O MUNDO DE METRÓPOLIS

O Mundo de Metrópolis - Parte 5

Catherine Grant acabava de sair do banho quando ouviu o telefone tocar. Preocupada, imaginando que fosse do jornal, correu para atender, mas era Lois que telefonava de um hotel, em Smallville:

"Consegui falar com Lex Luthor", disse ela, ainda cheia de dúvidas sobre a conversa com o controvertido mega-empresário.

"Que bom", comentou a jornalista. "E qual foi sua conclusão?"

"Não creio que ele saiba no que o Peter estava se metendo", respondeu Lois, que ainda não confiava totalmente nas afirmações de Lex. "Ficou surpreso quando eu falei da biografia que ele estava escrevendo".

"Você falou do livro?", indagou Catherine, indignada, pois esperava que Lois fosse mais precavida.

"Não se preocupe, Cat. Sei o que estou fazendo", explicou ela, exautando ainda mais os nervos de Catherine, que já havia assumido uma grande encrenca no Diário Planeta ao publicar o artigo da amiga. "Vou falar ainda com a xerife da cidade, para ver como andam as investigações. Já comprei as passagens para Metrópolis. Amanhã, às onze horas chego na rodoviária".

"Tudo bem", disse Catherine, ainda abalada. "Encontro-a na rodoviária, então".

Quando desligou o telefone, Catherine ouviu a campanhia. Receosa, espiou pelo olho mágico, mas era um rapaz que nunca tinha visto na vida. Então, abriu a porta com a corrente, e encarando-o de cima a baixa, notou que parecia inofensivo, porém, mesmo assim, perguntou quem era e o que queria, cheia de desconfiança.

"É a Srta. Grant?", perguntou ele.

"Pois não?"

"Eu me chamo Clark Kent, sou de Smallville, Kansas, e gostaria de fazer umas perguntas sobre Peter Sands", disse ele.

"Nunca ouvi falar", disse ela, fechando a porta.

Mas Clark segurou a porta antes que ela a fechasse totalmente e insistiu que precisava lhe falar.

"Você é algum repórter do The Ledger?", perguntou ela, referindo-se ao jornal de Smallville.

"Não", respondeu Clark. "Fui eu quem encontrou o corpo do seu amigo na estrada".

Sensibilizada, imaginando a cena, Catherine ficou pensativa. Encarou Clark mais uma vez e olhou pelo corredor, imaginando se havia alguém às espreitas.

"Espere aqui", disse ela, fechando a porta.

Catherine correu, então, para o quarto, vestiu a primeira calça jeans e camiseta que encontrou e pegou um gravador. Correu até a sala e escondeu o aparelho entre algumas almofadas. Voltou, então, até a porta, removeu a corrente e a abriu. Clark entrou, então, a convite dela e olhou à volta, enquanto ela trancava a porta. Era um típico apartamento em Metrópolis, pensou ele. Tinha uma decoração cheia de estilo e cores vibrantes, além de ser muito espaçoso. Catherine ofereceu-lhe uma bebida, mas Clark negou. Ofereceu-lhe um lugar num dos sofás, e sentou-se naquele onde havia escondido o gravador.

"Muito bem", disse ela. "Como disse que se chama, mesmo?"

"Clark Kent", respondeu ele, olhando à volta e, com sua visão de raio-x, descobrindo o gravador que registrava a conversa em meio às almofadas do sofá em que Catherine estava. Sem questionar, ele disse: "Posso lhe fazer algumas perguntas sobre o seu amigo?"

"Como soube da minha relação com Sands?", perguntou ela. "E por que o interesse? Não eram os investigadores de Smallville que deviam estar trabalhando no caso, ao invés de um garoto?"

"Desculpe, Srta. Grant", ponderou ele, "mas pretendo ser breve. O seu amigo foi morto em circunstâncias muito nebulosas. Eu quero muito descobrir o que está acontecendo, antes que mais alguém se machuque".

Temendo que o comentário fosse uma ameaça, e ainda muito desconfiada do envolvimento do garoto no caso, Cat se levantou e caminhou lentamente até o bar para se servir de uma bebida, pois, sabia que, em meio às garrafas de uísque, havia um revólver com o qual poderia se defender se ele tentasse lhe ferir. Percebendo que havia uma arma ali, Clark tentou mostrar que tinha boas intenções, informando, também, que conhecia alguém em comum:

"Eu sei que você andou ajudando Lois Lane com um artigo que ela escreveu depois que foi para Smallville, há alguns meses atrás".

Catherine permaneceu parada ao lado do bar, com o copo de uísque na mão e a arma a poucos metros de alcance, enquanto o ouvia, atentamente.

"Não apenas conheci Lois Lane, como sou amigo da prima dela, Chloe Sullivan, que descobriu sua ligação com Peter Sands, ao telefonar para o apartamento dele e conversar com Maria, a empregada dele", explicou Clark, na esperança de conquistar a desconfiada colunista.

"O quê você quer saber?", perguntou ela, esperando que ele não perguntasse sobre o livro de Sands, já que parecia saber demais.

"Eu precisava saber o que ele estava fazendo em Smallville, para que possamos descobrir se o seu assassinato realmente foi uma cilada", respondeu Clark, que já não esperava mais colaboração alguma dela.

Catherine ficou pensativa. Encarou-o, com firmeza. Clark tinha olhos confiantes. E ela jamais se enganava quanto ao olhar de uma pessoa. Porém, por mais que achasse que podia confiar naquele garoto, Catherine apenas se limitou a dizer que o amigo havia ido a Smallville para encontrar com uma pessoa, e que ela não sabia quem era.

Clark sabia que ela podia dizer mais. No entanto, compreendia a hesitação daquela mulher tão temente pela sua própria segurança.

"Seria Lex Luthor?", perguntou ele, repentinamente, e mesmo que ela negasse, ele estava quase certo disso.

Catherine deu de ombros. Clark não insistiu, mas ainda havia algo que o preocupava:

"Lois Lane tinha alguma coisa a ver com o Sr. Sands?", perguntou.

Catherine demorou a responder. Ficou olhando para o copo com a bebida, que segurava, mas não podia deixar de dizer algumas verdades, principalmente porque se preocupava com o bem estar da amiga.

"Ela o conhecia, se é o que quer saber", respondeu.

Nem um pouco surpreso, ele indagou se ela estaria investigando por conta própria. Desconfiava disso, já que Lois parecia ser bem parecida com Chloe. E precisava detê-la antes que se envolvesse em alguma situação de risco.

"Sinto muito, Sr. Kent", disse Catherine, que achava que já tinha falado demais. "Eu não o conheço e isso tudo é tão estranho para mim quanto para o senhor. Importaria-se se eu dissesse que não tenho mais nada a dizer?"

Clark se levantou. Não podia obrigá-la a cooperar se não quisesse. Além do mais, ele não era nenhuma autoridade, o que certamente a deixava ainda mais insegura. Porém, ao não ter respondido a última pergunta, cortando definitivamente a conversa, Cat acabou deixando escapar a hipótese de que Lois estaria mesmo investigando o caso, quando poderia muito bem ter apenas negado. Assim, tão logo Clark deixou o apartamento dela, foi direto para Smallville.

Continua...