Capítulo 12
Os primeiros pássaros cantavam, alegres, anunciando a chegada de um dia glorioso. Sakura olhou isto pela janela. Depois, fitou o guerreiro que dormia profundamente, com a expressão mansa e calma. Os braços fortes e musculosos circundavam sua cintura, possessivos. Suspirou tristemente. Amava aquele guerreiro chinês. Aquele homem que provavelmente só a usara para satisfazer seus desejos carnais, enquanto ele estivera no Japão, cumprindo ao dever que fora incumbido a ele. Tirou uma mecha dos cabelos dele, que caía rebeldemente sobre a testa. Era um homem tão bonito, e apesar da inimizade dos países a quais pertenciam, ele era um chinês justo e com certeza, seria muito feliz.
A felicidade... A palavra que alcançara o paraíso na noite passada. Na noite em que se perdeu nele, que entregou o corpo, a alma e o coração a um guerreiro, que apesar da pose de autoritário, foi gentil, apaixonado e carinhoso. Queria que ele acordasse, que desse um doce beijo em seus lábios e falasse 'Bom Dia' com o sorriso mais sensual e amoroso que ela já vira. Mas... Não adiantava sonhar. Seu destino não seria ficar junto a ele. Tinha que partir. E se não fosse aquela manhã, duvidava que não seria nunca...
Levantou, com todo o cuidado para não despertar Syaoran com seus movimentos. Foi até os pés da cama, onde seu quimono estava amassado, junto com as roupas dele. Vestiu-se com pressa, mas silenciosa. Assim que ia partir, olhou para ele novamente. Não podia ir sem se despedir, mesmo sabendo que ele não poderia escutar.
"Syaoran...", ela começou, a voz já saindo fina, e as lágrimas começando a brotar em seus olhos. "Sei que não podes me escutar. Mas, tenho que desabafar o que sinto e o que irei fazer... Eu estou a partir para casa. Prometi não partir, mas, infelizmente, não posso ficar aqui. Meu pai e minha família precisam de mim... Antes, queria lhe dizer que... Eu o amo muito... Sei que não devia, e que você também não nutre nenhum sentimento por mim... Mas, à noite em que me entreguei a você foi a experiência mais linda e maravilhosa de toda a minha vida... Você foi meu primeiro homem... E provavelmente será o único que amarei... Quero que sejas feliz... Também tentarei ser", e após dizer isto, ela beijou os lábios dele, suavemente.
Saiu do quarto, rumo as masmorras, onde buscaria seus pertences. Não olhou para trás, mas se olhasse, veria que Syaoran já acordara, os olhos dourados brilhando de tristeza. Perdera sua Sakura. Nada podia fazer. Ela tinha que seguir sua vida. Mas, pelo menos, sabia que ela o amava.
"Eu também a amo, apesar de você não saber", murmurou ele, com a decepção em sua voz. De relance, olhou o sol nascer, esplendoroso e convidativo. Anunciava um dia ensolarado. Mas, nem aquilo iria melhorar seu humor.
Porém, estava ali em uma missão. Iria cumpri-la, mesmo que seu coração saísse ferido. Seguiria sua vida, como o guerreiro que era. O guerreiro que sempre passava por cima de seus obstáculos, de suas dores. O guerreiro que tinha orgulho e honra. O guerreiro, que pela primeira vez, amava alguém. Mas, para o seu bem, teria que passar por cima de seus sentimentos, esquecendo a única mulher, dotada de lindos e reveladores olhos verdes, que conseguira roubar seu coração. Fechou os olhos. Talvez, assim, sua dor passasse, apesar de saber que ela nunca se cicatrizaria...
**
Tomoyo dava ordens aos empregados. Seu genro e seu marido chegariam. Kaho parecia não se importar muito, pedindo a ela que organizasse a recepção e que cuidasse dos detalhes finais. Seu pai não saíra do escritório, murmurando que estava sem fome. E Eriol... Ele também não descera para o desjejum. Ela ficara naquela imensa mesa, sozinha...
"O que quer que eu prepare, patroa?", a cozinheira, uma senhora idosa e bondosa, perguntou com um sorriso no rosto.
"Peço que prepare o melhor peixe que puder. Meu marido e o general apreciariam esta comida. O resto, como o arroz e as bebidas, deixo a seu critério", ela pediu, retribuindo o sorriso.
"A Sra. Kaho, seu pai e o Sr. Hiiragisawa almoçaram conosco? Pergunto porque eles não tomaram o desjejum com a senhora..."
"Oh, sim", ela exclamou. "Creio que todos degustaram de seu peixe, minha querida. Agora, apresse-se. Tudo deve estar perfeito para a chegada de seus patrões".
Fazendo reverência, a empregada saiu. Tomoyo ordenou também que os quartos estivessem impecáveis, e que a costureira da mansão lhe costurasse uma nova vestimenta, para receber o marido da melhor maneira possível. Mesmo porque, ele saíra de casa depois da terrível discussão. E o jeito de acabar com aquilo era se mostrando afetuosa e carinhosa, submissa até, para que aquelas desavenças acabassem.
Viu Eriol surgir no corredor, bocejando lentamente. Decidiu ser hospitaleira. Fora muito rude com ele. E isto seria uma fraqueza de sua parte. Mostrava que sentia sentimentos profundos por ele. Não que não sentisse. Mas, tinha que esconder algo daquele gênero, para evitar confusões. Era uma mulher casada. E deveria se comportar como tal.
"Bom dia, Sr. Hiiragisawa. Dormistes bem?", ela perguntou gentilmente, com um sorriso cordial no rosto.
'Sr. Hiiragisawa', ele pensou atônito. 'Onde fora parar Eriol?'. Arregalou os olhos, para ver se era mesmo Tomoyo que falava. Mas, não precisou. A voz mesmo já dizia.
"Ah, bom dia Tomoyo. Dormi muito bem, para ser sincero. Agora, me digas, por que paraste de me chamar de Eriol?", ele falou, sonolento.
Tomoyo engoliu um seco. Estava preparada para a insistência de Eriol, mas as palavras dele, ditas em um tom tão carinhoso e amigável, surtiram um efeito diferente do que ela planejara. Achando a própria voz, ela respondeu, altiva.
"És nosso convidado. Tenho que mostrar minhas maneiras educadas e ser uma anfitriã agradável, já que minha sogra não tem estado muito bem", ela mentiu. Kaho gozava de boa saúde. Não sabia o motivo que a mantinha tão afastada dos moradores da casa.
"Ah, sim, compreendo. Eu vou comer algo, e depois, me trocarei para estar apresentável diante dos donos desta casa".
Era sua impressão, ou a voz dele tinha um tom magoado? Bem, não teve tempo de perguntar. Só viu Eriol desaparecer e em seguida, Yukito, em trajes formais, aparecer, com um leve sorriso na expressão.
"Sr. Yukito! Espero que sua estadia não esteja sendo desagradável. Meus serviços são limitados, e não posso cuidar da casa inteira sozinha", ela sorriu. Ele tentou sorrir, mas não pode esconder a tristeza.
"Os cuidados são ótimos... Não posso reclamar de teu trabalho, minha senhora, mas... Como sabes, este assunto da Sakura tem me afetado bastante. Rezo todas as noites para que ela esteja sã e salva", ele desabafou. Tomoyo pousou a mão amiga no ombro do japonês, sorrindo novamente.
"Percebo que a ama muito, não é, Sr. Yukito?", ela inquiriu. Ele pareceu surpreso, mas depois, conseguiu sorrir.
"Tens toda razão, Sra, Tomoyo. Vim de longe para poder desposar sua cunhada. E espero sinceramente que todo este amor e minha fé sejam suficientes para que ela volte para esta mansão. E que me aceite, ao invés de me rejeitar, como fez anos atrás", ele respondeu.
Tomoyo nada mais disse. Esperava que Sakura compreendesse os sentimentos de Yukito, que pudesse se casar com aquele homem que a tiraria da vida a qual ela se encontrava presa. Ouviram os portões serem apertos. A jovem correu até a janela. Uma carruagem entrava na propriedade. Não esperou nem a companhia de Yukito. Correu por entre os criados, até esbarrou em alguns deles. O que importava era mostrar a Touya que ela se importava com ele.
Viu o sogro e o marido descerem de seus veículos, arrumando as roupas, olhando a paisagem. Imaginou qual seria a reação de Touya ao vê-la. Esperava que fosse a melhor. Logo os dois olhares se encontraram. Tomoyo viu a fagulha de ressentimentos nos olhos de Touya, mas não se intimidou. Correu o mais rápido que pode e caiu nos braços do moreno, aguardando que ele retribuísse o carinho.
"Oh, Touya, me perdoe", ela murmurou, junto ao ouvido dele, num tom que só os dois pudessem escutar. "Me perdoe. Sei que não cumpri meu dever como esposa. Eu o amo", as palavras pareciam não serem verdadeiras, mas ela torcia para que ele acreditasse nelas. "Não posso suportar o fato de que não sentes o mesmo por mim. Me perdoe e diga que jamais partirá novamente"
Touya a encarou, surpreso. Mas, amava aquela mulher. Então, sem cerimônia alguma, passou os braços pela cintura dela e a puxou mais para perto, sentindo o corpo frágil se abraçar mais ao seu. Sussurrou, completo e pleno de felicidade. "Não o que perdoar, Tomoyo. És a esposa perfeita para mim".
Depois, Tomoyo cumprimentou o sogro. Vieram depois Kaho, Takawi, Eriol e Yukito. Todos se cumprimentaram, apesar da relativa distância entre Touya e o inglês... Um a um, todos foram entrando na casa e se acomodando na sala de visitas.
"E então...", Fujitaka começou, olhando para as pessoas presentes. "Já sabe o paradeiro de minha filha?".
A família Kinomoto abaixou a cabeça, num sinal que Fujitaka rapidamente interpretou. Olhou para Takawi, antes de indagar. "Olharam tudo, meu caro amigo? Não posso crer que ela ainda esteja perdida".
"Sim, general. Os guardas e soldados tentaram o possível, mas não a indícios da sua filha. Temo que tenha acontecido o pior", o ministro respondeu.
"Duvido que Sakura está morta. Tenho fé em minha irmã", Touya rapidamente argumentou. A esposa dele deu um leve aperto em seu braço, dizendo que concordava com o que o marido dizia.
"Não é questão de fé ou não, meu filho. É questão de realismo. Minha enteada é uma mulher. Mulheres não foram feitas para suportarem provações como a fome, a chuva e a falta de água. Sakura tem um espírito forte, mas isto não poderá encher a barriga dela".
Touya, Fujitaka e Tomoyo se entreolharam. Obviamente, Kaho era inocente com relação às verdadeiras habilidades de Sakura. Por isto, o trio achava praticamente impossível Sakura ter sido morta, por qualquer eventualidade, em uma fuga. Olhando para o filho e notando o brilho de tristeza que surgiu em seu olhar, o general tomou uma decisão.
"Bem, como meu filho afirmou, devo ter fé em minha menina. Mas... Dada às circunstâncias, não posso crer que minha filha está perdida. Então, sem ou com ajuda, entrarei naquele maldito Dojo e procurarei minha Sakura em todos os cantos".
Kaho e Takawi soltaram um suspiro. Seus planos seriam facilitados se a inteligente e um tanto impertinente filha do general estivesse morta. Se ela reaparecesse, mas um obstáculo a se transpor. Se entreolharam. Não havia mais tempo a perder com planos esquematizados. Teriam que agir o mais rápido possível, para que se Sakura voltar, o terreno já estar preparado para sua estratégia.
"Eu vou com você, general", Yukito respondeu, com firmeza em sua voz. "Sakura é muito importante para mim. Assim sendo, antes de ir com o senhor, quero lhe pedir a mão da sua filha em casamento".
Fujitaka sorriu. "Nada me deixaria mais honrado do que entregar minha filha nas mãos de um homem tão digno de minha confiança, Yukito. A concedo em casamento e... Apesar de soar grosseiro...", ele riu, algo que desde do sumiço de sua pequena, ele não fizera. "Terá de ter paciência redobrada para cuidar dela. Aqueles olhos de anjo escondem uma personalidade voraz e decidida".
"Não me importarei em 'domar', minha futura esposa, general. Arrumarei armas e munição, e então, partiremos em nossa busca", ele respondeu, parecendo bem mais animado.
"Bem...", Kaho forçou a voz para que ela parecesse animada com a idéia da volta da enteada. "Vamos nos servir. Tenho a plena certeza que Sakura ficara muito mais animada em ver a família bem alimentada do que sem forças para nada".
Todos se levantaram, seguindo para a sala de jantar. Somente Tomoyo e Eriol ficaram na sala. Ela ia partindo, quando Eriol segurou seu braço, fazendo ela voltar-se para ele.
"Tomoyo, o que estás a fazer?", ele perguntou, fitando os olhos ametistas.
"Nada, meu caro convidado. Apenas assegurando meu futuro".
"Oh, imagino que seu futuro seja aqui, com um marido que não ama, não é mesmo? Pois fique sabendo que não permitirei que estrague sua vida quando pode ter tudo que tens direito".
"Está sendo egoísta, meu senhor", ela respondeu, calmamente. Ele piscou, confuso.
"Como assim, egoísta? Tenho pensado em você desde de que cheguei aqui!", ele exclamou, largando-a e virando-se, passando compulsivamente as mãos pelos cabelos.
"Para ser sincera, sei que quando partires, eu poderei ficar tranqüila, sem ter que me preocupar com suas interferência em minha relação com Touya", mesmo com a expressão atônita dele, ela continuou. "Porém, quando voltares a Inglaterra, serás um homem sozinho, como alega sempre ser. Então, olhando os dois extremos de nossa atual situação, ganhará muito mais do que eu. Terá o lucro de me ter ao seu lado, enquanto eu ponho meu nome e o da família Kinomoto em risco. Ainda achas que pensas em mim quando discutimos o que houve no meu quarto?".
"Por Deus, Tomoyo, falas como se tratássemos de negócios!", ele esbravejou. Ela ainda sorria. Não parecia abalada com seu rompante e muito menos com a tristeza contida em sua voz.
"E não é isto que venho a ser? Algo negociável nas mãos de você e de Touya. Me disputam como se eu fosse algum tipo de prêmio. O que certamente eu não sou. O que estou fazendo é assegurar que não participarei desta brincadeira nunca mais", ela falou, num tom brando. Porém, desta vez, viu que Eriol não ficara nervoso. Parecia seguro. Estremeceu. Não podia permitiria que ele virasse o jogo naquela altura, quando tinha o controle do coração.
"Vamos dizer que você seja mesmo um prêmio...", vendo a indignação nos olhos dela, ele controlou-se para não gargalhar. "Quem acha que vai ganhar?".
"Com certeza, o prêmio será daquele a qual sempre pertenceu. Do meu marido". Não queria dizer isto. Touya não era mais tão importante em sua vida. Deixara de amá-lo. Amava o homem que estava a sua frente, mexendo com seu ser e com suas emoções.
"Então, transformaremos este jogo em uma aposta...".
Tomoyo ia replicar o comentário maldoso, quando viu que ele partia da sala. Oh, o que iria fazer... Estava encruzilhada. Touya não lhe daria folga, seguiria seus passos e não a perderia de vista. Eriol, por sua voz, iria tentar convence-la do ela mesma já sabia. Que o amava. Que aquele beijo reacendeu uma chama apagada a anos...
Suspirou. Não adiantava se lamentar. Entrara naquele jogo. O certo agora era fingir seus sentimentos e restabelecer seu casamento, sua vida e seus pensamentos...
**
Depois do almoço, Yukito pediu licença e começou a caminhar em direção ao jardim. O local era agradável, além de lhe trazer doces lembranças. Memórias de sua infância, quando sua liberdade não era tão preciosa, mas era tudo que ele tinha. Morara por ali em anos, no entanto, o cheiro e as flores continuavam a encanta-lo. Conhecera Sakura e Touya numa daquelas roseiras.
Ele havia machucado o dedo, e muito ingênuo, entrara na casa vizinha a sua para pedir ajuda. Assim que escapuliu, por dentro das roseiras, ele viu uma adorável garotinha brincar com um cão, enquanto as longas tranças dela balançavam conforme o movimento da correria. Chamou sua atenção, pedindo que ela o ajudasse. Sakura assim o fez. Deu um maravilhoso sorriu e beijou o local machucado. Com os olhos verdes brilhando, ela murmurou: Se eu beijar, vai passar...
Desde de aquele dia, a única coisa que ele sabia fazer era correr por aqueles jardins, na companhia de seus dois grandes amigos. Juntos, ele se meteram em inúmeras confusões e ainda juntos, acharam as soluções para tais problemas... Tomado por um acesso de curiosidade, caminhou até as roseiras... Era seu lugar preferido... Apesar do motivo verdadeiro não estar lá...
Quando finalmente se deu conta que amava Sakura Kinomoto, quando tinham 15 anos de idade, ela estava perto de uma rosa, aspirando o doce perfume. Naquela época, os cabelos dela estavam curtos, na altura dos ombros... Resistiu ao fato de que ela estava perfeita para ser beijada...
Chegando mais perto das flores, viu que uma mão feminina tentava abrir caminho, dentro do matagal. Estranhou. Quando eram crianças, ele, Sakura e o irmão dela haviam abrindo uma passagem secreta, que levava ao jardim da antiga casa de Yukito. Só os três sabiam que o túnel subterrâneo também dava para um buraco, do lado do armazém... Então... Aquela só podia ser...
Não se deu nem ao luxo de pensar. Correndo até a mão que ainda cortava os galhos, ele prendeu a respiração e fechou os olhos. Pegando a mão, sentiu a pele sedosa e sorriu, ainda de olhos fechados. Com um puxão, trouxe o corpo junto ao seu. Abriu os olhos, e sorriu, como nunca sorrira em toda a sua vida. Sakura Kinomoto estava a sua frente, com um meio sorriso no rosto...
"Sakura!!!", ele puxou o corpo junto ao seu, sentindo aos poucos o dela deixar de tremer, procurando aconchego nele também. "Sabe o quanto me deixaste preocupado, Sakura? Estou tão bravo com você, e tão feliz que tenhas voltado para casa! Voltado para mim!!".
Sakura ergueu a cabeça, e Yukito viu que ela não parecia muito contente. A japonesa usava vestimentas chinesas, e o penteado também não era originário do Japão. Ficou subitamente sem fala. O que poderia ter acontecido com ela enquanto ela estava perdida nas florestas negras do local onde moravam.
"Fale comigo, mulher! Não me deixes nesta angústia!", ele suplicou, tentando aumentar o tom de voz. Ela novamente o fitou, e esboçou um meio e delicado sorriso.
"O quer que eu diga, Yukito? Que estou feliz, ou que estou bem? Escolha...".
A frase fora mais do que um sussurro. Na doce e melodiosa voz da amada, Yukito notou mágoa e uma terrível frustração. O que haveria ocorrido? Bem, agora não importava. Tinha que levar Sakura até a família, e o mais rápido possível, anunciar o noivado entre eles.
"Sua família está toda preocupada... oh, e eu também... nos deu um susto!", ele comentou, já caminhando com ela em direção a mansão. Sakura não respondeu, apenas deu um leve sorriso, que ao invés de aclamar, preocupou ainda mais o coração de Yukito.
O trajeto até lá foi feito em silencio. Yukito sentiu que Sakura não conversar sobre o que acontecera neste tempo em que estivera desaparecida. Quando estavam diante da casa, Sakura de um suspiro que continha resignação.
"Sakura, eu...", Yukito, começou, escolhendo as palavras. "Eu acho que...".
"Yukito", a japonesa o interrompeu, séria, sem desviar os olhos da morada. "Não importa o quanto esteja curioso e nem o quanto se preocupe com meu estado. Quero que me prometa que jamais tocara no assunto sobre meu sumiço. Estou muito bem fisicamente. Mas... jure que não me fará lembrar destes dias".
"Eu prometo", ele disse, mesmo sem entender. Tomando a mão dela entre a sua, sorriu ternamente. "Vamos entrar?".
"Vamos".
Assim que o casal entrou na sala, todos os presentes voltaram seus olhos para eles. Sakura deu um sorriso, não impedindo que as lágrimas rolassem por seus olhos.
"Oh, como tive saudades de vocês!", ela exclamou.
Fujitaka, Touya e Tomoyo correram ao encontro dela, a abraçando em um carinho conjunto. Sakura retribuiu o carinho com toda a força que seu coracao reuniu. E ficaram assim por muitos momentos, aproveitando a sensação de que a guerra, por enquanto, não poderia separá-los.
"Oh, minha filha!", o general repetia, beijando-a sem parar na face. "Minha adorada filha! Jamais deixarei você longe de mim novamente! Nunca!!".
"Nem eu, Saki", Touya anuiu, sorrindo para ela.
"Me deixou preocupada por demais, cunhada! E farei com que obedeça seu pai e meu marido direitinho!", Tomoyo exclamou, abraçando Sakura carinhosamente.
A japonesa de olhos verdes nada respondeu, apenas sorriu a eles. A família era realmente muito importante, ela concluiu. E os amigos também, pois quando Eriol veio abraça-la, pode notar a felicidade nos olhos azuis do inglês. Logo em seguida, Kaho e Takawi também vieram cumprimentá- la.
"Sente-se, Sakura querida", Kaho falou, apontando a poltrona. Ela assim o fez, inspirando uma grande quantidade de ar. Tinha certeza que seria bombardeada por inúmeras perguntas. E jamais poderia revelar a verdade, a não ser para Tomoyo, que nunca contestaria suas ações entenderia suas tristezas.
"O que houve, pequena?", Fujitaka perguntou. Antes que ela pudesse responder, ele mandou um empregado buscar comida para ela. "Touya foi até o alojamento chinês, e você não estava lá".
"Eles me soltaram", ela disse, forçando a voz a sair firme. Todos arregalaram os olhos, espantados, até que Takawi pronunciou.
"Soltaram? Como assim, Sakura? Estás tentando nos dizer que eles foram piedosos e lhe concederam o direito de partir?".
"Não... Me soltaram em um lugar em que eu nunca estive. Porém, com a ajuda de alguma pessoas muito generosas, pude retornar para cá".
"Eles planejam matá-la!", Fujitaka exclamou, irritado. "Ninguém pode tratar minha filha desta maneira!".
"Acalme-se, meu pai", Sakura aproximou-se dele e lhe segurou a mão. "Não tentaram nada contra minha pessoa. Isto eu lhe juro".
"Mas, da mesma maneira, devem receber um castigo quanto a isso!", Yukito afirmou. "Não sou perito em guerrear, mas creio que já está na hora de mostrarmos a eles que com nossa Sakura não se brinca".
"Oh, senhores!", Tomoyo levantou, e continuou a falar, em tom repreensivo. "Sakura acaba de passar por uma experiência nada agradável e o primeiro assunto que querem discutir na presença dela é esta guerra? Posso levá-la até o quarto dela para que ela repouse?".
"Tomoyo tem razão. Acho melhor que Sakura descanse", Eriol concordou.
Por fim, os presentes também assentiram. Sakura agradeceu Tomoyo a pensamento. Estava tão cansada que jamais poderia responder a mais perguntas ou escutar o que eles planejavam fazer. Por isso, seguiu a cunhada sem objeções e caminhou com ela até o quarto, onde entrou sem demora.
Aspirou o cheiro do local, visualizou seus pertences. Naqueles últimos dias, sentira saudade de tudo aquilo e de como seu quarto a fazia sentir-se bem. Mas, agora, podendo ter tudo aquilo novamente, sentiu que nada material poderia lhe compensar o pedaço do coração que ficara no alojamento, junto a Li.
"Quer conversar?", Tomoyo perguntou, suavemente.
"Preciso desabafar", ela confessou, sentindo as lágrimas rolarem livres pela face.
E desabafou. Contou a ela sobre como ficara presa lá, como conhecera Nui e Meiling. E principalmente, contou sobre Syaoran Li. Tudo o que passaram, cada detalhe e cada sensação. Sempre que terminava de narrar algo, sentia que existia mais para contar. Sabia que jamais poderia descrever todas as tristezas e alegrias que aquele homem a tinha feito passar.
"E aí...", ela encarou a cunhada de soslaio, temendo a reação de Tomoyo se ela soubesse que ela não era mais virgem. Mas, notando que ela ouvira tudo sem opinar, decidiu prosseguir. "Eu me entreguei a ele".
"Você... você se entregou a ele?", Tomoyo repetiu, meio incrédula. Mas, depois sorriu. "Você o ama, não é?".
"Muito", Sakura sorriu. Mesmo com as lágrimas lhe embaçando a visão, sabia que a expressão de Tomoyo era de felicidade também. Mas, logo, Sakura tornou-se séria. "Mas, ele não me ama".
"Perguntou isto a ele?".
"Não preciso perguntar, pois ele foi bem claro", ela afirmou.
Era verdade. Em momento algum, Syaoran tocara no assunto "amor". E a ruiva não esperava isso. O chinês era fechado em seu mundo frio e apenas a usara para se divertir. Doía o coração aquele pensamento, mas era melhor do que se iludir pensando que ele amava.
"Pois eu acho que..."
"Com licença".
Sakura e Tomoyo voltaram seus olhares para Yukito, que sorria para as damas, apoiada na soleira da porta. Tomoyo encarou-o, sabendo do que se tratava. E depois de ter escutado as inúmeras confissões de Sakura, não queria que ele a pedisse em casamento. Não agora que tinha certeza que a cunhada amava alguém e que esse alguém também a amava...
Fim***
Tudo Bom, Gente?
Preciso urgentemente de ajuda, pessoal! E rápido! É o seguinte:
Andei observando alguns fics e notei as letras em negrito e em itálico. Porém, eu não faço a menor idéia de como se faz isto! Alguma alma caridosa pode me ajudar?
Aí vai os agradecimentos:
Kath Klein Tomoyo Tatsuhiko D Renata 7 Miaka Hiiragizawa (Foi mal o erro, não prestei atenção) Hime Hayashi Shaiene-Chan Anna Li Kinomoto
Este pessoal super lehal merece mesmo estar aqui, na minha lista de agradecimentos! Em especial aqueles que sempre mandam um comentário, a cada cap! Continuem acompanhando e incentivando, pois, sem vocês, não há como continuar escrevendo!
Bjs, de Jenny-Ci
Os primeiros pássaros cantavam, alegres, anunciando a chegada de um dia glorioso. Sakura olhou isto pela janela. Depois, fitou o guerreiro que dormia profundamente, com a expressão mansa e calma. Os braços fortes e musculosos circundavam sua cintura, possessivos. Suspirou tristemente. Amava aquele guerreiro chinês. Aquele homem que provavelmente só a usara para satisfazer seus desejos carnais, enquanto ele estivera no Japão, cumprindo ao dever que fora incumbido a ele. Tirou uma mecha dos cabelos dele, que caía rebeldemente sobre a testa. Era um homem tão bonito, e apesar da inimizade dos países a quais pertenciam, ele era um chinês justo e com certeza, seria muito feliz.
A felicidade... A palavra que alcançara o paraíso na noite passada. Na noite em que se perdeu nele, que entregou o corpo, a alma e o coração a um guerreiro, que apesar da pose de autoritário, foi gentil, apaixonado e carinhoso. Queria que ele acordasse, que desse um doce beijo em seus lábios e falasse 'Bom Dia' com o sorriso mais sensual e amoroso que ela já vira. Mas... Não adiantava sonhar. Seu destino não seria ficar junto a ele. Tinha que partir. E se não fosse aquela manhã, duvidava que não seria nunca...
Levantou, com todo o cuidado para não despertar Syaoran com seus movimentos. Foi até os pés da cama, onde seu quimono estava amassado, junto com as roupas dele. Vestiu-se com pressa, mas silenciosa. Assim que ia partir, olhou para ele novamente. Não podia ir sem se despedir, mesmo sabendo que ele não poderia escutar.
"Syaoran...", ela começou, a voz já saindo fina, e as lágrimas começando a brotar em seus olhos. "Sei que não podes me escutar. Mas, tenho que desabafar o que sinto e o que irei fazer... Eu estou a partir para casa. Prometi não partir, mas, infelizmente, não posso ficar aqui. Meu pai e minha família precisam de mim... Antes, queria lhe dizer que... Eu o amo muito... Sei que não devia, e que você também não nutre nenhum sentimento por mim... Mas, à noite em que me entreguei a você foi a experiência mais linda e maravilhosa de toda a minha vida... Você foi meu primeiro homem... E provavelmente será o único que amarei... Quero que sejas feliz... Também tentarei ser", e após dizer isto, ela beijou os lábios dele, suavemente.
Saiu do quarto, rumo as masmorras, onde buscaria seus pertences. Não olhou para trás, mas se olhasse, veria que Syaoran já acordara, os olhos dourados brilhando de tristeza. Perdera sua Sakura. Nada podia fazer. Ela tinha que seguir sua vida. Mas, pelo menos, sabia que ela o amava.
"Eu também a amo, apesar de você não saber", murmurou ele, com a decepção em sua voz. De relance, olhou o sol nascer, esplendoroso e convidativo. Anunciava um dia ensolarado. Mas, nem aquilo iria melhorar seu humor.
Porém, estava ali em uma missão. Iria cumpri-la, mesmo que seu coração saísse ferido. Seguiria sua vida, como o guerreiro que era. O guerreiro que sempre passava por cima de seus obstáculos, de suas dores. O guerreiro que tinha orgulho e honra. O guerreiro, que pela primeira vez, amava alguém. Mas, para o seu bem, teria que passar por cima de seus sentimentos, esquecendo a única mulher, dotada de lindos e reveladores olhos verdes, que conseguira roubar seu coração. Fechou os olhos. Talvez, assim, sua dor passasse, apesar de saber que ela nunca se cicatrizaria...
**
Tomoyo dava ordens aos empregados. Seu genro e seu marido chegariam. Kaho parecia não se importar muito, pedindo a ela que organizasse a recepção e que cuidasse dos detalhes finais. Seu pai não saíra do escritório, murmurando que estava sem fome. E Eriol... Ele também não descera para o desjejum. Ela ficara naquela imensa mesa, sozinha...
"O que quer que eu prepare, patroa?", a cozinheira, uma senhora idosa e bondosa, perguntou com um sorriso no rosto.
"Peço que prepare o melhor peixe que puder. Meu marido e o general apreciariam esta comida. O resto, como o arroz e as bebidas, deixo a seu critério", ela pediu, retribuindo o sorriso.
"A Sra. Kaho, seu pai e o Sr. Hiiragisawa almoçaram conosco? Pergunto porque eles não tomaram o desjejum com a senhora..."
"Oh, sim", ela exclamou. "Creio que todos degustaram de seu peixe, minha querida. Agora, apresse-se. Tudo deve estar perfeito para a chegada de seus patrões".
Fazendo reverência, a empregada saiu. Tomoyo ordenou também que os quartos estivessem impecáveis, e que a costureira da mansão lhe costurasse uma nova vestimenta, para receber o marido da melhor maneira possível. Mesmo porque, ele saíra de casa depois da terrível discussão. E o jeito de acabar com aquilo era se mostrando afetuosa e carinhosa, submissa até, para que aquelas desavenças acabassem.
Viu Eriol surgir no corredor, bocejando lentamente. Decidiu ser hospitaleira. Fora muito rude com ele. E isto seria uma fraqueza de sua parte. Mostrava que sentia sentimentos profundos por ele. Não que não sentisse. Mas, tinha que esconder algo daquele gênero, para evitar confusões. Era uma mulher casada. E deveria se comportar como tal.
"Bom dia, Sr. Hiiragisawa. Dormistes bem?", ela perguntou gentilmente, com um sorriso cordial no rosto.
'Sr. Hiiragisawa', ele pensou atônito. 'Onde fora parar Eriol?'. Arregalou os olhos, para ver se era mesmo Tomoyo que falava. Mas, não precisou. A voz mesmo já dizia.
"Ah, bom dia Tomoyo. Dormi muito bem, para ser sincero. Agora, me digas, por que paraste de me chamar de Eriol?", ele falou, sonolento.
Tomoyo engoliu um seco. Estava preparada para a insistência de Eriol, mas as palavras dele, ditas em um tom tão carinhoso e amigável, surtiram um efeito diferente do que ela planejara. Achando a própria voz, ela respondeu, altiva.
"És nosso convidado. Tenho que mostrar minhas maneiras educadas e ser uma anfitriã agradável, já que minha sogra não tem estado muito bem", ela mentiu. Kaho gozava de boa saúde. Não sabia o motivo que a mantinha tão afastada dos moradores da casa.
"Ah, sim, compreendo. Eu vou comer algo, e depois, me trocarei para estar apresentável diante dos donos desta casa".
Era sua impressão, ou a voz dele tinha um tom magoado? Bem, não teve tempo de perguntar. Só viu Eriol desaparecer e em seguida, Yukito, em trajes formais, aparecer, com um leve sorriso na expressão.
"Sr. Yukito! Espero que sua estadia não esteja sendo desagradável. Meus serviços são limitados, e não posso cuidar da casa inteira sozinha", ela sorriu. Ele tentou sorrir, mas não pode esconder a tristeza.
"Os cuidados são ótimos... Não posso reclamar de teu trabalho, minha senhora, mas... Como sabes, este assunto da Sakura tem me afetado bastante. Rezo todas as noites para que ela esteja sã e salva", ele desabafou. Tomoyo pousou a mão amiga no ombro do japonês, sorrindo novamente.
"Percebo que a ama muito, não é, Sr. Yukito?", ela inquiriu. Ele pareceu surpreso, mas depois, conseguiu sorrir.
"Tens toda razão, Sra, Tomoyo. Vim de longe para poder desposar sua cunhada. E espero sinceramente que todo este amor e minha fé sejam suficientes para que ela volte para esta mansão. E que me aceite, ao invés de me rejeitar, como fez anos atrás", ele respondeu.
Tomoyo nada mais disse. Esperava que Sakura compreendesse os sentimentos de Yukito, que pudesse se casar com aquele homem que a tiraria da vida a qual ela se encontrava presa. Ouviram os portões serem apertos. A jovem correu até a janela. Uma carruagem entrava na propriedade. Não esperou nem a companhia de Yukito. Correu por entre os criados, até esbarrou em alguns deles. O que importava era mostrar a Touya que ela se importava com ele.
Viu o sogro e o marido descerem de seus veículos, arrumando as roupas, olhando a paisagem. Imaginou qual seria a reação de Touya ao vê-la. Esperava que fosse a melhor. Logo os dois olhares se encontraram. Tomoyo viu a fagulha de ressentimentos nos olhos de Touya, mas não se intimidou. Correu o mais rápido que pode e caiu nos braços do moreno, aguardando que ele retribuísse o carinho.
"Oh, Touya, me perdoe", ela murmurou, junto ao ouvido dele, num tom que só os dois pudessem escutar. "Me perdoe. Sei que não cumpri meu dever como esposa. Eu o amo", as palavras pareciam não serem verdadeiras, mas ela torcia para que ele acreditasse nelas. "Não posso suportar o fato de que não sentes o mesmo por mim. Me perdoe e diga que jamais partirá novamente"
Touya a encarou, surpreso. Mas, amava aquela mulher. Então, sem cerimônia alguma, passou os braços pela cintura dela e a puxou mais para perto, sentindo o corpo frágil se abraçar mais ao seu. Sussurrou, completo e pleno de felicidade. "Não o que perdoar, Tomoyo. És a esposa perfeita para mim".
Depois, Tomoyo cumprimentou o sogro. Vieram depois Kaho, Takawi, Eriol e Yukito. Todos se cumprimentaram, apesar da relativa distância entre Touya e o inglês... Um a um, todos foram entrando na casa e se acomodando na sala de visitas.
"E então...", Fujitaka começou, olhando para as pessoas presentes. "Já sabe o paradeiro de minha filha?".
A família Kinomoto abaixou a cabeça, num sinal que Fujitaka rapidamente interpretou. Olhou para Takawi, antes de indagar. "Olharam tudo, meu caro amigo? Não posso crer que ela ainda esteja perdida".
"Sim, general. Os guardas e soldados tentaram o possível, mas não a indícios da sua filha. Temo que tenha acontecido o pior", o ministro respondeu.
"Duvido que Sakura está morta. Tenho fé em minha irmã", Touya rapidamente argumentou. A esposa dele deu um leve aperto em seu braço, dizendo que concordava com o que o marido dizia.
"Não é questão de fé ou não, meu filho. É questão de realismo. Minha enteada é uma mulher. Mulheres não foram feitas para suportarem provações como a fome, a chuva e a falta de água. Sakura tem um espírito forte, mas isto não poderá encher a barriga dela".
Touya, Fujitaka e Tomoyo se entreolharam. Obviamente, Kaho era inocente com relação às verdadeiras habilidades de Sakura. Por isto, o trio achava praticamente impossível Sakura ter sido morta, por qualquer eventualidade, em uma fuga. Olhando para o filho e notando o brilho de tristeza que surgiu em seu olhar, o general tomou uma decisão.
"Bem, como meu filho afirmou, devo ter fé em minha menina. Mas... Dada às circunstâncias, não posso crer que minha filha está perdida. Então, sem ou com ajuda, entrarei naquele maldito Dojo e procurarei minha Sakura em todos os cantos".
Kaho e Takawi soltaram um suspiro. Seus planos seriam facilitados se a inteligente e um tanto impertinente filha do general estivesse morta. Se ela reaparecesse, mas um obstáculo a se transpor. Se entreolharam. Não havia mais tempo a perder com planos esquematizados. Teriam que agir o mais rápido possível, para que se Sakura voltar, o terreno já estar preparado para sua estratégia.
"Eu vou com você, general", Yukito respondeu, com firmeza em sua voz. "Sakura é muito importante para mim. Assim sendo, antes de ir com o senhor, quero lhe pedir a mão da sua filha em casamento".
Fujitaka sorriu. "Nada me deixaria mais honrado do que entregar minha filha nas mãos de um homem tão digno de minha confiança, Yukito. A concedo em casamento e... Apesar de soar grosseiro...", ele riu, algo que desde do sumiço de sua pequena, ele não fizera. "Terá de ter paciência redobrada para cuidar dela. Aqueles olhos de anjo escondem uma personalidade voraz e decidida".
"Não me importarei em 'domar', minha futura esposa, general. Arrumarei armas e munição, e então, partiremos em nossa busca", ele respondeu, parecendo bem mais animado.
"Bem...", Kaho forçou a voz para que ela parecesse animada com a idéia da volta da enteada. "Vamos nos servir. Tenho a plena certeza que Sakura ficara muito mais animada em ver a família bem alimentada do que sem forças para nada".
Todos se levantaram, seguindo para a sala de jantar. Somente Tomoyo e Eriol ficaram na sala. Ela ia partindo, quando Eriol segurou seu braço, fazendo ela voltar-se para ele.
"Tomoyo, o que estás a fazer?", ele perguntou, fitando os olhos ametistas.
"Nada, meu caro convidado. Apenas assegurando meu futuro".
"Oh, imagino que seu futuro seja aqui, com um marido que não ama, não é mesmo? Pois fique sabendo que não permitirei que estrague sua vida quando pode ter tudo que tens direito".
"Está sendo egoísta, meu senhor", ela respondeu, calmamente. Ele piscou, confuso.
"Como assim, egoísta? Tenho pensado em você desde de que cheguei aqui!", ele exclamou, largando-a e virando-se, passando compulsivamente as mãos pelos cabelos.
"Para ser sincera, sei que quando partires, eu poderei ficar tranqüila, sem ter que me preocupar com suas interferência em minha relação com Touya", mesmo com a expressão atônita dele, ela continuou. "Porém, quando voltares a Inglaterra, serás um homem sozinho, como alega sempre ser. Então, olhando os dois extremos de nossa atual situação, ganhará muito mais do que eu. Terá o lucro de me ter ao seu lado, enquanto eu ponho meu nome e o da família Kinomoto em risco. Ainda achas que pensas em mim quando discutimos o que houve no meu quarto?".
"Por Deus, Tomoyo, falas como se tratássemos de negócios!", ele esbravejou. Ela ainda sorria. Não parecia abalada com seu rompante e muito menos com a tristeza contida em sua voz.
"E não é isto que venho a ser? Algo negociável nas mãos de você e de Touya. Me disputam como se eu fosse algum tipo de prêmio. O que certamente eu não sou. O que estou fazendo é assegurar que não participarei desta brincadeira nunca mais", ela falou, num tom brando. Porém, desta vez, viu que Eriol não ficara nervoso. Parecia seguro. Estremeceu. Não podia permitiria que ele virasse o jogo naquela altura, quando tinha o controle do coração.
"Vamos dizer que você seja mesmo um prêmio...", vendo a indignação nos olhos dela, ele controlou-se para não gargalhar. "Quem acha que vai ganhar?".
"Com certeza, o prêmio será daquele a qual sempre pertenceu. Do meu marido". Não queria dizer isto. Touya não era mais tão importante em sua vida. Deixara de amá-lo. Amava o homem que estava a sua frente, mexendo com seu ser e com suas emoções.
"Então, transformaremos este jogo em uma aposta...".
Tomoyo ia replicar o comentário maldoso, quando viu que ele partia da sala. Oh, o que iria fazer... Estava encruzilhada. Touya não lhe daria folga, seguiria seus passos e não a perderia de vista. Eriol, por sua voz, iria tentar convence-la do ela mesma já sabia. Que o amava. Que aquele beijo reacendeu uma chama apagada a anos...
Suspirou. Não adiantava se lamentar. Entrara naquele jogo. O certo agora era fingir seus sentimentos e restabelecer seu casamento, sua vida e seus pensamentos...
**
Depois do almoço, Yukito pediu licença e começou a caminhar em direção ao jardim. O local era agradável, além de lhe trazer doces lembranças. Memórias de sua infância, quando sua liberdade não era tão preciosa, mas era tudo que ele tinha. Morara por ali em anos, no entanto, o cheiro e as flores continuavam a encanta-lo. Conhecera Sakura e Touya numa daquelas roseiras.
Ele havia machucado o dedo, e muito ingênuo, entrara na casa vizinha a sua para pedir ajuda. Assim que escapuliu, por dentro das roseiras, ele viu uma adorável garotinha brincar com um cão, enquanto as longas tranças dela balançavam conforme o movimento da correria. Chamou sua atenção, pedindo que ela o ajudasse. Sakura assim o fez. Deu um maravilhoso sorriu e beijou o local machucado. Com os olhos verdes brilhando, ela murmurou: Se eu beijar, vai passar...
Desde de aquele dia, a única coisa que ele sabia fazer era correr por aqueles jardins, na companhia de seus dois grandes amigos. Juntos, ele se meteram em inúmeras confusões e ainda juntos, acharam as soluções para tais problemas... Tomado por um acesso de curiosidade, caminhou até as roseiras... Era seu lugar preferido... Apesar do motivo verdadeiro não estar lá...
Quando finalmente se deu conta que amava Sakura Kinomoto, quando tinham 15 anos de idade, ela estava perto de uma rosa, aspirando o doce perfume. Naquela época, os cabelos dela estavam curtos, na altura dos ombros... Resistiu ao fato de que ela estava perfeita para ser beijada...
Chegando mais perto das flores, viu que uma mão feminina tentava abrir caminho, dentro do matagal. Estranhou. Quando eram crianças, ele, Sakura e o irmão dela haviam abrindo uma passagem secreta, que levava ao jardim da antiga casa de Yukito. Só os três sabiam que o túnel subterrâneo também dava para um buraco, do lado do armazém... Então... Aquela só podia ser...
Não se deu nem ao luxo de pensar. Correndo até a mão que ainda cortava os galhos, ele prendeu a respiração e fechou os olhos. Pegando a mão, sentiu a pele sedosa e sorriu, ainda de olhos fechados. Com um puxão, trouxe o corpo junto ao seu. Abriu os olhos, e sorriu, como nunca sorrira em toda a sua vida. Sakura Kinomoto estava a sua frente, com um meio sorriso no rosto...
"Sakura!!!", ele puxou o corpo junto ao seu, sentindo aos poucos o dela deixar de tremer, procurando aconchego nele também. "Sabe o quanto me deixaste preocupado, Sakura? Estou tão bravo com você, e tão feliz que tenhas voltado para casa! Voltado para mim!!".
Sakura ergueu a cabeça, e Yukito viu que ela não parecia muito contente. A japonesa usava vestimentas chinesas, e o penteado também não era originário do Japão. Ficou subitamente sem fala. O que poderia ter acontecido com ela enquanto ela estava perdida nas florestas negras do local onde moravam.
"Fale comigo, mulher! Não me deixes nesta angústia!", ele suplicou, tentando aumentar o tom de voz. Ela novamente o fitou, e esboçou um meio e delicado sorriso.
"O quer que eu diga, Yukito? Que estou feliz, ou que estou bem? Escolha...".
A frase fora mais do que um sussurro. Na doce e melodiosa voz da amada, Yukito notou mágoa e uma terrível frustração. O que haveria ocorrido? Bem, agora não importava. Tinha que levar Sakura até a família, e o mais rápido possível, anunciar o noivado entre eles.
"Sua família está toda preocupada... oh, e eu também... nos deu um susto!", ele comentou, já caminhando com ela em direção a mansão. Sakura não respondeu, apenas deu um leve sorriso, que ao invés de aclamar, preocupou ainda mais o coração de Yukito.
O trajeto até lá foi feito em silencio. Yukito sentiu que Sakura não conversar sobre o que acontecera neste tempo em que estivera desaparecida. Quando estavam diante da casa, Sakura de um suspiro que continha resignação.
"Sakura, eu...", Yukito, começou, escolhendo as palavras. "Eu acho que...".
"Yukito", a japonesa o interrompeu, séria, sem desviar os olhos da morada. "Não importa o quanto esteja curioso e nem o quanto se preocupe com meu estado. Quero que me prometa que jamais tocara no assunto sobre meu sumiço. Estou muito bem fisicamente. Mas... jure que não me fará lembrar destes dias".
"Eu prometo", ele disse, mesmo sem entender. Tomando a mão dela entre a sua, sorriu ternamente. "Vamos entrar?".
"Vamos".
Assim que o casal entrou na sala, todos os presentes voltaram seus olhos para eles. Sakura deu um sorriso, não impedindo que as lágrimas rolassem por seus olhos.
"Oh, como tive saudades de vocês!", ela exclamou.
Fujitaka, Touya e Tomoyo correram ao encontro dela, a abraçando em um carinho conjunto. Sakura retribuiu o carinho com toda a força que seu coracao reuniu. E ficaram assim por muitos momentos, aproveitando a sensação de que a guerra, por enquanto, não poderia separá-los.
"Oh, minha filha!", o general repetia, beijando-a sem parar na face. "Minha adorada filha! Jamais deixarei você longe de mim novamente! Nunca!!".
"Nem eu, Saki", Touya anuiu, sorrindo para ela.
"Me deixou preocupada por demais, cunhada! E farei com que obedeça seu pai e meu marido direitinho!", Tomoyo exclamou, abraçando Sakura carinhosamente.
A japonesa de olhos verdes nada respondeu, apenas sorriu a eles. A família era realmente muito importante, ela concluiu. E os amigos também, pois quando Eriol veio abraça-la, pode notar a felicidade nos olhos azuis do inglês. Logo em seguida, Kaho e Takawi também vieram cumprimentá- la.
"Sente-se, Sakura querida", Kaho falou, apontando a poltrona. Ela assim o fez, inspirando uma grande quantidade de ar. Tinha certeza que seria bombardeada por inúmeras perguntas. E jamais poderia revelar a verdade, a não ser para Tomoyo, que nunca contestaria suas ações entenderia suas tristezas.
"O que houve, pequena?", Fujitaka perguntou. Antes que ela pudesse responder, ele mandou um empregado buscar comida para ela. "Touya foi até o alojamento chinês, e você não estava lá".
"Eles me soltaram", ela disse, forçando a voz a sair firme. Todos arregalaram os olhos, espantados, até que Takawi pronunciou.
"Soltaram? Como assim, Sakura? Estás tentando nos dizer que eles foram piedosos e lhe concederam o direito de partir?".
"Não... Me soltaram em um lugar em que eu nunca estive. Porém, com a ajuda de alguma pessoas muito generosas, pude retornar para cá".
"Eles planejam matá-la!", Fujitaka exclamou, irritado. "Ninguém pode tratar minha filha desta maneira!".
"Acalme-se, meu pai", Sakura aproximou-se dele e lhe segurou a mão. "Não tentaram nada contra minha pessoa. Isto eu lhe juro".
"Mas, da mesma maneira, devem receber um castigo quanto a isso!", Yukito afirmou. "Não sou perito em guerrear, mas creio que já está na hora de mostrarmos a eles que com nossa Sakura não se brinca".
"Oh, senhores!", Tomoyo levantou, e continuou a falar, em tom repreensivo. "Sakura acaba de passar por uma experiência nada agradável e o primeiro assunto que querem discutir na presença dela é esta guerra? Posso levá-la até o quarto dela para que ela repouse?".
"Tomoyo tem razão. Acho melhor que Sakura descanse", Eriol concordou.
Por fim, os presentes também assentiram. Sakura agradeceu Tomoyo a pensamento. Estava tão cansada que jamais poderia responder a mais perguntas ou escutar o que eles planejavam fazer. Por isso, seguiu a cunhada sem objeções e caminhou com ela até o quarto, onde entrou sem demora.
Aspirou o cheiro do local, visualizou seus pertences. Naqueles últimos dias, sentira saudade de tudo aquilo e de como seu quarto a fazia sentir-se bem. Mas, agora, podendo ter tudo aquilo novamente, sentiu que nada material poderia lhe compensar o pedaço do coração que ficara no alojamento, junto a Li.
"Quer conversar?", Tomoyo perguntou, suavemente.
"Preciso desabafar", ela confessou, sentindo as lágrimas rolarem livres pela face.
E desabafou. Contou a ela sobre como ficara presa lá, como conhecera Nui e Meiling. E principalmente, contou sobre Syaoran Li. Tudo o que passaram, cada detalhe e cada sensação. Sempre que terminava de narrar algo, sentia que existia mais para contar. Sabia que jamais poderia descrever todas as tristezas e alegrias que aquele homem a tinha feito passar.
"E aí...", ela encarou a cunhada de soslaio, temendo a reação de Tomoyo se ela soubesse que ela não era mais virgem. Mas, notando que ela ouvira tudo sem opinar, decidiu prosseguir. "Eu me entreguei a ele".
"Você... você se entregou a ele?", Tomoyo repetiu, meio incrédula. Mas, depois sorriu. "Você o ama, não é?".
"Muito", Sakura sorriu. Mesmo com as lágrimas lhe embaçando a visão, sabia que a expressão de Tomoyo era de felicidade também. Mas, logo, Sakura tornou-se séria. "Mas, ele não me ama".
"Perguntou isto a ele?".
"Não preciso perguntar, pois ele foi bem claro", ela afirmou.
Era verdade. Em momento algum, Syaoran tocara no assunto "amor". E a ruiva não esperava isso. O chinês era fechado em seu mundo frio e apenas a usara para se divertir. Doía o coração aquele pensamento, mas era melhor do que se iludir pensando que ele amava.
"Pois eu acho que..."
"Com licença".
Sakura e Tomoyo voltaram seus olhares para Yukito, que sorria para as damas, apoiada na soleira da porta. Tomoyo encarou-o, sabendo do que se tratava. E depois de ter escutado as inúmeras confissões de Sakura, não queria que ele a pedisse em casamento. Não agora que tinha certeza que a cunhada amava alguém e que esse alguém também a amava...
Fim***
Tudo Bom, Gente?
Preciso urgentemente de ajuda, pessoal! E rápido! É o seguinte:
Andei observando alguns fics e notei as letras em negrito e em itálico. Porém, eu não faço a menor idéia de como se faz isto! Alguma alma caridosa pode me ajudar?
Aí vai os agradecimentos:
Kath Klein Tomoyo Tatsuhiko D Renata 7 Miaka Hiiragizawa (Foi mal o erro, não prestei atenção) Hime Hayashi Shaiene-Chan Anna Li Kinomoto
Este pessoal super lehal merece mesmo estar aqui, na minha lista de agradecimentos! Em especial aqueles que sempre mandam um comentário, a cada cap! Continuem acompanhando e incentivando, pois, sem vocês, não há como continuar escrevendo!
Bjs, de Jenny-Ci
