Capitulo 3:

Ataque

- O que? – Draco arregalou os olhos. – É o que eu estou pensando?

Ela não respondeu, apenas pegou a mão dele e colocou em cima de sua barriga antes de dizer:

- Quando fui comprar o livro no Beco Diagonal, eu tinha hora marcada... Estou de dois meses.

- Gina! – ele a abraçou. – Eu não acredito! Eu te amo! – Ele tinha lágrimas nos olhos, mas não pelo fato de á pouco, e sim por emoção.

Ela reconheceu o olhar. Era o mesmo de quando dissera que estava grávida de Bia.

De repente, escutaram um grito do andar superior. Um grito de criança. Um grito de Bia.

Virginia olhou para Draco, que retribuiu o olhar antes de saírem correndo escada acima, em direção ao quarto da filha.

Chegaram em segundos e respiraram aliviados ao verem a filha se mexendo na cama sozinha.

Virginia caminhou até a cama onde Beatriz dormia e sentou-se.

- Bia! – chamou, balançando a menina de leve. – Bia, querida, acorde! É só um pesadelo, pequena. Acorde!

A menina gemeu baixinho antes de abrir os olhos.

- O que está acontecendo? – perguntou, sentando-se na cama, o mesmo fez Draco.

- Você teve um pesadelo. Está tudo bem agora. – disse o pai, secando o suor da filha com uma toalhinha que estava no criado mudo, junto ao abajur que ele acabara de acender.

- É... Eu tive... Mas não lembro direito... – ela fazia força para lembrar do sonho que acabara de ter. – Não. Eu não lembro...

- Tudo bem, meu amor. Volte a dormir... Você teve um dia agitado. – a mãe beijou o alto da cabeça da filha.

- Não! – ela agarrou a cintura da mãe – Quero dormir com vocês! Por favor!

Virginia olhou para o marido e voltou a olhar para a menininha a sua frente.

- Claro, querida. Draco, - virou-se para o marido – arrume nossa cama enquanto eu esquento um leite para a Bia...

- Está bem. Vem pequena. Pegue o Marie – o pai referiu-se à bonequinha de pano da menina – e o seu travesseiro e vamos lá pro quarto, em quanto sua mãe esquenta um leitinho pra você.

Quando a menina pegou a boneca e o travesseiro, Draco a pegou no colo e a levou para o quarto, enquanto a esposa descia as escadas para a cozinha.

***

- Bom dia, meu anjo. – a mãe disse, ao ver a filha ainda de pijama e cabelo despenteado sentar á mesa onde ela e Draco tomavam café.

- Dormiu bem? – perguntou o pai, dobrando O Profeta Diário que lia.

- Dormi, papai.

- Bia, hoje você não vai poder ficar na casa da vovó, por que ela vai visitar o seu Tio Gui.

- E onde vou ficar enquanto vocês trabalham?

- Na casa do seu tio Rony. – Virginia disse, meio a contra gosto.

- Eba! Vou brincar com a Carol!

- Pequena, eu só te peço uma coisa.

- O que é, papai?

- Não fique sozinha, em hipótese alguma com a sua tia! – ele falou as palavras "sua tia" com tanta dificuldade, que chegou a trincar os dentes.

- Por que, papai? A tia Hermione é legal!

- Bia, você pode obedecer ao seu pai e a mim sem fazer objeções, por favor?

- Sem o que? – a menina fez cara de confusão.

- Sem reclamar. Apenas obedeça.

- Está bem, mamãe!

- Não se esqueça, eu te pego as seis e meia.

- Por que o papai não vai me pegar?

Virginia bufou. Não estava com muito bom humor naquele dia, mas teria que manter  a tranqüilidade pelo o menos com a filha, que não tinha culpa da avó ter que sair, e ficar na casa de Hermione, a quem Virginia não suportava nem imaginar próximo a alguém de sua família.

Virginia ainda não acreditava que o irmão tivesse casado com Hermione, tido uma filha, e ainda Hermione esperava outro filho. Ela estava com nove meses, por esse motivo, não estava trabalhando. E Rony insistira tanto para que Virginia deixasse Bia na casa dele, que se a ruiva negasse, provavelmente arrumaria uma briga com o irmão.

Nem ela nem Draco falavam com Hermione, pelo o que essa havia feito no passado, separando os dois por oito anos.

Ninguém sabia o verdadeiro motivo para que Hermione tivesse feito aquilo: Draco a odiava. A chamava de sangue-ruim, e sem contar que ela e a caçula Weasley eram muito amigas.

Por esse motivo, Virginia não estava de bom humor naquele dia.

- Bia, eu não sei que horas vou terminar o expediente hoje. Por isso é melhor que a sua mãe lhe busque.

Draco e Virginia, assim como Rony, Harry e Hermione, trabalhavam no ministério da magia, na seção de aurores.

Fudge fora afastado do cargo, porque muitos diziam que ele estava ficando insano. Mas a maioria – e sincera – dizia logo de cara: - Ele está louco!

Quem ocupava o cargo de ministro era Remo Lupin. É claro que todos preferiam Alvo Dumbledore, mas ele não conseguiu sobreviver á batalha final contra Voldemort, a quem Harry Potter enfiou-lhe a espada de Salazar Sonserina no peito, acertando em cheio  o coração.

- Mas eu "quelo" você, papai! – a menina exclamou.

Virginia bateu os punhos na mesa e levantou, murmurando um: "Com licença".

- Bia, procure entender. Eu tenho trabalho... Só prometa que vai fazer o que eu e sua mãe pedimos...

- 'tá bem... – ela voltou a comer e Draco levantou-se e foi até a esposa, que estava no quarto terminando de se arrumar para ir trabalhar.

- Não liga não... Ela só...

- Draco, não diz nada 'tá? – ela pediu, terminando de colocar os sapatos.

- Você está com ciúmes? – ele sorriu marotamente.

- Claro que não, não seja idiota! – ela caminhou até o banheiro, e colocava os brincos.

- Ora, Gina, é normal ter ciúmes... – ele foi até o banheiro e encostou-se no batente, vendo-a ajeitando os cabelos.

- Eu não 'tô com ciúmes, 'tá legal! – ela "atropelou" o marido em caminho de volta ao quarto. – E vamos logo, se não nos atrasamos.

- Quem leva a Bia na casa do seu irmão?

Ela pensou por um momento e disse:

- Nós dois. Ela vai querer que você a leve, mas você não vai sozinho até a casa daquela mulher.

- Virginia, Virginia... você está muito ciumenta hoje, sabia. – ele implicou abraçando a esposa por trás.

- Mas que coisa! Você cismou que eu... – mas Draco não permitiu que ela continuasse. A beijou de imediato.

- Você fica irresistível quando fica com ciúmes, sabia?

Ao invés de protestar novamente, ela apenas sorriu.

- Beatriz ainda não está pronta. Vai arrumar ela. Ela prefere você... –

Gina disse, com uma pitada de melancolia na voz.

- Está bem. Nos espere lá em baixo.

***

- Michael, por favor, avise ao Sr. Rivers que preciso falar com ele. – Virginia pediu ao atendente do seu departamento, que ficava no segundo andar.

- Sim, Sra. Malfoy. – respondeu, um rapaz de vinte e três anos, cabelos castanhos e olhos cor de mel. Era o mais jovem do departamento e trabalhava na recepção. Era uma espécie de secretário geral.

Já passava das cinco da tarde e o expediente estava quase acabando.

Virginia respirou fundo e entrou na sua sala.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou, enquanto enrolava  os cabelos em um coque, prendendo com uma pena.

- Vim saber se você já acabou o relatório que pedi...

- Que relatório? – ela arregalou os olhos.

- Ora, Virginia, eu não pedi relatório nenhum. Só vim lhe fazer uma visita. Não posso? – ele perguntou, jogando-se na cadeira do lado oposto onde ela sentara.

- Claro que pode, Harry. Mas em horário de trabalho?

- Não estou trabalhando. Tive o dia de folga. – ele respondeu, arrancando uma risadinha baixa dela.

- Se você não sabe, EU não tive dia de folga.

- Ah... detalhes, Virginia. Detalhes.

Ela riu mais.

- Gina eu queria... – uma terceira pessoa entrara na sala sem bater e quando viu Harry, fechou a cara e concluiu – Desculpe, não sabia que estava ocupada. Nos falamos depois.

E Draco saiu, batendo a porta com força.

- Acho que estou te causando problemas, não é? – perguntou, fitando o chão.

- Claro que não, Harry. Draco é assim mesmo. Sempre foi...

- É... tudo bem. Você escolheu um marido problemático, a mim! Fazer o que...

Ela sorriu apenas. Não faria qualquer comentário de jeito nenhum.

- Mas Virginia, queria te perguntar uma coisa: Por que não saímos para jantar?

Ela o olhou desconfiada.

- Eu, você, o Malfoy, a Bia, o Rony e a Mione. Faz tempo que não nos divertimos juntos..

- Eu não sei Harry... Você sabe como o Draco é... Você viu agora mesmo. Sem contar que... – ela hesitou. Ninguém sabia do fato dela não falar mais com Hermione a não ser Draco.

- Sem contar que...?

- Sem contar que a Bia não pode sair a noite. Ela é muito pequena...

- Hum... Tudo bem... Eu vou indo então. Vou chamar o Rony e a Mione.

- Está bem. Fica pra próxima.

- Ok...

Ele saiu da sala um pouco desapontado.

Logo em seguida o Sr. Rivers, chefe de Virginia, entrou na sala.

Eles resolveram os problemas finais e Virginia aparatou na casa de Rony e Hermione.

Rony ainda não havia chegado, e Bia brincava feliz, com sua prima Carolina.

- Olá Carol! Oi princesinha!

- Oi tia! – uma menininha de cabelos lanzudos, olhos castanhos e algumas sardas no rosto, de aparentes quatro anos brincava com Bia.

Beatriz cruzou os braços e parou de correr na hora.

- Ah, olá Gina. Quanto tempo. – Hermione aparecera na porta da cozinha. Vriginia reparou a barriga enorme, mas não pode deixar de pensar "Como ela consegue ser tão falsa mesmo grávida?".

- É. Mas eu já estou indo... – respondeu a ruiva, secamente.

- Ah, mamãe, eu "quelo" ficar mais um pouco!

- Não Bia, temos que ir. Eu tenho uma boa noticia pra você!

- O que é? – perguntou a loirinha secamente, tentando esconder a curiosidade e falhando profundamente.

- O papai vem nos pegar de carro.

- Eba! – a menina começou a pular de um lado para o outro, e  esquecendo completamente que estava chateada com a mãe, pulou em seu braços.

A mãe a acolheu, com um enorme sorriso no rosto, esquecendo completamente da cunhada ali presente.

- É daqui que pediram um carro com um motorista muito sexy? – perguntou uma voz masculina, logo atrás de Virginia.

- Papai! – Bia saltou do colo da mãe e foi de encontro ao pai, indo para o colo do mesmo.

- Oh, princesinha. Aprontou muito? – perguntou, fazendo cócegas na filha.

- Haha, para pai! – a menina se contorcia e ria.

- Oi tio! – cumprimentou, Carol, timidamente.

- Olá, Carol! – foi então que Draco notou a presença de Hermione. – Olá, Sra. Weasley. – cumprimentou, mais baixo e menos entusiasmado.

- Olá. Bem, vocês não querem entrar para tomar um chá? – convidou.

- Não, não. Nós precisamos ir.

- Que pena... Fica pra próxima...

Os três entraram no carro e seguiram o seu caminho.

***

- Boa noite, princesinha. – Virginia beijou a testa da filha e a cobriu.

Draco fez o mesmo e os dois viram a filha adormecer e foram para o seu quarto.

Draco não havia lhe dirigido uma palavra desde a hora de serviço, que ele entrou na sala de Virginia e vira Harry.

Ele entrou no quarto e foi direto ao banheiro, colocar o pijama.

- Draco... – ela chamou do quarto, já vestia o pijama. – Draco. – ela repetiu.

Nada. Ele não respondia. Saiu do banheiro em silencio e deitou na cama.

- Draco, eu estou falando com você! – ela também deitou ao seu lado, mas ao contrario dele, não se cobriu.

- Fala. – ele disse, cruzando os braços na altura do peito, olhando para frente, sem encara-la.

- O que está acontecendo com você?

- Nada.

- Draco Malfoy...

- Virginia, se você não se importa, eu vou dormir.

- Mas... – ele virou para o lado, sem dizer mas nada. Apagou o abajur e fechou os olhos.

***

- A vovó já está de volta? – perguntou Bia, á mesa do café.

- Já sim querida... Ela virá para cá para cuidar de você. – respondeu o pai, por trás do jornal.

- A Carol não pode vir também?

- Não, Bia. A Carol não pode vir pra cá. – respondeu, dessa vez, a mãe, um pouco fria.

- Por que?

- Beatriz Juliet Malfoy, dá pra pelo o menos hoje comer em silencio? – a mãe elevou bastante a voz.

A menina assustou-se um pouco e calou-se.

Virginia ralhou com si mesma, internamente. Descansou os talheres com violência e, como no café do dia anterior, saiu murmurando um "Com licença".

Dez minutos depois, a campainha tocou. Como moravam em um bairro trouxa, Ringle não atendia a porta, então, Draco levantou-se e abriu.

- Olá, Draco. Bia está aí?

- Claro, Sra. Weasley. Está tomando café. – Draco levou a sogra até a sala de jantar. – Nos acompanhe...

- Ah, não, não, obrigada! – agradeceu, Molly. – Como vai minha fofinha?

- Muito bem, vovó. E a senhora? – respondeu a menina, educadamente.

- Bem, meu amor. Muito bem. – e dirigindo-se á Draco – Onde está Virginia?

- No quarto... Eu vou falar com ela. A senhora pode ficar com a Bia?

- Eu vim aqui pra isso...

Draco agradeceu com um aceno de cabeça e subiu para o quarto onde, supostamente, Virginia estaria. E ele acertou. Ela estava deitada na cama, com o pijama novamente.

- Você não vai trabalhar? – ele perguntou, mas xingou-se em seguida. "Idiota, ela está chateada com você, e você pergunta de trabalho?"

- Não. Não estou me sentindo muito bem...

- Não quer ir ao médico? Pode ser alguma coisa com o bebê...

- Não é nada com ele.

- É por minha causa, né? Eu sou um idiota. – ele chutou uma almofada que estava jogada no chão, próxima á poltrona.

- Não! – ela apressou-se em dizer – Só estou um pouco indisposta... Mas eu queria te fazer uma pergunta...

- Que pergunta?

- Por que você não queria falar comigo ontem?

- Eu... eu não gostei de ver o Potter na sua sala. – ele disse de cabeça baixa.

- Draco... você não falou comigo por causa de ciúmes de adolescente? – ela perguntou incrédula.

- Não foi um ciúme de adolescente! – ele protestou – Eu simplesmente não gostei...

- Vem cá meu amor. – Gina esticou os braços, chamando Draco para perto de si.

Draco se aproximou da esposa, como um menino manhoso. Ela o aconchegou entre seus braços e beijou-lhe o alto da cabeça.

- Eu tenho que cuidar de três crianças, vê se pode? – ela brincou.

Ele sorriu, e beijou-lhe os lábios antes de levantar-se e ir a direção a porta.

- Eu vou trabalhar. Não se preocupe, eu falo com o Sr. Rivers que você não estava se sentindo bem...

Ele saiu, deixando a esposa deitada na cama, e aparatou para o trabalho.

***

Draco espreguiçou-se após horas debruçado por cima de vários pergaminhos.

- Sr. Malfoy, o Sr. Rivers está chamando todos na sala dele com urgência! – disse Michael, entrando na sala de Draco, que se assustou por dois motivos; primeiro: Michael não bateu na porta, o que ele sempre fazia; e segundo: Por que Michael falava com uma pressa que Draco nunca vira nele.

- O que houve, Michael?

- Parece que houve um ataque de comensais em um bairro trouxa, perto daqui...

- O que? – Draco levantou-se da mesa em um pulo e correu em direção á sala do Sr. Rivers, onde já era preenchidos por Potter, o casal de Weasley, Lupin, Tonks e mais dois aurores que Draco não conhecia; um baixinho, gorducho, de cabelos ralos e olhos amarelos; o outro era alto feito uma porta, magro, o nariz grande demais para o rosto e os olhos negros.

- Agora que estamos todos aqui, tenho uma coisa muito séria pra tratar com vocês: houve um ataque de comensais. Atacaram vários trouxas, mataram cinco pessoas e três estão feridas. O Ataque foi no meio da rua, em pleno dia, nós tivemos muito trabalho para apagar a memória dos trouxas que se acidentaram. Somente um escapou sem nenhum arranhão.

- Vocês são idiotas? – interrompeu, Draco. – Apagar a memória deles? Eles poderiam nos ajudar em muito!

- Você acha que eles deixariam um sem se machucar por quê Malfoy? – disse Harry – Eles deixaram um recado com o trouxa. Ele, é claro, não estava nas melhores condições de nos contar algo. Tivemos que dar uma poção de calmante pra ele e depois pegar as memórias dele e colocar na penseira. Vimos tudo!

- E o que vocês viram?

- Crabe e Goyle...

- Como aqueles dois idiotas conseguiram fazer um feitiço desses?

- As pessoas mudam, Malfoy... – quem disse, dessa vez, foi Granger. Ou melhor, Sra. Weasley.

- É, realmente, as pessoas mudam... – ele disse, olhando ameaçadoramente para a morena.

- Bem, mas nós não vimos somente Crabe e Goyle. Eles não contavam que nós víssemos o que eles disseram exatamente: Iriam para  Godric's Hollow. A casa onde os pais de Harry moraram é agora a casa onde eles e mais dois comensais moram. Nós iremos ataca-la agora mesmo.

- Agora mesmo? Quero dizer, sem planejamento nem nada?

- Nós já planejamos, Sr. Malfoy. – informou, Remo Lupin, educadamente.

- E qual é o plano?

- Tonks, Remo e Hermione ficam do lado de fora, nos esperando enquanto atacamos, caso eles resolvam fugir. Eu já pesquisei e descobri que lá não se pode aparatar e a lareira não está conectada. Harry, Rony, eu e você entraremos na casa, enquanto o Sr. Brat – O Sr. Rivers apontou para o homem baixinho e gordinho – e o Sr. Gorguem – ele apontou para o outro homem "desconhecido", alto e narigudo – ficaram a postos para prende-los quando nós cuidarmos deles...

- Parece muito simples...

- Os melhores planos são os mais simples, Sr. Malfoy.

- Que seja! Vamos logo?

***

- Au! – resmungou Draco, ao sentir a esposa pressionando o algodão em seu supercílio.

- Não reclama! Esse corte foi muito fundo! Eu tenho que limpar primeiro, depois eu faço ele sumir com um feitiço cicatrizante.

- Mas não precisa apertar tanto, né? – ele resmungou, enquanto ela jogava o algodão fora e pegava outro.

- Se você continuar gritando desse jeito vai acordar a vizinhança toda!

- Desculpe...

O ataque fora bem sucedido e agora não havia mais comensais espalhados. Pelo o menos era isso o que eles achavam.

Draco se cortara em algumas partes do corpo – joelho, peito, costas e rosto -. E agora de noite, quando ele finalmente chegara em casa, a esposa tratava de seus ferimentos.

- Você não sabe como eu fiquei preocupada... Pedi pra mamãe levar a Bia pra casa dela, aí ela dormiu por lá mesmo.

- Quer dizer que...

- Quer dizer que você vai descansar agora mesmo! Você sabe pelo o que passou? Sabe pelo o que me fez passar? Quando o Michael me falou que vocês foram atacar três comensais, eu fiquei desesperada!

- É... Digamos que não eram três comensais... eram dois...

- Dois?

- Crabe e Goyle valem metade cada um... – Draco respondeu, meio sério, meio rindo.

Ela riu e disse:

- Pra quem foi amigo deles por tantos anos...

- Eu não tinha amigos naquela época, Gina... Acho que nunca tive...

- Ei! Eu, a Bia e o Arthur somos o que?

- Arthur? – ele perguntou franzindo a testa.

- É... Eu acho que vai ser um menino... – ela respondeu sonhadora, colocando a mão na barriga.

- E você por si só escolheu o nome? – perguntou, vendo que ela pegava a varinha e murmura um feitiço de cicatrização.

- Não... Eu só o chamo de Arthur, até que nós possamos escolher o nome definitivo. O que você acha de Arthur? Era nome do meu pai...

- Ah, Virginia. – resmungou.

- 'Tá bom. Eu sabia que você não ia aceitar mesmo...

- Então, - ele abaixou-se e ficou com a cabeça na direção da barriga dela. – Que nome daremos á você, rapazinho?

- Que tal... hum... Richard?

- É... Nada mal...

- Nada mal? É um nome muito bonito!

- Não chega a ser tão bonito quanto Draco, né. Mas fazer o que? – disse, em tom convencido.

- Ah, Draco, é seu filho!

- Eu sei, Gin. Estou só brincando...

***

- Mãe! Pai! – gritos vinham do quarto de Bia.

Gina e Draco levantaram da cama de supetão, correndo para o quarto da filha.

- Mãe! Pai! – ela continuava gritando desesperadamente, meio aos soluços de um choro assustado.

- Bia! – Draco gritou entrando no quarto da filha, vendo-a encolhida á um canto da cama, segurando as cobertas, enquanto um homem estava parado ao seu lado, segurando uma varinha, apontada para um animal ao lado da cama, gargalhando.

O animal contorcia-se e gemia, enquanto o homem de capa preta gargalhava.

- Está vendo isso, menininha? – perguntou, com uma horripilante voz. – Veremos como você reage.

E levantando a varinha do animal, direcionando para a menina assustada em cima da cama, ignorando por completo os pais da menina á porta.

Draco sacou a varinha, gritando: Petrificu Totalus.

Mas o atacante foi mais rápido, desviando do feitiço, e dizendo:

- Fraco, Draco. Muito fraco. Pensei que você ao menos soubesse lançar um feitiço? Tsk, Tsk, Tsk…

- Quem é você? O que você quer? – perguntou Draco, caminhando o mais devagar possível á cama de Bia, que chorava compulsivamente.

- Não lembra dos amigos, Draco? – perguntou sorrindo sinistramente.

- Quem é você? – exigiu.

- Flint. Marcus Flint. Lembrou agora? – e soltando mais uma gargalhada, virou a varinha bruscamente para Virginia antes de murmurar: - Serpensortia!

Uma grande serpente saiu da varinha de Flint, e foi arremessada no intervalo de espaço entre Virginia e Flint.

Virginia prendeu a respiração. A cobra vinha em sua direção. Ela tinha pavor de cobra desde o seu primeiro ano em Hogwarts, em conseqüência do Basilisco.

Bia voltou a gritar. Igual a mãe, ela também tinha pavor de serpentes.

Em pleno desespero, a menina pedia para a cobra ir embora e não atacar a sua mãe, só que ao invés de palavras saírem de sua boca, um língua completamente diferente era escutada na voz de Bia.

Draco conhecia aquela língua. Era a mesma que Harry Potter dissera á cobra lançada por ele em seu segundo ano.

Bia era uma ofidioglota.