O Leão e a Águia

Capítulo II – Encontros e Desencontros

Fazia quase um ano que eu não via Aioria, no entanto, por mais que evitasse, pensava nele todos os dias. Lembrava-me perfeitamente de seus traços cativantes, do seu tom de voz firme, da sua estatura imponente e principalmente dos seus modos gentis de cavalheiro.

Não ousava aproximar-me do santuário, até que o Grande Mestre mandou chamar- me:

- Este é Seiya. Você vai cuidar dele. Só tem sete anos, mas já que é oriental como você, será melhor assim. – Ordenou-me com sua voz calma e acolhedora. Era realmente um homem muito bondoso. Logo em seguida retirou- se, deixando-me a sós com o menino de olhos e cabelos castanhos. Seiya tinha um olhar muito determinado, o que era impressionante para um menino da sua idade.Lembrava-me meu irmão perdido, ele também devia estar com essa idade agora.

Perguntei ao menino tão pequeno o que ele fazia ali no santuário e ele me disse, bastante decidido, que veio pela Armadura. Tinha vontade de sorrir pelo jeito como falava, mas não queria deixa-lo encabulado e nem tirar sua determinação. Resolvi que iria treina-lo da melhor forma possível para que alcançasse seu objetivo e pudesse ser um grande cavaleiro.

Mudei-me com Seiya para uma pequena casa em volta do santuário e comecei a treina-lo rigidamente. Se o destino tinha lhe reservado aquela vida teria de ser poderoso ou não sobreviveria dentro dela. É claro que aquilo era uma provação para mim que mal acabara de receber minha armadura e agora já tinha um pupilo para treinar. Sentia-me insegura, mas não o demonstrava de forma alguma.

Havia menos de uma semana da chegada de Seiya e eu estava a treina-lo próximo ao templo onde ficavam as chamadas Doze Casas, que diziam ser guardadas por doze cavaleiros extremamente poderosos. No topo estaria Athena, a deusa a qual todos nós devíamos proteger com nossas vidas. Foi então que ocorreu o que eu mais temia. Um homem descia as escadarias da última casa. Era ele, era Aioria, o homem que eu evitei durante todo esse tempo estava ali na minha frente, eu sabia que mais sedo ou mais tarde isso iria acontecer, mas ainda assim não sabia o que fazer. Sentia um misto de euforia e pânico. Estava paralisada e percebi que ele vinha em minha direção. Seiya notou-me:

- Marin? Você estava me explicando. Por que parou de falar? – perguntou o menino sem entender o que se passava. Apesar de ouvi-lo eu não conseguia responder-lhe. Milhões de pensamentos passavam pela minha cabeça.

Pouco a pouco ele aproximava-se. Pela primeira vez estava vendo-o a luz do dia. Era tão bonito! Mais ainda do que me lembrava. Quando chegou mais perto finalmente pude ver a cor de seus olhos, eram de um azul profundo que me lembravam o alto mar. Não conseguia parar de mira-los.

- Marin – Disse ele sorrindo - o que faz por aqui? Você havia sumido... Ora! Quem é esse menino tão pequeno?

- Ola cavaleiro. –disse-lhe friamente, sem ousar pronunciar seu nome.- Este é Seiya. O grande mestre me mandou treina-lo. Agora estou vivendo no santuário com ele.

- Ah! Então deixou a morada das amazonas. Vejo que conseguiu uma armadura...

- É a Armadura de Prata da Águia – Disse Seiya interrompendo-o num tom orgulhoso.

- E você garoto? Quer ser cavaleiro? Perguntou Aioria sorrindo.

- Sim! Serei um cavaleiro muito forte! Você é um cavaleiro?

- Sou sim, mas por que deseja tanto ser um cavaleiro?

- Ah ! Isso eu não posso dizer.

Aioria sorria encantado. Percebi que ele tinha gostado do menino. Assim como eu, que tinha cada vez mais orgulho do Seiya.

- Seiya, esta na hora de irmos almoçar. – interrompi a conversa dos dois – Com licença Ai... com licença cavaleiro.

- Sim, claro... – já estava de costas pare ele quando chamou-me - Marin! Olha se precisar de ajuda com o Seiya pode contar comigo.

Tempos atrás teria ficado ofendida com a oferta de ajuda, mas já não era tão orgulhosa e tola como antigamente. Consenti com a cabeça e parti sem olhar para trás. Acabei realmente precisando da sua ajuda nos próximos anos. Seiya o admirava e respeitava, e Aioria estava sempre a anima-lo impedindo que fraquejasse.

Naquela noite mal dormi, fechava os olhos e lembrava-me dele vindo em minha direção, seus cabelos castanhos brilhando sob o sol, seu sorriso estonteante, seus olhos azuis escuros. E fora assim por muito tempo, por muitas noites a sonhar acordada com Aioria, a ter palpitações quando o via, a ama-lo secretamente, escondendo meus sentimentos de todos, principalmente dele.

---------------------------------------------------------------------------- ----------------------------------

Certo dia não conseguia encontrar a Seiya. Ele tinha sumido após levar uma surra do Cássios, o pupilo da Shina. Procurei-o por todo o Santuário, não sabia mais o que fazer.Estava desesperada, já anoitecia e nem sinal dele. Hesitei por algum tempo. Mas finalmente decidi pedir ajuda a Aioria, afinal era a única pessoa em quem eu confiava naquele santuário.

Eu já havia ouvido que ele morava no templo das doze casas, desconfiava que seria um dos doze cavaleiros que protegiam-nas. Adentrei no templo, que naquela época não era ta vigiado. A primeira casa estava fazia. Na segunda encontrei um homem muito bondoso chamado Aldebaran, que me deixou passar quando expliquei que precisava encontrar com Aioria e me disse ainda que ele estaria na quinta casa. A terceira também estava vazia. A quarta casa era sombria e se podiam ouvir vozes, mas não havia ninguém por lá. Chegando na quinta casa não encontrei ninguém, mas reparei numa luz que vinha de uma porta entreaberta em uma das laterais, devia ser seu quarto. Aproximei-me e percebi que não estava sozinho, havia uma mulher com ele! Estavam na cama! Apenas um lençol os cobria da cintura para baixo, seu corpo sobre o dela, as mãos da mulher acariciavam suas costas nuas. Nem perceberam minha presença. Sentia uma dor enorme subindo do estômago até a garganta. Queria sair dali imediatamente, mas não podia me mexer.

- Você gosta dele? – Ouvi uma voz e virei-me mirando o homem que estava ao meu lado. Tinha os cabelos loiros compridos, os traços do rosto bastante delicados e mantinha os olhos fechados – Gosta de Aioria?

- Quem é você? – Perguntei-lhe afastando-me um pouco, mas não sentia medo, ao contrário, ele me passava uma paz imensa.

- Sou Shaka , moro uma casa à cima. Percebi sua presença e vim averiguar. – Disse-me muito calmamente.

- Eu precisava...

- Não precisa dizer, já sei o que queria, mas acabou encontrando o que não queria, não é?

- ...

- É. A Casa de Leão tem uma certa rotatividade – Disse sorrindo de leve – mas não pense mal de Aioria. Na verdade ele sonha com apenas uma mulher para preencher sua cama e a sua alma, mas como não pode tê-la, age desta maneira. – Sacudiu a cabeça como se desaprovasse, calou-se por um momento e virou o rosto em minha direção – Pode voltar para casa, o menino está bem agora. - virou-se e começou a subir a escadaria.

- Espere... eu não lê disse nada, como você?

- Não se preocupe. Já disse que pode voltar para casa. É melhor ir, não vai querer que ele a veja não é? – Disse enquanto subia as escadas.

Resolvi confiar no cavaleiro, que mais parecia um monge budista com sua túnica branca trespassada. Parti imediatamente sem ousar olhar para o quarto novamente. Ao chegar em casa encontrei Seiya dormindo em sua cama, estava cheio de hematomas. Acariciei seu rosto, estava aliviada. Tratei de limpar seus ferimentos devagar para não acorda-lo.

Não dormi aquela noite pensando em Aioria com aquela mulher. Amaldiçoei o meu destino como amazona. E chorei. Chorei como a muito tempo não chorava. Por que? Por que eu tinha que conhecer Aioria? Seria melhor que ele não me tivesse salvo daqueles homens. Seria melhor que eles tivessem me matado antes que ele chegasse. Assim ele não teria visto meu rosto e eu não viveria nesse inferno! Assim eu não precisaria passar pelo que passei hoje e durante todos esses anos! Já era uma tortura não poder me aproximar de Aioria, mas vê-lo com outra era algo insuportável para mim.

Lembrava-me das palavras de Shaka, mas não entendia seu sentido. Por que ele havia dito-me aquelas coisas? Parecia ser um homem sábio e também parecia conhecer Aioria. Será mesmo que Aioria amava a alguém, quem seria?

No outro dia fui buscar algumas ervas para tratar de Seiya. Estava num campo próxima as margens de um rio abaixada colhendo as plantas quando ouvi uma voz que eu conhecia muito bem.

- Marin – Levantei o olhar e vi Aioria aproximando-se, voltei-me novamente para as plantes continuando o que estava fazendo – Como está Seiya ?

- Está melhor, mas como sabe sobre Seiya? – Perguntei com medo de ouvir a resposta. E ainda sem encara-lo.

- É bom saber disso, foi Shaka quem me contou.

- O que mais ele lhe contou?

- Que você esteve em minha casa ontem. -Ficamos em silêncio por um tempo. Até que ele falou um pouco irritado - Marin olhe para mim!

Parei o que estava fazendo e o encarei de pé.

- O que quer Aioria?

- Nos precisamos conversar, eu... – e ele interrompeu-se – Ahr! Essa maldita mascara! Por que não posso ver seus olhos mulher?

- Aioria eu exijo que me respeite! Reneguei minha condição como mulher desde que resolvi me tornar amazona. Nunca mais fale assim comigo cavaleiro!

Dito isso retirei-me sumindo entre a mata, mas ainda o ouvi gritar de longe:

- Marin!! Por que faz isso???

Aquele dialogo entre nós nunca saiu da minha mente. O que Aioria queria dizer-me? Seria melhor se tivesse ficado? Não! Eu não podia! Eu não podia ser mais uma aventura para Aioria, minha honra de amazona estaria desgraçada se isso acontecesse. Se eu ficasse, se ele tentasse algo, sei que não resistiria. Depois daquilo eu o evitei o máximo que pude. Ele aceitou meu tratamento frio e não tentou se aproximar novamente. Ficamos assim pelos próximos três anos...

---------------------------------------------------------------------------- ----------------------------------

Fui tirada de minhas recordações quando ouvi algo que parecia ser a voz de Seiya, mas me enganei, devia ser algum outro rapaz expansivo passando por perto de minha casa. Aquela casa estava triste e vazia sem Seiya Ele estava agora no Japão, para onde fora saber notícias de sua irmã.

Voltei para cama, ainda me recuperava da luta contra China. Logo estaria bem, pois Aioria tinha usado seu cosmo para curar-me. Porém o que mais me incomodava não era meu estado físico, mas sim os pressentimentos que me invadiam. Sabia que algo grande estava para acontecer. De que lado estaríamos eu e você Aioria?

Continua...

---------------------------------------------------------------------------- ---------------------------

Bem gente, desculpem mesmo pela demora é que essa semana tive que resolver uns pepinos relacionados à minha matrícula na universidade. Mas não se preocupem, os próximos capítulos sairão bem mais rápido. Acho que o próximo sairá amanhã mesmo.

Muito obrigada Nandinha Shinomori, Marin the sage of spirit, a Lillith1 pelos comentários e também à Luthy Lothlórien, que me mandou um e-mail muito legal! Por favor continuem mandando comentários, críticas e sugestões, pq preciso muito de incentivo na minha primeira fic.

Beijos para todas(os)!