N.A 1*= ~`E, esse capítulo não tem muita novidade. Uma correção aqui, outra ali... só isso... básico...
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ESPADA DOS DEUSES
EPISÓDIO II: Quadribol
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-- Capítulo Vinte e Um --
Sacrifícios
Um
relâmpago azul entre as árvores da floresta proibida nos arredores
de Hogwarts denunciava que o treino de Leah e Hermione estava a mil por hora.
Logo após o flash luminoso a aluna, mais uma vez, voava entre as árvores
e derrubava outra na pancada. Um monte de folhas e galhos caiu por cima de
seu corpo, enquanto as aves e outros bichos da noite fugiam assustados. A
professora veio andando pelo caminho que a garota fez ao "passar" por ali,
e vinha andando tranqüila, com as mãos no bolso.
- Francamente, Hermione – resmungou – Isso é decepcionante. Não
estou usando um terço da força... Que me restou! E você
já fica assim?...
Mione, com muita dificuldade, ergueu o corpo entre as folhas, com cara dolorida.
- Um terço da força que te restou? Tá bom. Vou ser sincera.
Desde nosso pacto nunca senti diferença no meu poder ou habilidade
mágica, mas levando em conta que eu já derrubei três árvores
de centenas de anos e esfarelei duas rochas do tamanho de elefantes só
com as suas bordoadas, e sequer arranhei os cotovelos... Sim, eu estou diferente.
Não sei como, mas estou. Não sinto nenhuma dor, nenhuma contusão...
É incrível, mas... Abrir um buraco ao ser jogada no chão
sequer me faz cócegas... Agora entendo como você não morreu
lá em Azkaban. Diga-me, Sirius e os outros também são
inquebráveis?
Leah ajudou Hermione a se erguer e tirar a sujeira da roupa.
- Inquebráveis? – riu – Ah, quem dera. Pequenos "detalhes" não
nos fazem deixar de ser humanos. Nós podemos sim quebrar alguma coisa,
só podemos dizer que controlar plenamente os poderes tem suas vantagens.
– Leah fez isso e apontou a trilha feita por Hermione na passagem.
- Ah, sim, entendo... Só espero que não demore muito meu aprendizado.
Tudo bem, eu estou um pouco menos frágil, mas ainda não tenho
ossos inquebráveis. Uma hora isso vai me cansar.
- Com certeza. Mas vamos continuar. – Leah deu as costas e se afastou um pouco
– você está muito bem. Vamos, dispare um Flipendo contra mim.
Mione foi puxar a varinha do bolso quando Leah advertiu:
- Não, sem a varinha. Com as mãos.
- Com as mãos? Como assim, com as mãos?
- Hum... Assim, ó: Flipendo! – Leah fez isso sorrindo, pôs as
mãos na frente do corpo com as palmas viradas para Hermione, e dele
saiu o feitiço, muito maior do que quando é usado com uma varinha.
Hermione não teve tempo de desviar e mais uma vez arrancou algumas
árvores com as costas. Parou na última, de pé, encostada
no troco, com as mãos no peito.
- Ai... – gemeu – isso doeu. Não tem graça!
- Você é que é muito devagar! – riu Leah, apontando o
dedo indicador para a cara de Hermione, como se fosse uma arma. – Desvie,
rebata! Flipendo! Flipendo! Flipendo!
Leah foi disparando com a ponta do dedo um por um, acertando a cara de Hermione.
- P... Pare! Ai! – resmungava, a cada explosão laranja em seu rosto,
espalhando estrelinhas para o chão – Isso... Dói! Ta... Ai,
ai... Eu falei pra parar!
Mione perdeu a paciência e meteu a mão no último Flipendo.
Ele, ao invés de explodir em sua mão e machucar mais ainda,
foi rebatido e voou até um tronco ao lado, estourando as estrelinhas.
Leah achou ótimo.
- Uau! Tá vendo! Você conseguiu!
- Estava me machucando! – resmungou Mione, mal humorada. Passou a mão
no canto da boca e sentiu que tinha machucado, o canto da boca sangrava. –
Ai, machucou minha boca...
- Vou continuar disparando até que rebata direito. – disse Leah, voltando
a apontar o dedo, dessa vez pra várias direções do corpo
de Mione. Ombro, rosto, barriga, pernas. A garota tentava rebater todos, mas
cada vez mais doía. – Rebata, Hermione! Não precisa ficar brava
por causa disso, é só prestar atenção! Esvazie
a cabeça, esqueça do mundo ao redor, busque dentro de você
a força, vamos! Eu não vou parar até que você consiga
desviar todos.
Aos poucos Hermione, que já estava um pouco cambaleante por causa da
chuva de flipendos, foi rebatendo. Rebatia olhando diretamente os olhos de
Leah. E cada vez mais sentia a energia fluir, aumentar, e cada vez menos sentia
a dor do impacto do feitiço, cada vez estava mais fácil rebater,
cada vez mais os golpes pareciam estar muito devagar, em câmera lenta...
Até que o intervalo entre um e outro pareceu tão estúpido
que Hermione virou o corpo e esticou a palma da mão na direção
de Leah.
- ...Flipendo! – com um rápido movimento, Leah desviou a cabeça
e o feitiço passou, sem sequer tocar em seus cabelos. Mas ficou muito
feliz.
- Meu Deus, Hermione! Isso foi ótimo! Vamos continuar! – e disparou
até a menina, e no meio do caminho sacou a espada que usava.
Hermione enxergou o movimento, diferente do dia do Clube dos Duelos. Deu um
passo pra trás para desviar da espada e sacou a sua, a tempo de defender
do segundo golpe. Firmou os pés no chão e sentiu, de alguma
forma, que poderia ser capaz. Que daria conta do recado.
- Poderia, por favor, pegar mais leve? – murmurou.
- No seu caso... não. – disse Leah, que pôs a mão direita
na barriga de Mione e mandou um expeliarmus. Hermione, pela sei lá
qual vez, levantou vôo, na diagonal. Sentiu quando seu corpo parou de
bater nas folhas, e o ar gelado da noite a envolver. Abriu os olhos e viu
o castelo ao seu lado, longe. Levantava vôo mesmom já passava
a escola em altitude. Estava a quantos metros, uns 50 de altura? Continuava
subindo, o vento congelante... Quando, do nada, Leah aparece, como que desaparatasse,
bem em cima. Antes que a velocidade a tirasse de perto, Leah disparou outro
Flipendo, e Hermione desceu velozmente em linha reta, abrindo um buraco no
chão da floresta, tamanho impacto. Dessa vez doeu. Mal teve tempo de
abrir os olhos ou soltar um gemido. Leah desceu como um foguete, a espada
em punho. Mione assustou e puxou um pouco a cabeça para o lado. Leah
enterrou a espada ao lado da sua cabeça, e um pedacinho do cabelo de
Hermione foi cortado. A garota ficou boquiaberta. Leah sorriu, ainda prendendo
Mione.
- Belo reflexo.
- Você! – reclamou espantada – você ia enfiar essa espada no meio
da minha cara! Você quase me matou!
Leah deu um sorrisinho debochado.
- Você já devia saber, Hermione... eu não saco minha espada
e aplico um golpe sem ter a certeza de que meu adversário tem capacidade
para desviar dele. Ou de que ele seja estúpido o suficiente para morrer
com ele.
- Isso é... incrivelmente encorajador! – resmungou Hermione, pondo-se
de pé rápido. Deu dois passos e as pernas fraquejaram, a vista
embaralhou-se e escureceu. Caiu de joelhos no chão. – Ah... ai... o
meu corpo... meus ossos... foram moídos...
A professora riu, levantou e guardou a espada.
- Quase isso, Mione. É que vou ser sincera. Não daria essa seqüência
de golpes nem mesmo contra Voldemort. Seria covardia, coitado. Ele morreria
com isso.
Mione gemeu do chão:
- Ahm... isso é um consolo?... Uma palavra de apoio moral?... Bem...
obrigada... mas acho que não consigo me levantar. – e se deitou no
chão, de barriga pra cima, gemendo de dor.
- Dê um tempo ao corpo. Doer dói, mas não te mata. Fiz
isso pra ter certeza do tamanho do estrago do meu pacto em você. Bem,
saiu melhor que a encomenda. Parabéns.
- Hum... eu quero um bife com batata frita.
- Rárára! Que divertido! – Leah riu gostoso – eu tinha me esquecido
o quanto que o meu treinamento dava fome, eu também saia esfomeada
toda vez!
- Estou com sono – completou, resmungando do chão. Leah riu de novo.
- Normal. É culpa do poder que você desperta, o seu corpo muda
muito.
- Muda muito? Vou ficar gostosa?
- Não, menina, não vai. Não sacrifica que você
entendeu o que eu quis dizer, anda, levante-se, ainda tem treino pela frente!
– falou, reerguendo Mione pela gola da roupa.
*
Pelo corredor nas proximidades dos quartos dos monitores Harry e Cho andavam
tranqüilamente. Harry, com o mapa do maroto, sabia que Draco ainda andava
pelo andar de cima. Pararam na frente da entrada do quarto de Cho.
- Certeza de que não tem ninguém perto? – perguntou Cho, com
medo.
- Não adianta... você não confia em mim... – resmungou
Harry.
- Não é isso, Harry... eu fico com medo... de que alguém
o veja. Ainda mais Malfoy, que está encarregado desse raio dessa ronda.
- Ele está no outro andar, pode ficar tranqüila. – Harry passou
os braços pela cintura de Cho e lhe beijou o rosto. Ela soltou um longo
suspiro, abraçando-se ao pescoço dele.
- Será que não tem mesmo perigo? – gemeu. Harry deu um cutucão
com o joelho em Cho, bravo. – Ai, tá bem, tá bem, não
tem perigo, já sei! Ui, doeu...
- Se você continuar com essa neurose eu juro que... – Harry começou
a dizer mais não terminou, Cho lhe deu um estalado selinho antes que
ele terminasse. Ele parou e ficou olhando pra cara dela. – Hum... tudo bem,
está perdoada. Mas só dessa vez.
- É o suficiente... – disse Cho, lhe puxando para um beijo. Ela lhe
acariciava os cabelos, e era o mais demorado beijo que já deram, com
mais tranqüilidade, já que não havia ninguém para
encher o saco. No completo silêncio o beijo foi ficando cada vez mais
intenso, cada vez mais quente. Até que escutaram um "clanck" no corredor
ao lado.
- O que foi isso? – sussurrou Harry. Os dois olharam para o lado.
- Mas que bosta! – resmungou alguém.
- É o Malfoy. – sussurrou Cho - Ele desceu o andar e nem reparamos...
deve ter trombado na escada com a lanterna.
Harry voltou a olhar Cho com cara de piedade.
- Droga... vou ter de correr pelo outro lado...
- Cadê sua capa?
- Esqueci de trazer...
- E agora? E se ele te pega?
- Sei lá...
- Sei lá?
Cho ficou olhando Harry incrédula. Como, "sei lá?"? Harry sorriu
meigo e deu de ombros.
- Se ele me pegar... vai ter valido a pena.
- Oh, que tocante... – sorriu.
- Vai mesmo. Não tenho medo de dizer. Eu... gosto tanto de você...
Cho sorriu, coçando-lhe a nuca.
- Eu também gosto de você.
- Gostaria de ficar pra sempre com você, sabia?
- Malfoy está se aproximando, fale baixo...
- Quero ficar até o último instante, até que ele faça
a curva e dê de cara comigo. Depois disso eu não posso mais ficar
com você. Então, eu quero um último beijo.
Cho mais uma vez lhe deu um beijo, Harry desesperado, tentando aproveitar
o máximo dele. Quando a luz da lanterna de Malfoy foi vista na curva
Cho agarrou a nuca de Harry e sussurrou em seu ouvido:
- Esse não é seu último beijo, você não
vai a lugar nenhum... Morcego Azul.
Nesse instante a porta nas costas de Cho se abriu e ela o agarrou em outro
beijo, puxando-o para dentro do quarto. Quando a passagem se fechou Draco
fazia a curva, tombando a cabeça.
- Hum... hoje tem. – riu. – Eu gostaria muito de saber qual será a
reação de seus melhores amigos quando descobrirem esse... lapso
do perfeito e heróico Potter... cadê a Murta que Geme quando
mais se precisa dela?
*
Harry acordou com um doce beijo na bochecha. Ele abriu os olhos com uma moleza
no corpo todo. Ergueu o olhar e viu Cho sentada ao seu lado, rindo, de camisola.
Olhou para o lado e 'lembrou' que estava no quarto dela. Só resmungou
e fechou os olhos de novo. Ela o cutucou.
- Escuta, espírito de porco – disse Cho – você tem aula hoje,
e sem querer ser chata, já está na hora. Você já
perdeu o café. Aliás... nós perdemos.
- Hã? Ah, não...– Harry deu um salto e se sentou na cama, passando
a mão na testa. Começou a tatear a cama de casal à procura
dos óculos. Cho, rindo, lhe entregou. Ele pôs os óculos,
respirou fundo e olhou o quarto, os olhos arregalados. – Que droga... o que
vou fazer?
- Ainda tem tempo... – suspirou Cho – tem sempre alguns tontos que esquecem
de descer. Se eu tivesse lembrado pedia para algum elfo doméstico trazer
para a gente.
- Não, não – disse Harry depressa – vai que quem traz é
o Dobby, eu estou perdido.
Em seguida ele novamente pôs a mão na cabeça olhando para
o nada. Cho ficou olhando ele. Até que ele resmungou, respirando fundo.
- Meu Deus... eu sou um louco. Eu estou louco, só pode. Eu estou louco,
você está louca, tá todo mundo muito louco!
Cho não agüentou e riu, olhando a cara amassada de Harry. Até
que ele a olhou e deu um meigo sorriso.
- Bom dia, amor. – e lhe deu um selinho. Em seguida disse com cara de sono
– sabia que isso é melhor do que ganhar um jogo de Quadribol?
- Isso o quê? – pontuou Cho. Harry fez bico e olhou o teto.
- Isso... dormir abraçado e depois acordar junto com a mulher que você
gosta.
- Ah... – aliviou-se Cho. Em seguida ela sentou mais perto dele e lhe deu
um beijo. Harry pôs a mão em sua cintura e involuntariamente
começou a subir (a mão dele, seus tarados estúpidos!).
Chegou no meio do caminho e ela o parou. – Vai tomar café logo, menino...
Harry a olhou com cara de cachorro sem dono, enquanto Cho descia o olhar pelo
seu corpo, passando a mão pelo seu ombro, descendo pelo peito até
o abdômen, tentado lem,brar de como Harry era há 4 anos atrás.
Depois olhou para ele:
- Sabia que você ficou muito gostoso?
Harry riu, balançou a cabeça e pulou pra fora da cama:
- Deixa eu ir embora antes que eu mude de idéia sobre a grade horária
de hoje.
*
Já fazia alguns dias que Harry só dava as caras na mesa da grifinória
na hora do café, e Rony estava extremamente incomodado com isso. Mas
como Hermione também dificilmente aparecia, ele começou a achar
que Harry também "treinava" (técnicas de espada, claro) nas
madrugadas. Um belo dia de domingo, com a mesa já quase vazia e poucos
alunos no salão, Harry chegou e se sentou com Rony, muito sorridente.
- Bom dia. – falou animado.
- Bom dia... – resmungou Rony, estranhando – resolveu aparecer ou sou eu que
vim tarde? Não sei se você percebeu, mas faz quase duas semanas
que você não dorme na torre da Grifinória... estão
começando a estranhar. Algum problema? Bem, se for algum problema em
relação à procura pela Espada dos Deuses que só
você possa resolver com Sirius, eu entendo.
Harry ergueu as sobrancelhas. Para Rony era algo desse estilo que estivesse
acontecendo. Menos mal, mas ele abriu um largo sorriso.
- Não, não é isso. Não é nada de sério,
eu só...
- Só?... – disse Rony, abaixando a cabeça. Harry ficou sem saber
o que falar.
- Bem, é que... é difícil eu dizer... – ele achava, no
fundo, que era de direito de pelo menos Rony ficar sabendo. Afinal, ele podia
interpretar mal e achar que não eram mais amigos. E, além do
mais, ele estava morrendo de vontade de contar o quanto estava feliz com Cho.
– mas... é um segredo, Rony, que deve ser guardado com todas as forças...
- Ué... diga, cara. Eu não conto... não precisa ficar
com medo. Somos amigos.
- Bem... Eu... – Harry esticou o rosto, Rony fez o mesmo, para que ninguém
escutasse. – estou tendo... um romance proibido...
- Oh, encanou a perna, rapaz? – riu Rony, satisfeito. – Não era sem
tempo!
Harry ficou bravo.
- Sem tempo? Rony, cale a boca...
- Desculpe... mas é que por você ser tão popular, achava
que já estava comendo todas.
- Rony!
- Brincadeira!... Quem é? Não diga que é a Gina!
- Não, estúpido. Eu lá ia ficar em segredo com a sua
irmã? Se fosse eu faria questão de passar a mão na bunda
dela na tua frente só pra você se ferrar de raiva, seu...
- Não precisa ficar ofendido e apelar! – resmungou – Eu estou enchendo
o seu saco! Ela sempre foi sua fã de carteirinha. Lembra do poema do
segundo ano? Rárárá... Mas falaí, quem é?
- Promete guardar segredo?
- Tá, prometo, vai.
- É... uma pessoa.. que eu nunca pensei que ia ficar...
- Hum... Hermione? – perguntou Rony, com cara de detetive. Olhou a cara de
espanto de Harry – Ué, sei lá, "nunca pensei que ia ficar"?
Tem lá sua lógica... tem não?
- Não! – gritou Harry – Pare de ficar chutando!... é... a Cho
Chang.
- Cho? – perguntou Rony, sentando, espantado – Mas... ela... não namora
o Olívio?
- Hum... namora – Harry deu de braços – mas estamos juntos mesmo assim.
- Eu... não acredito. – Rony foi ficando cada vez mais apreensivo.
Harry estranhou. – Harry, Olívio... era seu capitão... ele é
nosso treinador, ele... é teu amigo!
- Bom... é, né?...
- Como é que você tem cara de pau pra fazer isso?
Harry ficou sério. Rony estava sem acreditar.
- Rony, o que tem de mais? Gostamos um do outro, quando Olívio voltar
não estaremos mais juntos, só queremos curtir um pouco...
- Curtir, Harry? Por favor, até eu que sou mais ordinário que
você não teria coragem de fazer uma coisa dessas! Como é
que você tem coragem de beijar ela?
- Rony, não faça essa cara de pecado mortal, não tem
nada de mais, não tem nenhum problema!
Rony estava ficando muito bravo.
- Harry, como é que você pode ser tão babaca? Cara, até
eu tenho mais consciência do que você, eu nunca pensei que você
pudesse ser tão... tão... – ele nem tinha palavra pra dizer
o que achava – Você tá traindo um amigo seu, isso não
se faz! Tem idéia do que tá fazendo?...
Agora que ele já tinha se molhado, ia até o fim.
- Rony, eu não faço nada demais, essas noites, eu passei com
ela, eu só...
Rony perdeu a paciência, ergueu-se da mesa e aumentou o tom de voz.
Parecia até que a mulher era dele.
- Você só está transando com a mulher do teu amigo que
tá viajando! Só isso! Nada demais, né? Harry, tem vergonha
na sua cara, isso é muito mesquinho, isso é muito falso, isso
é muito babaca! Custa pedir pra ela largar do Olívio e ficar
contigo? Ou não, você é do tipo que prefere uma trepada
às custas das risadas em cima do amigo corno e imbecil?
Harry também se sentiu atingido, ergueu-se muito bravo.
- Eu não vou deixar que você fique falando isso!
- Ah, não? Vai fazer o quê? Só porque eu tô jogando
na tua cara que você tá fazendo papel de tonto? Que você...
- Cale a boca!
Harry foi puxar o corpo para, a última 'esperança', virar um
soco na cara de Rony. Mas o braço parou. Olhou para trás, e
viu Gina segurando o seu braço, olhando estreito para ele.
- Não me leve a mal, falou entre os dentes – eu não tenho nada
com isso, mas quem devia levar esse soco... era você.
Gina soltou, Harry ficou olhando ela espantado. Ela passou por ele, foi até
Rony, tranqüilamente.
- Vim chamar você, está atrasado para aula. Outra hora vocês
terminam a conversa.
Gina disse isso e foi embora sem olhar pra trás ou se mostrar chateada.
Mas estava claro que sentia a mesma cosia que Rony. Uma grande decepção.
Rony suspirou, olhou Harry com raiva e saiu. Harry olhou os lados e perguntou:
- Você... vai manter segredo?
- Eu não vou ganhar nada dizendo ou deixando de dizer. Vou cuidar da
minha vida, tomar mais cuidado com quem tá comigo. Afinal, vai saber
se eu não tenho um amigo como o coitado do Olívio tem o azar
de ter.
Harry esperou Rony sair, ficou olhando o chão. Como é que alguma
coisa tão idiota podia mexer tanto com isso? Será que era tão
sério assim? De qualquer jeito, não ia desistir de Cho, mas
também não ia dizer pra mais ninguém. Seria melhor, afinal
ele sentiu que podia perder os melhores amigos.
*
Sim, a amizade entre ele e Rony havia se tornado insuportável desde
que contou sobre a Cho. Harry e Rony, que antes não se desgrudavam,
agora se tratavam com extrema cautela. Gina estava indiferente, mas no fundo
parecia ter receio de se aproximar também. Hermione quase não
era vista por causa dos treinos com Leah, e ele ficava muito sozinho. Fora
os momentos com Cho, a escola tava ficando um saco. E ia ficar mais ainda,
Olívio avisou que chegaria dali dois dias retomar os treinos. Seu tórrido
romance estava ameaçado, e Cho continuava firme na decisão de
não deixar Olívio. Harry estava sentado ao lado de Cho, em sua
cama, pensando na vida. Já era fim de noite, talvez onze e meia. Estava
sem os óculos, sem camisa e com a toalha de banho no ombro, olhando
o chão, desanimado. Cho passou a mão na sua nuca, como consolo.
Harry suspirou e pôs a mão na perna de Cho, dando um leve apertão.
- Não quero me separar de você. – falou desanimado.
- Eu também não gostaria, Harry... – justificou Cho – mas ia
ser chato... para todos nós...
- Eu queria que você soubesse... que eu tive de sacrificar muitas coisas
importantes... pra ficar com você.
Cho sorriu e o deitou na cama, para em seguida deitar em cima dele e pôr
as mãos em seu peito.
- Bem, nesse caso... o mínimo que posso fazer... é agardecer
pelo imenso sacrifício...
*
Hermione veio andando pelo corredor, cansada, arranhada, suja, um bagaço
do treino, e já havia avançado madrugada a fora. Andava de olhos
fechados e a cabeça erguida. Escutou vozes no outro corredor.
- A essa hora? Quem será?
Resolveu prestar atenção. Conhecia as vozes.
- ...Harry?... Cho?
Escutou o barulho da passagem se abrir e se encolheu atrás de uma coluna
próxima da curva do lugar, e viu Harry e Cho irem pro corredor, de
mãos dadas. Harry virou-se e lhe deu um beijo.
- Tenho que ir mesmo? Só mais essa noite, amanhã eu saio antes
que o Olívio chegue... por favor... só mais hoje... só
mais essa vez...
- Você me prometeu, Harry – disse Cho, pontuando. – Agora vá.
Harry foi andando na direção de Hermione. Ela achou melhor respirar
fundo e dar de cara com ele, fingindo estar chegando na hora. Mas não
sabia porque, achou que não seria capaz. Não iria dar conta
de olhar nos olhos dele e fingir que não tinha nada acontecendo. Não
se sentiria bem com isso. Não teria perna pra olhar nos olhos dele
e ignorar o fato dele estar com Cho sem ninguém saber. Cho, a garota
que namorava seu grande amigo, a garota que após o jogo de quadribol
o fez chorar como criança em seu ombro. Foi dar o passo em direção
a Harry e sentiu alguém a agarrar pela boca, puxar para trás
e enfiá-la no canto da parede. Era Malfoy, fazendo a tal ronda ainda,
com o dedo na boca fazendo um "Sshhh". Mas ao empurra-la, Malfoy foi visto,
e imediatamente virou-se para Harry, com cara de cínico. Mione se encolheu
para escutar.
- Oh, Potter. Que surpresa!
Harry parou no mesmo lugar. Cho, pouco atrás de Harry, ficou olhando
espantada.
- Hum... Malfoy.
- Creio que a esta hora você deveria estar na cama, não?
- Você é o responsável pelas rondas, certo? – murmurou
Harry, sem medo de enfrentar Malfoy.
- Essas semanas, sim. Por causa de Azkaban. Mas... não posso reclamar
– e olhou para Cho – minha ronda não tem estado tão monótona.
Harry e Cho sentiram a espinha gelar.
- O quê...
- É bom saber que até o grande e lendário Harry Potter
tem tempo dedicado às suas tentações carnais... e, cá
entre nós, você até tem bom gosto.
- Meça suas palavras, Malfoy – disse Harry – ou eu não vou me
arrepender da punição por socar você.
- Oh, Potter... não seja tão cruel... você e a senhora
Chang deviam ser mais compreensivos comigo... é meu trabalho... – Harry
ficou mais bravo, e Cho se aproximou. Draco sorriu – você sabe que eu
devo sair daqui agora e delatar vocês para diretoria... isso é
muito, muito sério.
Harry e Cho ficaram mais apreensivos, Hermione chegou mais perto para poder
observar o que Malfoy faria. Ele sorriu, coçando o queixo se fazendo
de desentendido.
- Mas, é claro, eu poderia deixar isso pra lá, afinal, se até
hoje me dei ao trabalho de não contar, eu poderia muito bem continuar
de bico calado. – e ele concluiu – mas, é claro, isso teria um alto
preço.
Harry avançou, agarrou Draco pelo colarinho e ergueu o punho fechado,
rosnando:
- Pagamento não é o problema, Malfoy, eu te pago agora e à
vista, seu...
- Se você encostar o dedo nele eu faço minha varinha te dar um
penteado novo.
Harry parou e olhou do lado. Era Hermione, com a varinha apontada pra sua
cabeça e uma cara não muito amigável
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*N.A 2*: Cara, eu ADORO esse final, hehehehehe...
