ALÉM DO INVISÍVEL (CAPÍTULO VI)
A festa durou dois dias e duas noites. A chegada do filho de Hypnus mexeu com Elíseos, pois estava claro que a criança que estava para chegar seria mais um poderoso e importante Deus ou Deusa, só não se sabia ainda de qual divindade. Os dias estavam mais iluminados, e com isso a felicidade em Campos Elíseos estava perfeita. O verdadeiro paraíso.
Os meses foram passando e Endemyon estava cada vez mais linda com sua nova condição, de uma jovem inexperiente à esposa de um Deus e mãe de seu filho, a genitora do filho de Hypnus.
No decorrer dos meses, não se ouviu falar de Thânatos, o causador da terrível tempestade que praticamente arrasou com Campos Elíseos, não fosse pela intervenção de Hypnus. Na verdade , Hades, que ficou sabendo do ocorrido, puniu Thânatos, impedindo-o de entrar em Campos Elíseos durante todo o tempo em que Endemyon estivesse esperando o bebê. E no decorrer dos nove meses, Thânatos não pôde entrar em Elísios, ficando restrito ao território que se estendia antes do Muro das Lamentações. Com isso, seu ódio pelo irmão Hypnus e por sua cunhada Endemyon so aumentou, pois agora estava vivendo em no Mundo Das Trevas, ouvindo gritos e chamados de socorro, expressões de desespero de todas as almas que vivem lá. E logo ele, que estava acostumado aos confortos e à tranquilidade de Elíseos. Sua promessa de vingança se cumprirá tão logo o seu tempo de punição terminar...
Nove meses depois...
...Anda de um lado para o outro. Olha pela janela, vê o pôr do Sol, mas nada o distrai. Hypnus está impaciente. Há algumas horas Endemyon já estava para dar à luz seu filho e ainda não havia ouvido nada, nem um único som vindo do quarto onde ela estava, acompanhada de Nyx e de sua mãe, Licycmus. Um silêncio terrível naquela ante-sala onde estava aguardando impacientemente há horas. De repente um grito. Aparentemente um grito de dor. Mas não uma dor qualquer, não uma dor ruim. Uma dor com emoção, como se algo de muito bom acabasse de acontecer. Era a voz de Endemyon gritando. E em seguida, um choro. Um choro de criança. Um bebê recém- nascido. Era um novo Deus que acabara de nascer. Hypnus não esperou nem mais um segundo, adentrou o quarto mais do que depressa para ver seu filho. Uma criança lindíssima. Um menino de pele clara, belíssimos olhos verdes, e cabelos louros, como a mãe, Endemyon. E num gesto delicado, beijou a testa da esposa, pegando o filho em seguida, erguendo-o ao alto, sobre o pôr do Sol que já estava para acabar, trazendo um tom vermelho ao céu de Elíseos. Estava claro para Hypnus que aquela criança haveria de continuar sua divindade, trazendo aquilo que era diretamente ligado ao sono: os sonhos!! E com a criança em suas mãos Hypnus declamou o nome de seu primeiro e único filho: Morpheus, o Deus dos Sonhos!!
E assim nasceu a nova divindade do Panteão Grego. Morpheus, o Deus do sono.
Cansada com tudo o que aconteceu, Endemyon adormece com a certeza de que agora sim sua vida está completa e finalmente feliz.
Alguns tempo depois...
O pequeno Morpheus já estava com seis meses de vida, e assim como qualquer criança, dava certo trabalho para sua mãe e seu pai, sempre admiradores de seu próprio fruto com orgulho e amor.
Mas apesar de toda a felicidade e de aparentemente nada de ruim pudesse acontecer, Hypnus sentia-se estranhamente incomodado com algo inexplicável. Algo que nem ele mesmo sabia dizer porque estava sentindo. Mas então uma terrível lembrança lhe vem à mente: o tempo do castigo de Thânatos estava para acabado, e ele estaria voltando à Elíseos em breve. Tal lembrança aterrorizou Hypnus de imediato, porém para não interferir na felicidade de Endemyon, ele não deu uma palavra sobre a volta de Thânatos.
Porém, o tempo passava e Hypnus não via seu irmão retornar, e se lembrou de quando a tempestade estava para acontecer, que seu irmão ficou algum tempo em silêncio e não se pronunciou ate o momento de trazer à tona sua vingança. O medo de Hypnus aumentava a cada pensamento, mas sabia que seria capaz de conter a fúria de seu irmão com seus poderes... Só que não sabia do que Thânatos seria capaz agora que provávelmente seu desejo de vingança estaria maior do que qualquer outro sentimento que já sentira.
Mais uma madrugada em que Endemyon acorda para amamentar seu filho. Com Morpheus em seus braços, ela canta para ele adormecer, com sua voz melódica. O bebê logo adormece e ela volta para dormir. Hypnus a observa em seu sono, temeroso de que a volta de Thânatos possa trazer maus momentos para ele e seu amada família.
E os presságios de Hypnus não estavam errados. Naquela manhã de sol brilhante, a música geralmente ouvida através das Planícies não se ouvis mais. Algumas tristes nuvens encobriram o brilhante céu, tornando-o acinzentado. Era o retorno de Thânatos aos Campos Elíseos. As ninfas esconderam-se em seus templos. Os sátiros, sempre alegres, refugiaram-se em outros templos, cessando a música de seus instrumentos. Nada estava mais alegre como antes.
Em seu quarto, em Cimmery, Endemyon não entende a inquietação de seu filho, que chora sem parar. O pequeno Morpheus chora tão alto que preocupa ate mesmo Nyx, no Templo de Hades, longe dali. Hypnus vai ate o lado de fora de seu tempo e observa seu irmão retornando.
Não se sabia qual dos dois possuía mais ódio um pelo outro. O olhar trocado entre os dois irmãos era assustadoramente violento. Era possível ver raios de energia sendo trocados entre eles. Estava claro que ali a hostilidade imperava. Uma ofensa sem fim às Terras Sagradas de Campos Elíseos, onde somente a paz pode reinar, e nenhuma guerra pode acontecer.
Thânatos estava pronto para se vingar e Hypnus pronto para defender sua família. Mas aquela situação estava desagradável demais. Hypnus sabia que não podia se afastar de sua família nem por um minuto, ou a vingança de Thânatos poderia se concretizar.
Naquela tarde, enquanto brincava com seu filho, Hypnus recebeu a visita inesperada do Imperador Hades, que veio para conhecer Morpheus. Mas também havia um outro assunto a ser discutido. Uma rebelião de almas provocada pela presença de Thânatos no Mundo das Trevas estava causando sérios danos ao ciclo eterno de morte e vida que Hades cuidava para que acontecesse impecavelmente em seu reino. Para que esta rebelião acabasse, seria necessário que estas almas fossem mergulhadas em um poderoso e profundo sono. E somente Hypnus poderia fazer tal sono acontecer, mas para isso deveria ir ao Mundo das Trevas.
O coração do Deus do Sono tremeu. O medo lhe tomava. Sair do lado de sua família era o mesmo que dar a Thânatos a conclusão de sua vitória, então Hypnus diz a Hades:
_Meu senhor, infelizmente sabe o que acontece entre mim e meu irmão. Sabe que se eu me afastar de minha família ele concluirá seus malignos planos de vingança... Como posso fazer o que o senhor me pede, para ir ao Mundo das Trevas e abandonar Endemyon e Morpheus à própria sorte?!?
_Hypnus, você é um Deus. Tem as suas obrigações à cumprir. Jamais deveria Ter se casado. E muito menos Ter tido um filho com aquela mortal. Ela pode ser sua grande paixão, mas não está ao nosso nível divino. Você já deveria saber que em algum momento ela seria motivo de preocupação para você, mesmo que involuntariamente.
_Isso significa que o senhor não me permitirá ficar?... Eu realmente devo ir ao Mundo Das Trevas?
_Sim, Hypnus. É o que deve fazer!! Acalme as almas rebeldes, mergulhando-as em um profundo sono, para que não perturbem mais, e nem impeçam o julgamento correto de outras almas que cheguem no Mundo Das Trevas!!
Assim, Hypnus se vê obrigado a acatar e cumprir as ordens do Imperador Hades, dirigindo-se imediatamente com ele para o Mundo Das Trevas, sem poder se quer despedir-se de Endemyon.
Anoitece. Amanhece. Endemyon está muito preocupada. Porque Hypnus ainda não havia retornado para casa? Ele estava no Jardim com Morpheus e quando ela voltou ao Cimmery so encontrou o filho adormecido no berço. Um medo terrível tomou conta de seu coração naquele momento. Ela sabia que algo ruim estava para acontecer. Sem esperar nem mais um segundo, Endemyon envolve Morpheus em um manto dourado e vai ate onde está seu cavalo Áccel, que já estava recuperado dos graves ferimentos que sofreu no dia da tempestade. A bela jovem pensava em ficar com sua mãe e com Nyx no Templo de Hades ate que Hypnus retornasse. Mas ela não tem tempo para isso.
Ao virar-se para trás, tem uma desagradabilíssima surpresa: Thânatos a observava. Temendo sofrer uma perseguição como na noite da tempestade, Endemyon prefere agir como se nada tivesse acontecido, como se não estivesse tentando fugir dele, na verdade tenta agir como se nem o tivesse visto ali. Mas o pânico estava claramente estampado em seu rosto. Mesmo assim ela conta mais uma vez com sua infinita coragem e caminha pelo jardim, sem notar entretanto que Thânatos se aproxima dela. Ao ouvir a voz de seu cunhado, gela-se dos pés à cabeça, mas tenta não demonstrar o medo. Ele se aproxima dela, que tem a criança nos braços. Cínico, ele pergunta:
_Então este é meu sobrinho, Morpheus... Uma bela criança, posso segurar?
Endemyon não lhe responde, apenas olha-o nos olhos, mas não diz nada.
_E então?... Não vai permitir que eu segure meu sobrinho?
_Não, não irei permitir... ( Disse decidida )
_Eu acho que no nosso último encontro não tivemos uma conversa digamos, agradável... Na verdade desde a primeira vez que nos vimos concordemos que não houve um so momento sem ironia ou hostilidade entre nós...
_Você me surpreende, Thânatos... Eu achei que jamais admitiria que nós nos odiamos mutuamente, o que nos faz concluir que a distância é a melhor coisa para nós!!
_Vejo que não mudou em absolutamente nada... Nem mesmo a maternidade a fez mudar o tom de coragem na voz... É realmente muito jovem ainda, o fato de Ter tido esta criança não lhe alterou em nada a personalidade, nem o seu corpo... ( Ele a observa com os mesmos olhos maliciosos da noite da tempestade )
_ Thânatos, eu já cansei disto!! Vou voltar para dentro do templo...
Thânatos segura Endemyon pelo braço, e ela só não reage porque esta com o filho nos braços. Olhando-o pela primeira vez com olhos de medo, Endemyon temenao pr ela, mas pelo seu filho.
_O que você quer, Thânatos?!?
_ O que eu sempre quis... Você, Endemyon!!
Ela não tem reação. Se estivesse sozinha gritaria por socorro, pediria ajuda a Nyx, ou então montaria em seu cavalo e fugiria mais uma vez, mas com seu filho agora era tudo diferente. Temia por ele. Sabia do que Thânatos era capaz!! Em meio ao turbilhão de pensamentos que lhe vinham à mente, Endemyon não percebeu que Thânatos estava prestes a lhe tomar seu filho. E tem seu bebê retirado de seus braços violentamente, assustando-o e fazendo-o chorar. O choro do pequeno Morpheus irrita Thânatos, que ordena a Endemyon que faça-o parar de chorar.
Como o bebê não pára, Thânatos tira-o novamente de Endemyon, e arrasta mãe e filho para seu prateado templo, do lado oposto ao de Hypnus.
Nyx e Licycmus percebem que Endemyon e Morpheus estão em perigo e tentam fazer algo para chamar a atenção de Hypnus, mas este está muito longe, no Mundo das Trevas. Licycmus teme pela vida da filha e do neto, assim como Nyx, que já esta farta das maldades de Thânatos.
No templo de Thânatos, Endemyon implora para ficar com seu filho, mas Thânatos diz que so permitirá caso ela aceite tornar-se sua mulher, abandonando Hypnus. Na verdade Thânatos a queria por causa da paixão descontrolada que sentia, mas também para se vingar dela por tê-lo rejeitado. Sem outra opção, Endemyon finge aceitar a proposta de Thânatos. Mas já tem em mente um plano para fugir dali naquela noite com seu filho e ir para o Templo de Hades, refugira-se com sua mãe e Nyx.
Anoitece. Endemyon diz para Thânatos que vai colocar Morpheus para dormir antes de ir para o quarto dele. Ele entende e a permite ir ate o quarto onde o menino está. Sorrateiramente, Endemyon pega o seu filho e, rezando para que ele não acorde e não chore, esgueira-se pelos corredores do templo de Thânatos, tentando alcançar a porta. Esta em pânico, pois se Thânatos descobrir, o pouco de piedade que ele teve para com ela e seu filho acabará.
Mas seu instinto maternal fala mais alto, e ela sabe que tem que zelar pelo seu filho.
Endemyon está prestes a alcançar a porta, e finalmente sai do Templo de Thânatos.
Olha para os lados, não há ninguém... Respira aliviada. Olha para seu filho e vê que o menino dorme tranqüilamente. Ela esta pronta para seguir seu caminho ate o Templo de Hades. Entretanto uma voz a chama:
_Endemyon!! Eu sabia que você não havia mudado nada!! Esta novamente fugindo de mim!!
Apavorada, ela percebe que Thânatos esteve todo o tempo observando-a, e que todo o cuidado que teve ate aquele momento havia sido inútil.
Com os olhos agora em um tom avermelhado de raiva, Thânatos avança sobre a indefesa Endemyon, e arranca-lhe Morpheus dos braços, fazendo novamente a criança chorar, mas desta vez o choro não lhe incomoda, ao contrário, quanto mais Morpheus chora, mais Endemyon sofre, e é exatamente isto que ele quer : faze-la sofrer!!
Chorando tanto quanto seu filho, Endemyon é levada por Thânatos ate as margens do Rio Lethes, onde eles embarcam em um barco que os levará ate o Mundo das Trevas.
Já no sombrio reino, Endemyon que nunca havia visto semelhante lugar, nem mesmo quando esteve em meio à Guerra de Tróia com sua mãe, assusta-se com a tristeza do local, com os gritos das almas atormentadas, com tantas sombras. Ela implora para que Thânatos devolva seu filho, e ele entrega-lhe Morpheus, mas lhe ordena imediatamente :
_Endemyon, você pecou contra mim, um Deus, então agora terá que decidir : ou sua vida ou a de seu filho!!
_O QUE ESTA DIZENDO?!?!?!?... ( Endemyon estava em pânico. Com tanto medo não conseguia raciocinar direito, nem mesmo falar )
_Decida, Endemyon!! Salve-se e volte para Campos Elíseos e deixe seu filho aqui, ou deixe que ele retorne comigo em meu barco e você fica aqui!!
Sem pensar duas vezes, Endemyon responde :
_ME DEIXE AQUI!!! POR FAVOR, POR TUDO QUE VOCÊ MAIS PREZA, LEVE E SALVE MEU FILHO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Com um sorriso de satisfação no rosto, Thânatos pega o pequeno Morpheus nos braços e entra em seu barco, deixando Endemyon às margens do Rio Aqueronte. Ela observa o barco de Thânatos desaparecer e vê várias pessoas se aproximando dela. Estas pessoas estão sujas, nuas, choram muito, gritam também. Têm expressões de medo e dor no rosto. Ela logo percebe que ali é o tão temido e falado Mundo das Trevas. E realiza em sua mente que é ali onde passará o resto de sua vida e toda sua eternidade após a morte. Ela começa a chorar também. Logo ela comporta-se como aqueles que se encontram ali também. Um destino terrível aguardava Endemyon : estar viva, no meio dos mortos e sofrer como eles o peso de um pecado que nunca cometeu.
Enquanto ela sofre em meio aos mortos, Thânatos segue viagem com o pequeno Morpheus nos braços, olhando para o bebê com expressão de desprezo, ou quem sabe, de inveja. Talvez ele mesmo quisesse ser o pai do menino, sendo então casado com Endemyon, mas como não é esta a realidade, o Deus da Morte resolve não cumprir com sua palavra e desvia o curso do seu barco para a entrada do País das Almas, onde os espíritos vão antes de entrarem definitivamente no Mundo Das Trevas. Lá chegando, Thânatos não se dá nem o trabalho de desembarcar. Ele simplesmente pega o bebê e deixa-o no chão. Morpheus chora com o chão frio no qual foi colocado. E também por estar com fome. Thânatos apenas olha o bebê com expressão de asco e deixa-o lá, na margem do rio Aqueronte. Certamente as almas que passam pelo lugar levariam o pequeno Morpheus para algum outro lugar. Bem longe dos aconchegantes braços de sua mãe Endemyon e de seu pai Hypnus.
Finalmente a vingança de Thânatos estava quase completa. Mas ainda faltava mostrar para Hypnus o desastre que ele conseguiu causar à sua família. Queria ver seu irmão rastejando e contorcendo-se de remorso por Ter deixado Endemyon sozinha, após Ter jurado que jamais a deixaria só novamente. E esta terrível cena de humilhação entre os irmãos não tardou a acontecer.
No dia seguinte, Hypnus retornou a Campos Elíseos, com pressa de ver sua família, saber como estavam sua esposa e seu filho, e adentrou o Cimmery rapidamente. Ao chegar lá dentro, não ouviu nada, nem mesmo um ruído. Achou tudo muito estranho, já que Morpheus sempre fazia muito barulho, ou chorando ou gargalhando. Gargalhadas essas que eram simplesmente impossíveis ignorar e não parar para ouvir, tão maravilhosos eram. Mas não havia ninguém. Nem mesmo Endemyon que sempre vinha recebê-lo carinhosamente. Caminhou ate seu quarto, temeroso. Não havia nada. Desesperou-se imediatamente. Sabia que algo de muito ruim havia acontecido à sua família, quando de repente pensou em Thânatos. Sabia que ele tinha algo haver com aquele sumiço. Imediatamente vestiu sua Kamei e tomando sua capa, foi ao encontro do inescrupuloso irmão. Não foi preciso procurar muito, Thânatos o esperava do lado de fora de Cimmery. Também vestindo sua Kamei, Thânatos encara seu irmão. Ódio conta ódio. Hypnus queria saber de sua família, e Thânatos queria vê-lo em desespero. E estava conseguindo. Hypnus já não sabia mais o que fazer, então disse ao irmão :
_Thânatos, o que você quer para parar com isso??... Me diga onde esta Endemyon!! Me diga o que fez com ela e meu filho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
_Ora, meu irmão, você sabe melhor do que ninguém que eu sou vingativo... Você mesmo advertiu sua linda esposa sobre isso... Encontre-a pelos seus próprios meios, Deus do Sono!!
E dito isto, retira-se satisfeito para seu Templo, deixando Hypnus desesperado e com os olhos cheios de lágrimas de dor por não saber o que seu inescrupuloso irmão fez à sua amada família. As lágrimas escorrem pelo seu rosto, e parece que ate sua alma está em prantos com tamanha dor. Mas não pode reagir. Não tem forças para reagir. E sabe que se o fizer também pode ser punido por Hades, já que em Campos Elíseos não pode haver guerra. Mas então, o que faria para ver sua família junta novamente? Em meio a tantas dúvidas e perguntas, Hypnus foi ate sua mãe. Nyx o aconselha a ir procurar Endemyon no Mundo Das Trevas, onde possivelmente Thânatos havia levado Endemyon. E Hypnus não perdeu nem mais um segundo ali. Foi ate o Mundo das Sombras procurar sua amada esposa.
Mesmo sendo um Deus muitíssimo poderoso, o Senhor do Sono, Hypnus jamais conseguiria encontrar uma pessoa específica naquele vasto e interminável mundo, ate porque novas almas chegavam a cada minuto, confundindo-se com as que já estavam lá. Hypnus se vê em meio a milhares de espíritos condenados, perdidos, que choram lamentando seu destino. Ele grita pelo nome de Endemyon por horas e horas, observa cada alma que passa diante dele com atenção, mas nenhuma delas é sua querida Endemyon. Já não há mais esperança em encontrá-la. Mas de súbito, lembra-se que é um Deus que serve a Hades, então vai ate seu Imperador para pedir a ele que lhe devolva Endemyon. Mas Hades não esta no Mundo Das Trevas. Havia ido ate o Olimpo para buscar sua esposa Perséfone, que estava visitando sua mãe, Deméter. Hypnus não poderia esperar ate que Hades retornasse do Olimpo, pois tais viagens sempre demoravam muito. De fato, Thânatos estava certo : teria que achar Endemyon pelos seus próprios meios...
Durante um período de um ano, Hypnus não retorna aos Campos Elíseos, somente procurando por Endemyon e por seu filho, mas não os encontra nunca. Então, percebendo que continuar tal busca desta forma seria inútil, decide retornar à Elíseos. Quando volta à Terra Sagrada, tudo está como antes, e ate mesmo as orgias que seu irmão costumava oferecer às ninfas voltaram a acontecer. Thânatos havia conseguido concluir sua vingança com sucesso.
Hypnus parece cansado, arrasado, sua alma estava evidentemente triste e jamais retornaria a ser feliz novamente, a não ser que tivesse sua amada Endemyon ao seu lado novamente.
Nyx, que assistiu a todo o flagelo de seu filho, causado pela falta de caráter de seu outro filho não suportou tamanho sofrimento de Hypnus e decidiu interceder por seu filho bondoso e sofredor. Foi ate o Monte Olimpo e pediu uma audiência com o Grande Zeus. O Deus dos Deuses a recebeu com alegria, mas ao saber de toda a história contada por Nyx, ficou extremamente triste com o acontecido à Endemyon e a Hypnus, e também ao novo Deus que compunha o Panteão Grego dos Deuses, Morpheus, que há mais de um ano estava desaparecido.
A mãe de Endemyon, Licycmus, foi pedir auxílio à Afrodite, que sempre fora sua amiga. E Afrodite, disse que nada poderia fazer por Endemyon, mas que poderia ajudar Nyx no pedido a Zeus que auxiliasse a jovem esposa de Hypnus. E assim, diante dos pedidos de Nyx e Afrodite, Zeus acabou por conceder à Endemyon a graça máxima que um Deus como ele poderia conceder : transformá-la em uma Semi-Deusa. Assim, ela poderia ir habitar a Torre de Marfim no ponto mais alto do Monte Olimpo, onde deixará de sofrer. Mas para o bem de Campos Elíseos, Endemyon não poderá voltar a viver lá, pois se o fizer, Thânatos poderia tentar alguma outra vingança, estragando a paz na Terra Sagrada novamente. E para que o Deus da Morte jamais soubesse onde Endemyon está, e por tanto achar que ela ainda sofre no Mundo das Trevas, Zeus advertiu as duas Deusas que elas não revelasse a ninguém onde Endemyon ficará após receber a graça divina de Zeus, e se tornar uma Semi- Deusa. Seu paradeiro deve ser totalmente escondido para sempre.
Nyx, que sempre teve um sentimento especial por Endemyon, quase como uma mãe, e Afrodite, que consagrou a jovem, aceitam então a decisão de Zeus, percebendo que é justo o que o Senhor dos Deuses propôs. E assim fica decidido.
No Mundo das Trevas, Endemyon já estava como uma das almas condenadas. Encontrava-se suja, chorando e esgueirando-se pelas sombras tristemente, sem saber de seu marido e de seu filho há um ano. De repente, uma luz fortíssima invade o local de trevas onde ela está, e esta luz a retira de lá. Ela acorda e se vê em um outro lugar, totalmente o oposto de onde estava. Havia muita luz, que entrava por uma janela, de bordas douradas. Ela não entendia o que era aquilo. Seria um sonho? Não. Era apenas a vontade de Zeus, que a colocou ali para que ela não mais sofresse injustamente. Ela se olha em um espelho que havia naquele quarto em que estava, e se vê como no dia em que se casou com Hypnus, com uma belíssima túnica branca e dourada. Toca o próprio rosto para poder acreditar que esta acordada e viva. Não é um sonho!
De repente a belíssima ouve a voz de Nyx, que lhe conta sua nova condição.
_Endemyon, não tenha medo. Sou eu, Nyx. Minha querida, Zeus, o Deus dos Deuses, decidiu que seu castigo injusto deveria Ter um fim, e por isso você está aqui, na Torre de Marfim no ponto mais alto do Monte Olimpo. Porém você jamais deve voltar a Campos Elíseos, para não despertar a ira de Thânatos novamente, e assim deixar seu marido, meu filho Hypnus viver em paz... Ou ao menos tentar faze-lo, pois desde que perdeu você e Morpheus ele não tem mais paz.
_Obrigada Grande Nyx, obrigada Zeus!! Mas o que eu, uma mortal fiz de tão importante para merecer ser agraciada desta forma?
_Endemyon, agora você não é mais uma simples mortal... É agora uma Semi- Deusa, a Semi-Deusa da música!... E sua habitação agora é a Torre de Marfim.
_Eu, uma Semi-Deusa?!... ( Endemyon estava naturalmente confusa com tal revelação ) E meu filho?... Onde está Morpheus, e meu marido?!?
_Acalme-se... você poderá vê-los sempre que quiser, porém para o seu próprio bem e para o bem deles, não devera descer de sua Torre nunca e portanto jamais os tocará novamente... Esta é a decisão de Zeus.
Endemyon lamentou seu triste destino, uma vez que nunca mais voltará a tocar e ver pessoalmente sua família, mas sabe que poderá vê-los através de seu espelho em sua Torre de Marfim, e portanto olhar por eles, desejando- lhes paz.
Sua tristeza é transformada em música, que toda tarde os ventos que passam por sua janela levam através de suas asas e espalham pelos lugares onde sopram, anunciando uma belíssima e triste canção. A canção de Endemyon, a Semi-Deusa da música que nunca mais poderá tocar seus amados filho e marido...
Anos e anos se passam...
Eras e Eras de passam...
As estações mudam e Hypnus continua sua infinita busca por Endemyon, que jamais encontrará. Porém em uma destas viagens, ele encontra-se com um belo jovem, que lhe fazia lembrar dele mesmo, quando conheceu Endemyon em seu templo, há muitas Eras atrás. Este jovem se apresenta como o Senhor do País das Almas, de onde entrega aos seres que adormecem os Sonhos... Hypnus imediatamente o reconhece como seu filho perdido, Morpheus. Eles realmente são muito parecidos. E então aceitando o pedido do pai, Morpheus muda-se para Campos Elíseos, onde junto com seu pai, continuará sua bisca infinita por Endemyon, que sempre os observara de sua Torre...........................
ERA CONTEPORÂNEA... (CAMPOS ELÍSEOS)
... Hypnus está desmaiado no chão, ferido pelo poder de Hyoga e Shiryu combinados. Ele vê Athena libertar-se do Vaso onde ele mesmo a prendeu, segundo as ordens de Hades. Hades em pessoa novamente luta contra sua inimiga eterna, Athena. Mas então, em uma explosão de Cosmos, Athena lança seu Cetro no Imperador das Trevas e o derruba, conseguindo então livrar o Mundo das Trevas, mas não podendo no entanto evitar a destruição de Campos Elíseos, e do próprio Mundo das Trevas.
Ferido ao chão, Hypnus não pode se defender da destruição que acontece em sua volta. Quando acreditava que tudo estava perdido para si mesmo, Hypnus vê uma luz forte vindo em sua direção, como se esta luz fosse salvá- lo daquela destruição. Ele enfim desmaia de vez.
Ao recobrar a consciência, Hypnus se vê em uma cama parecida com a do seu templo Cimmery, que agora já deveria estar destruído em Campos Elíseos.
Ao abrir os olhos, Hypnus tem uma visão : Endemyon está sentada aos pés da cama, divinamente vestida como uma Deusa, aguardando que ele acordasse. Gesto que ele mesmo repetiu tantas e tantas vezes. Com o mais belo dos sorrisos, um sorriso que ele nunca pôde contemplar, Endemyon o recebe de volta. Ele esta na Torre de Marfim onde ela passou por todas as Eras observando-o ao longe. Hypnus está incrédulo, mas ao tocar o belíssimo rosto de Endemyon, ele vê que não se trata de um sonho, mas da realidade... Finalmente de uma feliz realidade!!!
Ele se levanta, não esta com sua Kamei, mas com uma túnica como as que costumava usar na Era Mitológica. Ele toma Endemyon nos braços e com todo amor e saudade repreendidos pelo tempo, beija-a com fervor, como se nunca a tivesse beijado antes.
Impossível não conter as lágrimas de felicidade naquele momento.
Mas ainda não era hora de se sentir feliz por completo... Faltava uma pessoa, que acabara de chegar : Morpheus, seu filho.
Novamente unidos, Endemyon, Hypnus e Morpheus agora têm a felicidade completa, viverão daquele momento em diante juntos, para toda a eternidade do Monte Olimpo...
Agora que Thânatos foi derrotado por Seiya de Pégasus, não poderia mais perturbar a felicidade deles jamais.
Endemyon e Hypnus agora estão em um belíssimo e enorme jardim, e caminham juntos, para um mundo novo, um mundo de luz além das maldades de Thânatos, além dos flagelos que lhes afetaram por tantas e tantas vezes na Era passada, além dos sonhos e do real... Além do invisível................................................................... ....
FIM
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A fanfic Além do Invisível termina aqui, mas ainda há algumas coisas a serem explicadas, e alguns agradecimentos a serem feitos, então por favor, dirijam-se ate o próximo capítulo, o CAPÍTULO BÔNUS, onde vocês encontrarão a explicação do Mito que me deu inspiração para esta fic e algumas outras coisas a respeito dela. Muito obrigada a todos os que leram ate aqui!!
LUTHY LOTHLÓRIEN.
A festa durou dois dias e duas noites. A chegada do filho de Hypnus mexeu com Elíseos, pois estava claro que a criança que estava para chegar seria mais um poderoso e importante Deus ou Deusa, só não se sabia ainda de qual divindade. Os dias estavam mais iluminados, e com isso a felicidade em Campos Elíseos estava perfeita. O verdadeiro paraíso.
Os meses foram passando e Endemyon estava cada vez mais linda com sua nova condição, de uma jovem inexperiente à esposa de um Deus e mãe de seu filho, a genitora do filho de Hypnus.
No decorrer dos meses, não se ouviu falar de Thânatos, o causador da terrível tempestade que praticamente arrasou com Campos Elíseos, não fosse pela intervenção de Hypnus. Na verdade , Hades, que ficou sabendo do ocorrido, puniu Thânatos, impedindo-o de entrar em Campos Elíseos durante todo o tempo em que Endemyon estivesse esperando o bebê. E no decorrer dos nove meses, Thânatos não pôde entrar em Elísios, ficando restrito ao território que se estendia antes do Muro das Lamentações. Com isso, seu ódio pelo irmão Hypnus e por sua cunhada Endemyon so aumentou, pois agora estava vivendo em no Mundo Das Trevas, ouvindo gritos e chamados de socorro, expressões de desespero de todas as almas que vivem lá. E logo ele, que estava acostumado aos confortos e à tranquilidade de Elíseos. Sua promessa de vingança se cumprirá tão logo o seu tempo de punição terminar...
Nove meses depois...
...Anda de um lado para o outro. Olha pela janela, vê o pôr do Sol, mas nada o distrai. Hypnus está impaciente. Há algumas horas Endemyon já estava para dar à luz seu filho e ainda não havia ouvido nada, nem um único som vindo do quarto onde ela estava, acompanhada de Nyx e de sua mãe, Licycmus. Um silêncio terrível naquela ante-sala onde estava aguardando impacientemente há horas. De repente um grito. Aparentemente um grito de dor. Mas não uma dor qualquer, não uma dor ruim. Uma dor com emoção, como se algo de muito bom acabasse de acontecer. Era a voz de Endemyon gritando. E em seguida, um choro. Um choro de criança. Um bebê recém- nascido. Era um novo Deus que acabara de nascer. Hypnus não esperou nem mais um segundo, adentrou o quarto mais do que depressa para ver seu filho. Uma criança lindíssima. Um menino de pele clara, belíssimos olhos verdes, e cabelos louros, como a mãe, Endemyon. E num gesto delicado, beijou a testa da esposa, pegando o filho em seguida, erguendo-o ao alto, sobre o pôr do Sol que já estava para acabar, trazendo um tom vermelho ao céu de Elíseos. Estava claro para Hypnus que aquela criança haveria de continuar sua divindade, trazendo aquilo que era diretamente ligado ao sono: os sonhos!! E com a criança em suas mãos Hypnus declamou o nome de seu primeiro e único filho: Morpheus, o Deus dos Sonhos!!
E assim nasceu a nova divindade do Panteão Grego. Morpheus, o Deus do sono.
Cansada com tudo o que aconteceu, Endemyon adormece com a certeza de que agora sim sua vida está completa e finalmente feliz.
Alguns tempo depois...
O pequeno Morpheus já estava com seis meses de vida, e assim como qualquer criança, dava certo trabalho para sua mãe e seu pai, sempre admiradores de seu próprio fruto com orgulho e amor.
Mas apesar de toda a felicidade e de aparentemente nada de ruim pudesse acontecer, Hypnus sentia-se estranhamente incomodado com algo inexplicável. Algo que nem ele mesmo sabia dizer porque estava sentindo. Mas então uma terrível lembrança lhe vem à mente: o tempo do castigo de Thânatos estava para acabado, e ele estaria voltando à Elíseos em breve. Tal lembrança aterrorizou Hypnus de imediato, porém para não interferir na felicidade de Endemyon, ele não deu uma palavra sobre a volta de Thânatos.
Porém, o tempo passava e Hypnus não via seu irmão retornar, e se lembrou de quando a tempestade estava para acontecer, que seu irmão ficou algum tempo em silêncio e não se pronunciou ate o momento de trazer à tona sua vingança. O medo de Hypnus aumentava a cada pensamento, mas sabia que seria capaz de conter a fúria de seu irmão com seus poderes... Só que não sabia do que Thânatos seria capaz agora que provávelmente seu desejo de vingança estaria maior do que qualquer outro sentimento que já sentira.
Mais uma madrugada em que Endemyon acorda para amamentar seu filho. Com Morpheus em seus braços, ela canta para ele adormecer, com sua voz melódica. O bebê logo adormece e ela volta para dormir. Hypnus a observa em seu sono, temeroso de que a volta de Thânatos possa trazer maus momentos para ele e seu amada família.
E os presságios de Hypnus não estavam errados. Naquela manhã de sol brilhante, a música geralmente ouvida através das Planícies não se ouvis mais. Algumas tristes nuvens encobriram o brilhante céu, tornando-o acinzentado. Era o retorno de Thânatos aos Campos Elíseos. As ninfas esconderam-se em seus templos. Os sátiros, sempre alegres, refugiaram-se em outros templos, cessando a música de seus instrumentos. Nada estava mais alegre como antes.
Em seu quarto, em Cimmery, Endemyon não entende a inquietação de seu filho, que chora sem parar. O pequeno Morpheus chora tão alto que preocupa ate mesmo Nyx, no Templo de Hades, longe dali. Hypnus vai ate o lado de fora de seu tempo e observa seu irmão retornando.
Não se sabia qual dos dois possuía mais ódio um pelo outro. O olhar trocado entre os dois irmãos era assustadoramente violento. Era possível ver raios de energia sendo trocados entre eles. Estava claro que ali a hostilidade imperava. Uma ofensa sem fim às Terras Sagradas de Campos Elíseos, onde somente a paz pode reinar, e nenhuma guerra pode acontecer.
Thânatos estava pronto para se vingar e Hypnus pronto para defender sua família. Mas aquela situação estava desagradável demais. Hypnus sabia que não podia se afastar de sua família nem por um minuto, ou a vingança de Thânatos poderia se concretizar.
Naquela tarde, enquanto brincava com seu filho, Hypnus recebeu a visita inesperada do Imperador Hades, que veio para conhecer Morpheus. Mas também havia um outro assunto a ser discutido. Uma rebelião de almas provocada pela presença de Thânatos no Mundo das Trevas estava causando sérios danos ao ciclo eterno de morte e vida que Hades cuidava para que acontecesse impecavelmente em seu reino. Para que esta rebelião acabasse, seria necessário que estas almas fossem mergulhadas em um poderoso e profundo sono. E somente Hypnus poderia fazer tal sono acontecer, mas para isso deveria ir ao Mundo das Trevas.
O coração do Deus do Sono tremeu. O medo lhe tomava. Sair do lado de sua família era o mesmo que dar a Thânatos a conclusão de sua vitória, então Hypnus diz a Hades:
_Meu senhor, infelizmente sabe o que acontece entre mim e meu irmão. Sabe que se eu me afastar de minha família ele concluirá seus malignos planos de vingança... Como posso fazer o que o senhor me pede, para ir ao Mundo das Trevas e abandonar Endemyon e Morpheus à própria sorte?!?
_Hypnus, você é um Deus. Tem as suas obrigações à cumprir. Jamais deveria Ter se casado. E muito menos Ter tido um filho com aquela mortal. Ela pode ser sua grande paixão, mas não está ao nosso nível divino. Você já deveria saber que em algum momento ela seria motivo de preocupação para você, mesmo que involuntariamente.
_Isso significa que o senhor não me permitirá ficar?... Eu realmente devo ir ao Mundo Das Trevas?
_Sim, Hypnus. É o que deve fazer!! Acalme as almas rebeldes, mergulhando-as em um profundo sono, para que não perturbem mais, e nem impeçam o julgamento correto de outras almas que cheguem no Mundo Das Trevas!!
Assim, Hypnus se vê obrigado a acatar e cumprir as ordens do Imperador Hades, dirigindo-se imediatamente com ele para o Mundo Das Trevas, sem poder se quer despedir-se de Endemyon.
Anoitece. Amanhece. Endemyon está muito preocupada. Porque Hypnus ainda não havia retornado para casa? Ele estava no Jardim com Morpheus e quando ela voltou ao Cimmery so encontrou o filho adormecido no berço. Um medo terrível tomou conta de seu coração naquele momento. Ela sabia que algo ruim estava para acontecer. Sem esperar nem mais um segundo, Endemyon envolve Morpheus em um manto dourado e vai ate onde está seu cavalo Áccel, que já estava recuperado dos graves ferimentos que sofreu no dia da tempestade. A bela jovem pensava em ficar com sua mãe e com Nyx no Templo de Hades ate que Hypnus retornasse. Mas ela não tem tempo para isso.
Ao virar-se para trás, tem uma desagradabilíssima surpresa: Thânatos a observava. Temendo sofrer uma perseguição como na noite da tempestade, Endemyon prefere agir como se nada tivesse acontecido, como se não estivesse tentando fugir dele, na verdade tenta agir como se nem o tivesse visto ali. Mas o pânico estava claramente estampado em seu rosto. Mesmo assim ela conta mais uma vez com sua infinita coragem e caminha pelo jardim, sem notar entretanto que Thânatos se aproxima dela. Ao ouvir a voz de seu cunhado, gela-se dos pés à cabeça, mas tenta não demonstrar o medo. Ele se aproxima dela, que tem a criança nos braços. Cínico, ele pergunta:
_Então este é meu sobrinho, Morpheus... Uma bela criança, posso segurar?
Endemyon não lhe responde, apenas olha-o nos olhos, mas não diz nada.
_E então?... Não vai permitir que eu segure meu sobrinho?
_Não, não irei permitir... ( Disse decidida )
_Eu acho que no nosso último encontro não tivemos uma conversa digamos, agradável... Na verdade desde a primeira vez que nos vimos concordemos que não houve um so momento sem ironia ou hostilidade entre nós...
_Você me surpreende, Thânatos... Eu achei que jamais admitiria que nós nos odiamos mutuamente, o que nos faz concluir que a distância é a melhor coisa para nós!!
_Vejo que não mudou em absolutamente nada... Nem mesmo a maternidade a fez mudar o tom de coragem na voz... É realmente muito jovem ainda, o fato de Ter tido esta criança não lhe alterou em nada a personalidade, nem o seu corpo... ( Ele a observa com os mesmos olhos maliciosos da noite da tempestade )
_ Thânatos, eu já cansei disto!! Vou voltar para dentro do templo...
Thânatos segura Endemyon pelo braço, e ela só não reage porque esta com o filho nos braços. Olhando-o pela primeira vez com olhos de medo, Endemyon temenao pr ela, mas pelo seu filho.
_O que você quer, Thânatos?!?
_ O que eu sempre quis... Você, Endemyon!!
Ela não tem reação. Se estivesse sozinha gritaria por socorro, pediria ajuda a Nyx, ou então montaria em seu cavalo e fugiria mais uma vez, mas com seu filho agora era tudo diferente. Temia por ele. Sabia do que Thânatos era capaz!! Em meio ao turbilhão de pensamentos que lhe vinham à mente, Endemyon não percebeu que Thânatos estava prestes a lhe tomar seu filho. E tem seu bebê retirado de seus braços violentamente, assustando-o e fazendo-o chorar. O choro do pequeno Morpheus irrita Thânatos, que ordena a Endemyon que faça-o parar de chorar.
Como o bebê não pára, Thânatos tira-o novamente de Endemyon, e arrasta mãe e filho para seu prateado templo, do lado oposto ao de Hypnus.
Nyx e Licycmus percebem que Endemyon e Morpheus estão em perigo e tentam fazer algo para chamar a atenção de Hypnus, mas este está muito longe, no Mundo das Trevas. Licycmus teme pela vida da filha e do neto, assim como Nyx, que já esta farta das maldades de Thânatos.
No templo de Thânatos, Endemyon implora para ficar com seu filho, mas Thânatos diz que so permitirá caso ela aceite tornar-se sua mulher, abandonando Hypnus. Na verdade Thânatos a queria por causa da paixão descontrolada que sentia, mas também para se vingar dela por tê-lo rejeitado. Sem outra opção, Endemyon finge aceitar a proposta de Thânatos. Mas já tem em mente um plano para fugir dali naquela noite com seu filho e ir para o Templo de Hades, refugira-se com sua mãe e Nyx.
Anoitece. Endemyon diz para Thânatos que vai colocar Morpheus para dormir antes de ir para o quarto dele. Ele entende e a permite ir ate o quarto onde o menino está. Sorrateiramente, Endemyon pega o seu filho e, rezando para que ele não acorde e não chore, esgueira-se pelos corredores do templo de Thânatos, tentando alcançar a porta. Esta em pânico, pois se Thânatos descobrir, o pouco de piedade que ele teve para com ela e seu filho acabará.
Mas seu instinto maternal fala mais alto, e ela sabe que tem que zelar pelo seu filho.
Endemyon está prestes a alcançar a porta, e finalmente sai do Templo de Thânatos.
Olha para os lados, não há ninguém... Respira aliviada. Olha para seu filho e vê que o menino dorme tranqüilamente. Ela esta pronta para seguir seu caminho ate o Templo de Hades. Entretanto uma voz a chama:
_Endemyon!! Eu sabia que você não havia mudado nada!! Esta novamente fugindo de mim!!
Apavorada, ela percebe que Thânatos esteve todo o tempo observando-a, e que todo o cuidado que teve ate aquele momento havia sido inútil.
Com os olhos agora em um tom avermelhado de raiva, Thânatos avança sobre a indefesa Endemyon, e arranca-lhe Morpheus dos braços, fazendo novamente a criança chorar, mas desta vez o choro não lhe incomoda, ao contrário, quanto mais Morpheus chora, mais Endemyon sofre, e é exatamente isto que ele quer : faze-la sofrer!!
Chorando tanto quanto seu filho, Endemyon é levada por Thânatos ate as margens do Rio Lethes, onde eles embarcam em um barco que os levará ate o Mundo das Trevas.
Já no sombrio reino, Endemyon que nunca havia visto semelhante lugar, nem mesmo quando esteve em meio à Guerra de Tróia com sua mãe, assusta-se com a tristeza do local, com os gritos das almas atormentadas, com tantas sombras. Ela implora para que Thânatos devolva seu filho, e ele entrega-lhe Morpheus, mas lhe ordena imediatamente :
_Endemyon, você pecou contra mim, um Deus, então agora terá que decidir : ou sua vida ou a de seu filho!!
_O QUE ESTA DIZENDO?!?!?!?... ( Endemyon estava em pânico. Com tanto medo não conseguia raciocinar direito, nem mesmo falar )
_Decida, Endemyon!! Salve-se e volte para Campos Elíseos e deixe seu filho aqui, ou deixe que ele retorne comigo em meu barco e você fica aqui!!
Sem pensar duas vezes, Endemyon responde :
_ME DEIXE AQUI!!! POR FAVOR, POR TUDO QUE VOCÊ MAIS PREZA, LEVE E SALVE MEU FILHO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Com um sorriso de satisfação no rosto, Thânatos pega o pequeno Morpheus nos braços e entra em seu barco, deixando Endemyon às margens do Rio Aqueronte. Ela observa o barco de Thânatos desaparecer e vê várias pessoas se aproximando dela. Estas pessoas estão sujas, nuas, choram muito, gritam também. Têm expressões de medo e dor no rosto. Ela logo percebe que ali é o tão temido e falado Mundo das Trevas. E realiza em sua mente que é ali onde passará o resto de sua vida e toda sua eternidade após a morte. Ela começa a chorar também. Logo ela comporta-se como aqueles que se encontram ali também. Um destino terrível aguardava Endemyon : estar viva, no meio dos mortos e sofrer como eles o peso de um pecado que nunca cometeu.
Enquanto ela sofre em meio aos mortos, Thânatos segue viagem com o pequeno Morpheus nos braços, olhando para o bebê com expressão de desprezo, ou quem sabe, de inveja. Talvez ele mesmo quisesse ser o pai do menino, sendo então casado com Endemyon, mas como não é esta a realidade, o Deus da Morte resolve não cumprir com sua palavra e desvia o curso do seu barco para a entrada do País das Almas, onde os espíritos vão antes de entrarem definitivamente no Mundo Das Trevas. Lá chegando, Thânatos não se dá nem o trabalho de desembarcar. Ele simplesmente pega o bebê e deixa-o no chão. Morpheus chora com o chão frio no qual foi colocado. E também por estar com fome. Thânatos apenas olha o bebê com expressão de asco e deixa-o lá, na margem do rio Aqueronte. Certamente as almas que passam pelo lugar levariam o pequeno Morpheus para algum outro lugar. Bem longe dos aconchegantes braços de sua mãe Endemyon e de seu pai Hypnus.
Finalmente a vingança de Thânatos estava quase completa. Mas ainda faltava mostrar para Hypnus o desastre que ele conseguiu causar à sua família. Queria ver seu irmão rastejando e contorcendo-se de remorso por Ter deixado Endemyon sozinha, após Ter jurado que jamais a deixaria só novamente. E esta terrível cena de humilhação entre os irmãos não tardou a acontecer.
No dia seguinte, Hypnus retornou a Campos Elíseos, com pressa de ver sua família, saber como estavam sua esposa e seu filho, e adentrou o Cimmery rapidamente. Ao chegar lá dentro, não ouviu nada, nem mesmo um ruído. Achou tudo muito estranho, já que Morpheus sempre fazia muito barulho, ou chorando ou gargalhando. Gargalhadas essas que eram simplesmente impossíveis ignorar e não parar para ouvir, tão maravilhosos eram. Mas não havia ninguém. Nem mesmo Endemyon que sempre vinha recebê-lo carinhosamente. Caminhou ate seu quarto, temeroso. Não havia nada. Desesperou-se imediatamente. Sabia que algo de muito ruim havia acontecido à sua família, quando de repente pensou em Thânatos. Sabia que ele tinha algo haver com aquele sumiço. Imediatamente vestiu sua Kamei e tomando sua capa, foi ao encontro do inescrupuloso irmão. Não foi preciso procurar muito, Thânatos o esperava do lado de fora de Cimmery. Também vestindo sua Kamei, Thânatos encara seu irmão. Ódio conta ódio. Hypnus queria saber de sua família, e Thânatos queria vê-lo em desespero. E estava conseguindo. Hypnus já não sabia mais o que fazer, então disse ao irmão :
_Thânatos, o que você quer para parar com isso??... Me diga onde esta Endemyon!! Me diga o que fez com ela e meu filho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
_Ora, meu irmão, você sabe melhor do que ninguém que eu sou vingativo... Você mesmo advertiu sua linda esposa sobre isso... Encontre-a pelos seus próprios meios, Deus do Sono!!
E dito isto, retira-se satisfeito para seu Templo, deixando Hypnus desesperado e com os olhos cheios de lágrimas de dor por não saber o que seu inescrupuloso irmão fez à sua amada família. As lágrimas escorrem pelo seu rosto, e parece que ate sua alma está em prantos com tamanha dor. Mas não pode reagir. Não tem forças para reagir. E sabe que se o fizer também pode ser punido por Hades, já que em Campos Elíseos não pode haver guerra. Mas então, o que faria para ver sua família junta novamente? Em meio a tantas dúvidas e perguntas, Hypnus foi ate sua mãe. Nyx o aconselha a ir procurar Endemyon no Mundo Das Trevas, onde possivelmente Thânatos havia levado Endemyon. E Hypnus não perdeu nem mais um segundo ali. Foi ate o Mundo das Sombras procurar sua amada esposa.
Mesmo sendo um Deus muitíssimo poderoso, o Senhor do Sono, Hypnus jamais conseguiria encontrar uma pessoa específica naquele vasto e interminável mundo, ate porque novas almas chegavam a cada minuto, confundindo-se com as que já estavam lá. Hypnus se vê em meio a milhares de espíritos condenados, perdidos, que choram lamentando seu destino. Ele grita pelo nome de Endemyon por horas e horas, observa cada alma que passa diante dele com atenção, mas nenhuma delas é sua querida Endemyon. Já não há mais esperança em encontrá-la. Mas de súbito, lembra-se que é um Deus que serve a Hades, então vai ate seu Imperador para pedir a ele que lhe devolva Endemyon. Mas Hades não esta no Mundo Das Trevas. Havia ido ate o Olimpo para buscar sua esposa Perséfone, que estava visitando sua mãe, Deméter. Hypnus não poderia esperar ate que Hades retornasse do Olimpo, pois tais viagens sempre demoravam muito. De fato, Thânatos estava certo : teria que achar Endemyon pelos seus próprios meios...
Durante um período de um ano, Hypnus não retorna aos Campos Elíseos, somente procurando por Endemyon e por seu filho, mas não os encontra nunca. Então, percebendo que continuar tal busca desta forma seria inútil, decide retornar à Elíseos. Quando volta à Terra Sagrada, tudo está como antes, e ate mesmo as orgias que seu irmão costumava oferecer às ninfas voltaram a acontecer. Thânatos havia conseguido concluir sua vingança com sucesso.
Hypnus parece cansado, arrasado, sua alma estava evidentemente triste e jamais retornaria a ser feliz novamente, a não ser que tivesse sua amada Endemyon ao seu lado novamente.
Nyx, que assistiu a todo o flagelo de seu filho, causado pela falta de caráter de seu outro filho não suportou tamanho sofrimento de Hypnus e decidiu interceder por seu filho bondoso e sofredor. Foi ate o Monte Olimpo e pediu uma audiência com o Grande Zeus. O Deus dos Deuses a recebeu com alegria, mas ao saber de toda a história contada por Nyx, ficou extremamente triste com o acontecido à Endemyon e a Hypnus, e também ao novo Deus que compunha o Panteão Grego dos Deuses, Morpheus, que há mais de um ano estava desaparecido.
A mãe de Endemyon, Licycmus, foi pedir auxílio à Afrodite, que sempre fora sua amiga. E Afrodite, disse que nada poderia fazer por Endemyon, mas que poderia ajudar Nyx no pedido a Zeus que auxiliasse a jovem esposa de Hypnus. E assim, diante dos pedidos de Nyx e Afrodite, Zeus acabou por conceder à Endemyon a graça máxima que um Deus como ele poderia conceder : transformá-la em uma Semi-Deusa. Assim, ela poderia ir habitar a Torre de Marfim no ponto mais alto do Monte Olimpo, onde deixará de sofrer. Mas para o bem de Campos Elíseos, Endemyon não poderá voltar a viver lá, pois se o fizer, Thânatos poderia tentar alguma outra vingança, estragando a paz na Terra Sagrada novamente. E para que o Deus da Morte jamais soubesse onde Endemyon está, e por tanto achar que ela ainda sofre no Mundo das Trevas, Zeus advertiu as duas Deusas que elas não revelasse a ninguém onde Endemyon ficará após receber a graça divina de Zeus, e se tornar uma Semi- Deusa. Seu paradeiro deve ser totalmente escondido para sempre.
Nyx, que sempre teve um sentimento especial por Endemyon, quase como uma mãe, e Afrodite, que consagrou a jovem, aceitam então a decisão de Zeus, percebendo que é justo o que o Senhor dos Deuses propôs. E assim fica decidido.
No Mundo das Trevas, Endemyon já estava como uma das almas condenadas. Encontrava-se suja, chorando e esgueirando-se pelas sombras tristemente, sem saber de seu marido e de seu filho há um ano. De repente, uma luz fortíssima invade o local de trevas onde ela está, e esta luz a retira de lá. Ela acorda e se vê em um outro lugar, totalmente o oposto de onde estava. Havia muita luz, que entrava por uma janela, de bordas douradas. Ela não entendia o que era aquilo. Seria um sonho? Não. Era apenas a vontade de Zeus, que a colocou ali para que ela não mais sofresse injustamente. Ela se olha em um espelho que havia naquele quarto em que estava, e se vê como no dia em que se casou com Hypnus, com uma belíssima túnica branca e dourada. Toca o próprio rosto para poder acreditar que esta acordada e viva. Não é um sonho!
De repente a belíssima ouve a voz de Nyx, que lhe conta sua nova condição.
_Endemyon, não tenha medo. Sou eu, Nyx. Minha querida, Zeus, o Deus dos Deuses, decidiu que seu castigo injusto deveria Ter um fim, e por isso você está aqui, na Torre de Marfim no ponto mais alto do Monte Olimpo. Porém você jamais deve voltar a Campos Elíseos, para não despertar a ira de Thânatos novamente, e assim deixar seu marido, meu filho Hypnus viver em paz... Ou ao menos tentar faze-lo, pois desde que perdeu você e Morpheus ele não tem mais paz.
_Obrigada Grande Nyx, obrigada Zeus!! Mas o que eu, uma mortal fiz de tão importante para merecer ser agraciada desta forma?
_Endemyon, agora você não é mais uma simples mortal... É agora uma Semi- Deusa, a Semi-Deusa da música!... E sua habitação agora é a Torre de Marfim.
_Eu, uma Semi-Deusa?!... ( Endemyon estava naturalmente confusa com tal revelação ) E meu filho?... Onde está Morpheus, e meu marido?!?
_Acalme-se... você poderá vê-los sempre que quiser, porém para o seu próprio bem e para o bem deles, não devera descer de sua Torre nunca e portanto jamais os tocará novamente... Esta é a decisão de Zeus.
Endemyon lamentou seu triste destino, uma vez que nunca mais voltará a tocar e ver pessoalmente sua família, mas sabe que poderá vê-los através de seu espelho em sua Torre de Marfim, e portanto olhar por eles, desejando- lhes paz.
Sua tristeza é transformada em música, que toda tarde os ventos que passam por sua janela levam através de suas asas e espalham pelos lugares onde sopram, anunciando uma belíssima e triste canção. A canção de Endemyon, a Semi-Deusa da música que nunca mais poderá tocar seus amados filho e marido...
Anos e anos se passam...
Eras e Eras de passam...
As estações mudam e Hypnus continua sua infinita busca por Endemyon, que jamais encontrará. Porém em uma destas viagens, ele encontra-se com um belo jovem, que lhe fazia lembrar dele mesmo, quando conheceu Endemyon em seu templo, há muitas Eras atrás. Este jovem se apresenta como o Senhor do País das Almas, de onde entrega aos seres que adormecem os Sonhos... Hypnus imediatamente o reconhece como seu filho perdido, Morpheus. Eles realmente são muito parecidos. E então aceitando o pedido do pai, Morpheus muda-se para Campos Elíseos, onde junto com seu pai, continuará sua bisca infinita por Endemyon, que sempre os observara de sua Torre...........................
ERA CONTEPORÂNEA... (CAMPOS ELÍSEOS)
... Hypnus está desmaiado no chão, ferido pelo poder de Hyoga e Shiryu combinados. Ele vê Athena libertar-se do Vaso onde ele mesmo a prendeu, segundo as ordens de Hades. Hades em pessoa novamente luta contra sua inimiga eterna, Athena. Mas então, em uma explosão de Cosmos, Athena lança seu Cetro no Imperador das Trevas e o derruba, conseguindo então livrar o Mundo das Trevas, mas não podendo no entanto evitar a destruição de Campos Elíseos, e do próprio Mundo das Trevas.
Ferido ao chão, Hypnus não pode se defender da destruição que acontece em sua volta. Quando acreditava que tudo estava perdido para si mesmo, Hypnus vê uma luz forte vindo em sua direção, como se esta luz fosse salvá- lo daquela destruição. Ele enfim desmaia de vez.
Ao recobrar a consciência, Hypnus se vê em uma cama parecida com a do seu templo Cimmery, que agora já deveria estar destruído em Campos Elíseos.
Ao abrir os olhos, Hypnus tem uma visão : Endemyon está sentada aos pés da cama, divinamente vestida como uma Deusa, aguardando que ele acordasse. Gesto que ele mesmo repetiu tantas e tantas vezes. Com o mais belo dos sorrisos, um sorriso que ele nunca pôde contemplar, Endemyon o recebe de volta. Ele esta na Torre de Marfim onde ela passou por todas as Eras observando-o ao longe. Hypnus está incrédulo, mas ao tocar o belíssimo rosto de Endemyon, ele vê que não se trata de um sonho, mas da realidade... Finalmente de uma feliz realidade!!!
Ele se levanta, não esta com sua Kamei, mas com uma túnica como as que costumava usar na Era Mitológica. Ele toma Endemyon nos braços e com todo amor e saudade repreendidos pelo tempo, beija-a com fervor, como se nunca a tivesse beijado antes.
Impossível não conter as lágrimas de felicidade naquele momento.
Mas ainda não era hora de se sentir feliz por completo... Faltava uma pessoa, que acabara de chegar : Morpheus, seu filho.
Novamente unidos, Endemyon, Hypnus e Morpheus agora têm a felicidade completa, viverão daquele momento em diante juntos, para toda a eternidade do Monte Olimpo...
Agora que Thânatos foi derrotado por Seiya de Pégasus, não poderia mais perturbar a felicidade deles jamais.
Endemyon e Hypnus agora estão em um belíssimo e enorme jardim, e caminham juntos, para um mundo novo, um mundo de luz além das maldades de Thânatos, além dos flagelos que lhes afetaram por tantas e tantas vezes na Era passada, além dos sonhos e do real... Além do invisível................................................................... ....
FIM
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A fanfic Além do Invisível termina aqui, mas ainda há algumas coisas a serem explicadas, e alguns agradecimentos a serem feitos, então por favor, dirijam-se ate o próximo capítulo, o CAPÍTULO BÔNUS, onde vocês encontrarão a explicação do Mito que me deu inspiração para esta fic e algumas outras coisas a respeito dela. Muito obrigada a todos os que leram ate aqui!!
LUTHY LOTHLÓRIEN.
