gravidade da lesão, perguntou:
"Como foi isso? Meu Deus, meus tios vão me matar!"
"Calma, ela vai ficar bem... Só está desmaiada", disse Clark, abraçando a amiga. Não muito longe deles estava Lana, encostada no seu carro, próximo de onde Clark parou. Depois de ser avisada por Clark, sem ter como ir ao Hospital, Chloe ligou para Lana, pedindo uma carona. Ao vê-la, Clark levantou as sobrancelhas, como se a estivesse cumprimentando. Lana se aproximou dos dois e Chloe perguntou se ele não tinha visto ninguém por perto do local do incidente.
"Não vi ninguém, Chloe", respondeu Clark. "Mas não sei se foi um assalto, pois a bolsa estava largada no mato, com todos os seus pertences".
Lana cruzou os braços e enrugou a testa.
"Talvez a pessoa tenha visto que estava chegando alguém pela trilha na floresta e se escondeu, deixando tudo para trás", sugeriu ela.
Clark concordou que era uma possibilidade, mesmo sabendo que não havia ninguém mais às espreitas.
"Mas o quê ela ia fazer na mansão Luthor?", perguntou Lana, tão curiosa quanto Clark, que, até então, preferia omitir seus interesses pela pessoa de Lois Lane, para não causar algum mal estar em Chloe e Lana.
Chloe deu de ombros:
"Disse que tem a ver com o trabalho que está fazendo. No fundo, acho que ela está escrevendo algum artigo sobre grandes empresários de Metrópolis que largam tudo e vão para o fim do mundo investir em negócios que podem dar em nada", respondeu.
"Será?", perguntou Lana, achando pouco provável, uma vez que que diversos jornalistas do Inquisitor e do próprio Diário Planeta já tinham vindo à procura de Lex, com essa mesma pretensão.
"Na verdade, estou chutando", respondeu Chloe. "Deve ser qualquer coisa que cause polêmica. Lois Lane não viria de tão longe por pouca coisa..."
"Você é a parente da vítima?", perguntou para Chloe uma enfermeira próxima da porta, e que vinha da sala de espera.
"Sim", respondeu Chloe, aproximando-se dela.
"Preciso que você preencha um formulário, enquanto o Dr. Daves a está atendendo".
"Claro", disse Chloe, entrando no hospital.
Lana e Clark se entreolharam e ele perguntou:
"Você quer entrar?"
"Não", respondeu ela, sorrindo, porém, preocupada com a prima de Chloe. "Eu quero ficar um bom tempo longe de hospitais", completou, referindo-se ao árduo tratamento fisioteráptico pelo qual passou meses atrás, após um acidente quando pisoteada por um cavalo no celeiro. "Só vou esperar para ver como a Lois está e tenho que voltar para o Talon".
Clark assentiu com a cabeça. Já não estava mais tão preocupado, pois sabia que Lois não havia sofrido fraturas e que, além do mais, a caminho do hospital, ela já parecia dar sinais de estar recobrando a consciência. De repente, Lana sorriu, e Clark pergntou o quê era.
"É que alguém esqueceu de dizer à prima da Chloe que Clark Kent era o herói de plantão em Smallville", disse ela, referindo-se às inúmeras vezes que ele a salvou e aos demais amigos de perigos inimagináves.
Clark sorriu. E, naquele momento, olhando para Lana, sorridente e com os olhos cheios de brilho, sob a luz do sol que estava a pico, sabia que sempre estaria ao seu lado e que sempre a protegeria quando precisasse. Mas que já não era mais amor que ele tinha a oferecer, e sim, sua eterna amizade.
"Ei, pessoal!", exclamou Chloe, muito sorridente e com lágrimas ainda nos olhos, da porta do hospital. "A Lois está bem e já está acordada!"
Continua...
Depois de se reunir com Chloe e descobrir a localizacão de Milton Moses Fine, Clark se depara com um acontecimento inusitado envolvendo Lois Lane.
Capítulo 3 - Um Estranho Acontecimento
Eram férias escolares, mas Smallville High sempre tinha suas portas abertas para os alunos mais aplicados, como Chloe Sullivan, que se esmerava em seus trabalhos no editorial do Jornal do Colégio, mesmo nas temporadas em que ninguém gostava de passar em frente à fachada do prédio. Suas únicas companhias eram o zelador e o seu computador. Concentrada numa pesquisa a respeito de um misterioso negócio a ser fechado entre a LuthorCorp e a Wayne Industries, de interesse para Smallville, Chloe quase não percebeu Clark entrar na sala. Fechando todas as janelas do browser, levantou a cabeça por trás do monitor e sorrindo, disse:
"Ei! Achei que você não vinha!"
Clark sorriu e largou um livro que tinha emprestado da amiga, sobre a mesa.
"E, então? O quê você queria falar comigo?", perguntou ele, sentando-se numa cadeira próxima e que ficava de frente para a mesa da amiga.
Chloe suspirou. Estava com um aspecto de cansada. Havia ficado acordado até tarde, conversando com a prima Lois Lane.
"Você se lembra daquele artigo que lemos na Internet, sobre aquele famoso mentalista, Milton Moses Fine?", perguntou Chloe, referindo-se a um homem com incrível poder mental, cuja capacidade de estendia à de ler pensamentos.
Clark ficou pensantivo. O nome não era estranho, até que ele se lembrou. Meses atrás, Chloe o havia ajudado a encontrar nomes de cientistas que pudessem ajudar seu amigo Ryan, logo depois que este ficou internado num hospital psiquiátrico em Metrópolis, sob os cuidados do perigoso neurologista Mark Waid. Ryan estava sofrendo de uma doença degenerativa ocasionada por um tumor no cérebro. Não havia cura e o tempo se esgotava. Junto com nomes interessantes que poderiam ajudá-lo, mas que não obtiveram um resultado satisfatório, Chloe e Clark encontraram o tal Fine, que tinha a capacidade de ler pensamentos, assim como Ryan. Mas antes que Clark pudesse sair à busca de Milton Moses Fine, Ryan faleceu.
"Lembro", respondeu Clark, com muita tristeza ao recordar os últimos momentos com o garoto Ryan.
Percebendo o desconforto do amigo, Chloe continuou:
"Como não pudemos ajudar Ryan, achei que podíamos, pelo menos, contatar esse sujeito, para termos certeza de que não tinha mesmo nada que pudéssemos fazer e, assim, evitar que outras pessoas como Ryan possam ter mesmo fim".
Clark levantou os olhos. Na verdade, Chloe não sabia que Ryan também era mentalista, que podia ler pensamentos, mas que tinha grande capacidade mental, mas ela sabia que encontrar Milton Fine, poderia não apenas ter ajudado a salvar Ryan, mas também, a salvar o próprio Fine de um risco de adquirir a mesma doença a que o amigo de Clark foi acometido. Admirado pela atitude de Chloe, perguntou:
"Então você o localizou?", referindo-se ao fato de que, embora não tivessem tempo para salvar Ryan, o empecilho maior que os impediu de contatar o mentalista, era o fato de que não o haviam localizado, tendo eles apenas lido a seu respeito num editorial do infame "Inquisitor".
Com seu sorrisinho triunfal, Chloe mostrou a Clark os impressos que tirou da Internet. Olhando um a um, inclusive fotografias do tal mentalista, Clark perguntou, ao ler uma manchete:
"O Incrível Brainiac?"
"É...", respondeu ela. "Ele trabalha num circo de aberrações. Esse é o nome artístico dele".
Clark fica alarmado.
"Parece que ele tem problemas com alcoolismo e a ciência não coloca muita fé nele. Sua única alternativa parece ter sido se aliar aos esquisitos", continuou Chloe, relatando as informações contidas nos impressos que Clark folheava, justificando o fato dele se apresentar num circo de bizarrices.
"Que mórbido", comentou ele, olhando para uma fotografia do sujeito, ao lado da mulher e assistente, Janet Jones. Sua fragilidade física comparada ao poder mental que detinha, era impressionante. "E como vamos encontrá- lo?"
"Adivinha só", respondeu Chloe, sorridente, mostrando um cartaz anunciando a vinda do Circo Maximus à Smallville, no próximo outono, onde estava em destaque a sua mais importante "atração": 'O Incrível Brainiac'.
Clark pegou o anúncio. Era estarrecedor.
"E se ele já estiver com a doença que matou Ryan?", perguntou, inesperadamente. Era um fator do qual os dois ainda não haviam cogitado. Chloe ficou pensativa e disse:
"Tem razão. Talvez esperar mais uns dois meses possa ser tarde. Amanhã vou ligar para o Departamento Nacional de Arte e Cultura para ver como posso ter a agenda de parques de diversão e circos, já que não encontrei nada a respeito".
Clark sorriu, entregando os impressos de volta à amiga. Orgulhoso da sua iniciativa, pediu que o mantivesse informado. Sua idéia, era chegar antes, para alertá-lo do possível perigo que ele estava correndo. Não seria mais como salvar Ryan, mas era uma outra vida que estava em risco.
Depois de algum silêncio, Clark perguntou à amiga, mudando de assunto, e cheio de interesse:
"E como está a sua prima? Já se acostumou aos ares de Smallville?"
Chloe sorriu, enquanto trabalhava no computador:
"Na verdade, acho que ela nunca vai se acostumar", respondeu. "Smallville é pequena demais para ela...", completou, referindo-se ao fato de que, vinda de uma grande metrópole, apenas o céu era o limite para Lois Lane.
"O quê a trouxe aqui?", perguntou Clark, curioso. Tentou o máximo possível, não demonstrar interesse. Chloe era esperta, e logo entenderia suas pretensões, se não fosse cauteloso.
"Ela não entrou em detalhes, mas disse que está escrevendo um artigo para o jornal da escola dela", continuou Chloe. "Acho que é coisa de família, mesmo. Ela também é a chefe do editorial e apaixonada por jornalismo", respondeu Chloe. "Sabe como é, aspirantes de jornalismo são tão cheios de mistério, quanto os próprios jornalistas já formados...", continuou, concentrada, na leitura das manchetes de notícias do mundo inteiro que recebia por e-mail, todos os dias.
Clark sorriu, concordantemente, e cada vez mais interessado.
"Acho que ela não me conta muita coisa por causa disso. Deve imaginar que sou uma concorrente que pode prejudicá-la... como se já fôssemos jornalistas profissionais e trabalhássemos em jornais rivais! Mas, enfim, eu gosto dela apesar de nos falarmos pouco. Nossos interesses são os mesmos, e isso mais ajuda do que atrapalha. Ano que vêm, ela também vai tentar uma bolsa na melhor faculdade de Metrópolis e um estágio no Diário Planeta".
"Vocês duas são bem parecidas", comentou Clark, referindo-se às mesmas pretensões.
Chloe parou de ler seus e-mails e fitou o amigo:
"Na verdade, nossas semelhanças páram por ai", e antes que Clark perguntasse do quê a amiga estava falando, ela continuou: "Lois é tão determinada como eu, mas o quê eu vou te dizer agora, morre aqui", depois de uma pausa, tendo Clark concordado com um aceno, Chloe prosseguiu: "Ela tem uma mágoa terrível do pai, que sempre disse que queria que seu primeiro filho fosse um menino. Uma vez, ela me disse que ela ia se arrepender disso".
Surpreso, Clark encostou na cadeira e continuou a ouvir a estória:
"Depois que ela ouviu isso dele, escondida atrás da porta, tudo mudou. Não sei explicar, não sou psicóloga, mas Lois Lane se tornou mais forte. Parece que, mais do que querer provar alguma coisa para si mesma, ela quer é provar algo para o pai dela", completou Chloe.
"Isso soa um tanto 'luthoriano', não é?!", perguntou Clark, lembrando do problema de Lex com o pai, Lionel Luthor.
"Não sei", respondeu Chloe, com o olhar perdido. "Mas, às vezes, ela me mete medo... A determinação dela não tem limites".
Clark encarou Chloe. Afinal, não eram tão diferentes. Lembrou do episódio em que a amiga lhe revelou ter sido procurada por Lionel Luthor para juntar informações a seu respeito e de sua família em troca de uma vaga no Diário Planeta. Mas Chloe não era uma pessoa má. E, talvez, nem Lois Lane fosse tão perigosa, como a prima dizia.
De repente, o telefone celular de Chloe começou a tocar. Ao atendê-lo, Clark não pode evitar de ouvir a conversa com a sua audição especial, quando descobriu que se tratava de Lois.
"Chloe", disse Lois, com a voz bastante distante, "acho que peguei um atalho errado para a mansão dos Luthor".
"Onde você está?", perguntou a prima, preocupada, levantando e indo na direção da janela, para ouvir melhor.
"Não sei ao certo... Teve um acidente na estrada e peguei outra rota. Depois de um tempo o seu carro parou de funcionar. Não tem placa aqui por perto e nenhum carro passa há meia-hora! Espere, acho que vem vindo alguém!"
Então, a ligação caiu.
"A bateria dela deve ter acabado...", disse Chloe, virando-se para Clark, que já não estava mais ali.
Com sua super velocidade, Clark chegou à única estrada de Smallville que dava acesso à mansão Luthor. De uma certa distância, pôde visualizar que, realmente, havia acontecido um acidente na estrada. A polícia já estava no local e um carro da ambulância. Um caminhão havia capotado, atingindo uma caminhonete azul. Correu, normalmente, para ver do que se tratava.
"Xerife!", exclamou ele. "O quê aconteceu?"
"O quê está fazendo aqui, Kent?", perguntou ela, grosseiramente, como sempre. Sabendo, porém, que ele não sairia enquanto não soubesse o que tinha acontecido, respondeu: "Esse caminhão que vinha de Metrópolis parece ter capotado do nada atingindo um carro com uma família inteira. Mas estão todos bem, felizmente. Agora, pode circular, Clark".
A xerife lhe deu as costas e continuou colocando ordem no local do acidente, e Clark olhou ao redor, depois de checar que não havia feridos graves, ficou imaginando qual caminho Lois Lane tinha tomado como alternativa para chegar à mansão Luthor, tal como ouviu na conversa dela com Chloe.
"Xerife!", chamou ele, mais uma vez.
Ela se virou e, indignada por ele ainda estar ali, perguntou:
"O quê foi, agora?"
"Passou por aqui, um conversível vermelho?", perguntou ele, referindo-se ao carro de Chloe, que não estava no estacionamento do colégio e tudo indicava estar com Lois Lane, de acordo, também, com a conversa que ele ouviu pelo telefone.
"Passou. Falei para ela pegar aquele trecho", respondeu ela, indicando uma trilha que cortava a floresta. "Vai dar numa estrada alternativa".
"Obrigado, xerife!", disse Clark, indo na direção apontada.
"Espere, vai correndo? É muito longe essa trilha!", gritou a xerife, enquanto Clark se dirigia à estrada.
"Não tem problema!", respondeu ele, continuando a correr normalmente em direção à floresta.
"Garoto esquisito", murmurou a xerife, para si mesma.
Depois de sumir pela floresta, Clark usou sua super velocidade até chegar à estrada alternativa que a xerife mencionou. Realmente, ela dava para o mesmo acesso à mansão Luthor. Porém, não muito longe de onde estava, Clark viu o carro de Chloe fora da estrada, no acostamento. A porta do lado do motorista estava aberta, mas não havia ninguém por perto. Olhou ao redor, inclusive na floresta, usando sua visão de raio-x, para ver se tinha alguém por perto, mas nada encontrou. Correu, então, velozmente até o carro, e viu, em frente ao veículo, Lois Lane desmaiada ao chão. Correu para socorrê- la, não sem antes usar sua visão de raio-x para averigüar se havia alguma fratura. Mas ela não tinha nenhum ferimento grave, exceto um pequeno corte no lado esquerdo da testa.
Clark tentou reanimá-la, mas foi em vão. Pegou-a, então, nos braços, e a colocou no banco de trás do carro. Certificou-se, novamente, de que não tinha mais nenhum ferimento. Depois de ajeitá-la no banco, com cuidado, viu sua bolsa jogada no mato. Caminhou para buscá-la, imaginando que havia sido vítima de um assalto. Todos os seus pertences estavam espalhados. Juntou os documentos e a carteira. Nada de valor parecia estar faltando. Cartões de crédito e até mesmo dinheiro estavam intactos, o que o deixou um tanto desconfiado. Colocou tudo de volta na bolsa e antes de dirigir até o Centro Médico Hospitar de Smallville, verificou se Lois ainda estava incosciente. Seu rosto estava sujo e Clark passou, delicadamente, a ponta dos dedos na sua face, para tirar a poeira do asfalto misturada com o pouquinho de sangue que corria da testa. Tinha um rosto delicado e enquanto afastava algumas mechas do cabelos dos olhos, descobriu que eles também eram macios, assim como sua pele.
Quando chegou em frente ao hospital, recebido pelos enfermeiros que já o aguardavam e que atenderam prontamente Lois Lane, Clark se aproximou de Chloe, que também o esperava, depois de ter sido avisada por ele, pelo celular de Lois, acerca do que havia acontecido.
Nervosa, Chloe, que assistia a prima ser levada às pressas para a sala de emergência, onde verificariam a gravidade da lesão, perguntou:
"Como foi isso? Meu Deus, meus tios vão me matar!"
"Calma, ela vai ficar bem... Só está desmaiada", disse Clark, abraçando a amiga. Não muito longe deles estava Lana, encostada no seu carro, próximo de onde Clark parou. Depois de ser avisada por Clark, sem ter como ir ao Hospital, Chloe ligou para Lana, pedindo uma carona. Ao vê-la, Clark levantou as sobrancelhas, como se a estivesse cumprimentando. Lana se aproximou dos dois e Chloe perguntou se ele não tinha visto ninguém por perto do local do incidente.
"Não vi ninguém, Chloe", respondeu Clark. "Mas não sei se foi um assalto, pois a bolsa estava largada no mato, com todos os seus pertences".
Lana cruzou os braços e enrugou a testa.
"Talvez a pessoa tenha visto que estava chegando alguém pela trilha na floresta e se escondeu, deixando tudo para trás", sugeriu ela.
Clark concordou que era uma possibilidade, mesmo sabendo que não havia ninguém mais às espreitas.
"Mas o quê ela ia fazer na mansão Luthor?", perguntou Lana, tão curiosa quanto Clark, que, até então, preferia omitir seus interesses pela pessoa de Lois Lane, para não causar algum mal estar em Chloe e Lana.
Chloe deu de ombros:
"Disse que tem a ver com o trabalho que está fazendo. No fundo, acho que ela está escrevendo algum artigo sobre grandes empresários de Metrópolis que largam tudo e vão para o fim do mundo investir em negócios que podem dar em nada", respondeu.
"Será?", perguntou Lana, achando pouco provável, uma vez que que diversos jornalistas do Inquisitor e do próprio Diário Planeta já tinham vindo à procura de Lex, com essa mesma pretensão.
"Na verdade, estou chutando", respondeu Chloe. "Deve ser qualquer coisa que cause polêmica. Lois Lane não viria de tão longe por pouca coisa..."
"Você é a parente da vítima?", perguntou para Chloe uma enfermeira próxima da porta, e que vinha da sala de espera.
"Sim", respondeu Chloe, aproximando-se dela.
"Preciso que você preencha um formulário, enquanto o Dr. Daves a está atendendo".
"Claro", disse Chloe, entrando no hospital.
Lana e Clark se entreolharam e ele perguntou:
"Você quer entrar?"
"Não", respondeu ela, sorrindo, porém, preocupada com a prima de Chloe. "Eu quero ficar um bom tempo longe de hospitais", completou, referindo-se ao árduo tratamento fisioteráptico pelo qual passou meses atrás, após um acidente quando pisoteada por um cavalo no celeiro. "Só vou esperar para ver como a Lois está e tenho que voltar para o Talon".
Clark assentiu com a cabeça. Já não estava mais tão preocupado, pois sabia que Lois não havia sofrido fraturas e que, além do mais, a caminho do hospital, ela já parecia dar sinais de estar recobrando a consciência. De repente, Lana sorriu, e Clark pergntou o quê era.
"É que alguém esqueceu de dizer à prima da Chloe que Clark Kent era o herói de plantão em Smallville", disse ela, referindo-se às inúmeras vezes que ele a salvou e aos demais amigos de perigos inimagináves.
Clark sorriu. E, naquele momento, olhando para Lana, sorridente e com os olhos cheios de brilho, sob a luz do sol que estava a pico, sabia que sempre estaria ao seu lado e que sempre a protegeria quando precisasse. Mas que já não era mais amor que ele tinha a oferecer, e sim, sua eterna amizade.
"Ei, pessoal!", exclamou Chloe, muito sorridente e com lágrimas ainda nos olhos, da porta do hospital. "A Lois está bem e já está acordada!"
Continua...
