Capítulo 18 - No Fim, Tudo se Acerta
Os dias iam se passando e eu e Lily estávamos aguardando ansiosamente o dia em que pudéssemos colocar o nosso plano em ação. Lily tem se esforçado ao máximo para não deixar Alice perceber que sabia que ela gostava do Frank. Estamos nos sentindo da mesma maneira que nos sentimos quando planejamos alguma coisa pra fazer com a Petúnia, só que dessa vez seria para o bem (apesar de que fazer mal a Petúnia também é uma coisa do bem!).
Sirius me pediu mil desculpas por não poder me dar mais aulas já que os treinos de quadribol estavam sendo diários devido a proximidade do último jogo. Apesar de me sentir triste por não estudar com ele, também foi uma coisa boa, pois eu estava estudando com o Remo e ele também era um excelente professor.
A Páscoa chegou e com ela tivemos um merecido descanso dos estudos, mesmo sabendo que os exames viriam logo depois. Black me deu mais uma caixa de bombons da Dedosdemel, só que dessa vez o cartão só dizia um "Feliz Páscoa!". O Remo me deu uma caixa de sapos de chocolate e por incrível que pareça, o Potter e deu um enorme ovo de chocolate com um cartão de desculpas. Sinceramente, eu não sinto mais aquela raiva que sentia do Potter. Passou! Acho que o fato de eu e Lily estarmos agora mais unidas do que nunca, me fez ver o quanto o Potter ainda era infantil e o perdoei por sua infantilidade. Mas como eu não podia agradecer o presente dele pra mostrar que eu o desculpava (ainda estou sofrendo as conseqüências de ter dado uma vassoura pro Black), eu lhe dei um sapo de chocolate da caixa que o Remo tinha me dado, o que deixou o Potter muito mais feliz do que eu imaginava, porque ele havia conseguido um cartão que ainda não tinha.
Mas apesar de não ter mais a companhia do Black, estudar com o Remo não foi ruim. Pelo contrário, ele ainda concordou em me ajudar com o plano da Lily. Plano esse que eu não agüentava mais esperar para por em prática.
Então, o último jogo do campeonato de quadribol chegou. Grifinória X Corvinal. Se a Grifinória ganhasse ia ser uma grande festa, já que a casa não ganhava há mais ou menos 10 anos. E esse famoso dia foi escolhido pela Lily pra colocar o plano em prática.
Eu e Alice descemos para o café no Salão Principal. Lily havia sumido misteriosamente. Ela e Alice têm se falado muito pouco desde que a Alice enfiou na cabeça que ela gostava do Frank. Logo, nem reparava se Lily não estava por perto.
Estávamos tomando nosso café tranqüilamente, enquanto os jogadores do time da Grifinória mal conseguiam engolir uma torrada, quando Lily apareceu eufórica e sentou-se do nosso lado mal se contendo de tanta ansiedade pra falar.
"Meninas, eu estou namorando" - ela disse extremamente entusiasmada.
"Que legal" - eu disse prestando mais atenção no Black que estava do outro lado da mesa se negando a comer qualquer coisa que fosse e alegando que estava perfeitamente tranqüilo.
"Que bom, Ly" - Alice respondeu secamente – "E com quem é?"
"AH! Pensei que vocês nunca fossem perguntar!" – ela respondeu eufórica – "Com Frank Longbottom!"
"Frank?" - perguntei voltando a minha atenção pra Lily. Alice engasgou.
"Fico feliz por você, Lily" - Alice respondeu sem um pingo de entusiasmo na voz.
"Sabe ele é perfeito! Carinhoso, atencioso, um amor de pessoa" - Lily falava como se não tivesse percebendo a expressão de raiva que ia se formando na cara da Alice.
"Meninas! Vamos pro jogo então" - falei antes que a Alice pulasse no pescoço da Lily e a esganasse. Ela me lançou um olhar de "não te disse que ele gostava dela" e se levantou para ir ao estádio.
Tive que ficar entre as duas ou a Alice mataria a Lily, que por sua vez, estava com um ar tão sonhadora que nem reparava que a outra estava prestes a pular no seu pescoço. Chegando ao estádio, nos sentamos nas cadeiras da primeira fila e eu avistei o Remo com o Pedro e o Frank na última fileira. Argumentando que precisava falar com o Remo sobre uma aula de estudo, me levantei e fui na direção dele, não sem antes mencionar um "comporte-se para a Alice". Quando cheguei perto do Remo ele tinha acabado de falar alguma coisa com o Frank que eu não consegui escutar, mas que o deixou extremamente furioso.
"Remo, a Alice mandou um recado pra você!" – falei com a cara mais inocente do mundo.
"Ah, claro! E qual é?" - ele perguntou sob os olhares apreensivos do Frank que parecia não estar acreditando no que eu estava dizendo.
"Ela pediu pra você se encontrar com ela no lago, em frente aquela árvore que você costuma sentar com os marotos, depois do jogo!"
"Claro, Perla. Diz que eu vou estar lá" - Remo respondeu e me deu uma piscada que Frank não percebeu, senão não teria se intrometido na conversa.
"E por que ela não vem falar com o Remo pessoalmente? Por que fica mandando você trazer recadinhos?"
"Calma aí! Não to fazendo nada demais! Só vim transmitir um recado. Ela não veio porque tem vergonha de falar com o Remo na frente de outras pessoas" - eu disse com um ar de "perfeita inocente" enquanto o Frank lançava olhares furiosos na direção das meninas – "Deixa eu ir! O recado já foi dado! Até mais."
E sem mais demora, me levantei e voltei pra onde as meninas estavam sentadas, pois o jogo já estava começando. Quando cheguei no meu lugar, virei pra Lily e lhe dei um recado.
"O Frank mandou um recado pra você!" – Mais uma vez fiz cara de inocente.
"E qual é?" - Lily perguntou entusiasmada enquanto a Alice se continha, fingindo parecer que não estava ligando.
"Ele pediu pra você se encontrar com ele no lago em frente aquela árvore que os marotos costumam sentar, depois do jogo."
"Ele não é um amor?" - Lily perguntou ao mesmo tempo em que eu segurava a Alice pra ela não cometer uma loucura.
Por fim, o jogo foi um tremendo espetáculo. Corvinal não teve a menor chance. E o Black era perfeito em cima daquela vassoura (que eu tenho orgulho de falar que fui eu quem dei!). Grifinória ganhou o jogo, com o Potter capturando o pomo debaixo do nariz da apanhadora da Corvinal. Com esse resultado, Grifinória levou a taça de quadribol e o Black e o Potter foram aclamados como heróis. Potter estava tão eufórico que deu um beijo na artilheira Holmes, que foi totalmente pega de surpresa, mas que parecia ter adorado o beijo.
Depois do jogo, estávamos saindo do estádio, quando a Lily disse que iria se encontrar com o Frank e me deixou sozinha com a Alice.
"Perla, não posso acreditar que você tenha feito isso comigo!" – Ela disse indignada. Como se eu soubesse do que ela estava falando.
"Feito o quê?"
"Como feito o quê?" - Alice estava possessa – "Você está apoiando a Lily nesse namorico com o Frank, sabendo que eu sou afim dele. E pensar que eu te dei tanta força com o Black."
"Peraí, Alice. Eu não estou apoiando ninguém. O que você queria que eu fizesse? Eu fui falar com o Remo e o Frank me pede pra dar um recado a Lily. Você queria que eu não desse?"
"É, sabe que seria uma boa!" – Alice com ciúmes realmente ficava uma graça.
"É, realmente seria. Aí depois quando o Frank e a Lily soubessem que eu não dei o recado ia sobrar pra mim né!" – me fiz de vítima. Eu adoro fazer isso.
"Você podia ter falado pro Frank dar o recado pessoalmente" - Alice tentava encontrar qualquer argumento pra dizer que eu estava errada!
"Ah sim claro. E você ia se sentir melhor se o Frank fosse se sentar do meu lado e chamasse a Lily?" – provoquei.
"Não" - Ela respondeu com lágrimas nos olhos.
"Alice, não fica assim! Vai ver que ele e a Lily não tem nada sério" - tentei consolá-la o que terminantemente era impossível, pois ela começou a chorar – "Já sei! Já sei o que vamos fazer!"
"E... o quê... vamos... fazer?" – Ela me perguntou gaguejando. Nunca tinha visto minha amiga daquele jeito.
"Nós vamos contornar o lago e espiar a Lily e o Frank" - disse com entusiasmo.
"Não, eu não vou fazer isso! Lily me mat-tar-ria-a!"
"Vamos sim. Eu vou com você! E pare de chorar Alice Satins ou juro que brigo com você" - completei e apesar da relutância da Alice ela acabou cedendo e concordou em ir comigo.
Estávamos paradas do lado oposto ao que a Lily tinha combinado de se encontrar com Frank. Alice tentava parar de chorar, mas quando mais ela tentava, mais lágrimas escorriam pelo seu rosto. Foi quando o Remo apareceu e disse que precisava falar comigo urgente. Eu pedi pra Alice me esperar um minuto, que eu voltaria logo. Saí com Remo e estava dando a volta pelo lago quando encontramos a Lily que vinha correndo pelo outro lado.
"Pronto! Já deixei o Frank lá" - ela disse afobada.
"E eu acabei de deixar a Alice" - completei.
"Então, acho que não temos mais nada pra fazer aqui. Olha lá. O casalzinho acabou de se encontrar" - Remo falou e era verdade. Do lugar que estávamos dava pra ver que Frank e Alice tinham se encontrado e agora conversavam.
"É, realmente não temos mais nada pra fazer aqui! Vamos pra sala comunal esperar" - eu disse e junto com a Lily e o Remo, fomos pra sala comunal.
Na sala comunal encontramos uma verdadeira festa. Todos da Grifinória estavam lá se espremendo uns contra os outros pra tentar caber todo mundo. Quando chegamos, Black nos chamou e nós fomos nos juntar a ele e Pettigrew para comemorar. Até a Lily não se importou de ficar no meio dos marotos (não sei se o fato do Potter não estar no meio tem alguma influência nisso!).
Depois de passado um tempo, Alice e Frank apareceram na sala comunal e vieram imediatamente em nossa direção.
"Perla e Lily, vocês tem muito que explicar" - Alice disse agressivamente e por um instante pensei que talvez nosso plano não tivesse dado certo.
"E você também Remo Lupin" - Frank também parecia estar furioso ao se dirigir ao Remo.
"Que história é essa de você falar que estava namorando o Frank?" - Alice disse apontando o dedo pra Lily, que por sua vez recuou o máximo que pode com medo do que ela pudesse fazer.
"E que história é essa de você ficar falando que estava namorando a Alice?" - Frank disse também apontando o dedo, só que para o Remo.
"E você, quem lhe mandou ficar dando recados pra Lily do Frank" - Alice apontou o dedo agora na minha direção.
"É, e ficar mandando recadinhos pro Remo da Alice?" - Frank também apontou na minha direção.
"E será que alguém pode me explicar o que está acontecendo?" - Black perguntou, não entendendo absolutamente nada, mas achando graça de tudo.
Alice começou a rir. Frank fez o mesmo. Eu, Lily e Remo ficamos um olhando pra cara do outro sem entender o que realmente estava acontecendo.
"O que está acontecendo, Black" - Alice falava e ria ao mesmo tempo – "Esse três aqui são inacreditáveis! Bolaram um plano para eu pensar que o Frank tava namorando a Lily e ele pensar que eu estava namorando o Remo."
"Continuo sem entender" - Black continuava com a sua cara de espanto enquanto tomava mais uma garrafa de cerveja amanteigada – "E pra que eles fizeram isso?"
"Pra quê, Sirius?" - dessa vez era Frank quem respondeu – "pra fazer eu e a Alice percebemos o que um sentia pelo outro e nos declararmos."
"E funcionou?" - perguntei timidamente com medo da resposta.
"O que você acha? - Alice perguntou e pelo tom de voz dela eu sentia que o plano tinha ido por água abaixo.
"É claro que funcionou" - Frank respondeu com entusiasmo – "não sei o que faríamos sem você Perla!"
"Peeeeeeeraí! O plano foi meu e não da Perla!"
"Tá bom, Lily" - Alice corrigiu – "Não sei o que faríamos sem você, a Perla e o Remo! Mas afinal Perla, como foi que você descobriu que o Frank gostava de mim se você disse que ele não tinha falado qual das suas melhores amigas ele gostava?"
"Na verdade Alice quem descobriu foi a Lily. Quando eu contei pra ela, ela começou a lembrar como você ficava perto do Frank e que se a gente reparasse direito dava pra perceber que você era afim dele. Então o que fizemos foi fazer a mesma observação com o Frank. E percebemos que ele só ficava nervoso, desajeitado, quando estava perto de você. Aí só precisamos arrumar um jeitinho de vocês se encontrarem e perceberem o que um sentia pelo outro."
"É" - Lily completou – "e se vocês estivessem com os nervos a flor da pele seria mais fácil confessar!"
"Então só precisamos fazer um sentir ciúme do outro" - Remo concluiu.
"Plano genial" - Black riu depois de escutar tudo – "nem eu mesmo pensaria numa coisa assim. Espero que se um dia souberem de alguém que goste de mim armem um planinho desses pra mim também" – Eu mereço essa resposta, não mereço?
"Aí teríamos muito trabalho pra fazer você se encontrar com todas as garotas de Hogwarts" - Remo disse, enquanto eu tinha uma crise de tosse e Alice olhava pra mim sem saber o que fazer.
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Depois da final de quadribol e do plano sucedido pra juntar a Alice com o Frank, eu não tive outra escapatória senão enfiar a cara nos livros e me preparar para os exames. Black queria me ajudar, agora que os treinos de quadribol terminaram, mas eu decidi que queria passar os últimos dias antes dos exames começarem, estudando sozinha.
Por fim, os exames chegaram e não havia mais escapatória. Mais uma vez eu me lamentei por não ter prestado atenção nas aulas do professor Binns e por não ter afogado o Snape no caldeirão. Mas depois de uma semana sofrível, os exames acabaram e as férias de verão começaram.
Recebemos papéis para escolhermos as matérias que gostaríamos de fazer no próximo ano. Lily escolheu fazer Runas Antigas e Aritmancia, Alice escolheu fazer Estudo de Trouxas (segundo ela, pra entender o que se passava na minha cabeça e da Lily. Mas nós duas suspeitamos que seja por causa de um certo sr Longbottom que também vai fazer!) e Adivinhação. E eu escolhi Adivinhação e Runas Antigas.
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Mais uma vez, era o meu último dia em Hogwarts. Arrumei as malas e desci para o banquete de despedida no Salão Principal que foi muito mais saboroso do que o do ano passado, já que a Grifinória havia ganhado o campeonato das casas, em grande parte graças ao quadribol.
Depois do banquete eu subi e fui para o quarto dormir. Estava exausta. Mas já reparou que quando você se sente mais cansada, você não consegue dormir? Pois eu não consegui! Mais uma vez a minha crise de insônia estava atacando. Peguei o livro que o Potter havia me dado "Quadribol através dos Séculos" e comecei a ler, mas depois de páginas e mais páginas lidas, descobri que não estava ajudando muito. Então, como sempre, resolvi descer para a sala comunal.
Desci a escada na ponta dos pés para não acordar ninguém e já estava no penúltimo degrau quando ouvi vozes. Vozes das pessoas que eu mais adorava. Os marotos. Resolvi ficar parada ali tentando escutar o que eles estavam dizendo, mas tudo que consegui ouvir foi o Potter falando para os outros se esconderem debaixo da capa e depois o barulho do quadro se abrindo. Resolvi sair atrás dos marotos. Uma idéia louca, já que eu não tinha uma capa da invisibilidade pra me esconder e não tinha como vê-los, já que eles estavam escondidos.
Mas assim que saí da sala comunal, percebi que seria mais fácil segui-los do que eu havia pensado. Apesar da capa do Potter ser grande, ela não era o suficiente para esconder quatro pessoas totalmente (ainda mais o Pettigrew!) e eu conseguia ver os pés deles que estavam fora da capa. Uma sensação estranha, eu confesso. Seguir pés sem pernas era uma das coisas que eu jamais havia pensado em fazer. Pra minha sorte e deles também, nós não encontramos com ninguém no caminho. Eles saíram do castelo e eu tive que esperar na porta do castelo eles se afastarem um pouco ou então me veriam. Quando eles já estava há uma grande distância eu saí do castelo. E foi então que eu percebi que eles estavam indo direto para a Floresta Proibida.
Segui-os com o coração na mão. Eles entraram na Floresta. Fiz o mesmo. Depois de andar alguns minutos tudo ficou mais escuro e eu não conseguia enxergar um palmo a minha frente. Foi então que eu percebi a burrada que eu tinha feito. Onde já se viu entrar na Floresta Proibida sem nem ao menos levar uma varinha?
"Não acredito que você fez isso Perla Montanes" - dizia para mim mesma tentando espantar o medo que me dominava. E o que eu faria ali, sozinha, perdida e sem varinha?
Foi quando um barulho chamou minha atenção. Alguém ou alguma coisa se mexia atrás de mim. Só podia ser um bicho. Eu conseguia escutar sua respiração. Nessa hora me lembrei do professor Kettleburn falando dos diversos seres malignos que habitavam a floresta. E se fosse mais um deles? O bicho estava se aproximando de mim. Eu não sabia o que fazer, ali sem varinha. E quando o bicho se aproximou mais eu não tive outra alternativa senão gritar o mais alto que consegui.
O bicho parou assustado com o meu grito, mas logo começou a avançar novamente. Ele devia ter por volta de uns 4 metros de altura, seus pés eram bem grandes e ele devia ser bem pesado devido ao estrondo que fazia quando ele andava. Infelizmente eu só conseguia ver sua sombra e não fazia a menor idéia de que animal podia ser. Também se soubesse não adiantaria muito para uma bruxa sem sua varinha. Então fiz a única coisa que era possível fazer: Correr!
Corri o mais depressa que as minhas pernas conseguiam agüentar. Não sabia para onde estava correndo nem até quando agüentaria correr. Só sei que tentava correr o máximo que pudesse, pois o bicho estava vindo atrás de mim. Então eu tropecei e caí.
Senti o bicho se aproximar de mim. Não restava mais nada que eu pudesse fazer. Meu fim havia chegado. A primeira pessoa que veio na minha cabeça esse momento foi Sirius. Só conseguia pensar no quanto poderia ter sido feliz com ele. Agora não adiantava mais!
Foi então que o inesperado apareceu. Alguém simplesmente apareceu do nada e começou a duelar com o bicho. Então eu pude ver o que era. UM IÉTI, mais conhecido como o Pé grande ou o Abominável Homem das Neves. E ninguém menos que Sirius Black estava duelando com ele. Depois de alguns minutos, Sirius conseguiu atingir o Iéti e ele caiu do outro lado, aparentemente desacordado. Sirius veio na minha direção. Suas vestes estavam rasgadas e ele tinha alguns cortes nos braços e no rosto.
"Você está bem, Perla?"
"Acho que sim" - respondi sem muita convicção.
"Bom, temos que sair daqui o mais rápido possível. Aquele iéti não vai ficar desacordado por muito mais tempo."
"Eu, eu não, não consigo andar." – resmunguei, sentindo uma imensa dor no meu tornozelo.
"Deixa eu ver" - Black olhou pra minha perna com a varinha acesa presa na boca – "Acho que você torceu o tornozelo. Realmente não vai dar pra você correr. Acho que vou ter que te carregar."
Ele então passou meus braços pelo seu pescoço e me pegou no colo e começou a correr. Não tinha passado nem um minuto quando eu comecei a escutar os passos do iéti novamente. E vindo na nossa direção.
"Black, ele está vindo..."
"Calma Pê! Se conseguirmos chegar na parte mais clara da floresta estamos salvos. Os iétis não gostam de muita luz. Lembra o fogo que eles detestam."
Parecia impossível que chegaríamos a salvo na parte mais clara da floresta. Por um minuto pensei que tudo estava perdido. Mas nós conseguimos. Eu comecei a ver as luzes da cabana do Hagrid e já conseguia ver a luz das estrelas e da lua. Estávamos salvos.
Black me colocou no chão, olhou em volta pra ver se via o iéti, mas não viu nenhum movimento a nossa volta.
"Perla, está tudo bem com você?" – ele perguntou, todo preocupado. Mas eu não conseguia prestar atenção em nada. Me sentia completamente perdida, indefesa.
"Por um minuto eu achei que fosse morrer" - eu disse e lágrimas escorriam pelo meu rosto.
"Calma Pê! Está tudo bem agora. Eu estou aqui com você" - essas palavras do Black pareciam que estavam me deixando em um estado nervoso maior do que o que eu já estava.
"Por um minuto eu pensei que jamais fosse vê-lo novamente, Sirius" - Não faço a menor idéia de onde tirei essas palavras. Só sei que quando percebi, elas já tinham saído da minha boca.
Sirius olhou pra mim e eu pude ver que os olhos deles também estavam molhados. Ele também estava chorando. Sirius colocou a mão no meu pescoço e me puxou para perto dele. Estávamos a centímetros, milímetros de distância. Foi quando tudo aconteceu. Nossos lábios foram se aproximando, até se tocarem. Uma explosão de sentimentos passou pela minha cabeça e parecia que eu começaria a levitar. Podia sentir perfeitamente que os lábios deles estavam molhados devido às lágrimas que escorriam pelo meu rosto mais do que nunca agora. Não sei dizer por quanto tempo durou. Só sei que foi a melhor coisa que já aconteceu em toda a minha vida. Nossos lábios se soltaram assim que ouvimos passos se aproximando. Mas não era o iéti. Eram os outros marotos que vinham ao encontro de Sirius.
"O que aconteceu, Sirius?" - Potter perguntou apreensivo.
"Um iéti atacou a Perla e eu a salvei." – ele respondeu, se afastando de mim.
"Um ii-iéti?" - Pettigrew perguntou assustado. – "Ele já foi?"
"Acho que sim." - Black respondeu desconcertado, ainda sem entender o que tinha acabado de acontecer, assim como eu.
Tiago achou melhor que todos fossemos pra cabana do Hagrid. Nenhum deles me perguntou o que eu estava fazendo na floresta. Pareciam já saber a resposta. Potter disse que ia levar Remo e Pettigrew de volta ao castelo escondidos debaixo da capa e que depois ele e Sirius me levariam a enfermaria e falariam que eu havia caído da escada. Quando eu fiquei sozinha na cabana com Hagrid e Sirius, este parecia evitar me olhar. E eu tampouco tinha coragem de olhar para ele.
Os minutos que se passaram desde o momento que o Potter havia saído até o momento que ele tinha retornado, pareceram horas. Sirius ficou o tempo todo ao lado de Hagrid e eu gostei dele não ter se aproximado. Minha cabeça não conseguia pensar. Eu estava suja, assustada, com o tornozelo torcido. E ainda tinha beijado Sirius. O que poderia vir a acontecer entre mim e ele eu não faço a menor idéia. Mas por mais que eu tente pensar em outra coisa, aquele beijo não saiu da minha memória. E somente com uma poção do sono dada por madame Pomfrey na enfermaria, foi que eu consegui dormir.
E sonhei. Não uma, mas várias vezes com o mesmo beijo. E tinha medo de acordar e constatar que tudo não passara de um sonho. Quando abri os olhos percebi que ainda me encontrava na enfermaria. Madame Pomfrey me deu alta e disse que meu tornozelo já estava bom. Afinal, não era um sonho! Não podia ser.
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Encontrei Lily e Alice no trem. Elas me perguntaram como eu estava e disseram que os marotos haviam contado hoje de manhã que eu havia tropeçado na escada do dormitório e que havia torcido o pé e que eles me levaram pra enfermaria. Não tive coragem de contar a verdade. Alice disse que ia ficar na cabine com o Frank e eu e Lily fomos procurar uma para nós. Encontramos uma praticamente vazia, se não fosse pela presença de Emma Williams.
"Podemos ficar aqui com você?" - Lily perguntou docilmente para Emma.
"Se ela quiser, tudo bem" - ela respondeu chorosa apontando em minha direção. Como eu não disse nada, Lily entendeu que eu não tinha nada contra e nos sentamos com ela. Emma e Lily começaram a conversar
"Vou dar uma volta" - disse sem a menor vontade de escutar a conversa delas. Andei um pouco pelo trem e quando estava pensando em voltar dei de cara com ninguém menos que Sirius.
"Perla" – Ele me olhava de um jeito que tornava a minha respiração a coisa mais difícil do mundo.
"Black" – respondi encarando aqueles belos orbes azuis.
"Como você está?"
"Bem, bem melhor" – respondi, baixando os olhos.
"E o tornozelo?" – ele perguntou, dando um passo a frente. Tentei não encará-lo.
"Novo em folha!" – respondi, ainda olhando para meus sapatos.
"Que bom!" – Contei até dez, antes de olhar novamente pra ele.
"Black" - comecei a falar tentando reunir coragem para continuar – "eu-queria te, é, agradecer, por ter me sal-va-do ontem. F-foi muito corajo-so."
"Não precisa agradecer, Perla. Qualquer um faria o mesmo."
"Ahn" - disse com tristeza. Então para o Black ele não tinha feito nada além da sua obrigação? Pois talvez teria sido melhor se outra pessoa tivesse me salvado.
"Mas..." - ele continuou ao ver minha cara de desapontamento – "eu não teria feito o mesmo por outra garota."
Por uns poucos segundos nossos olhares se cruzaram. E eu pude ver nos olhos dele que ele estava pensando na mesma coisa que eu: o beijo. Mas então como se a gente despertasse de um transe, ele parou de me olhar e perguntou de cabeça baixa:
"E as notas, como foram?"
"Bom, Black, com você como professor, não tem como elas serem ruins."
"Que bom! Fico feliz! Eu tenho que ir, os meninos estão me esperando. Boas férias pra você, Pê!"
"Pra você também, Sirius" - respondi e estava me virando quando escutei Sirius dizer:
"Sabe, meu nome fica ainda mais bonito quando você o pronuncia!"
"Prometo que vou tentar te chamar de Sirius mais vezes" - disse e fiquei olhando Sirius se afastar, não antes de me dar mais uma vez AQUELE sorriso maroto, aquele que me fez apaixonar!
FIM
N/A: É, infelizmente esse é o fim dessa fic. Mas pra quem leu e gostou, não fique triste. A história não termina por aqui. Mas eu tive que acabar com a fic aqui, porque se eu continuasse escrevendo a história do ponto de vista da Perla (isto é, do Diário dela) ia ter muita coisa que ficaria sem explicação daqui pra frente porque eu vou precisar colocar diálogos entre os marotos sem a Perla estar presente. Logo, vou precisar mudar o narrador, que na próxima fic será na terceira pessoa, mas ainda assim tendo a Perla como a personagem principal.
Esta nova fic, que eu já comecei a escrever, se chamará "Perla e os Marotos" (bem sugestivo, não?) e deverá ser postada aqui no dia 5 de abril, já com 2 ou 3 capítulos (que prometo devem ser longos).
Para os que leram a fic e deixaram reviews eu agradeço de coração. Se alguém leu e não deixou, eu gostaria muito de saber sua opinião. Ás vezes a gente acha uma chatice esse negócio de deixar opinião, mas depois que comecei a escrever é que pude ver o quanto é gratificante ver a opinião de alguém que está lendo o que eu escrevo. Para aqueles que leram a fic conto com a ajuda de vocês para continuar a próxima fic.
Um beijo pra todos. E até a próxima!
Dynha Black
