Capitulo 1:
Convivência familiar- Beatriz! Desça já aqui! – ela gritou do andar inferior.
A menina desceu as escadas, receosa.
- Sim? – Beatriz perguntou, no meio da escada. Longe o suficiente das garras da mãe.
- Quantas vezes eu te falei pra NÃO DEIXAR ESSES BRINQUEDOS ESPALHADOS NA SALA? – a mãe berrou, fazendo com que a menina fechasse os olhos e subisse dois degraus. – Eliza e Colin vão chegar daqui a pouco!
- O padrinho vem almoçar aqui?
- Vem! Agora, a senhorita suba e peça pro seu pai te arrumar para almoçarmos! Eu cuido dessa bagunça. Mas só dessa vez, entendeu?
- Sim. – e subindo as escadas novamente, a menina foi trocar de roupas.
Virginia bufou, antes de começar a juntar os brinquedos da filha, espalhados no chão da sala.
Escutou a campainha tocar no momento exato em que guardara a última boneca na prateleira do quarto da filha, no andar superior.
- Eliza! Colin! Como vocês estão? – cumprimentou, Virginia, ao abrir a porta. Deu espaço para os dois entrarem.
- Olá, Gina. Onde está Bia? – perguntou Eliza.
- Bia está lá em cima, se arrumando. E como vai o bebê?
- Bem... Estamos ansiosos para saber o sexo dele.
- Ou dela! – corrigiu Colin.
Os três riram.
Eliza, amiga de Virginia que morara com ela, casara-se com Colin e estava, agora, com dois meses de gravidez. Eliza continuava trabalhando como professora em Hogwarts.
Colin Creevey era fotógrafo do "Seminário das Bruxas". Ficou muito animado ao receber a noticia de que seria pai. A casa em que Eliza dividira com Virginia tornara a casa que ela dividia com o marido, e futuramente, o filho.
O Sr. Creevey era padrinho de Beatriz, a filha de quatro anos de idade de Virginia.
- Padrinho! – Beatriz descia as escadas novamente, dessa vez arrumada.
Usava um vestido infantil rosa e seus cabelos loiros estavam presos em um rabo-de-cavalo. Ela pulou no pescoço do padrinho, enquanto esse beijava suas bochechas brancas.
- Ei! Eu também existo, sabia! – reclamou Eliza.
Beatriz passou do colo do padrinho para o de sua esposa.
- Cuidado Bia! Tem um neném aí dentro, sabia! – avisou, a mãe.
- Um neném? – a menina sentiu curiosidade, descendo do colo da mulher.
Já no chão, pôs-se a examinar a barriga da tia. Aproximou-se do umbigo coberto pelo vestido de pano leve e olhou, como se olha em um buraco de fechadura.
- Não to vendo nada!
A mãe riu de leve, sendo imitada pelos outros dois adultos na sala.
- Onde está o seu pai, querida?
- Lá em cima. Disse pra gente não esperar ele. – respondeu, se adiantando na direção da sala de jantar.
- Na-na-ni-na-não! – exclamou a mãe, pegando-a no colo e colocando ela no sofá branco e macio da sala de estar.
- Mas mãe, eu 'tô com fome! – protestou a menina, cruzando os braços.
- Mas Harry ainda não chegou! Temos que espera-lo!
- O Harry virá? – perguntou Colin. A anfitriã confirmou. – Então não vamos esperar seu marido mesmo. Ele não vai descer!
Eliza deu um beliscão nas costelas do esposo, o que fez com que ele gemesse baixinho.
- Desculpe! – murmurou para a esposa, que o olhava severamente.
A campainha soou em seguida.
- Ah, deve ser o Harry! – Virginia exclamou antes de ir atender a porta.
- Olá Harry! Tudo bem?
- Oi Gina. Olhe quem veio comigo. – disse mostrando uma segunda pessoa.
- Rony! Que bom que você veio! – a irmã o abraçou.
- Olá Gina.
- Vamos, entrem. Colin e Eliza já chegaram!
- Tio! – Beatriz pulou do sofá na direção de Rony.
- Olá Harry. Rony. – disseram Eliza e Colin.
- Olá.
- Bem, acho que agora nós podemos almoçar, não? – perguntou Virginia, quando Harry tentava pegar Beatriz no colo e, essa, no colo de Rony, balançava a cabeça negativamente.
- O seu marido não vai comer conosco?
- Não Harry, ele não está se sentindo muito bem. Acho que tem trabalhado de mais.
- É. Todos nós temos. – disse Rony – Enquanto não pegarmos esses comensais fugitivos, não dormiremos tranqüilos!
- Rony, por favor, nada de falar de serviço hoje! – repreendeu Harry.
- Vamos ou não vamos comer? – resmungou Beatriz.
- Vamos minha pequenina, vamos! – disse a mãe, apertando-lhe as bochechas.
***
- Muito bonito! – ela cruzou os braços assim que entrou no quarto e viu o marido deitado na cama, acordado.
- Eu sei que sou lindo! – ele disse sorrindo.
- Por que você não desceu para receber nossos convidados? – ela disse fechando a porta atrás de si.
- Eles ainda estão aí? – ele sussurrou.
- Não.
- E a Bia?
- Colin a levou para passear no parque com Eliza e Harry.
Draco fez uma careta.
- Então? Por que não desceu? – ela insistiu.
- Você sabe muito bem que eu não vou com a cara daquele... Daquele seu amiguinho da cicatriz!
- Isso não explica você não ter aparecido lá nem pra cumprimentar ao Colin e a Eliza!
- E o que explica o seu ex-namoradinho ficar entrando e saindo daqui de casa a hora que quer e ainda por cima levar a MINHA filha pra passear?
- Nós já conversamos sobre isso! Você não é mais um adolescente bobo pra ficar dando ataque de ciúmes, Draco!
Ele fez um muxoxo.
- Você vai ficar sem comer nada? – ela perguntou, levemente preocupada.
- Vou! – ele respondeu fazendo bico igual a uma criança malcriada.
- Hum, que pena... Pensei que você fosse gostar da carne assada que eu fiz...
Ele levantou os olhos e viu que ela já havia sentado na beirada da cama.
- Carne assada? – perguntou, sentindo a boca encher d'água.
- É. E beber uma cerveja amanteigada... Mas se você não quer comer...
- Eu quero! – ele saltou da cama.
Ela pode escutar o roncar do estomago dele e sorriu.
- Vem comigo, está tudo lá em baixo.
Ela o puxou pela mão e o levou até a cozinha.
- Sra. Malfoy, Sr. Malfoy! O que posso fazer por vocês? – disse um elfo muito semelhante a Dobby, fazendo uma reverencia para Virginia e Draco, que encostou a ponta do nariz no chão.
- Nada Ringle! Pode deixar que nos viramos sozinhos.
O elfo saiu resmungando algo pela porta dos fundos.
Virginia foi até o fogão e preparou o prato para Draco. Pegando em seguida, uma latinha de cerveja amanteigada na geladeira – novidade do três vassouras, enquanto algumas cervejas amanteigadas são para esquentar, aquela era refrescar -.
- A comida estava deliciosa... – Draco disse, ao empurrar o prato para frente, na mesa da cozinha.
- Besteira sua não ter decido para almoçar com todo mundo... – ela pegou o prato e levou até a pia para lavar.
- Pra que isso? – ele perguntou, ao ver o que a mulher ia fazer.
Levantou-se e encostou-se na beirada da mesa, às costas dela.
- Pra não ficar sujo, ué!
- Deixa que o Ringle faça isso. – ele a puxou pelo pulso delicadamente.
– Que horas a Bia vai chegar? – ele perguntou, sorrindo marotamente.
- Eu não sei... – ela disse, virando-se para ele e sorrindo da mesma forma. – Por que? Você pretende sair?
- Sair? – ele passou as mãos pela cintura dela. E ela apoiou as mãos nos ombros dele – Não. Sair, definitivamente, não é o que eu estou planejando...
- E o que é que você está planejando?
Mas ela não soube, naquele momento, o que ele estava planejando, pois a campainha tocou.
- Uuurr! – ele reclamou.
Ela apenas sorriu e foi atender a porta.
- Olá. Ela deu muito trabalho? – ela disse ao verificar que era Harry.
- De jeito nenhum. Ela é um anjo. – mas a cara de Bia não parecia ter a mesma calma que um anjo naquele momento.
Ela estava de braços cruzados, com um bico – que se Virginia tivesse prestado um pouco mais de atenção veria ser igual ao do marido -.
- E o Colin e a Eliza?
- Eliza não se sentiu muito bem e Colin a levou pra casa.
- Ah... Mas entre, entre. – ela disse ao perceber que ele ainda estava do lado de fora com sua filha.
- Ah, Não, Gina, eu tenho que ir... Vou viajar com o Rony ainda hoje para tentarmos achar algumas pistas do paradeiro desses comensais.
- Trabalhando até em final de semana, é? – ela sorriu admirada.
- Pai! – Bia gritou, desfazendo o bico e correndo para os braços de
Draco, que acabara de entrar na sala.
- Olá Malfoy!
Draco poupou-se em um simples aceno com a cabeça, pegando a filha nos braços.
- Bem, eu tenho que ir... Tchau Bia! – a menina fez a mesma expressão que o pai – Tchau Gina.
- Tchau Harry.
Harry aparatou e Virginia fechou a porta, pegando uma pequena Bia dando língua na direção em que Harry havia aparatado.
- Beatriz Juliet Malfoy! – exclamou a mãe.
A menina se encolheu nos braços do pai, buscando proteção. Sabia que quando a mãe á chamava pelo nome completo, a bronca ia ser feia.
- Está na hora da pequerrucha do papai tomar banho! – Draco adiantou.
– Suba, daqui a pouco eu subo também pra te dar banho.
A menina desceu do colo do pai e correu escada a cima, passando bem longe da mãe.
- Draco Malfoy!
- Shiii... Sobrou pra mim...
- Quem anda ensinando a Beatriz a mostrar a língua?
- Não sei... Você a deixa sair com qualquer um! Agora mesmo ela saiu com o Colin!
- O Colin é padrinho dela!
- E por sorte a Eliza não foi madrinha!
- Ela só não foi madrinha por que você ficou de frescura!
- Mas foi ou não foi melhor que a Angelina fosse a madrinha? – perguntou, jogando-se no sofá.
- A Angelina é legal, ainda mais agora que ela casou com o Fred, mas ainda acho que...
- Que você deveria vir aqui, deitar nesse sofá que é grande de mais para mim sozinho.
Ela se aproximou, e sentou-se na ponta do sofá,
- Pode chegar mais perto... Eu não mordo... – ele sorriu e chegou mais perto para beijar-lhe, mas antes que isso acontecesse, ela disse:
- Acho que tem alguém lá em cima esperando um pai desnaturado para lhe dar banho...
- Hum! – ele bateu com a mão na testa e correu para o banheiro onde costumava dar banho na filha.
***
- Bom dia... – Virginia murmurou ao abrir os olhos e ver que o marido a observava, deitado ao seu lado.
- Bom dia. – ele a beijou no rosto, apertando-a mais contra si.
Ela deu uma espreguiçada e olhou para ele.
- Com fome? – ele perguntou.
- Um pouquinho...
- Vamos descer para comer? Beatriz ainda está dormindo... – ele sussurrou.
Ela concordou, mas antes foi ao banheiro, escovou os dentes, trocou o pijama pra então os dois descerem e encontrarem a mesa da sala de jantar pronta para o café da manha e três lugares preparados, como sempre.
Draco sentou-se na cabeceira da mesa e Virginia sentou-se ao seu lado.
Ela começou comendo um pouco de frutas enquanto ele a observava.
- O que foi? – ela perguntou ao acabar de engolir um pedaço de mamão.
- Nada... Só estou te olhando. Não posso? – perguntou, segurando-lhe a mão que estava sobre a mesa, livre.
- Pode, mas ficar me olhando enquanto como me deixa envergonhada...
– ela disse, tomando um gole do suco, que ela verificou ser de melancia.
- Bem, o que posso fazer se você é assim... Irresistível. – ele a beijou no pescoço.
- Hum... Draco, o que houve pra você estar tão galanteador á essa hora da manhã? – ela perguntou.
- Nada. Eu simplesmente acordei e vi a mulher maravilhosa que estava deitada ao meu lado e... – ela o calou um beijo.
- Bom dia, papai, mamãe. – Bia entrou na sala e sentou á mesa do lado de Draco, á posição contraria de Virginia.
Os dois separaram-se bruscamente.
- Bom dia minha filha. – disse Draco.
- Dormiu bem, pequenina? – a mãe perguntou, colocando leite na tigela com cereal de chocolate da filha.
- Dormi... Tive uns sonhos 'quisitos. – disse a menina.
A mãe sorriu e disse:
- E que sonhos esquisitos você teve, pequena? – a mãe lhe concertou.
- Sonhei que uma mulher loira com cala de bruxa e dois homens com cala de sapo me pegavam... – a menina disse com a boca cheia.
Virginia e Draco se entreolharam preocupados, mas não disseram nada.
- Mamãe, posso ir na casa do tio Rony hoje?
- Querida, eu e seu pai já falamos que não gostamos que você vá na casa do seu tio Rony.
- Por que? Você não gosta do titio?
- Não é isso pequena, eu adoro o seu tio, mas... Ah, Bia, custa obedecer a mamãe?
- Está bem. Mas na casa da madrinha eu posso, né?
- Bem, depois do café eu falo com seu tio Fred pra ver se não tem nenhum problema, está bem assim?
- Êba! – a menina gritou.
***
- Acabei de deixar a Bia na casa do Fred. – Virginia aparatou na sala de casa, e encontrou Draco "largado" no sofá.
- O que você acha do sonho dela? – ele perguntou preocupado.
- Pode ter sido só um sonho, mas as descrições batem com a Parkinson, Crabbe e Goyle...
- Eles ainda não foram pegos... – Draco suspirou.
- Mas qual seria o objetivo de pegar Bia, Draco? – ela sentou-se na ponta do sofá em que ele estava deitado.
- Eu os trai, esqueceu? – ele sentou-se no sofá, e pegou-lhe a mão.
Um barulho vindo da janela chamou a atenção de ambos. Draco correu para a mesma e abriu-a, dando de frente com uma coruja negra, com uma carta do mesmo tom em seu bico.
Ele pegou a carta e a coruja voou sem esperar resposta. Draco leu-a e perdeu o pouco de cor que tinha. Virginia se assustou e perguntou:
- O que houve, Draco? O que tem nessa carta? – ele pegou o papel negro e entregou á ela.
Ela também leu e deixou-se cair no sofá, com a mão no peito.
