Capítulo 13 - Teste de Quadribol


Passei a noite em claro sem conseguir dormir, pensando no que o Remo tinha dito. Afinal, ele tinha razão, pois eu não estava mais sendo a grande amiga que sempre fui. Mas é tão difícil gostar de alguém que sua melhor amiga não gosta. E como deixar de gostar do Black era uma coisa um tanto difícil, eu acabei abandonando a amizade da Lily.

Além de eu estar morta de cansaço por não ter dormido essa noite, chateada por ter brigado com a Lily que tratou de nem olhar na minha cara, eu ainda tinha que ir no maldito teste do time de quadribol. Onde é que eu estava com a cabeça quando fui prometer pro Potter que eu iria? Eu podia muito bem não ir! Podia muito bem aproveitar o meu sábado sem aulas de muitas outras maneiras! Mas promessa é dívida e se eu não for vou ficar em dívida com o Potter, o que é a última coisa que estou precisando no momento.

Cheguei no estádio, completamente entediada de ter que passar a minha tarde de folga assistindo um monte de gente fazendo testes montados em vassouras pra um jogo que eu nem entendia as regras direito. Ta, eu teria o Black pra ver, mas eu também não era a única pessoa do sexo feminino que estava lá para assistir o teste de dois dos marotos. Por sinal quando eu cheguei no estádio, Black conversava com uma rodinha de meninas, enquanto Potter conversava com uma garota da Lufa-Lufa que eu já tinha visto nas nossas aulas de Herbologia. Pettiggrew estava na arquibancada. E não havia sinal do Remo em nenhum lugar do estádio. "Que ótimo" pensei. "Agora vou ter que aturar tudo isso sozinha, sem ter ninguém pra conversar comigo". Eu é que não vou ficar perto do Pettigrew, que pelo olhar que me deu assim que sentei na arquibancada, também não sentia a menor vontade que eu me sentasse ao seu lado. Por sorte, alguém lá em cima tava olhando pra mim e me mandou Frank Longbottom pra se sentar ao meu lado.

Eu e Frank nunca tínhamos conversado muito, mas hoje descobri que ele é um garoto muito legal. Ficamos conversando durante todo o teste. Frank me contou diversas coisas que eu não sabia, dos lugares que ele tinha visitado, do campeonato mundial de quadribol que ele tinha assistido. Só paramos pra ver o teste do Potter e do Black, que por sinal se saíram muito bem! Depois do teste deles, Pettigrew aplaudia igual um cachorro que abana o rabo quando os donos lhe dão alguma coisa.

Por fim, quando o teste acabou, o capitão do time da Grifinória, Otto Bagman anunciou quem seria o novo batedor, apanhador e artilheiro. Potter ficou sendo o apanhador e o Black ficou sendo o novo batedor (pra delírio das garotas na arquibancada), e o artilheiro foi uma garota do 3º ano, Andrea Sabattin. Eu já estava saindo do estádio com Frank quando o Potter veio em minha direção.

"E aí Pê" - Potter me chamando assim novamente? Será que eu escutei direito? O Potter tava me chamando de Pê? Qual era a dele? Isso é exclusividade do Black, que por sinal não gostou nem um pouco do que o amigo tinha me chamado, pois estava vindo na minha direção e parou assim que escutou o que o ele disse.

"Parabéns Potter. Seu teste foi realmente muito bom" - eu disse e quando olhei bem pra ele é que comecei a entender a razão dele estar sempre bagunçando o cabelo. Era porque dava a impressão de que havia acabado de descer de uma vassoura.

"Ah, que isso. Mas eu não fui incrível? E você viu aquela manobra que eu fiz?" - Sabe, eu nunca disse isso, mas as vezes o egocentrismo do Potter me irrita profundamente. Eu não via a hora de sair dali o mais rápido possível.

"Vi Potter. Foi realmente muito bom. Agora..."

"Ah Pê" - de novo ele tava me chamando assim – "eu queria que você conhecesse alguém..."

"Potter podemos deixar isso pra outra hora? É que eu queria dar uma palavrinha com o Bl..." - mas não consegui terminar a minha frase, pois o Potter já tinha voltado com a garota loira da Lufa-Lufa que eu o havia visto conversando antes do teste!

"Essa é a Annie, minha namorada" - A garota abriu um sorriso maior que tudo assim que ele acabou de falar – "Annie, essa é a minha amiga, Perla!"

"Muito Prazer, Perla! Nós já nos vimos na aula de Herbologia, não é mesmo?" – ela era bem simpática. E bonita.

"É sim. Muito Prazer. Agora se vocês me dão licença, eu queria falar com o Black antes de entrar" - e saí de perto, enquanto a garota fazia uma cara de desapontamento e Potter dava aquele sorriso, aquele sorriso maroto. Quando cheguei perto do Black, ele tinha acabado de se afastar de um grupo de meninas – "E aí Black, dando autógrafos pro seu fã-clube?"

"Pense da maneira que quiser, Montanes!" – Estupidez em alta.

"Que isso! Eu só tava fazendo uma brincadeira. Não é motivo ficar bravo comigo! Montanes, quanto formalismo pra quem antes me chamava de Pê" – disse, me esquecendo completamente de que o Black ainda estava bravo comigo por eu ter gritado com ele no trem.

"Eu deixo essa tarefa pro Tiago, já que ele você consegue chamar pelo primeiro nome" - Black disse e saiu sem me deixar tempo pra responder. Afinal, o que ele tava querendo dizer com isso? Sinceramente, não entendo mais nada.

Resolvi sair do estádio que era o melhor que eu fazia e no caminho encontrei com Frank conversando com o professor Kettleburn, o professor de Trato de Criaturas. Fui ao encontro deles, pois há tempos queria tirar uma dúvida com o professor e sempre esquecia de perguntar durante as aulas.

"Professor Kettleburn, há tempos que eu queria tirar uma dúvida com você!"

"Sim, Srta Montanes. Pra minha melhor aluna eu respondo a qualquer pergunta." – Confesso que corei. Não é todo dia que recebo um elogio.

"Professor" - comecei tentando não ficar muito vermelha com o comentário do professor – "eu li a respeito em algum livro, que não me lembro qual, que existem animais que somente algumas pessoas podem ver. Isso é verdade?"

"Sim, é verdade" – ele respondeu com um leve interesse.

"Hum... os animais que puxam as carruagens que transportam os alunos da estação de Hogsmeade até o castelo de Hogwarts seriam um exemplo desses animais?" - eu perguntei e Frank fez uma cara de quem não tinha entendido a pergunta. Mas o professor não se alterou e ao invés de me responder fez outra pergunta.

"A senhorita já viu alguém morrer?" – pergunta mais esquisita. Confesso que não entendi o que aquela pergunta tinha a ver com a minha pergunta?

"Já, mas o que isso tem a ver com..."

"Tudo a ver, Srta Montanes" - o professor me interrompeu antes que eu pudesse completar – "Pelo visto o Sr Longbottom nunca viu esse animal. Porque eles só podem ser vistos por pessoas que já viram alguém morrer!"

"Então é por isso que eu consigo ver esses animais enquanto pra outras pessoas é como se eles não existissem?" – ótima explicação.

"Exatamente. As testrálias são fascinantes nesse ponto. Assim como a srta, eu também consigo vê-las. São criaturas interessantes de serem estudadas. Pena que os que conseguem vê-la pagam um preço muito alto por isso. Bom, meninos eu tenho que ir! Espero que tenha esclarecido sua dúvida" – foi mais que um esclarecimento.

"Sim Senhor, muito obrigada, professor" - eu disse e o professor Kettleburn se afastou. Frank me olhou de modo interrogador. Passamos uns minutos em silêncio, até que ele decidiu falar.

"Perla, sem querer ser intrometido, mas quem você viu morrer?" – preferia não falar disso, mas já que ele tocou no assunto.

"Meu pai" – respondi triste. Assunto que não gosto de lembrar.

"Sinto muito".

"Não precisa sentir Frank, eu nem o conhecia direito. Ele morreu quando eu tinha cinco anos" – respondi sentindo a garganta secar. Há muito tempo que não pensava nisso.

Estávamos voltando para o castelo em completo silêncio quando encontramos ninguém menos que a minha amiga Barbie e seus seguranças (vulgos Malfoy, Crabbe e Goyle).

"Ora, ora, se não é o casalzinho perfeito da Grifinória: Montanes e Longbottom. Montanes, Montanes, desse jeito sua fama vai piorar. Um dia o Potter e no outro dia o Longbottom. Que menina mais indecisa!" – Eu ainda estrangulo essa boneca ambulante.

"Ora, mas se não é a meninas dos cabelos dourados e seus fiéis guarda-costas! Pior que a sua fama Malfoy com certeza não vai ficar!" – retruquei com raiva e ironia.

"Pelo menos jamais serei um sangue-ruim como você!" – Igual a mim? Só se ele nascesse de novo pra deixar de ser um verme.

"Petrificus Totalus" - gritou Frank para Malfoy repetinamente.

"Tarantallegra" - gritei em seguida para Crabbe e Goyle.

Malfoy caiu duro feito uma estátua enquanto as pernas de Crabbe e Goyle não paravam de se mexer.

"Bom feitiço, Perla!" – Frank me disse enquanto observava os sonserinos.

"Você também agiu muito bem!" – respondi, com um sorriso estampado no rosto.

"Eles mereceram!" – Ele me respondeu. E como mereceram.

"Agora é melhor sairmos daqui antes que alguém nos pegue" – Bela idéia, Perla.

E juntos voltamos correndo pro castelo o mais rápido que conseguimos. Não queríamos pegar MAIS UMA detenção por causa do Malfoy.


N/A: Dedico o capítulo novamente a Anninha (o nome da namorada do Tiago é em sua homenagem)!