Capitulo 2:

Ameaças e tentativas

"Preste atenção, Malfoy: nós estamos de olho, e cedo ou tarde você pagará pela sua traição! Seu covarde!"

Após Virginia ler o pequeno bilhete, este pegou fogo.

Virginia estava com a respiração ofegante. A mão em seu peito sentia o saltitar de seu coração; ela sentia como se a qualquer momento ele fosse pular para fora do peito.

- Eu estou com medo! – ela sussurrou.

Ele apenas sentou-se ao seu lado e lhe abraçou, enquanto ela sentia uma única lagrima correr em seu rosto.

- Tenho medo do que eles possam fazer contra Beatriz. – Ela continuou, abraçando-o de volta, e encarando-lhe disse: - Do que eles possam fazer com você, Draco!

- Eles não vão fazer nada contra ninguém, entendeu? Eu não vou deixa! – e beijou o alto da cabeça dela – Não vou! – completou, mais para si.

***

- Hum, 'tava gostoso. "Palece" que vou explodir! – Beatriz massageou a barriga com a mão direita, empurrando o prato com o resto da sobremesa – torta de abóbora com morango – para o lado.

- Pequenina, não se diz "vou explodir", diz-se "Estou satisfeita". – a mãe corrigiu delicadamente.

- Dá na me-sma – ela disse meio á um bocejo.

- Ora de pequerrucha dormir! – disse o pai, limpando a boca com um guardanapo de pano e pegando a filha no colo.

- Não! Eu não to com so-no. – ela disse dando outro bocejo.

- Bia, suba, escove os dentes que a mamãe vai subir para contar uma historia.

- Não! Eu quero que meu pai me bote para dormir! – ela se agarrou ao pai.

- Humpf, tudo bem... Não tem problema, eu vou dormir. Não tem problema. – disse a mãe, fingindo um pouco magoada.

Draco sorriu e disse para a filha:

- Princesinha, suba e escove os dente que papai já vai.

- 'Tá bem. – ela subiu as escadas bocejando mais.

- Com ciúmes? – perguntou para a esposa.

- Não... Nem um pouco. – ela fingiu fazer pouco caso.

- Fica não. Eu vou colocar a Bia pra dormir, mas quero a mãe dela muito bem acordada quando eu voltar! – disse, a abraçando pela cintura.

- Bem acordada, é? Por acaso pretende colocar a "mamãe" para dormir também, é? – perguntou com um sorriso maroto.

- Dormir? É, você pode dormir depois... – beijou-lhe e subiu para colocar a filha pra dormir.

***

- Bom dia! – Virginia disse, entrando na sala de jantar e encontrando o

marido e a filha tomando café da manhã. – Por que ninguém me acordou?

- Você estava dormindo tão bem, que achei que não deveria. – disse Draco, lhe dando uma uva na boca, ela aceitou e após comer a fruta, disse:

- Vocês planejaram alguma coisa para hoje?

- Pensamos em darmos uma volta no Beco Diagonal, o que você acha?

- Podemos comprar um vestido novo? – perguntou Beatriz, com os olhos brilhando.

- Outro, Bia? – resmungou o pai – Se você está assim nessa idade, imagine na adolescência?!

- Hum. – ela cruzou os braços, e descruzando-os em seguida perguntou: - Mas o passeio no Beco Diagonal ainda está de pé?

- Está bem. Vamos depois do almoço.

- Ah não, mãe! Vamos antes e depois vamos a Hogsmead e passamos em algum lugar para comer!

- Na-na-ni-na-não, pequenina. Almoçamos em casa, depois nós vamos para o Beco Diagonal. Nada de Hogsmead!

- Ah, mãe, por que?

- Beatriz!

A menina cruzou os braços e emburrou a cara. Draco abriu a boca, mas Virginia, - mesmo olhando para o prato – percebeu e disse:

- Nada de protestar, Sr. Draco Malfoy!

Draco fechou a boca e olhou para a filha como quem diz: "Desculpe, eu tentei".

***

- Vamos, Gina! Pra que se arrumar tanto? – Draco protestou, do andar inferior, esperando a esposa que se arrumava para irem ao Beco Diagonal.

- Calma, Draco, eu já estou pronta! – ela desceu as escadas.

Ele teve que impedir que o queixo se chocasse contra o peito, pois ao ver a mulher vestindo um leve vestido florido de alça fina e um sapato de salto alto exclamou:

- Você está linda.

- Obrigada. Agora vamos? – ela perguntou, ao terminar de descer as escadas.

- Vamos. – ele disse ainda abobado. - Bia, preste atenção : - disse o pai – Você tem que segurar nessa casca de banana e não pode soltar, ouviu bem?

- Ouvi papai.

Então, os três, seguraram na casca de banana – que na verdade era uma chave de portal - e em menos de dois minutos eles estavam em uma das lojas abandonadas do Beco Diagonal.

- Eu preciso ir á "Floreios e Borrões", preciso comprar um exemplar de "Europa: trouxa e bruxa".

- Pra que você vai comprar um livro desses? – resmungou Draco.

- Se você não sabe, querido, nas férias eu pretendo viajar, e quero saber melhor sobre os mundos trouxas e bruxos que existem pela Europa. – Virginia respondeu, abrindo a porta da loja para os três saírem e darem de cara com o Beco Diagonal.

- Que idéia é essa de "Pretendo viajar". O correto é "pretendemos viajar". – ele corrigiu – Não é pequena? – a menina em seu colo concordou.

- Então eu vou indo comprar o livro e vocês dois podem dar uma volta. Nos vemos daqui a meia hora, em frente á "Artigos de Quadribol". Ok?

- Meia hora pra comprar um livro? Nossa, tem certeza de que não vai providenciar logo o hotel e tudo o mais?

- Deixe de ser bobo, querido. – ela beijou-lhe os lábios e despediram-se.

- Meia hora, "Artigos de Quadribol"! – ele a lembrou, vendo-a tomar distancia.

***

- Papai, quando eu vou receber a carta de Hogwarts? – perguntou Bia, ao ver alguns alunos com os uniformes da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts comprando materiais. Era final de agosto, e em breve estaria iniciando mais um ano letivo.

Draco sorriu, ao lembrar de seus tempos de escola. Quando anos atrás, ele estava ali, comprando materiais para mais um ano letivo, e pensou também "Será que quando estive ali, algum adulto pensou a mesma coisa que eu? Relembrou coisas parecidas com as que relembro?" Mas ao sentir seus ombros balançando – Bia, em seu colo lhe chacoalhava – voltou de sua transe e respondeu a menina:

- Daqui á alguns anos, minha pequena. – ele respondeu, entrando em uma loja qualquer.

***

Virginia entrou na sala fria e impessoal do local, sentou-se e falou tudo para o homem á sua frente. Ele ponderou, pegou a varinha e murmurou algumas coisas.

***

- Eu quero comprar uma vassoura, papai! – Bia pediu, ao chegarem em frente à         "Artigos de Quadribol" e na vitrine, uma ilustre vassoura ficava á amostra de todos "Radar 5000".

- Mas você ainda é muito pequena pra ter uma vassoura.

- Quando eu vou poder ter uma vassoura, papai? – a menina insistia.

- Quando você for um pouquinho maior. Talvez você consiga entrar pro time de Quadribol da sua casa em Hogwarts.

- Você fazia parte, papai? – a menina não parava de se mexer no colo do pai, para ver o interior da loja.

- Eu era o apanhador da Sonserina.

- E a mamãe?

- Sua mãe foi apanhadora do time da Grifinória, quando o Potter foi expulso do time.

- Ela jogava bem, papai?

- Jogava, mas não era palio pro papai aqui, né... – ele apontou para o peito com a mão livre, já que a outra era ocupada por Bia.

- Como é que é, Sr. Malfoy? – disse uma voz atrás de Draco.

Ele virou-se pra contemplar a esposa com as mãos na cintura, batendo o pé direito no chão, segurando uma pequena sacola – onde, provavelmente, estaria o livro -.

- Ah... Ah... Bem.... É... Não... Sim... Quer dizer... – Draco gaguejou e

Virginia apenas sorriu, pegando a filha no colo.

- Deixa pra lá. A Bia não precisa saber das vezes em que os balaços te acertavam em cheio e você perdia o pomo pra mim.

- O que eu posso fazer se às vezes eu não via os balaços na minha direção? – ele tentou justificar.

- Às vezes? – ela riu – 95% das vezes, você quer dizer.

- E os 5%?

- Eu deixava ele pegar o pomo...

Beatriz gargalhou vendo a expressão do pai.

- Não precisa humilhar, né?

- Bobinho... – ela apertou a bochecha branca do marido.

- Já fizemos tudo, podemos ir embora?

- Não! – Bia quase gritou.

- Por que não, princesa?

- Eu quero tomar um sorvete!

- Sorvete nesse frio? Você vai acabar com dor de garganta! – a mãe, superprotetora, reclamou.

- Não, querida, é sorvete-quente, novidade da sorveteria daqui e de Hogsmead. E nem ta tão frio assim, não é?– disse Draco.

- Se é assim. Mas eu não vou querer, eu fico observando vocês dois tomando.

- Então vamos.

- Fica por ali! – apontou Draco, para o lado direito, por onde eles foram.

Andaram por cerca de cinco minutos. Pediram a atendente um sorvete de chocolate – para Beatriz – e um de limão – para Draco.

Bia entupiu o seu próprio sorvete com cobertura de morango e os três ficaram conversando sobre Hogwarts por um longo tempo.

- Mamãe: quero fazer xixi. – pediu a menina, cruzando as penas, como quem precisa urgentemente ir ao banheiro.

- Eu levo você, pequena. – a mãe levantou-se, mas o marido a segurou pela mão que ainda estava em cima da mesa.

- Princesinha, vai indo na frente que a mamãe já vai. – disse o pai, e a menininha "desesperada" para ir ao banheiro seguiu seu caminho sem cerimônia.

- O que foi Draco? – Virginia sentou-se novamente.

- Eu não queria que você tivesse falado aquilo para a Bia. Sabe, queria que ela tivesse orgulho de mim por alguma coisa... – ele abaixou a cabeça. – Não queria que ela pensasse que sou tão ruim no Quadribol que até a mãe dela ganha de mim... Fiquei até aliviado por você não ter mencionado o fato de que o Potter também era melhor do que eu.

- Draco, - ela segurou a ponta de seu rosto e forçou-o a olha-la nos olhos – A Bia tem orgulho de você, você sendo um bom jogador de quadribol ou não! Ela te adora! E eu não falei aquilo pra ela pensar que o pai dela é um perdedor, que por mais que eu fale mal do pai dela, ela vai continuar te adorando, sendo você um péssimo apanhador, sendo você o Campeão da Taça de Mundial de Quadribol

Ele sorriu e ela continuou:

- E que historia é essa de que "até a mãe dela me ganha"? – ela falou colocando as mãos na cintura – Eu sou muito boa no quadribol, ta sabendo?

Ela arrancou mais risos dele.

- Ela tem muito orgulho de você. Ela e eu. – ela olhou profundamente nos olhos dele, que poderia jurar ver a sua alma.

- Eu te amo, sabia? – ele acariciou-lhe a face.

- Eu sei. – eles se beijaram e ela levantou-se e disse – Tenho que ir. – E vendo a expressão do rosto dele, concluiu – A Bia.

E saiu na mesma direção que a filha havia saído minutos atrás.

***

Beatriz saiu correndo em direção ao banheiro. Não agüentava mais. Provavelmente tomara mais suco de abóbora no almoço do que poderia suportar.

Entrou correndo no banheiro e olhou para as mulheres que estavam ali:

Uma senhora que beirava os 70 anos usava uma capa roxa, e uma bolsa que mais parecia um sapo, tanto pela textura, quanto pela cor.

Uma mulher, cerca de trinta e cinco anos, levantava uma menina de aparente seis anos, para a pequena lavar as mãos.

Ela entrou no primeiro Box livre e, com uma certa dificuldade, sentou-se no vaso sanitário. Limpou-se como a mãe havia lhe ensinado e saiu novamente. Pediria para alguma mulher ali para lhe ajudar a lavar as mãos.

Abriu a porta e saiu, olhou para um lado, olhou para o outro e só avistou uma mulher de capa preta, que estava de costas para ela, mas deixava seus cabelos loiros á amostra.

- Com licença. – chamou a menina com sua voz fina e tímida para com estranhos – Com licença, a senhora poderia me ajudar a lavar minhas mãos?

- Onde está sua mãe, menininha? – a mulher perguntou, ainda de costas.

- Ela está lá fora, com meu pai.

- Tsk. Tsk, Tsk, sua mãe não deveria deixar uma menininha como você solta desse jeito. Ela não sabe que tipo de gente possa lhe encontrar. – a mulher insistia em não lhe encarar.

- A senhora pode me ajudar a lavar minhas mãos? – a menina insistiu.

- Senhorita! – ela corrigiu.

- Desculpe, a senhorita poderia me ajudar a lavar minhas mãos? – a menina começava a perder a paciência. Coisa que herdara de seu pai, ousadia. Não tinha medo daquela mulher. Quem ela achava que era para falar daquele jeito? Não queria ajudar que não ajudasse.

- Sabe... Eu seria senhora – a mulher caminhou até a pia, mas Bia não conseguiu ver seu rosto – se seu pai não tivesse me trocado pela sua mãe. – ela virou-se e encarou Beatriz.

A menina prendeu a respiração e deu alguns passos atrás.

Aquela mulher... Ela sonhara com aquela mulher!

- Depois, seu pai resolveu trair á todos. Todos nós. Inclusive seu avô... – A mulher segurava a varinha acariciava-a como se fosse uma jóia. – Tsk. – ela soltou um muxoxo – Uma vez perdedor... sempre perdedor... – e tirou os olhos da varinha e encarou a menina assustada a sua frente. – Agora ele verá o que acontece com um verdadeiro traidor! – ela apontou a varinha para a menina e disse: - Crucios.

***

Virginia andava tranqüilamente pelo caminho até o banheiro, colocou a mão na maçaneta e escutou uma voz irritante dizendo: "Agora ele verá o que acontece com um verdadeiro traidor".

E sem hesitar sacou a varinha e empurrou a porta. Sua visão foi exatamente a que imaginaria ver: Pansy Parkinson apontava a varinha para sua filha, e essa assustada, chorava. Ao ver a mãe entrar a menina correu para os braços da mesma, sendo desviada do Cruciatrus que Pansy havia lançado.

- Mãe! – a menina chorava desesperada.

- Ora, ora... se não é a Weasley pobretona!

- Sra. Malfoy, se você não sabe! – Virginia a corrigiu e sem hesitar, com a varinha já na direção de Pansy, gritou: - Estupefaça!

O corpo de Pansy caiu para trás: duro, porem vivo.

***

Draco abriu a porta de casa, entrando com a esposa e a filha.

Beatriz estava adormecida no colo da mãe, e essa subiu as escadas para coloca-la em sua cama. Desceu as escadas em seguida, vendo o marido sentado no sofá, olhando fixamente para a lareira já acesa.

Ela caminhou silenciosamente e sentou-se ao seu lado. Sem dizer uma palavra Draco deitou a cabeça no colo de Virginia e começou a chorar, feito uma criança assustada.

Virginia não disse nada, apenas afagou-lhe o cabelo, deixando que ele parasse de chorar sozinho.

- Coitada da Bia... – ele disse, algum tempo depois – Tudo o que ela viu

e ouviu daquela mulher! Que cena horrorosa para uma criança ver: uma mulher, dizendo coisas horríveis, sendo levada para Azkaban. Não deveríamos ter deixado-a assistir aquilo. – e deu uma fungada.

- Já passou Draco... Já passou... – ela sussurrou.

- Não. Não passou. – ele sentou-se e ela viu que seu rosto estava vermelho – você não entende? A guerra ainda não acabou! Voldemort está derrotado, mas a guerra não acabou! Não enquanto esses comensais estiverem soltos por aí!

- Draco, acalme-se. Faltam apenas três!

- Três... Três desgraçados que vão ficar atormentando a nossa vida... Droga! – ele levantou-se e chutou a mesinha de centro. O vidro que envolvia a mesa espatifou-se e cortou o pé de Draco.

Ele sentou-se novamente, dessa vez, com o pé sangrando.

Ela concertou o vidro com um aceno da varinha e limpou e cicatrizou o  machucado de Draco.

- Nós vamos pegar eles, está bem? Nós vamos! – ela disse, tentando acalmar o marido – Voldemort já foi derrotado, não vai ser difícil acabar com esses meros comensais!

- Eu não quero nem imagina no que poderia ter acontecido se você não tivesse chegado á tempo...

- Não pense nisso, ok? Não aconteceu nada, é nisso que você tem que pensar!

- Gina... – ele segurou-lhe a mão e olhou em seus olhos.

- Sim?

- Obrigado. Obrigado por salvar a vida da minha filha.

- Não Draco: obrigada você, por me dar um tesouro como a Bia e outro tesouro que está crescendo aqui dentro.