Fanfiction

Título: Memórias Póstumas de Shaoran Li

Capítulo dois: Sakura, a flor de cerejeira. (11:00 as 15:00)

Shaoran estava frente a frente com o seu cadáver. Seu cadáver não havia nem mesmo sido retirado do local onde havia perdido sua vida até a última gota. O sangue, vermelho como o círculo da bandeira do Japão, brilhava com o sol forte das 11 horas.

'Muito bem, Shaoran Li. Já deve estar cansado de ver o seu cadáver, isso deve ser muito doloroso para você e por isso acho melhor continuarmos, não acha?'

'Sim, você tem razão. Vamos...'

'Certo, antes de continuarmos, tenho que explicar uma coisa a você. Esta nova modalidade que deixa os espíritos que foram nobres na Terra viverem um dia a mais como espírito consiste em sete fases. A primeira delas é quando o espírito vê o seu próprio cadáver, assim ele se conscientiza de que está morto. Acabamos de passar por esta primeira fase. Vamos então para a segunda.'

'Sim... Mas... Qual é a segunda fase?'

'É quando o espírito vê o seu grande amor.'

'O meu... Grande amor?'

'Sim, quem nunca amou? Todos amam ao menos por um segundo de suas vidas e você também ama que eu sei, não precisa esconder nada de mim.'

'Bem... Eu...'

'Eu sei todos os seus pensamentos, vontades e culpas, Shaoran Li, você não poderia esconder algo de mim nem se você quisesse.'

'Eu entendo... Vejo que é inútil dizer que nunca amei ninguém, pois você já deve saber até mesmo quem é a pessoa que eu amo.'

'As flores de cerejeira estão florescendo nessa época do ano, não estão?' Thanatos perguntou.

'Sim, estão... Por que?'

'Oh, como eu amo as flores de cerejeira... Também conhecidas como sakuras... O que você acha das sakuras?'

'Hey... Isso por acaso tem duplo sentido?'

'Não... Imagine... Só disse isso por que gostaria de saber a sua opinião... Este é um dos seus grandes defeitos, você desconfia demais.'

'Bem... As sakuras são flores muito interessantes que são originarias exatamente deste país... O Japão.'

'Sim... Bem... Coincidentemente, Sakura também é o nome de sua amiga, a qual você ama, não é?'

'Sim... Não dá pra esconder nada de você mesmo...'

'Bem, ela está sentindo sua falta, sabia?'

'Posso imaginar... Mas estes sentimentos são passageiros, logo ela me esquecerá, não devo me preocupar...'

'Bem, vamos ver o que você acha dela... Vamos lá ver como ela está se sentindo depois do seu óbito.'

'Bem... Certo...' Shaoran consentiu. Se Emmadaiô dera a chance de ter uma pós-vida mais calma a Shaoran, então ele tinha realmente que aproveitar até a última gota de seu dia na morada da Terra.

Assim, Thanatos pediu a Shaoran:

'Feche seus olhos. As coisas fluem como água quando não percebemos que elas estão fluindo.'

Shaoran não entendera nada, mas mesmo assim, Thanatos era a única pessoa a quem Shaoran podia confiar naquele momento, então ele fez o que o Anjo da Morte pedira.

Fechara os olhos então Shaoran e quando abrira novamente, já estava na casa de Sakura. Não havia ninguém na sala, o local se encontrava vazio então eles subiram as escadas vagarosamente. O chão daquela sala era como qualquer outro, os moveis como quaisquer outros, mas algo era diferente. Ele estava morto e tudo o que ele olhava, ouvia e sentia se diferenciava de antigamente, quando ele ainda tinha seu nobre corpo, que no momento se encontrava sem vida e totalmente rubro de sangue.

Já haviam subido as escadas e se aproximavam do quarto de Sakura quando puderam ouvir prantos tristes. Eles passaram pela porta como se sua existência fosse inútil. A porta não existia no estado em que se encontravam, pois estavam mortos e podiam atravessar qualquer coisa que fosse considerada matéria.

Mais do que inútil, a porta realmente significava um nada para eles, então, eles ultrapassaram a única barreira que poderia impedi-los de ver como Sakura estava. Ela estava chorando como uma prole, era triste a cena, pois ela havia perdido a pessoa pela qual ela daria a vida, seu amado Shaoran.

'Muito bem, Shaoran Li. Agora, você terá o direito de dizer suas últimas palavras a Sakura. Quando ela dormir, ela receberá sua mensagem em sonho.'

Shaoran se aproximou mais ainda de Sakura e disse:

'Sakura... Eu sinto muito... Nunca quis te deixar triste. O que acontece é que não somos nós quem decide a nossa hora... E a minha chegou. Não se preocupe... Algum dia... Em algum lugar de tudo o que existe... Nós iremos nos encontrar e seremos felizes. Enquanto isso não acontece, só nos resta esperar, como uma pedra. A pedra é o ser mais paciente que existe, pois aconteça o que acontecer, ela nunca sairá do lugar. Devemos toma-la como exemplo... Um dia nos encontraremos novamente.'

Shaoran recuou um pouco, deixando Sakura.

'Quando Sakura dormir, ela receberá a sua mensagem e ficará mais calma.'

'Sim... Espero que sim.'

'Acho que você a amava muito, não é verdade?'

'Sim... Nunca gostaria de vê-la como ela está agora... Chorando por minha causa... Infelizmente isso é inevitável nesta hora...'

'É triste como duas pessoas que se amam são separadas injustamente pela linha da morte...'

'É verdade. A cada minuto que passa... Eu acho a morte mais injusta...'

'Você está certo... Isso não deveria estar acontecendo, mas a vida espiritual é como uma bola de neve... Não importa o quão não propício é o terreno, não importa as condições climáticas, ela continua rolando até que o calor a derreta. A única diferença entre a bola de neve e a vida espiritual é que enquanto a bola de neve derrete, a vida espiritual nunca acaba.'

'A vida nunca acaba? Então o que aconteceu comigo?'

'Estou falando da vida espiritual, não da carnal... Em outras palavras, da vida do ser que existe, e não da do que vive.'

'Entendo...'

'Esta vida nunca acaba, não importa o quão ruins ou o quão bons somos, pois se somos totalmente ruins Emadaiô usa o inferno como um meio de você melhorar e se somos totalmente bons, seremos perfeitos, então iremos para o céu e nunca mais sairemos de lá.'

'Entendo... Ao menos isso é justo.' Shaoran concordou.

'Sim, não é só a injustiça que reina na pós-morte.'

'Ainda bem... Por isso que ainda temos esperança que algo aconteça.'

'Eu já ouvi falar que temos que ter esperança até mesmo quando tudo está perdido... Pois existe 0,0...01% de tudo ou nada acontecer. (Esta hipótese foi escrita e feita pelo autor)

'Sim... Vou me lembrar disso.'

Sakura finalmente parara de chorar e desceu as escadas. Shaoran e Thanatos a seguiram. Seu pai estava na cozinha preparando o almoço.

'Pai... Não sabia que você estava aí...' Sakura disse, surpresa, pois pensara que estava só em casa.

'Eu cheguei há algum tempo, Sakura.' Fujitaka respondeu.

'Você ficou sabendo do que aconteceu?'

'Tomoyo me ligou contando, ela me disse que a escola está em luto por causa disso e segunda-feira que vem não vai ter aula, é verdade?'

'Sim... Mas por que ele foi morrer, papai???'

'Sakura... É uma coisa que acontece... É natural, não deveríamos ficar tão tristes por causa disso, pois um dia isso iria acontecer... Ficamos tristes por que o ser humano é fraco e não consegue agüentar emoções fortes... Mas de qualquer jeito, perder alguém é a coisa mais terrível que pode acontecer...'

'Sim... E ele tinha a minha idade... Por que justo ele tinha que morrer??? Não é justo que só ele morra... O justo seria se ou todos morressem ou ninguém!'

'Eu sei... Mas é assim a ordem natural das coisas... O ser nasce, cresce e morre. Não podemos impedir que estas três coisas aconteçam...'

'É... Entendo... Bem, acho melhor eu dar uma saída para refrescar a minha mente.'

'Sim, é uma boa idéia... É bom fazermos isso quando estamos tristes ou levamos um baque desses...'

'Sim... Eu volto mais tarde, papai...'

Sakura disse e saiu correndo pela porta. Era um dia muito triste para Tomoeda e mais do que qualquer outro ser que morasse lá, Sakura estava quase morrendo de tristeza.

'Dói em mim quando eu a vejo desse jeito... Ainda bem que o Sr. Kinomoto é bem racional... Ele entende o fato de eu ter morrido.' Shaoran dizia, menos preocupado, pois soubera que Fujitaka ajudaria Sakura a passar por aquele momento.

'Bem... Espero que ela fique melhor.' Thanatos desejou.

'Eu também... Aliás, eu mais do que qualquer outra pessoa...' Shaoran concordou com Thanatos.

'Você não sabe o quanto é duro para mim, Shaoran Li, tratar de um assunto tão triste como a morte... É como um coveiro que trabalha num cemitério... Todos os dias eu vejo pessoas chorando... Saudades... Tristeza... Uma energia muito ruim paira no ar quando isso acontece e eu recebo toda essa energia, todos os dias... Essas são alguns dos prejuízos de se ser o Anjo da Morte... Aquele que leva os mortos aos lugares reservados a eles...'

'Imagino... Deve ser horrível fazer isso...'

'Sim, é verdade. Um número infinitamente grande de pessoas morre a cada dia, nunca sabemos quem será o próximo a morrer e isso é uma das coisas mais terríveis que existem... Esse mistério envolvendo a morte não deixa o ser humano viver em paz...'

'Sim... Quando eu estava vivo, eu pensava que era imortal... Eu não conseguia acreditar na afirmação de que um dia eu morreria... Mesmo sendo claro de que isso era verdade... Agora eu morri e vejo que a vida não é nada perto da morte...'

'Você teve uma ótima vida, Shaoran Li...'

'Ainda acho que fui inútil para a Terra... Vivi durante tão pouco tempo...'

'Em um segundo, alguns seres são capazes de fazer o que outros nunca conseguiriam fazer em milhares de anos... O tempo não é um fator importante, mas sim a força.'

'Talvez você esteja certo.'

'Bem... Sakura foi dar uma volta... Vamos agora para a próxima fase dessa nossa missão pós-morte, certo?'

'Certo, vamos lá então.'

Este foi o segundo capítulo! Espero que tenham gostado e o número três vem por aí em pouco tempo! Até o próximo capítulo de "Memórias Póstumas de Shaoran Li"!