O MUNDO DE METRÓPOLIS
O Mundo de Metrópolis - Parte 6
"Quem é você?", perguntou a xerife Parker, ao ver Lois Lane entrar no seu gabinete, na delegacia de polícia de Smallville, escoltada por um guarda.
"Xerife, desculpe, mas ela não parava de insistir", tentou justificar o guarda.
"Tudo bem", interrompeu ela. "Volte ao trabalho".
Lois entrou no gabinete e ficou frente à frente com a xerife, que a encarava de cima a baixo.
"O quê você quer, garota? E qual o seu nome?"
"Lois Lane", disse ela, estendendo a mão para cumprimentá-la. Vendo, porém, que a xerife não se movia, e continuava a encará-la com frieza, abaixou o braço e disse: "Vim saber como andam as investigações do assassinato de Peter Sands".
"Era só o que me faltava!", exclamou a xerife, em pé, atrás de sua mesa.
"Desculpe, senhora, mas não compreendo", disse Lois, confusa.
"O quê você era da vítima?", perguntou a xerife, indiferente ao questionamento.
"Amiga", respondeu ela, que antes havia pensado em dizer que ele era seu tio, mas sabia que a xerife podia pedir confirmação.
"Espere", ponderou Parker, repentinamente, enquanto encarava Lois. "Eu já não vi antes?"
Lois deu de ombros, mas sabia que já tinha visto a xerife da última vez que esteve em Smallville.
"Não, eu nunca me engano. Claro que eu já a vi", disse a xerife, satisfeita com a memória que tinha. "Havia um acidente na estrada que dava acesso à mansão Luthor, e eu lhe indiquei um outro caminho".
A xerife ficou encarando-a por um instante, até que disse:
"Você deve ser como aquele garoto dos Kent, não é mesmo? Sempre aparece quando há algum problema".
Lois enrugou a testa, não compreendendo o que a xerife queria dizer com o comentário, mas a obedeceu quando esta lhe indicou a cadeira ao lado para se sentar, enquanto falava:
"Os peritos chegaram à conclusão que foram dois disparos de uma pistola nove milímetros com silenciador que matou o seu amigo", explicou ela, sem muita vontade. "É só o que temos até o momento, além dos depoimentos do garoto que encontrou o corpo e um motorista de caminhão que passava pelo local".
"Posso ver o termo com os depoimentos deles?", perguntou ela, tomando nota das informações da xerife.
"Srta. Lane", disse ela, subitamente, "isso aqui não é um shopping center onde adolescentes entram e saem quando querem e têm acesso a informações que ainda estão sob investigação policial".
Lois sorriu, e antes que pudesse dizer alguma coisa em sua defesa ou explicar como funcionava o sistema nas delegacias em Metrópolis, onde mesmo estudante, tinha acesso a algumas informações que a polícia ainda investigava, a xerife prosseguiu, com toda a sua firmeza:
"Não me interessa como são nas outras delegacias. Essa é a minha delegacia, e é assim que eu trabalho. Agora, por favor, retire-se", disse, apontando a saída.
Lois ficou em silêncio por um instante, e antes de sair, perguntou:
"Poderia, pelo menos, telefonar para o meu celular, caso descubra mais alguma coisa?"
A xerife balançou a cabeça, como se estivesse no seu limite.
"Saia daqui, garota, por favor. Deixe a polícia daqui fazer o seu trabalho em paz!"
Decepcionada, Lois saiu da delegacia. Era noite e ela precisava voltar para o hotel. Já não tinha mais nada a fazer em Smallville. O corpo de Sands já seguia para Metrópolis e amanhã seria seu enterro. Cabisbaixa, Lois lembrou que estava a pé. Havia esquecido de dizer à dona do hotel em que estava hospedada e que por estar indo à cidade lhe deu uma carona até à delegacia, que não tinha como voltar. Indignada consigo mesma, tentou lembrar o caminho que fizera de carro, para voltar caminhando. Antes, porém, de pegar a beira da estrada, viu um carro se aproximar e estacionar em frente à delegacia.
"Lois?", perguntou Chloe, ao descer do automóvel. "O quê faz aqui?"
E pela primeira vez na vida, Lois Lane não sabia como agir. Ficou olhando para Chloe, pensando no que dizer, preocupada com o rumo que a relação delas havia tomado nos últimos anos, e que realmente descambou na última vez que se viram.
"Olá", disse ela, apenas.
Chloe cruzou os braços. Já imaginava que Lois devia estar em Smallville por causa do assassinato do repórter. Mas pretendia ouvir isso da própria prima.
"Você acredita que eu tenho um outro trabalho da escola para fazer e resolvi vir até aqui para escrevê-lo?", perguntou Lois, meio que sorrindo.
Chloe apenas balançou a cabeça.
Enquanto Lois esperava no carro da prima, esta estava na delegacia, falando com a xerife, que a havia chamado para confirmar que ela estava no Talon com Pete Ross, Lana Lang e Clark Kent, antes deste último sair e pegar a estrada onde encontrou o corpo de Sands, na noite passada. Meia-hora depois, Chloe voltou ao estacionamento, e Lois perguntou:
"O quê ela perguntou?"
"Nada demais", disse Chloe, colocando a chave na ignição. "Apenas confirmar trechos do depoimento do Clark".
"A polícia dessa cidade não tem mesmo o quê fazer", comentou Lois, indignada com o fato da xerife ser tão inacessível e estar com as investigações tão lentas. Mas Chloe a encarou com um pouco de frieza. Ainda estava magoada com a prima. No entanto, sabia que precisava unir forças com ela para desvendar o caso do assassinato de Peter Sands, pois era de interesse comum.
"E, então?", perguntou à Lois, olhando-a nos olhos, esperando por absoluta sinceridade. "Você já deve ter conversado com Lex Luthor. O quê ele lhe disse?"
Lois ficou em silêncio por um tempo. Era por causa daquele e outros motivos mais que não queria encontrar com a prima em Smallville. Chloe era esperta demais e estava sempre um passo à frente. Lois ainda tinha peças de um quebra-cabeças, e achava que contar à prima suas descobertas, podia comprometer o rumo das coisas. No entanto, ficou imaginando que Chloe também podia falar à vontade com Lex Luthor e descobrir o que quisesse, só não teria ela conhecimento do trabalho que Peter fazia, e que foi o seu grande trunfo no encontro com o herdeiro da LuthorCorp.
"Ficou apenas surpreso e, embora eu não tenha perguntado, ao que tudo indica ele sequer conhecia Sands", respondeu ela, simplesmente.
"Você devia conhecer esse sujeito, Lois", comentou Chloe. "Por que não me diz o quê ele estava fazendo em Smallville?"
Lois se sentiu acuada pela prima, que era tão cheia de suspeitas quanto ela própria. Não sabia até quando podia enganá-la, mas o faria enquanto pudesse.
"Ele era um jornalista muito competente, Chloe", respondeu Lois, "apesar de decadente, queria resgatar seu orgulho. Eu o conheci, mas pelo pouco contato que tivemos, ele nunca entrou em detalhes sobre o seu trabalho. Só fico imaginando que ele estava atrás de uma reportagem que fosse sua redenção moral".
Chloe apoiou as mãos ao volante. Não acreditava que a prima não soubesse de mais nada. Contudo, já sabia que não teria sua ajuda. Estava cada uma por si, e aquilo era extremamente mórbido, pois Chloe ainda queria ter uma chance de se reaproximar daquela que era uma das pessoas que mais admirava. Mas Lois não lhe dava alternativas.
Quando a prima a deixou em frente ao hotel, Lois ficou olhando para o painel de controle do automóvel por um momento, enquanto Chloe ainda esperava ouvir dela alguma coisa que pudesse fazer a diferença. Mas as únicas palavras de Lois Lane foram de agradecedimento pela carona. E Chloe finalmente teve a confirmação que esperava. Lois não sabia muito bem lidar com as pessoas ou, pelo menos, com os sentimentos delas e, por conta disso, seria, um dia, uma grande repórter, e seu nome estaria sempre aliado às grandes notícias. Por falta daquela sensibilidade, porém, Chloe achou que tinha muito o que pensar nas próximas semanas. Se ela precisava ser tão fria quanto a prima o era, certamente não estava no caminho certo e, de repente, no final das contas, aquilo não era para ela. Uma pequena lágrima rolou pela sua face enquanto via Lois entrar no hotel.
Quando Lois entrou no quarto, havia alguém sentado numa cadeira próximo à mesa onde ficava o telefone. Mas ela só notou o intruso ao acender a luz. Supreendida, Lois ficou imóvel, olhando para o invasor. Seu coração estava disparado, e embora soubesse quem era aquele homem, sua primeira reação foi perguntar o que ele fazia ali.
"Soube que andou conversando com o meu filho, Srta. Lane", disse Lionel Luthor com sua voz pausada, sem responder à pergunta.
"Não faria uma proposta de casamento a ele sem antes pedir seu consentimento, se é isso que o preocupa, Sr. Luthor", disse Lois, brincando com a situação, por mais estarrecedora que ela estivesse se tornando.
Lionel sorriu.
"Vejo que o senso de humor é mesmo de família", comentou ele, lembrando das conversas que havia tido com Chloe Sullivan, meses atrás, quando a coagia a juntar informações a respeito de Clark Kent.
Lois enrugou a testa, sem entender, e antes que perguntasse alguma coisa, ele interveio:
"Sabia que Lex está escrevendo uma autobiografia, Srta. Lane?", perguntou ele, cruzando os dedos com os cotovelos sobre o apoio do sofá. Antes que Lois respondesse, ele continuou: "Não acha uma incrível coincidência?"
Então, Lionel Luthor se levantou e caminhou em direção à porta, parando bem ao lado de Lois. Olhou para ela, que ainda não se movia, e não o encarava, mas não podia deixar de fazer a pergunta que talvez ele estivesse esperando que fizesse:
"Por que está querendo prejudicar o seu próprio filho?"
Lionel se aproximou de sua orelha, como se fosse lhe contar um grande segredo, e disse:
"Belle Reve, Srta. Lane", sussurrou ele. "Lex nunca se recuperou, e quanto mais depressa conseguir provas da sua insanidade, tão logo poderei tratá- lo".
"Por que simplesmente não o submete a testes?", perguntou ela, que ainda não acreditava no que estava ouvindo.
"Já ouviu falar naqueles loucos que conseguem fingir não serem loucos?", perguntou Lionel, abrindo a porta, e sem tirar os olhos dela enquanto saía do quarto. Lois Lane respirou fundo ao ouvir a porta se fechar atrás dela e ficou imaginando para qual dos Luthor serviriam aquelas últimas palavras de Lionel. Correu, então, à janela, e o viu entrar numa limosine que surgiu do nada, que devia estar escondida em algum lugar, e que parecia ter acabado de chegar de Metrópolis, pela poeira acumulada na lataria. Ainda com as pernas cambaleantes, Lois ficou pensando se aquilo teria sido uma proposta.
Subitamente, o telefone tocou e Lois deu um pulo. Correu para atendê-lo. Era Catherine.
"Lois, descobri uma coisa que você não vai acreditar", disse ela.
"Espere, Cat", disse ela, desconfiada, olhando para o aparelho. "Eu já ligo para você".
Instantes depois, do telefone público que ficava em frente ao hotel, Lois ligava para o apartamento de Catherine Grant.
"Pode falar agora", disse ela.
"Nossa, o quê está acontecendo por aí?", perguntou Cat, confusa com o comportamento da amiga.
"É uma longa estória. Amanhã eu conto", explicou Lois. "Agora me conte o quê foi que você descobriu".
"Sabe aquele bar onde o Peter costumava ir para as suas bebedeiras? O 'Red Pepper'?", perguntou Cat, enquanto Lois a ouvia atentamente. "Parece que ele andou se encontrando com alguém muito suspeito por lá, diversas vezes".
"Quem te contou?", perguntou Lois.
"Fred, o dono do bar", respondeu Catherine. "Fui até lá, para ver se descobria alguma coisa. Não podia ficar esperando as coisas acontecerem".
Lois sorriu.
"Que ótimo, Cat", disse ela. "Ele não disse se conhecia o sujeito?"
"Nunca o tinha visto", respondeu Catherine.
"Tudo bem. Amanhã falamos mais sobre isso", disse Lois, que percebia, finalmente, o quanto estava exausta.
"Certo. Encontro-a na rodoviária, às onze", confirmou Cat, antes de desligarem.
Lois, no entanto, não percebeu, mas não muito longe de onde ela estava, Clark Kent ouvira toda a conversa ao telefone, por meio de sua super audição.
Continua...
O Mundo de Metrópolis - Parte 6
"Quem é você?", perguntou a xerife Parker, ao ver Lois Lane entrar no seu gabinete, na delegacia de polícia de Smallville, escoltada por um guarda.
"Xerife, desculpe, mas ela não parava de insistir", tentou justificar o guarda.
"Tudo bem", interrompeu ela. "Volte ao trabalho".
Lois entrou no gabinete e ficou frente à frente com a xerife, que a encarava de cima a baixo.
"O quê você quer, garota? E qual o seu nome?"
"Lois Lane", disse ela, estendendo a mão para cumprimentá-la. Vendo, porém, que a xerife não se movia, e continuava a encará-la com frieza, abaixou o braço e disse: "Vim saber como andam as investigações do assassinato de Peter Sands".
"Era só o que me faltava!", exclamou a xerife, em pé, atrás de sua mesa.
"Desculpe, senhora, mas não compreendo", disse Lois, confusa.
"O quê você era da vítima?", perguntou a xerife, indiferente ao questionamento.
"Amiga", respondeu ela, que antes havia pensado em dizer que ele era seu tio, mas sabia que a xerife podia pedir confirmação.
"Espere", ponderou Parker, repentinamente, enquanto encarava Lois. "Eu já não vi antes?"
Lois deu de ombros, mas sabia que já tinha visto a xerife da última vez que esteve em Smallville.
"Não, eu nunca me engano. Claro que eu já a vi", disse a xerife, satisfeita com a memória que tinha. "Havia um acidente na estrada que dava acesso à mansão Luthor, e eu lhe indiquei um outro caminho".
A xerife ficou encarando-a por um instante, até que disse:
"Você deve ser como aquele garoto dos Kent, não é mesmo? Sempre aparece quando há algum problema".
Lois enrugou a testa, não compreendendo o que a xerife queria dizer com o comentário, mas a obedeceu quando esta lhe indicou a cadeira ao lado para se sentar, enquanto falava:
"Os peritos chegaram à conclusão que foram dois disparos de uma pistola nove milímetros com silenciador que matou o seu amigo", explicou ela, sem muita vontade. "É só o que temos até o momento, além dos depoimentos do garoto que encontrou o corpo e um motorista de caminhão que passava pelo local".
"Posso ver o termo com os depoimentos deles?", perguntou ela, tomando nota das informações da xerife.
"Srta. Lane", disse ela, subitamente, "isso aqui não é um shopping center onde adolescentes entram e saem quando querem e têm acesso a informações que ainda estão sob investigação policial".
Lois sorriu, e antes que pudesse dizer alguma coisa em sua defesa ou explicar como funcionava o sistema nas delegacias em Metrópolis, onde mesmo estudante, tinha acesso a algumas informações que a polícia ainda investigava, a xerife prosseguiu, com toda a sua firmeza:
"Não me interessa como são nas outras delegacias. Essa é a minha delegacia, e é assim que eu trabalho. Agora, por favor, retire-se", disse, apontando a saída.
Lois ficou em silêncio por um instante, e antes de sair, perguntou:
"Poderia, pelo menos, telefonar para o meu celular, caso descubra mais alguma coisa?"
A xerife balançou a cabeça, como se estivesse no seu limite.
"Saia daqui, garota, por favor. Deixe a polícia daqui fazer o seu trabalho em paz!"
Decepcionada, Lois saiu da delegacia. Era noite e ela precisava voltar para o hotel. Já não tinha mais nada a fazer em Smallville. O corpo de Sands já seguia para Metrópolis e amanhã seria seu enterro. Cabisbaixa, Lois lembrou que estava a pé. Havia esquecido de dizer à dona do hotel em que estava hospedada e que por estar indo à cidade lhe deu uma carona até à delegacia, que não tinha como voltar. Indignada consigo mesma, tentou lembrar o caminho que fizera de carro, para voltar caminhando. Antes, porém, de pegar a beira da estrada, viu um carro se aproximar e estacionar em frente à delegacia.
"Lois?", perguntou Chloe, ao descer do automóvel. "O quê faz aqui?"
E pela primeira vez na vida, Lois Lane não sabia como agir. Ficou olhando para Chloe, pensando no que dizer, preocupada com o rumo que a relação delas havia tomado nos últimos anos, e que realmente descambou na última vez que se viram.
"Olá", disse ela, apenas.
Chloe cruzou os braços. Já imaginava que Lois devia estar em Smallville por causa do assassinato do repórter. Mas pretendia ouvir isso da própria prima.
"Você acredita que eu tenho um outro trabalho da escola para fazer e resolvi vir até aqui para escrevê-lo?", perguntou Lois, meio que sorrindo.
Chloe apenas balançou a cabeça.
Enquanto Lois esperava no carro da prima, esta estava na delegacia, falando com a xerife, que a havia chamado para confirmar que ela estava no Talon com Pete Ross, Lana Lang e Clark Kent, antes deste último sair e pegar a estrada onde encontrou o corpo de Sands, na noite passada. Meia-hora depois, Chloe voltou ao estacionamento, e Lois perguntou:
"O quê ela perguntou?"
"Nada demais", disse Chloe, colocando a chave na ignição. "Apenas confirmar trechos do depoimento do Clark".
"A polícia dessa cidade não tem mesmo o quê fazer", comentou Lois, indignada com o fato da xerife ser tão inacessível e estar com as investigações tão lentas. Mas Chloe a encarou com um pouco de frieza. Ainda estava magoada com a prima. No entanto, sabia que precisava unir forças com ela para desvendar o caso do assassinato de Peter Sands, pois era de interesse comum.
"E, então?", perguntou à Lois, olhando-a nos olhos, esperando por absoluta sinceridade. "Você já deve ter conversado com Lex Luthor. O quê ele lhe disse?"
Lois ficou em silêncio por um tempo. Era por causa daquele e outros motivos mais que não queria encontrar com a prima em Smallville. Chloe era esperta demais e estava sempre um passo à frente. Lois ainda tinha peças de um quebra-cabeças, e achava que contar à prima suas descobertas, podia comprometer o rumo das coisas. No entanto, ficou imaginando que Chloe também podia falar à vontade com Lex Luthor e descobrir o que quisesse, só não teria ela conhecimento do trabalho que Peter fazia, e que foi o seu grande trunfo no encontro com o herdeiro da LuthorCorp.
"Ficou apenas surpreso e, embora eu não tenha perguntado, ao que tudo indica ele sequer conhecia Sands", respondeu ela, simplesmente.
"Você devia conhecer esse sujeito, Lois", comentou Chloe. "Por que não me diz o quê ele estava fazendo em Smallville?"
Lois se sentiu acuada pela prima, que era tão cheia de suspeitas quanto ela própria. Não sabia até quando podia enganá-la, mas o faria enquanto pudesse.
"Ele era um jornalista muito competente, Chloe", respondeu Lois, "apesar de decadente, queria resgatar seu orgulho. Eu o conheci, mas pelo pouco contato que tivemos, ele nunca entrou em detalhes sobre o seu trabalho. Só fico imaginando que ele estava atrás de uma reportagem que fosse sua redenção moral".
Chloe apoiou as mãos ao volante. Não acreditava que a prima não soubesse de mais nada. Contudo, já sabia que não teria sua ajuda. Estava cada uma por si, e aquilo era extremamente mórbido, pois Chloe ainda queria ter uma chance de se reaproximar daquela que era uma das pessoas que mais admirava. Mas Lois não lhe dava alternativas.
Quando a prima a deixou em frente ao hotel, Lois ficou olhando para o painel de controle do automóvel por um momento, enquanto Chloe ainda esperava ouvir dela alguma coisa que pudesse fazer a diferença. Mas as únicas palavras de Lois Lane foram de agradecedimento pela carona. E Chloe finalmente teve a confirmação que esperava. Lois não sabia muito bem lidar com as pessoas ou, pelo menos, com os sentimentos delas e, por conta disso, seria, um dia, uma grande repórter, e seu nome estaria sempre aliado às grandes notícias. Por falta daquela sensibilidade, porém, Chloe achou que tinha muito o que pensar nas próximas semanas. Se ela precisava ser tão fria quanto a prima o era, certamente não estava no caminho certo e, de repente, no final das contas, aquilo não era para ela. Uma pequena lágrima rolou pela sua face enquanto via Lois entrar no hotel.
Quando Lois entrou no quarto, havia alguém sentado numa cadeira próximo à mesa onde ficava o telefone. Mas ela só notou o intruso ao acender a luz. Supreendida, Lois ficou imóvel, olhando para o invasor. Seu coração estava disparado, e embora soubesse quem era aquele homem, sua primeira reação foi perguntar o que ele fazia ali.
"Soube que andou conversando com o meu filho, Srta. Lane", disse Lionel Luthor com sua voz pausada, sem responder à pergunta.
"Não faria uma proposta de casamento a ele sem antes pedir seu consentimento, se é isso que o preocupa, Sr. Luthor", disse Lois, brincando com a situação, por mais estarrecedora que ela estivesse se tornando.
Lionel sorriu.
"Vejo que o senso de humor é mesmo de família", comentou ele, lembrando das conversas que havia tido com Chloe Sullivan, meses atrás, quando a coagia a juntar informações a respeito de Clark Kent.
Lois enrugou a testa, sem entender, e antes que perguntasse alguma coisa, ele interveio:
"Sabia que Lex está escrevendo uma autobiografia, Srta. Lane?", perguntou ele, cruzando os dedos com os cotovelos sobre o apoio do sofá. Antes que Lois respondesse, ele continuou: "Não acha uma incrível coincidência?"
Então, Lionel Luthor se levantou e caminhou em direção à porta, parando bem ao lado de Lois. Olhou para ela, que ainda não se movia, e não o encarava, mas não podia deixar de fazer a pergunta que talvez ele estivesse esperando que fizesse:
"Por que está querendo prejudicar o seu próprio filho?"
Lionel se aproximou de sua orelha, como se fosse lhe contar um grande segredo, e disse:
"Belle Reve, Srta. Lane", sussurrou ele. "Lex nunca se recuperou, e quanto mais depressa conseguir provas da sua insanidade, tão logo poderei tratá- lo".
"Por que simplesmente não o submete a testes?", perguntou ela, que ainda não acreditava no que estava ouvindo.
"Já ouviu falar naqueles loucos que conseguem fingir não serem loucos?", perguntou Lionel, abrindo a porta, e sem tirar os olhos dela enquanto saía do quarto. Lois Lane respirou fundo ao ouvir a porta se fechar atrás dela e ficou imaginando para qual dos Luthor serviriam aquelas últimas palavras de Lionel. Correu, então, à janela, e o viu entrar numa limosine que surgiu do nada, que devia estar escondida em algum lugar, e que parecia ter acabado de chegar de Metrópolis, pela poeira acumulada na lataria. Ainda com as pernas cambaleantes, Lois ficou pensando se aquilo teria sido uma proposta.
Subitamente, o telefone tocou e Lois deu um pulo. Correu para atendê-lo. Era Catherine.
"Lois, descobri uma coisa que você não vai acreditar", disse ela.
"Espere, Cat", disse ela, desconfiada, olhando para o aparelho. "Eu já ligo para você".
Instantes depois, do telefone público que ficava em frente ao hotel, Lois ligava para o apartamento de Catherine Grant.
"Pode falar agora", disse ela.
"Nossa, o quê está acontecendo por aí?", perguntou Cat, confusa com o comportamento da amiga.
"É uma longa estória. Amanhã eu conto", explicou Lois. "Agora me conte o quê foi que você descobriu".
"Sabe aquele bar onde o Peter costumava ir para as suas bebedeiras? O 'Red Pepper'?", perguntou Cat, enquanto Lois a ouvia atentamente. "Parece que ele andou se encontrando com alguém muito suspeito por lá, diversas vezes".
"Quem te contou?", perguntou Lois.
"Fred, o dono do bar", respondeu Catherine. "Fui até lá, para ver se descobria alguma coisa. Não podia ficar esperando as coisas acontecerem".
Lois sorriu.
"Que ótimo, Cat", disse ela. "Ele não disse se conhecia o sujeito?"
"Nunca o tinha visto", respondeu Catherine.
"Tudo bem. Amanhã falamos mais sobre isso", disse Lois, que percebia, finalmente, o quanto estava exausta.
"Certo. Encontro-a na rodoviária, às onze", confirmou Cat, antes de desligarem.
Lois, no entanto, não percebeu, mas não muito longe de onde ela estava, Clark Kent ouvira toda a conversa ao telefone, por meio de sua super audição.
Continua...
