Talvez ela nem soubesse o que sentia...dificilmente conseguiria descrever aquilo com certeza...grandes lágrimas corriam livremente por uma face que agora estava sem máscara alguma.

Lera tudo, absolutamente tudo e, como ele dissera, era estranha aquela alegria misturada com a dor da tristeza...saber finalmente com toda a certeza que ele a amava...mas te-lo perdido antes que pudessem se olhar dessa forma...perde-lo...como ele sabia?!

Flashback (Aioria)

O sangue escorria como uma torrente pelas escadarias do santuário...o céu estava escuro e sem estrelas...eu sabia que era dia...mas era noite! Olhava ao redor e as botas de minha armadura se encharcavam com o vermelho...não havia ninguém ali...e subitamente...tudo começou a cair...desmoronar...destruir...uma sombra veio e tudo escureceu.

_ Athena!

Era a voz de Shiryu!

_ Athena!!

E Hiyoga!

_ Athena!! (Shun)

_ Athena!! (Ikky)

As vozes ecoavam e eu tapei os ouvidos com as mãos, desesperado...com tanto medo como nunca pensei ter...

_ Saori-saaan!!! (Seiya)

Uma pequena luz se acendeu muito longe de mim...e comecei a ouvir vozes conhecidas...vozes de amigos...Mu, Miro, Shaka, Aldebaran...e Kamus, Shura...e Saga...e...

_ Aioros!...

Minha visão se clareou...e um mundo novo se formou em minha frente...um mundo que...não me pertencia...

_ ...ainda, irmão.

Ele sorria pra mim, começamos a caminhar e eu vi tantas coisas!!! Eu vi a Guerra Santa...e ele me mostrou o que ia acontecer...e deu-me esperança...de que iríamos conseguir...iríamos proteger o mundo que amamos...as pessoas que amamos...mas...

Escuridão novamente.

Morte.

Minha morte.

...

Acordo. Minha vista demora-se a acostumar com a noite. Era madrugada...e eu senti...que precisava deixar algo a ela antes que....antes que começasse...e quando pensei em ir até ela...o mal veio até mim. E tudo o que pude fazer, em meio ao desespero de salvar o que mais amava, foi deixar meus sentimentos em folhas de papel...para que os deuses pudessem levar a ela...Com meu rosto banhado de suor e lágrimas me dirigi para a entrada da Casa de Leão.

A guerra começava...

Fim do Flashback

Guardava cada objeto como se fosse a mais preciosa jóia encontrada...e que devesse ser preservada para as gerações futuras...gerações futuras...ela voltava a chorar...aparentemente todo o esforço que ela fizeram para guardar todos os sentimentos, saiu...junto com sua máscara.

A sala vazia, o quarto vazio...a casa sem o mesmo cosmo acolhedor e quente de Aioria...uma página em branco...a página que ele não escreveu...teria ela forças para escreve-la, como lhe pediu?

Havia de ter!!! Pois não foi para isso que ele morreu? Ele e todos os outros?!

_ Eu vou viver!

Ela murmura à frente da Casa de Leão, sem saber, que ele estivera no mesmo local antes da guerra se iniciar...Ao seu lado as caixas com os pertences do cavaleiro...em suas mãos o diário...e a máscara...no rosto uma única esperança...

_ Eu vou ser feliz...

Foi um sussurro lançado no ar para que pudesse chegar até ele. Uma brisa toca seu rosto agitando seus cabelos avermelhados...e ela sente que aquela era a resposta que ele lhe dava...a certeza de que ele estaria com ela...para sempre...e ela a lembraria eternamente... que ela pode e deve ser feliz...ela sorri.

_ Marin?

Eram alguns cavaleiros de ouro menores e aquela que se tornara sua maior aliada, depois de tantas desavenças...ao verem-na de costas (pois que desciam da casa de virgem) com a máscara na mão...pararam preocupados.

_ Sim, Shina...

A amazona de cobra percebeu pela voz que Marin sorria e...depois de ela própria passar emoções fortes na casa anterior...decidiu, na verdade, percebeu...que a decisão estava tomada...

_ Quer ajuda com as caixas?

Marin abriu ainda mais o sorriso e virou-se para a amiga...surpreendendo a todos com seu rosto doce, forte...e deveras triste.

_ Eu agradeço.

A um sinal de Shina os cavaleiros saíram do transe criado pela beleza da amazona de águia e começaram a ajeitar as caixas e pertences encaminhando- se, então, para a casa de câncer. As duas guerreiras ficaram, enquanto isso, no mesmo lugar...se olhando...recordando...revivendo...entendendo...quando Shina percebeu que nenhum homem se encontrava mais ali...ela se aproximou...

_ Então é isso? _ Sim... _ Sua jornada termina aqui. _ Não, Shina, ela começa aqui.

O rosto de Marin expressava tanta tranqüilidade, e por mais dor que ela sentisse...e demonstrasse...havia algo em seus olhos que fez Shina se emocionar...era tanto amor...a amazona engole em seco...era como se ela visse Aioria ali, junto de Marin...na alma dela...

O sol começava a descer no horizonte, tingindo de cores quentes os templos de claro mármore...Shina não conseguia dizer palavra alguma (talvez pela primeira vez) e simplesmente passou por Marin...tocando por um breve instante seu ombro, carinhosamente...Desceu as escadarias deixando pra trás a amazona de águia, a amiga...a lembrança de alguém admirável e forte...Marin permaneceu ali por apenas um momento...sentindo ainda a presença do amado ao seu redor...logo depois seguiu os passos opostos de Shina...indo até o jardim da casa de virgem...Nunca mais se viram novamente.

A noite passou e Marin permaneceu no jardim, sem dormir...observando as estrelas naquele ambiente cheio de paz...chorou muito...e riu...e sentiu dor...e felicidade...e aquela saudade imensa tinha horas que a tomava de tal maneira que ela pensava que iria consumi-la...mas logo vinha aquela gostosa sensação de certeza...a certeza de que o amor que sentiam nunca iria morrer...eterno...era eterno...

_ Eterno como as estrelas...

O cansaço...a exaustão física devido a uma torrente de emoções que nunca se permitira sentir, fizeram com que ela caísse num sono sem sonhos...

Sol da manhã...alguém lhe tira as mechas de cabelo do rosto...lábios amorosos tocam os seus num despertar...ela abre os olhos e se senta, percebendo a luz do dia...sente um perfume conhecido...

_ Aioria...

Sorri...e a última lágrima que derramaria por ele escorre por sua face...ela se levanta renovada...e vai fazer o que tinha de fazer...

...

Coloca a mochila no chão coberto de relva...e observa aquela simples e humilde cruz de madeira...

_ Não poderia partir sem entregar-lhe isto...

Ela se abaixa o suficiente para colocar sobre o túmulo aquele antigo diário...a vida que revelou sentimentos, verdade e liberdade para Marin...

_ ...pois ele pertence a você, Aioros.

As letras gregas já estavam gastas naquela lápide tão rusticamente fixada e ela sorri com saudade de alguém que nunca encontrou...

_ Não o conheci...mas te agradeço...e te amo como irmão que perdi...porque você foi responsável por meu amado Aioria.

Ela se inclina, numa pequena reverência singela , mas de uma importância tremenda...

_ Arigatô, Aioros – san.

Falado isso ela novamente se abaixa...agora deixando em cima do túmulo ao lado...a máscara...

_ E isso...sempre pertenceu a você...

Ela levanta o rosto para a cruz de pedra recém colocada e gravada.

_ Aioria...

O tempo parecia ir tão lentamente...o ar estava parado, enquanto Marin fitava aquele lugar onde os dois irmãos finalmente estavam lado a lado.

O calor do sol a pino fez ela perceber os momentos que haviam ido sem que visse...pegou a mochila e colocou sobre os ombros.

_ Eu nunca diria adeus a você...

Olhava mais uma vez para o lugar.

_ Pois isso não existe...o que existe é esse amor que sinto em meu coração e que sempre irá aí persistir...

Se vira para a direção oposta...e olha a cidade no horizonte...

_ Me dando a força que preciso...para ser feliz...e viver.

Página em branco.

(Marin) "E eu dei meus primeiros passos em direção ao horizonte...certa de que o encontraria novamente...um dia."

Não mais.

FIM......

"De onde nós viemos?

Porque estamos aqui?

Para onde nós vamos quando morremos?

O que há além

E o que havia antes?

Alguma coisa é certa na vida?

Eles dizem, "A vida é curta."

"O aqui e o agora"

E "Você só tem uma chance"

Mas poderia haver mais,

Eu vivi antes,

Ou isso seria tudo que nós temos:

Eu costumava ter medo da morte

Eu costumava achar que a morte era o fim

Mas isso foi antes

Eu não estou mais assustado

Eu sei que minha alma transcederã

Eu posso nunca encontrar as respostas

Eu posso nunca entender porque

Eu posso nunca provar

O que eu sei ser verdade

Mas eu sei que eu ainda tenho que tentar

Siga adiante, seja bravo

Não chore no meu túmulo

Porque eu não estou mais aqui

Mas por favor nunca deixe

Suas lembranças de mim desaparecer

Se eu morrer amanhã

Eu estaria bem

Porque eu acredito

Que após nós morrermos

Que o espírito segue"

Spirit carries on – Dream Theater

N/A – E então...o fim. Sempre deve haver um fim...mas não existe adeus...Portanto, essa é apenas a minha primeira fic de cavaleiros de ouro...a primeira de uma série que planejo fazer e que batizei carinhosamente de "Pequenas Histórias dos Cavaleiros de Ouro"...então, aguardem mais por aí!!!

Agradecimentos e desculpas – eu sei, eu sei...demoro muito mesmo pra colocar novos capítulos...mas é que eu num tenho tempo pra nadinha!! (aliás, os 3 capítulos de SM eu escrevi no meio de uma aula chata de citogenética!!!) Prometo que vou tentar fazer isso mais rapidamente ta???

Obrigada a todos e todas....realmente a participação de vcs nessa história foi fantástica e imprescindível!!! Aliás é por culpa disso que eu criei a idéia pra fazer a série com os Gold Saints... portanto...continuem me mandando reviews e emails , ok?? Obrigada mesmoooo!!! ^^-

Agradecimento especial – Arthemisys...vc foi parte importante demais nessa história...espero que saiba disso...muito obrigada!!!