LOIS LANE

Quando os motivos que levaram Lois Lane à Smallville começam a emergir, Clark acredita que o seu segredo está correndo grande perigo, principalmente ao descobrir que Lionel Luthor andou mesmo sondando as descobertas do cientista Virgil Swann.

Capítulo 5 - O homem do cigarro verde

Era quase onze horas da noite. Clark acabara de chegar de Metrópolis com sua super velocidade, e estava em frente à casa de Chloe. Sabendo que a amiga não estava, uma vez que, na saída do Rancho Kent, ficou combinado que ela iria para o editorial no colégio, para fazer uma pesquisa sobre Lionel Luthor e Virgil Swann, usou, então, sua visão de raio-x para ver se havia alguém na casa, especificamente, algum invasor.

A conversa que havia interceptado há poucos instantes, quando Lionel falava ao celular com o suposto agressor de Lois Lane, em frente ao prédio da LuthorCorp, em Metrópolis, ainda estava bastante latente em sua mente. Ciente do perigo crescente a que Lionel Luthor o estava expondo e à sua família, Clark temia o quanto o pai de Lex sabia do seu segredo, e se ele sabia alguma coisa.

Não tendo visualizado qualquer coisa anormal no interior da residência e nem à sua volta, Clark decidiu ir ao encontro de Chloe no colégio, mesmo sabendo que o carcamano de Lionel poderia estar às espreitas à procura de algumas das anotações de Lois Lane, conforme ele havia escutado. Mais preocupado com o conteúdo das informações que Lois Lane poderia ter, Clark se preocupava com a segurança da mesma. Achava-a inocente de qualquer interesse e, para ele, era bastante óbvio que a prima de Chloe não sabia o suficiente, ou então, nem haveria motivos para ter ido à Smallville.

Ficou imaginando, então, se o sujeito poderia pensar em "visitar" Lois Lane, no hospital, e esse pensamento o deixou alarmado. Mas enquanto decidia o que deveria, efetivamente, fazer, Clark ouviu um barulho que vinha de longe. Era um carro que subia silenciosamente pela rua. Velozmente, Clark se escondeu. Por trás de um árvore, viu um automóvel escuro parar do outro lado da via. Um sujeito vestindo terno escuro desceu. Usava luvas de couro e, olhando para os lados, colocou o silencionador na pistola que tirou do interior do paletó. Como já tinha averigüado que não havia ninguém na casa, Clark ficou observando de uma distância razoável, pois precisava descobrir o quê aquele sujeito e, conseqüentemente, Lionel Luthor, tanto queriam de Lois Lane.

Ereto e a passos largos, o sujeito caminhou, com muita determinação, com a arma em punho, até a porta de entrada da casa dos Sullivan. Como Chloe sempre esquecia uma luz ou outra acesa, imaginando que alguém podia estar lá, ele bateu forte na porta. Tentou espiar pela janela, e bateu mais uma vez, com muito mais força. Foi então, que ele sentiu uma palmada no ombro que o fez se virar para trás e ver o quê era. Levantou a arma, para defender-se, mas Clark arrancou-a facilmente de sua mão. Segurando-o pela gola, ele o ergueu contra a parede da entrada da casa de Chloe:

"Quem é você?", perguntou.

"Por favor, solte-me!", implorou ele, desesperado.

"O quê faz aqui?", perguntou Clark, sem atenter ao apelo.

"Tudo bem! Eu conto tudo!", gritou ele. "Mas me coloque no chão!"

Clark atenteu o pedido, sabendo que ele não teria como escapar. O sujeito ajeitou a gola da camisa e encarou Clark de cima a baixo, talvez, imaginando o que aquele garoto andava comendo para ser tão forte daquele jeito.

"O quê Lionel Luthor quer?", perguntou Clark, esperando uma resposta breve. Ao ouvir a indagação e, principalmente, o nome de Lionel, o sujeito arregalou os olhos, assustado e surpreso. Ele olhou para o lado, para a superfície da parede, e tentou deslizar, como se quisesse escapar, olhando na direção da arma caída ao chão, mas Clark colocou o braço contra a parede, bloqueando a tentativa.

"Tudo bem, tudo bem", disse ele, e Clark finalmente reconheceu sua voz como sendo a mesma que falara com Lionel ao telefone, minutos antes. "Estou mesmo encrencado..."

Clark se afastou um pouco e cruzou os braços, esperando alguma coisa. E, quando achou que o sujeito ia falar algo, sentiu alguma coisa estranha. Uma sensação familiar.

"Posso, pelo menos, fumar?", perguntou o sujeito, enfiando a mão no bolso de dentro do paletó e tirando um porta-cigarros de metal.

Uma tontura começou a incomodar Clark, que olhou ao redor, à procura de alguma coisa que o sujeito não parecia entender o que era.

"Você esta bem, garoto?", perguntou ele, ainda preocupado com a situação, porém, acendendo, calmamente, o cigarro, dando, em seguida, uma longa baforada. Clark se virou para vê-lo. E a fumaça, de tons esverdeados, penetrou nas suas narinas.

"O quê é isso?", perguntou Clark, com as pernas trêmulas e enfraquecidas, referindo-se à fumaça verde, e já imaginando o quê era, enquanto o sujeito, percebendo o comportamento estranho dele, olhava para o chão, para onde sua arma havia sido jogada.

"Da minha plantação particular em solo que eu mesmo recolhi de Smallville", disse ele, afastando-se de Clark, a passos curtos, enquanto este demonstrava numa inesperada crise de tontura. "exatamente o do local da queda dos meteoros há doze anos atrás. 'A melhor das sensações'", continuou ele, apanhando, rapidamente, a arma do chão, enquanto Clark tossia muito e começava a passar mal com a névoa verde que não parava de se espalhar.

Novamente com a arma em punho, o sujeito agarrou Clark pela camisa e tentou levantá-lo, mas não conseguindo, apenas se limitou a deixá-lo de joelhos.

"Escute, aqui, garoto", disse o sujeito, tomando as rédeas da situação, "eu não sei quem você é, nem quero saber, mas quero que fique bem quietinho aqui, que eu tenho um serviço a fazer!"

Clark olhou para a ponta do cigarro, de onde saía a fumaça, e depois para a arma que o sujeito segurava com a outra mão. Seus olhos lacrimejavam. A kriptonita que esteve em contato com o solo onde havia sido cultivado a erva para a feitura daquele cigarro o estava enfraquecendo cada vez mais. As veias de seu rosto e de seu pescoço começavam a se tornar salientes.

"Não se preocupe. Eu não vou usar isso", disse o homem que, por conta da escuridão, ainda não percebia o quanto Clark estava mal, acreditando que sua preocupação, na verdade, era com a arma, e não com a fumaça verde emitida pelo cigarro.

"É apenas uma precaução", disse ele, referindo-se à arma. "Se você tentar me impedir, vou ter que usá-la". E largou Clark ao chão, levantando-se, logo na seqüência.

"Mas me faça um favor: não tente coisa alguma", concluiu o sujeito, e antes que Clark pudesse se recompor da atordoante nuvem verde que se formava à sua volta, ele jogou o cigarro sobre o seu peito.

Enquanto Clark, por causa dos efeitos da kriptonita inalada, retorcia-se ao chão da varanda da casa de Chloe, o sujeito entrou porta adentro, depois de desferir um violento pontapé e, minutos depois, saiu carregando uma mochila.

"Ainda está aí?", perguntou ele, referindo-se ao fato de Clark permanecer ao chão, incapacitado e cada vez mais fraco. "Huh. Eu disse que era a 'melhor das sensações'. Claro, para um marinheiro de primeira viagem como você, sempre tem o fator da primeira vez".

Clark, alheio aos comentários sarcásticos, tentou, em vão, esticar os braços para agarrar o sujeito, mesmo do chão, enquanto ele revirava a mochila de Lois Lane, jogando suas coisas pelo chão, até encontrar uma caderneta vermelha. Folheou-a e jogou tudo o mais que havia na mochila no piso da varanda.

"Deve ser isso", resmungou ele, jogando também a mochila ao chão. Folheou-a mais uma vez e depois guardou-a no bolso do paletó.

Ainda segurando a arma, olhou para Clark, que tossia e tentava rastejar para longe do cigarro que havia rolado pelo chão. O sujeito apanhou de volta o cigarro do chão e deu mais uma longa tragada. Depois, estendeu o braço e ficou olhando a ponta queimar.

"Vou lembrar disso", disse ele, rindo, provavelmente referindo-se à reação alérgica de Clark. Na seqüência, jogou a bituca ao chão, próximo de Clark, e dando uma baforada, saiu, elegantemente, tal como chegou, em direção ao carro.

Enquanto ouvia o som o motor ser ligado e, depois, o automóvel se afastar, Clark tentou se levantar para impedi-lo, mas era impossível. Conseguiu, no entanto, pegar o número da placa do automóvel. E, depois, ficou por muito tempo daquele jeito, inerte e incapacitado, sentindo a kriptonita fazendo um terrível estrago no seu pulmão. Suas veias estavam rente à superfície da pele e a dor por todo o corpo era insuportável. Como se não bastasse, a fraqueza total o dominava de um jeito que a cada vez que entrava em contato com aqueles efeitos ocasionados pela kriptonita, mais Clark sabia que podia morrer por causa dela.

Então, finalmente, ele ouviu um som bastante familiar, a do motor do carro de Pete, que se aproximava. Ouviu a batida do carro e passos apressados.

"Clark!", gritou Chloe. "O quê foi que aconteceu?", perguntou ela, estarrecida, ao vê-lo ao chão, passando mal, quase desmaiado e com todas aquelas coisas pessoais de Lois jogadas ao chão. Abaixando-se ao seu lado e, imaginando que aquele era o motivo de Clark estar passando mal, pois ele ainda tossia muito, Chloe atirou para longe a bituca ainda acesa do cigarro.

Aos poucos, Clark foi se recompondo. Os efeitos da fumaça que ele já havia inalado, pareciam estar cessando e ele sentiu a maravilha que era respirar ar puro.

"O quê houve?", perguntou Chloe, novamente, olhando à volta e dando uma espiada para dentro da casa, que parecia estar revirada.

"Vieram atrás das anotações de Lois", disse Clark, conseguindo parar de tossir.

Chloe viu a mochila da prima e todos os objetos e roupas que estavam à volta. Faltava a caderneta vermelha.

"Você está bem, Clark?", perguntou Chloe. "Quer que eu o leve ao hospital?"

"Não", respondeu ele, conseguindo se levantar. "Estou bem. Mas não consegui evitar que levassem..."

"Tudo bem", disse Chloe. "Eu já dei uma olhada naquelas anotações e, honestamente, não tem nada que alguém que não seja Lois Lane possa entender".

Clark, ainda fraco, passou a mãos pelos olhos, que ainda ardiam. A sensação era a de que a fumaça contaminada pela kriptonita tivesse penetrado por todo o seu corpo.

"Além do mais", completou Chloe, "acho que podemos ter uma resposta à todas as nossas indagações".

Clark enrugou a testa, descobrindo que já não se sentia mais tão mal, e sem fazer idéia ao que Chloe se referia, perguntou o quê era, e ela não precisou responder, apenas mostrando a ele alguns impressos que tirou na bolsa.

Surpreso, notou que eram artigos de jornais diferentes, do Daily Planet, do Daily Star e do Inquisitor, falando de um congresso astronômico do qual participou o Dr. Virgil Swann, na Europa. Outro dos artigos, dizia que Lionel foi à Roma, mesma cidade em que o cientista estava, para um encontro de negócios. Um outro artigo, ainda, dizia que, enquanto o cientista esteve fora do país, houve uma tentativa de arrombamento no seu laboratório. Nenhuma das notícias, porém, tinha conexão direta e nem eram objeto de qualquer especulação de alguns dos jornalistas que as escreveram mas, para Clark e Chloe, fazia todo sentido, tendo em vista, principalmente, o quê já sabiam de Lionel Luthor e suas obscuras pretensões.

Continua...