Capítulo 16 - Aquela Frase
O Natal mais uma vez estava chegando! O inverno chegou e já começaram a cair os primeiros flocos de neve. O castelo está sendo decorado com luzes coloridas e com pinheiros, que depois de enfeitados pelo professor Flintwick e pela professora McGonagall, se tornavam as árvores de Natal mais bonitas que eu já vi.
Mesmo sabendo que os marotos deveriam permanecer em Hogwarts (mas precisamente, que Sirius ficaria), eu acabei não assinando meu nome na lista dos alunos que permaneceriam na escola durante as férias de Natal. Minha enorme raiva e vontade de ficar longe do Potter conseguiam superar o meu desejo de permanecer perto de Sirius. Lily queria ficar, mas como Alice não ia ficar também, ela acabou não assinando.
Desde o dia em que o Sirius descobriu que eu havia lhe dado a vassoura, voltou a conversar comigo como antes, o que deixou o Potter extremamente irritado. Tão irritado que ele acabou terminando o tal namoro com a Annie, que ficou irrecuperavelmente desolada.
Hoje, último dia de aula antes das férias do Natal, eu estava no Salão Principal, curtindo tranqüilamente o meu café da manhã, tomando meu suco de abóbora e comendo minha torrada, quando o habitual correio-coruja chegou. Milhares de corujas entraram no Salão Principal entregando as encomendas que traziam aos seus respectivos donos. Eu nunca me importei com a chegada do correio-coruja, já que nunca recebi nenhuma carta (mamãe não gosta dos nossos meios de comunicação) e me assustei quando uma coruja pousou na minha frente e me entregou um pacote. Por um momento pensei que ela pudesse ter errado de destinatário, mas ao ver meu nome no embrulho, percebi afinal que era realmente para mim. Abri o embrulho na curiosidade de saber o que era. E me deparei com uma caixa de bombons da Dedosdemel.
"Perla, você ganhou uma caixa de bombons da Dedosdemel! Quem será que te mandou isso? Será que foi alguém daqui de Hogwarts? Você sabe que ainda não temos permissão para visitar Hogsmeade, logo, só pode ser alguém que esteja pelo menos no terceiro período" - Alice disse afobadamente, não me deixando tempo nem para respirar, muito menos para responder alguma de suas perguntas.
"Hummm... Perlinha agora está com admirador secreto" - Lily falou brincando, o que me deixou assustada, pois eram raras as vezes que eu a via de bom humor.
"Vocês são terríveis! Será que eu posso ver o cartão e descobrir de quem é, ou vocês vão ficar me perturbando o resto do dia?" - perguntei nervosa não me contendo de curiosidade de descobri afinal, quem tinha me mandado os doces. Peguei o cartão que estava junto com o embrulho e abri. E o que li foi realmente inacreditável. Tive que ler três vezes seguidas pra ter certeza de que realmente era isso que estava escrito.
Perla,
Aceite esse presente como um pedido de desculpas por ter te tratado mal durante todo esse tempo e também como um pedido de agradecimento pelo seu presente (que vale mil dessas caixas!). Espero que goste!
Aproveite bem as férias, tenha um Feliz Natal e volte logo! Vou sentir saudades!
Um grande beijo
Sirius Black
Assim que acabei de ler pela terceira vez, Alice me pedia incansavelmente para ler o cartão. Eu deixei (apesar de que não queria) e enquanto passava o cartão pra ela procurei por Sirius, que estava no final da mesa. Ele estava olhando e me fez um sinal quando eu olhei perguntando se eu tinha gostado. Eu dei um sorrisinho e me virei. Alice leu o cartão, deu um sorrisinho e enquanto passava o cartão pra Lily ler, me deu uma piscadela significando que tinha gostado. Lily leu e todo o seu bom humor foi se evaporando a medida que ela lia. Achei que ela ia começar a gritar dizendo que não era pra eu aceitar o presente, mas ela me devolveu o cartão e disse muito fria.
"Que bom que ele teve a decência de te agradecer o presente, apesar de eu ainda achar que você não devia ter dado a vassoura pra ele."
Quando a Lily fala desse jeito, o melhor que se tem a fazer é ficar quieta e esperar o seu mau humor passar. Eu também não posso culpá-la por achar que eu não tinha juízo de ter dado a vassoura pro Black. Como eu não tinha dito nada sobre a aposta do Black e Potter pra ela, achei melhor falar a mesma coisa que havia dito pra minha mãe: "eu estraguei a vassoura dele". Por sorte, nenhuma das duas me perguntou em quais circunstancias isso havia acontecido.
Mas o que mais estava me deixando intrigada era o que o Sirius queria dizer com as palavras "vou sentir saudades!"
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As férias de verão estão custando uma eternidade pra passar. Eu, é claro, me arrependi de não ter ficado em Hogwarts depois do cartão de Sirius. Passo o tempo todo lendo e relendo o cartão. Penso em Sirius durante horas, não conseguindo por nada no mundo esquecer a frase "Volte logo, sentirei saudades!".
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O Natal foi igual a todos os outros. Eu e minha mãe passamos na casa da Lily e eu e Lily passamos atormentando a Petúnia (o nosso passatempo favorito!).
Finalmente as férias acabaram e quando me dei conta, já estava de volta e o que eu mais queria e precisava, era encontrar com Sirius. Mas já reparou que quando mais precisamos ver alguém, não encontramos? Pois bem, só fui ver o Sirius na primeira aula depois das férias, que foi de Transformação. Acho que a professora McGonagall não teve boas férias, pois nos lotou de dever, o que me fez lembrar de que os exames estavam se aproximando.
Black parecia ter se esquecido completamente do seu cartão, ou então não escreveu aquelas palavras com o significado que eu queria que elas tivessem. Ele passou dias sumido, não aparecia na sala comunal, nem no salão principal, e quando aparecia nas aulas não me dava nem ao menos um "oi".
Frank veio nos procurar para saber se íamos montar o nosso grupo de estudo para os exames. Eu e as meninas concordamos e eles me incumbiram da tarefa de pedir ao Remo para nos dar aulas de Transformação, o que me deixou muito feliz, pois seria um motivo para me aproximar de Sirius.
Depois de dias tentando encontrar o Remo junto com os outros marotos (claro que eu não ia falar com o Remo sem o Black por perto), acabei encontrando a oportunidade de que eu precisava durante mais uma de minhas noites de insônia. Depois de muito tentar dormir e não conseguir, desci para a sala comunal e me deitei no sofá contemplando as últimas faíscas que saiam da lareira, quando o quadro da Mulher Gorda girou e eu não vi ninguém entrar apesar de estar ouvindo algumas vozes.
"Cuidado seu desastrado, você está pisando no meu pé" - seria impressão ou essa voz era parecida com a do Potter?
"Desculpa Pontas..." - e essa seria de Pettigrew?
"Eu já falei que essa capa não dá pra nós 4" - dessa vez seria Lupin?
"Vamos tirar isso logo, não agüento mais ficar espremido com o Rabicho se esfregando em mim!" – Black?
E no momento exato em que eu ouvi essa doce voz, acendi o abajur que ficava do lado do sofá em que eu estava deitada e dei de cara com quatro marotos assustados.
"Perla, você quer matar a gente se susto?"
"Não Potter, não é essa minha intenção. Ou melhor, não ligaria se isso acontecesse com você! O que eu quero mesmo é saber onde os mocinhos estavam andando na calada da noite debaixo da capa da invisibilidade!"
"Capa? Que capa?" - Potter perguntou enquanto tentava em vão esconder sua capa.
"Como que capa? Justamente essa que você está tentando esconder."
"Desde quando você sabe que o Potter tem uma capa da invisibilidade, Pê?" - Sirius perguntou fazendo sinal para o Potter indicando que não havia mais como me esconder a capa.
"Porque uma vez eu a usei" - comecei com Black fazendo cara de indignação e Potter se surpresa – "com o Remo."
"Não entendi nada. Remo, você tem usado a minha capa pra se encontrar às escondidas com a Perla?" - Potter revoltado enquanto Black fez uma cara de quem não podia acreditar no que estava ouvindo.
"Não, Tiago. Eu a usei aquela vez que a Perla brigou com a Lily e que você me emprestou a capa pra eu ir atrás dela" - Caras de alívio? Só se for a minha.
"Ah" - Black sorriu com a resposta – "Eu devia ter lembrado! Mas Pê, o que você está fazendo aqui acordada a essa hora?"
"Black" - comecei feliz da vida por estar escutando aquela maravilhosa voz – "não tente fugir do assunto. Fui eu quem fiz essa pergunta primeiro!"
Os marotos trocaram olhares parecendo estarem decidindo quem deveria falar. Por fim, como nenhum se pronunciou, eu resolvi ir embora.
"Ótimo! Já que vocês não confiam em mim eu vou subir e deixar vocês trocarem seus segredinhos em paz." – provoquei, pra ver se eles falavam.
"Perla, é que..." - Lupin começou, mas parecia não saber como terminar – "nós, nós, es-tátáva-mos passeando."
"A essa hora?" – Quem eles pensam que estão enganando? O papai Noel?
"É que..." - Potter tentava ajudar o amigo – "de dia não dá pra gente andar pelo castelo sem o Filch ficar perguntando o tempo todo pra onde vamos, então..."
"Então?" – insisti.
"Bem, Pê" - dessa vez Black tentava ajudar – "nós queríamos explorar todos os cantos da escola e a melhor hora pra fazer isso, é a noite..."
"Quando todos estão dormindo e vocês podem andar pelo castelo escondidos debaixo da capa da invisibilidade" - Completei triunfante – "Eu deveria ter imaginado!"
"Você vai contar pra alguém?" – Remo perguntou preocupado.
"Não Remo! Sabe que não sou dedo-duro!"
"É por isso que te adoramos" - Potter disse sentando ao meu lado o que automaticamente me fez levantar.
"Aproveitando que eu estou te salvando de uma, Remo, vou te pedir um favor em troca. Eu e as meninas estávamos precisando de umas aulas de..."
"Transformação. Que novidade não é mesmo?" - Potter disse ironicamente, mas eu não lhe dei atenção.
"Você acha que poderia?"
"Não" - mas não foi o Remo que respondeu e sim o Black – "Não, o Remo não pode porque senão ele vai brigar com o amigo dele aqui!"
"E por quê?" – perguntei confusa.
"Porque Pê, eu estou extremamente ofendido que você tenha trocado de professor depois da maravilhosa nota que eu te ajudei a conseguir no ano passado."
Eu comecei a rir. Sirius Black conseguia ser engraçado até mesmo quando não queria. Ele me olhava com aquela cara de indignação como se eu tivesse cometido um crime. Depois que consegui parar de rir achei melhor explicar pra ele.
"Não é isso, Black. O problema é que não sou só eu quem precisa das aulas e as meninas preferem ter aulas com o Remo."
"Como elas podem preferir o Remo ao Sirius se elas nunca tiveram aulas com nenhum deles?" - Pettigrew falou pela primeira vez.
"Concordo contigo, Rabicho" - Potter também estava indignado – "até porque eu e meu amigo Almofadinhas (ele disse apontado pra Sirius) somos melhores alunos em Transfiguração que o Remo".
"É Potter, mas acontece que a reputação de vocês não é tão boa quanto a do Remo!" – provoquei de novo. Sirius não gostou muito do comentário. Nem o Potter.
Potter abriu a boca e fez menção de falar, mas foi a voz de Sirius que saiu.
"Tudo bem, Perla. Você prefere aulas com o Remo, então é melhor que você estude com ele" - como o Sirius consegue ficar ainda mais lindo quando está chateado?
"Hei Black, não é questão de preferir ou não! Vamos fazer o seguinte então. O Remo dá aulas pras meninas e você me dá aulas, o que acha?"
"Aí Almofadinhas, arrumou uma pra hoje" - Potter respondeu ironicamente apontando pra Sirius. Ignorar, abstrair...
"Por mim está excelente, Pê! Desde que não seja durante os treinos de quadribol, pode ser em qualquer horário" – ele respondeu sorrindo.
"Eu marco depois com você" - Eu disse e me virei para ir embora, mas voltei – "e Potter, o dia que eu quiser alguma coisa com o Black eu falo! Ainda bem que ele tem maturidade suficiente pra perceber que eu não estou dando em cima dele. Pena que você não é igual! Boa noite pra vocês."
Potter queria responder, mas Sirius fez sinal pra ele não responder senão ele escutaria muito mais! Só é uma pena que eu tenha mentido dizendo que não estava afim do Black, quando a verdade era justamente o contrário!
N/A: Dedico esse Capítulo a Anninha , que como sempre me incentiva a continuar!
