Capitulo 6:

Um sonho pode mudar? Aquela luz já a estava cegando! Mas que diabos era aquilo? Tudo branco! Nada de teto, nada de chão, nada de paredes. Nenhuma outra cor, tirando a de sua camisola rosa-bebê e seus cabelos ruivos. Era tudo a mais repetitiva cor, que tanto doía a vista: branco. Ei! Ela conhecia aquele lugar! Era... era... mas não era possível!

        Aquele lugar novamente... Ao menos da primeira vez ela estava acompanhada...

        Sim. Virginia Weasley estava pela segunda vez na sua vida no Lugar Onde Tudo Se Constrói, como ela mesma e Draco chamavam.

        Mas e Eros, onde estava? Deveria falar alguma coisa em latim, como da outra vez? Deveria esperar? Mas e se esperasse a vida toda?

        "Não faz mal... o tempo que eu passar aqui, não passa lá..." – pensou, lembrando dos dois dias que passara com Draco naquele lugar, e quando voltaram 'ao mundo real' passara apenas 3 minutos.

        Mas como foi parar lá? Da primeira vez, ela sabia, foi por uma chave dor portal. Mas ela não se lembrava de estar segurando nada antes de aparecer ali.

- Ah!

Um gritinho fino foi ouvido por trás de Gina, e ela virou-se rapidamente para se deparar com Eros, com se habitual vestidinho infantil, os cabelos presos em marias-chiquinhas, e flutuando um pouco acima da cabeça de Gina.

- Eu não acredito! – bradou com sua voz tão fina, mais fina até mesmo que a voz de Beatriz. – Você de novo? Mas qual é o problema dessa vez?

- Olá para você também, Eros.

- Virginia, eu não estou pra brincadeiras! Para você vir parar aqui, algo aconteceu! Pode começar!

        E Virginia contou. Contou de Bia e Richard. Das armações de Hermione e até mesmo que estava pretendendo se separar de Draco.

        Ao ouvir essa ultima novidade, Eros, que sentara-se no chão, de pernas cruzadas, para ouvir Gina, flutuou novamente no ar.

- Então é isso...

- Isso o que? – perguntou, fazendo sombra nos olhos com a mão, para que entrasse menos claridade neles. – Da pra mudar isso? Meus olhos estão doendo!

        Eros suspirou cansada. Estalou os dedos, e o que Gina tanto queria, aconteceu. Ela estava na sua sala, na casa onde dividia com Draco, Bia e agora Richard.

        Mas Draco não estava ali. Nem o som de Bia correndo pela casa. Nem o choro de Richard. Apenas ela Eros.

- Não, você não está em casa. – disse, ao ver a expressão do rosto da ruiva. – Era essa a imagem que você queria, não era? Era isso que estava em sua cabeça... Eu apenas materializei seu desejo.

        Gina se esquecera dessa façanha que o Lugar Onde Tudo Se Constrói tinha... Como pudera esquecer? Era exatamente por isso que ela o chamava de 'onde tudo se constrói', pois é só você desejar, e lá está!

        E tudo o que Gina mais queria era estar em casa, junto com seus filhos.

- Eros, por que estou aqui? Por que sozinha? Da outra vez eu vim com o Draco...

- Você está aqui para ver se a decisão que pretende tomar é a certa. Você precisa pensar um pouco. Ver se é iexatamente o que você quer!

        Virginia sabia do que Eros estava dizendo. Ela estava se referindo em terminar o casamento com Draco.

- Pense Virginia... Você fugiu de Draco por oito anos por simplesmente vê-lo beijando a Granger. Reencontrou-o, vieram para cá, casaram-se, tiveram filhos, e pelo imesmo motivo, você vai fugir novamente? Deu certo da primeira vez? Por que daria na segunda?

- Eros, você não entende...

- Não, menina Virginia...

        Gina se ofendeu. Já deixara de ser a menina Virginia há tempos. Ela era uma mulher agora! E Eros era tão infantil quanto ela!

- As aparências enganam... – disse, e Gina ergueu uma sobrancelha.

- O que você quer dizer com isso?

- Eu pareço infantil fisicamente, tenho o mesmo tamanho e a voz da sua filha de quatro anos, mas, preste atenção: uma criança de quatro anos estaria dizendo o que eu estou lhe falando? Creio que não qualquer criança... Sem contar, que suas atitudes são muito mais infantis que as minhas!

        Gina se ofendeu mais ainda.

- Engraçado... que nós só nos ofendemos quando a carapuça serve. – continuou Eros. – Por exemplo: eu te chamo de... um... digamos... eu te chamo de gorda. Você vai se ofender?

        Gina pensou por um momento, e dizendo a verdade, balançou a cabeça negativamente. Tudo bem que ela ficaria um pouco triste por ter saído do seu peso ideal, mas magoada não é bem a palavra.

- Certo, certo. E se eu te chamasse de infantil? De criança? Você se magoaria?

        Gina respondeu quase que imediatamente: 'sim'.

- Está vendo? Você não é gorda, e não ligou pra quando eu lhe chamei disso. Pois você sabe que não é... Mas infantil...

        Gina enrubesceu, mas de vergonha pura. Estava começando a entender a teoria de Eros.

- Você não se ofende de alguém te chamar de algo que não é, mas sim, por algo que você é! Pois você não suporta que as pessoas vejam os iseus defeitos. E por isso, fica os colocando nos outros. Como faz comigo, quando me acha infantil...

- Como você sabia que eu estava achando infantil?

        Eros revirou os olhos.

- Esqueci de te contar: eu leio mentes... Por isso eu posso afirmar: Draco Malfoy te ama mais do que tudo. E não me venha com ladainhas! – disse, ao ver a ruiva abrir a boca para protestar. – Pois você também o ama!

- Quando eu saio daqui? – perguntou, de braços cruzados, emburrada.

- Não estou dizendo? Você ficou assim quando eu disse que você o amava! E, por favor, amar alguém não é defeito! E não me venha dizer que para uma  Weasley amar um Malfoy é defeito, pois a guerra entre as duas famílias há muito acabou!

        Gina ficou quieta.

- Só uma coisa, Virginia: não cometa o erro novamente... Mãe! Mãe!

        Anh? Por que Eros a estava chamando de mãe?

- Mãe! Mãe! – mas a voz estava deixando de ser fina. Ao menos um pouco... – Mãe!!

- Bia! Não acorde a sua mãe! Ela está cansada por causa do Richard! – Harry tentou puxar a menina pela cintura, mas era tarde. Gina já estava acordada.

        Ao ver a mãe acordada, a menina a abraçou.

        Ah! Como sentia falta do abraço de sua pequena!

- Você está bem, meu anjinho? – perguntou, lhe beijando a testa.

- Estou.

- Você viu seu irmãozinho? Gostou dele?

        A menina fez cara feia.

- Não! Ele te fez ficar dodói! Eu, quando cheguei com a dinda Angelina, vi no sofá da sala estava com sangue... – disse, fazendo biquinho de quem ia chorar.

- Oh, meu amor, a culpa não foi dele. E você não pode ficar chateado com ele. Ele é seu irmão!

- Eu estava muito bem até agora sem irmão! – a menina pulou da cama, e saiu do quarto pisando firme.

- Calma, ela vai acabar acostumando... – Gina levantou o olhar e viu Harry. – Draco está lá em baixo.

- Ele está aqui? – perguntou, erguendo uma sobrancelha. Não sabia se aquilo fora realmente um sonho, mas sentia necessidade em falar com o marido, mesmo não tendo a menor idéia do que dizer.

- Gina, essa é a casa dele! É normal que ele esteja aqui! – respondeu Harry em tom de obviedade.

- Eu quero saber se ele não foi trabalhar!

- Bem, acompanhe meu raciocínio – as palavras saiam um tanto quanto sarcásticas. – Se ele está lá em baixo, com a Bia, é porque não está em outro lugar, certo? E o trabalho é um lugar, certo? Então, conseqüentemente... – ele fez cara de quem pensava, e logo em seguida abriu um sorriso, como se estivesse descoberto algo magnífico – ele não está no trabalho!

        Gina poderia rir se Harry não estivesse tirando sarro da cara dela. Mas apenas rolou os olhos para cima.

- Richard está com Eliza, no quarto dele. – informou, antes que Gina perguntasse sobre o filho.

- Mas Richard vai dormir aqui! Não o quero longe de mim! – arregalou os olhos, preocupada.

- Calma Gina! Eliza pediu licença em Hogwarts para ficar aqui por duas semanas, se você não se importar, é claro, para te ajudar.

- Eu agradeço, mas talvez não seja necessário.

- Mesmo assim ela passará a noite aqui. Pois você não está tão bem assim, mesmo que tenha recebido alta.

- Está bem Harry! Agora, por favor, peça para Draco subir. Você poderia tomar conta da Bia por um tempo?

- Claro!

        Harry saiu do quarto de Gina e desceu as escadas até a sala. Encontrou Draco e Bia brincando no chão. Notando, também, que o homem esforçava para sorrir á filha, mas estava com a aparência cansada e triste.

- Malfoy – chamou, fazendo-se presente. – Gina está te chamando. Eu fico com a Bia...

        A menina, que estava com um lembrol na mão, fechou a cara, fazendo um bico enorme.

- Princesinha, o papai já volta. Você pode ficar com o itio – forçou a palavra – Potter, não pode?

- Não.

- Bia, é só pro papai conversar com a mamãe...

- A mamãe está muito ocupada com o bebê. – falou, fechando mais a cara.

        Draco respirou fundo e disse:

- Bia, eu já disse que o bebê tem nome, e é Richard. Ele é seu irmão mais novo, e você tem que protege-lo! Quem melhor do que você para cuidar dele?

        Parecia que nada adiantava, pois Beatriz continuava de 'tromba'. Ela era bem cabeça-dura, nada diferente que o pai, e herdando o DNA dos Weasley.

- Bia, olha pra mim – ele levantou delicadamente o rosto da filha, fazendo olhos cinzentos fitarem olhos cinzentos. – O papai iprecisa falar com a mamãe. E pra te livrar da barra de – ele aproximou mais da filha, e sussurrou, de modo que Harry não pudesse ouvir – aturar esse chato do Harry, você pode cuidar do seu irmãozinho, e ver que ele precisa de você.

        Estava quase convencendo-a. Agora, o passo final:

- E quer saber, ele tem muita sorte de ter você como irmã... Você deveria dar uma chance pra ele...

        A menina deu um suspiro, abaixando a guarda, e disse:

- Está bem, papai...

***

        Draco deixou a filha no quarto de Richard, que ficava de fronte ao da menina, e seguiu para seu próprio quarto e de Virginia.

        Bateu na porta, e esperou a voz dela dizer 'Entre', para girar a maçaneta e adentrar ao cômodo, onde Virginia estava deitada na cama.

        Não sabia o que fazer. Se sentava na cama, ou se a beijava – essa hipótese era a que mais o agradava – ou se apenas sorria e sentava na poltrona, próxima a cama.

        Mas quando ele caminhava para a poltrona, Gina, que até então, apenas o observava, disse:

- Sente mais perto de mim, eu não mordo. – ele sentiu uma fagulha de esperança crescer dentro do peito. Se ela fosse acabar com tudo, não o mandaria sentar perto dela, ao menos que o quisesse mata-lo! E esse pensamento não o tranqüilizou nem um pouco.

- Podemos conversar agora? Acho que preciso te explicar algumas coisas...

- Eu te chamei aqui para isso. Eu também tenho coisas a dizer, mas creio que você deve dizer primeiro.

- Está bem... – ele respirou fundo, e começou aquilo que deveria mudar a sua vida se falhasse. – Há uma semana, eu recebi uma carta. Era da Granger. Ela dizia que precisava falar comigo, e se eu não fosse a esse encontro, ela iria tornar nossa vida um inferno. Iria inventar coisas para você. Coisas que te deixariam muito perturbada.

        Gina ouvia tudo atentamente. A cada palavra, sentia o ódio por Granger crescer.

- Era por isso que eu não queria sair com você no dia 12 de janeiro, um dia antes de Richard nascer. Eu me sentia sujo por estar nas mãos de uma sangue-ruim.

- Por que você não me contou?

- Você estava no sétimo mês de gravidez! Se ficasse aborrecida, ou preocupada poria em risco a vida de Richard. Assim como aconteceu. Na noite em que você foi ao teatro, eu mandei uma coruja para a Granger, para nos encontrarmos naquele restaurante. Eu queria acabar logo com aquilo! Ela estava tornando minha vida um inferno!

- E foi quando eu te vi, não é? – ela perguntou, e ele abaixou a cabeça.

- Eu não queria...

- Eu sei...

        Ele levantou a cabeça. Não esperava aquilo dela. Esperava que ela o xingasse, que o batesse, mas que o diria que o entendia?

- Como você sabe?

- Sonhei com Eros... Bem, eu não sei se foi um sonho, ou se eu realmente estive no Lugar Onde Tudo Se Constrói, mas eu falei com Eros, e você sabia que ela lê mentes?

- Sabia que ela não implicava comigo à toa. Você tem idéia das besteiras que pensei dela? Que ela era uma pirralha, egocêntrica, mimada e que se achava a sabe-tudo.

        Ela deu uma risada, e ele a contemplou.

- E a Eros disse...?

- Ela disse várias coisas, mas o que mais me chamou atenção, foi ela dizer para eu não cometer o erro novamente.

        Draco não entendeu, e Gina explicou melhor:

- Ela se refere ao beijo que a Granger te deu, há mais de 12 anos, e sobre a minha atitude. Eu estava agindo da mesma forma que antes.

        Era a vez dele ouvi-la atentamente.

- Eu estava sendo infantil e egoísta, por não deixar você se explicar, como da outra vez.

- Então quer dizer que... – a pequena fagulha de esperança que ele tinha, era agora, um verdadeiro incêndio em uma mata.

- Que se você sair de perto de mim um minuto se quer, considere-se morto!

        Ele sorriu. Um sorriso alcançando os olhos, como há tempos não sorria, como para nenhuma outra pessoa além de Virginia, Beatriz e Richard, ele sorria.

- Eu juro que se você não estivesse de resguardo você já estaria sofrendo as conseqüências de me deixar maluco desse jeito!

        Ela gargalhou. E mais uma vez, ele a contemplou, hipnotizado.

- Você não sabe como senti falta de você!

- Eu também... – ela acariciava o rosto dele, e ele, sentado ao seu lado, a olhava dentro dos olhos.

        Ela parou as pontas dos dedos sobre os lábios dele e disse:

- Eu estou de resguardo, mas isso não me impede de beijar, sabia?

        Ele riu, e aproximou o rosto ao dela:

- Eu te amo. – e beijou-lhe os lábios de leve, soltando-o em seguida, com beijinho rápido. Ficou repetindo esse gesto por mais alguns segundos, até um desses 'beijinhos' se transformar em 'o beijo'.

        Agora sim, ele poderia dormir tranqüilo, horas de sono, ao lado da mulher que amava, com os filhos que sempre quis.

        Tá, tá! Ele, até a adolescência, pretendia ter somente um filho, e mesmo assim, para levar o nome da família. Mas, ele tinha os melhores filhos do mundo. A melhor família. Mais do que ele merecia.

        Agora sim, Draco Malfoy poderia ser feliz.

        Mas, mal sabia ele, que as coisas não paravam por aí...

CONTINUA...

Nota da autora: SORRY!!! Eu sei que demorei um século para tomar vergonha na cara e outro século para finalmente escrever esse capitulo. Mas vocês não entendem: a inspiração estava em falta!!! Na verdade, ela está voltando um pouquinho...

Não percam o próximo capitulo, que será o ultimo da segunda parte da série 'Destino'.

Gostaram???

O próximo, além de ultimo da segunda parte, terá também uma parte NC-17. Pelo o menos é isso o que pretendo!

Gostaria de agradecer a todos que Lêem e comentam, e até mesmo aqueles que não comentam, pois pelo o menos estão perdendo tempo lendo minha jocinha...

Acho que é isso...

Quando sai o próximo capitulo? Quando a inspiração vier, e as provas derem um tempo. E também quando eu encontrar a Nani, que está convocada para me ajudar a escrever a NC!!!

Bjs, galerinha.

'Ká Radcliffe