Essa estória é baseada em personagens e situações criadas e possuídas por JK Rowling e várias editoras, inclusive, a Bloomsbury Books, Scholastic Books e Raincoast Books, e a Warner Bros, Inc. Nenhuma renda está sendo feita e qualquer transgressão à marcas registradas não é intencional.
Autor: Fae Princess
e-mail do autor:
fae_child@hotmail.com
Resumo: Harry acaba numa situação comprometedora durante o quinto ano, quando
Hermione lhe faz uma pergunta "aparentemente" inocente.
Simplesmente linda
-Eu odeio Snape, odeio Snape, odeio, odeio, odeio - Harry resmungou, virando com raiva as páginas de um livro de Poções. Encontrou a página desejada (ainda fervendo de raiva) e começou a procurar a informação que precisava para seu trabalho.
Professor Severo Snape, Mestre de Poções, com seu jeito infame dobrou a carga de trabalho para os alunos da Grifinória, mesmo sabendo que como quinto-anistas, teriam que estudar para os NOM.s alem de fazer todos os deveres. Mas o mestre de Poções não tinha nenhuma simpatia por eles e Harry teve que usar todo seu controle para não enfiar seu caldeirão na garganta de Snape.
E era por isso que Harry se encontrava na biblioteca numa tarde ensolarada de sábado, escondido atrás de uma pilha de livros, na esperança de achar algo que o ajudasse com esse trabalho idiota. E logo que encontrou algo útil, se ajeitou para começar a escrever, quando uma voz interrompeu de repente seus pensamentos em poções e como ele odiava o professor.
-Aí está você, Harry. Te procurei por toda parte!
Harry levantou os olhos e viu Lilá Brown inclinada por cima de seu ombro, dando uma olhada em seu dever, mas não parecia nem um pouco interessada no que ele estava escrevendo. Havia um brilho de triunfo em seus olhos e Harry resmungou mentalmente. Ele não queria lidar com a rainha da fofoca de Hogwarts agora.
-Já me encontrou - Harry disse num tom direto, mantendo sua pena pronta para escrever.
Lilá considerou isso um convite e puxou uma cadeira para sentar-se ao lado dele.
-Ouvi noticias interessantes - disse ofegante. Ela lembrava vagamente a Harry um abutre. Ou pior: Rita Skeeter. Ele estremeceu, pensando na repórter que exibira toda sua vida pra que todos no mundo mágico pudessem ver.
-É mesmo - Harry respondeu, desinteressado no que Lilá tinha a dizer. Ele geralmente não tinha nada contra sua colega da Grifinória. Na verdade, com o passar do tempo, começou a gostar de sua companhia. Mas em momentos como esse, quando ela começava a buzinar em seus ouvidos, juntando rumores quentes aqui, jogando informações falsas ali, Harry preferia fingir que ela não existia. E agora ela estava buzinando em seus ouvidos, e era tudo o que conseguia fazer pra não dar uma pancada nela. Literalmente.
-Então é verdade? - Lilá perguntou, sem se abalar com a resposta fria que Harry lhe dera.
-Estou meio ocupado, Lilá - Harry disse, tentando ser o mais educado possível naquelas circunstâncias.
-Não vou tomar muito do seu tempo. Prometo - ela lhe disse, dando um sorriso que derrubava caras mais fortes que Harry.
Harry largou sua pena na mesa com força e olhou firme para ela.
-Nossa, você está totalmente sensível hoje - Lilá disse.
Harry deu um pequeno sorriso para ela. -O que posso dizer, Lilá? Você me faz mostrar minhas melhores qualidades - respondeu sarcástico.
Lilá continuou, destemida. -Ouvi de você e Cho - ela disse com ar de alguém revela um imenso segredo.
-Não me surpreende - Harry responde, olhando para seu livro, desejando e torcendo para que Lilá desaparecesse. Mas a rainha da fofoca não descansaria até que conseguisse o que queria.
-Então é verdade? - ela perguntou novamente.
Harry deu os ombros. -Claro.
A expressão de Lilá mudou de curiosidade para impaciência. -Harry, só estou perguntando porque preciso saber a verdade, pra esclarecer a todos. Você tem alguma idéia dos rumores ridículos que estão circulando pelo castelo? - perguntou.
-Todos começados por você, com certeza - Harry retrucou.
Lilá suspirou. Ela parecia passar por uma guerra interna. Sua paciência estava se esgotando, mas ela queria ouvir a verdade da fonte primaria, o próprio Harry Potter.
-Se você disser a verdade, eu vou embora - ela prometeu.
Harry respirou fundo, soltando devagar enquanto contava regressivamente de 10 a 1. De um jeito ou de outro, Lilá saberia da verdade. Ao menos se ele contasse, ela iria embora.
-Sim, é verdade. Eu e Cho terminamos ontem. Certo? Satisfeita? Vai me deixar em paz agora? - pediu.
-Bem... espere um pouco! - Lilá exclamou. -Quem terminou com quem?
-Lilá!
-Certo, certo... acho que isso é demais. Parece que vamos ter que formular nossas próprias versões para o que aconteceu.
-Você j fez isso - Harry a lembrou, tendo ouvido Simas Finnigan e Dino Thomas mais cedo naquela manhã conversando no dormitório. Pensavam que Harry estava dormindo, o que era verdade, até que ele acordou ouvindo as vozes deles. Ela não sabia que garotos fofocavam. Por um lado era engraçado. Claro, eles estavam falando dele, então a situação logo perdia a graça.
Harry ficou olhando para Lilá, levantando as sobrancelhas e olhando com firmeza.
-Ah, certo - Lilá disse, entendo o olhar que ele dera. -Na verdade, não era por isso que estava lhe procurando. Hermione está precisando de você - ela disse, sorrindo.
Sem entender o sorriso, Harry disse. -Por que?
-Ela precisa de sua opinião numa coisa - Lilá respondeu, dando um olhar misterioso.
-Por que ela não pode perguntar a você? - Harry perguntou.
Lilá olhou magoada para Harry. -Bem, eu dei minha opinião, mas aparentemente minha experiência não conta para nada aqui - ela disse, amargurada.
-Oh, que pena - Harry murmurou, fingindo simpatizar com a situação.
Lilá levantou de repente, genuinamente magoada. -Não sei qual o seu problema, Harry. Mas pra mim parece que ou você precisa de outra namorada, ou simplesmente precisa mudar de atitude.
Quando ela virou pra sair da biblioteca, Harry a segurou pelo braço, virando-a para encará-lo.
-Lilá, me desculpe - Harry se desculpou imediatamente, percebendo como estava sendo irritante. -É que estou sob muita pressão, com a escola e os NOMs chegando... não quis dizer aquelas coisas... só... será que poderia me agüentar só mais um pouco?
Lilá pensou um momento e depois deu um sorriso verdadeiro. -Certo. Eu também peço desculpas. Acho que não tinha o direito de me intrometer em sua vida. Você está bem? - ela perguntou, seu comportamento mudando. Ela voltara a ser a garota com quem Harry gostava de passar tempo.
Harry acenou, sorrindo. -Estou bem. Então... Onde está Hermione?
**
O Salão Comunal estava praticamente vazio, exceto por dois segundo-anistas jogando xadrez de bruxo no canto. Harry foi vagarosamente até as escadas que levavam aos dormitórios dos monitores. O que Hermione podia querer com ele?
Respirando fundo, ele bateu na porta. Como não teve resposta, seu primeiro impulso foi virar e voltar à biblioteca. Mas então ouviu um barulho vindo do quarto de Hermione, um som como de algo caindo e o barulho de uma porta sendo fechada.
Harry virou a maçaneta cuidadosamente, abriu um pouco a porta, e enfiou a cabeça um pouco para dentro.
-Hermione? - Harry disse, não vendo nada alem do quarto vazio.
Outro barulho veio da sua direita. Hermione podia ser ouvida pela porta fechada, gemendo de dor.
-Hermione?
-Estou aqui Harry. Apenas... espere um pouco... - Hermione gritou do outro lado da porta.
-O que está acontecendo? - Harry lhe perguntou, ainda na porta, nervoso demais para entrar.
Mais barulhos, água caindo, a torneira sendo fechada e Harry ainda não tinha idéia do que estava acontecendo.
-Harry? - Hermione falou, depois do que pareceu muito tempo para Harry.
-Ainda estou aqui - Harry disse.
-Eu vou sair, mas tem que prometer que não vai rir - foi a resposta de Hermione.
Harry revirou os olhos, um pouco irritado. -Hermione? Por que riria de você? Saia logo - ele pediu.
-Eu vou sair, mas tem que prometer primeiro - ela insistiu. E Harry sabia que se não prometesse, ficaria ali para sempre.
-Certo, certo. Prometo.
Houve outra pausa e depois a porta do banheiro abriu um pouco e de onde Harry estava, podia ver um par de olhos cor de canela procurando por todo quarto, até que pousaram sobre ele.
-O que está fazendo parado aí? - ela perguntou, vendo Harry parado na porta principal.
-Ehh... esse é um quarto de garota...- ele disse nervoso.
Hermione riu, achando o constrangimento de Harry adorável.
-Também é um quarto de monitor. E você é um monitor. Pode entrar - ela insistiu, ainda atrás da porta.
-Pode ser um quarto de monitor, mas é um quarto feminino, antes de disso - Harry disse teimoso.
-Harry, apenas entre logo, certo? Não vou conversar com você do outro lado do quarto -Hermione respondeu. O tom na voz dela, de diversão, deixou claro a Harry que ela não estava com raiva.
-Ouça, Harry - Hermione disse, tentando outra estratégia. -Nós dois somos monitores. E somos melhores amigos. Então está tudo bem se ficarmos no mesmo quarto, Ok?
E então, relutante, muito relutante, Harry avançou alguns passos para dentro do quarto, até que alcançou a cama, ficando a alguns metros de onde Hermione estava atrás da porta.
-Bom menino - Hermione encorajou sarcasticamente.
-Você vai sair ou não? - Harry perguntou.
Em resposta, a porta abriu e Hermione saiu. Só que não era a Hermione a que Harry estava acostumado. Ele lembrava claramente como ela estava bela no Baile de Inverno no ano anterior, mas bela não era suficiente dessa vez.
Ela estava usando (e Harry arregalou os olhos, surpreso) uma saia preta na altura dos joelhos e sandálias de salto que apenas acentuavam suas pernas, deixando-as mais longas e Hermione mais alta. A blusa dela, provavelmente a coisa mais reveladora que ele já a vira usando, era azul clara, as mangas iam até depois dos ombros com um profundo decote em V. A blusa era bem justa, fazendo Harry se sentir um pouco mais constrangido do que já estava. Mas quando olhou um pouco mais pra cima e viu o cabelo dela, instantaneamente soube qual a parte que mais gostara no visual.
Ela com certeza usara algum feitiço pra amansar os cabelos. Estava liso, escovado para baixo e partido no meio. Enquanto Harry a observava da cabeça aos pés, Hermione colocou uma mecha de cabelos atrás da orelha e Harry viu rapidamente o brilho de um brinco. Uma corrente simples adornava seu pescoço e um bracelete combinando em seu pulso direito. A única maquiagem que ele pôde ver era um brilho labial claro e um pouco de sombra combinando com a blusa.
-O que foi? - Hermione perguntou, agora mordendo o lábio, ansiosa.
Harry nem notara que a olhava nos olhos, sua boca um pouco aberta. Mas quando percebeu, voltou rapidamente para realidade, recuando um pouco.
-Não foi nada... hã... então, por que estou aqui? - ele perguntou, sua voz saindo um pouco mais aguda que o de costume. Ele limpou a garganta.
-Pra isso - Hermione disse, abrindo os braços e dando uma volta graciosamente, sua saia e seu cabelo seguindo seus movimentos. -Quero que o aniversário de Rony seja perfeito. Vamos jantar em Hogsmeade hoje.
-Ah, certo - Harry disse, lembrando do jantar que eles planejavam por semanas.
-Quero ter certeza que estou perfeita pra ele, sabe? Queria a opinião de um garoto nisso, e você é o único garoto que sei que pode ser completamente sincero comigo.
Harry, sem saber o que fazer ou o que dizer, enfiou as mãos nos bolsos, sentindo-se mais constrangido que nunca. Ele de repente sentiu-se aliviado porque não precisaria mentir. Mas como dizer a ela como realmente a via... Um novo medo se formou nele. E se ele se deixasse levar? E se, ainda pior, ele começasse a gaguejar e corar enquanto dizia que ela estava bem?
Ela está mais que bem, seu idiota.-Então... o que acha? - ela perguntou, tirando-o de seus pensamentos.
-Eh... você está bem - ele murmurou, olhando para o chão.
Hermione franziu a testa. Ela esperava uma reação melhor. Ela queria estar linda, maravilhosa. Tinha se esforçado tanto no cabelo e ele nem comentara sobre isso!
Mas depois ela se lembrou que a única opinião que importava era a de Rony. Afinal, ela estava fazendo isso pra ele... Não era?
-Por que está olhando para meus pés? É o salto? Eles me deixam muito alta, muito magra? Muito ordinária?
-Não... - ele disse e depois engoliu seco. -Não, os saltos estão bons - ele disse, tentando manter tudo simples.
Hermione cruzou os braços, lutando para não ficar sem paciência.
-E a roupa? Está demais, de menos? - ela perguntou.
-Não, a roupa está bem - ele disse, olhando para o relógio sobre o criado-mudo.
-E meu cabelo?
-Bem.
-E as jóias? - disse Hermione.
-Bem.
-E meu sutiã? Muito babado ou muito liso?
Os olhos arregalados de Harry encontraram os de Hermione num segundo. Ficou claro, depois que ele engasgou que ele ficara muito constrangido com a pergunta.
Hermione sorriu doce e inocentemente para ele.
-Hermione! - Harry disse, sem perceber que olhava com cara de idiota para ela.
-Só me certificando que estava ouvindo, Harry Potter! Então, isso é tudo que tem a dizer; é que eu estou bem? Você não tem mais nenhuma palavra de encorajamento pra sua melhor amiga, é isso?
-Não é isso - Harry insistiu, ansioso.
-Então o que é, Harry?
Harry olhou para ela, sentindo-se completamente perdido. Contar a ela o que sentia simplesmente não era uma opção. Só havia uma coisa que poderia fazer, mas não tinha certeza se estava preparado para isso.
-Você está mais que bem - Harry disse finalmente, completamente derrotado.-Suas pernas estão perfeitas, não muito compridas, não muito curtas, na verdade... elas são a fantasia de qualquer garoto.
Hermione olhou para ele satisfeita, cruzando os braços. -De qualquer garoto, Harry?
-Você ouviu bem - ele disse. -Agora, quanto a roupa? Para a ocasião, acho que está perfeita. Não está muito reveladora nem muito 'senhora'. Se quer saber, está absolutamente estonteante em você.
Um sorriso se formou nos lábios de Hermione.
-Quanto as jóias, você fez bem em não colocar muitas. Está na quantidade certa, não está brilhante demais, então... não rouba sua beleza natural.
Hermione abriu a boca abismada. Não podia ser Harry Potter falando. Simplesmente não podia!
-E seu cabelo... - Harry continuou, olhando para ela com um desejo oculto -Quando saiu do banheiro, pensei estar olhando para um anjo de verdade. Não me entenda mal, adoro seu cabelo cacheado. Mas o cabelo liso deixa seu rosto mais visível. O cabelo cacheado de certa forma escondeu essa parte sua, é quase como se estivesse dizendo que está pronta para deixar as pessoas verem a verdadeira beleza que há em você. Que eu sempre soube que estava aí.... Que Rony sempre soube que estava aí.
Ele dissera a palavra mágica. Rony. Por um momento, Hermione esquecera completamente dele. Ela se perdeu nas palavras sentimentais de Harry. Mesmo Rony, durante todo tempo que estavam juntos, nunca a fizera se sentir tão bonita, tão amada e tão desejada.
Mas ela estava sendo boba. Harry Potter não a desejava. Ele simplesmente estava dizendo o que ela queria ouvir, e como melhor amigo dela, e só como amigo, ele se sentia obrigado a dizer essas coisas, para fazê-la se sentir especial e necessária.
E funcionou como um feitiço, ela pensou, um pouco amargurada.
-Agora, o sutiã... - Harry disse, sorrindo. Hermione corou instantaneamente.
-Eu só estava tentando chamar sua atenção - ela disse e ele riu, sentindo um peso sendo retirado de suas costas.
Um estranho silêncio caiu sobre eles. Não era desconfortável, como Harry esperava que fosse, mas bastante... era pacifico.
Hermione olhou para ele, lágrimas brilhando em seus olhos enquanto as palavras que Harry dissera repassavam em sua mente.
-Obrigada... Harry - ela disse.
Harry sorriu. -Pra que servem os amigos?
Ele desviou o olhar, sentindo uma dor em seu peito. Era tudo o que eles eram. Amigos. Era tudo o que eles sempre seriam, e isso machucava tanto que Harry sentiu-se tentado a aprender como fazer uma poção para se livrar da dor no coração. Ele sabia que existia. Vira uma vez num livro. Balançou a cabeça. Realmente estava ficando parecido com Hermione.
-O que foi Harry? - Hermione perguntou preocupada.
Harry saiu de seus pensamentos, -Ah, não foi nada. - Ele disse, mas ela não pareceu acreditar.
-Soube da Cho - Hermione disse, olhando para ele com seus lindos olhos.
Harry não disse nada, sem querer ver a pena nos olhos dela, ou a curiosidade ou pior, o desapontamento. Havia emoções e sentimentos que ele estava experimento naquele momento e não podia começar a imaginar como ou por que estava tendo esses pensamentos sobre ela.
-Harry, olhe para mim - ela pediu, tocando em seu braço. Esse simples toque fez Harry pular para trás, se perguntando se fora a eletricidade estática que o fizera pular daquele jeito, sabendo o tempo todo que fora uma coisa completamente diferente.
-Está tudo bem, Hermione. Não se preocupe por nada - ele insistiu, arriscando um olhar para ela.
-Me preocupar! - Hermione brincou. -Harry, isso é o que eu faço melhor. Vamos - Hermione disse, sentando na pe da cama e puxando Harry para sentar com ela.
-Não é nada - Harry repetiu, desesperado repentinamente para sair do quarto.
-Harry! - Hermione o olhava com seu melhor olhar da Professora McGonagall.
Harry coçou a cabeça. Não tivera a chance de falar com ninguém sobre seu problema. Hermione e Rony estavam tão envolvidos com sua relação que Harry teve que aprender a cuidar sozinho de seus sentimentos.
Claro, essa não era a situação mais comum. Harry não podia procurar Hermione nem Rony pra falar o que estava passando, o que estava sentindo e porque ele tinha que terminar com Cho. Eles não poderiam resolver seu problema.
Mas lá estava Hermione, mais bonita a cada dia, e essa era a primeira vez que ficavam sozinhos em meses. Ele precisava desesperadamente de um amigo agora, mesmo que fosse aquela por qual estava se apaixonando.
-Você soube como eu e Cho terminamos ontem? - ele disse, já sabendo a resposta.
Hermione sorriu para ele tomando as mãos dele nas suas. -Eu meio que já soube o que aconteceu, algo como Cho te pegando com... um material de mau gosto...?
Harry olhou para ela confuso. -Como o que? - ele perguntou, parecendo tão inocente que Hermione corou ainda mais ao pensar na idéia do rumor que realmente saiu.
-Bem... Você sabe... - Hermione disse, dando um olhar sinalizador para Harry. Nossa, ele não pode ser tão desligado, ela pensou se divertindo.
Toda a expressão de Harry mudou, passando de confusão inocente para horror completo.
-Você tá brincando! - disse, com o rosto muito vermelho enquanto Hermione fazia que sim. -Como eu poderia pegar essas coisas? - exclamou descrente.
Hermione deu os ombros, sem ter que responder. -talvez você tenha feito uma assinatura? - ela sugeriu calmamente.
O queixo de Harry caiu. -Mesmo que esse fosse o caso, o que não é, eu não tenho idade suficiente para ter esse tipo de... Humph! Quem inventa essas coisas? Se foi Lilá...
Harry parou no meio da frase, olhando Hermione ter um ataque de risadas. Ela levantou a mão para abafar o riso, mas foi inútil.
Ouvindo apenas a doce música da risada dela, Harry se sentiu meio que em transe. Levou muito esforço apenas para perguntar. -De que está rindo?
A pergunta de Harry foi respondida com mais risadas, lágrimas escorriam do rosto de Hermione, e ela as secou prontamente, ainda rindo.
-Essa é a conversa mais idiota... - ela respirou, tentando controlar a risada.
Harry não pôde evitar; começou a rir também. Levou algum tempo até que eles se acalmassem o suficiente para voltar à conversa.
-Então vai me contar o que realmente aconteceu entre vocês? - ela perguntou, parecendo confiável e sincera e tudo o que Harry precisava naquele momento.
O único problema era que ela era o motivo deles terem terminado. Ou pelo menos, os sentimentos dele por ela. Mas ele não podia lhe contar isso. Hermione estava com Rony e eles já estavam juntos há quase seis meses.
Eu contaria a ela mesmo que esse não fosse o caso? Harry se perguntou, sabendo muito bem que qualquer que fossem as circunstâncias, nunca revelaria a profundidade do que sentia por ela. Nunca.
-Só... acabou... gostaria de dizer que foi mútuo, mas...
-Então ela terminou com você? - Hermione perguntou.
Harry balançou a cabeça. -Eu terminei com ela, acredite ou não - ele disse, ainda surpreso que ele realmente tivesse terminado com a bela da Corvinal.
Ele queria fazer isso há semanas, e finalmente tomou coragem no dia anterior. Ficou aliviado por ter sido um rompimento fácil. Cho Chang parecia esperar, e aprecia aliviada de ter sido ele a iniciar a conversa.
-Por que? - Hermione perguntou suave.
-Porque... - Harry suspirou. -Porque não sinto nada por ela... acho que meus sentimentos sumiram. Gosto dela como amiga, claro - completou. -Mas nada mais, e já faz um tempo que é assim.
A mão de Hermione apertou a dele. -Lamento muito Harry. Você está bem?
-É - Harry disse levantando a cabeça para que seus olhos pudessem encontrar os dela. Era estranho, mas ele se sentia inteiro quando olhava para ela. Foi como tudo começou, quando ele começou a namorar Cho. Tudo parecia perfeito com eles. Harry se lembrava como se sentia verdadeiramente feliz.
Mas então ele se pegou comparando Cho a Hermione. Ele não fazia de propósito, vinha naturalmente. Percebeu como se sentia confortável com Cho, mas não era nada comparado a como se sentia quando estava com Hermione.
Sentado ali, sabendo que Hermione estava atenta a cada palavra, ele se perguntou quando percebeu que sentia algo a mais por ela. Ele achava que começou com os sonhos. Ah... os sonhos! Começaram bastante inocentes, mas depois ele começou a acordar no meio da noite, ensopado de suor, ofegando e tremendo todo. Mas não era uma sensação de medo ou perturbadora. Era tudo de prazer, e essa era a parte aterrorizante e perturbadora.
Isso porque Hermione não era uma garota solteira. Ela tinha um namorado, Rony Weasley, o melhor amigo de Harry! Mesmo que ela estivesse solteira, o fato dele ter aquele tipo de sonho com ela era errado.
E como se já não fosse ruim, Harry também tinha uma namorada! E era isso que o deixava com vergonha, desapontado e com raiva. Ele devia ser um namorado melhor para Cho. Ela com certeza merecia mais.
Harry levantou, de repente com muita vontade de sair do quarto e Hermione levantou junto. Os olhos cor de canela de Hermione encontram os verdes dele e sem nenhuma palavra, ela foi até seus braços, o abraço gentil e morno. Harry a segurou perto, gostando do cheiro cítrico de seu cabelo, e do cheiro leve de baunilha que estava em seus lábios. Ele não se sentiu culpado por abraçar a namorada de seu melhor amigo. Não se sentiu envergonhado por admitir para si mesmo o que sentia por ela. Esse era seu próprio segredo, um que nunca se libertaria. E ele sabia que poderia viver com isso. Afinal ele era o mestre de seus próprios sentimentos.
-É melhor eu voltar para biblioteca - disse, sem querer perder o calor e conforto dos braços dela. Ela olhou para ele, sem largá-lo e sem recuar.
-Você prefere estudar a passar tempo comigo? - perguntou, sorrindo inocente para ele.
-Não é questão de preferência - Harry disse, as palavras saindo rápido demais para que ele pudesse controlá-las.
Hermione franziu a testa. -O que quer dizer?
Harry segurou a língua, sem querer dizer alguma coisa da qual sabia que se arrependeria. -Só quero dizer que... que tem a escola e essas coisas... realmente não pode esperar - disse, se afastando dela e indo em direção a porta.
-Harry!- Hermione exclamou e Harry virou, vendo-a olhar feio para ele.
-Desculpe. Espero que se divirta muito com Rony - ele disse, abrindo a porta.
-Harry!
Harry virou de novo, dessa vez Hermione estava com as mãos na cintura, mas sua expressão era gentil.
-Sim? - ele perguntou.
Hermione olhou para ele e de repente parecia muito constrangida.
-Então... Numa escala de 1 a 10, 10 sendo o maior e 1 o menor, que nota me daria?
Eles ficaram congelados, se olhando, parados no tempo. Harry ainda podia sentir os braços dela a seu redor, ainda podia sentir o cheiro de seu cabelo e queria desesperadamente estar de volta em seus braços. Enquanto olhava para ela, penetrando até a alma, sabia que não havia nada de fácil sobre seus sentimentos por ela.
-Você está fora de escala, Hermione - disse, seu coração martelando contra o peito. Ele engoliu seco, querendo dizer muito mais, mas as de repente, ficando sem palavras.
-Está simplesmente linda.
E quando Harry fechou a porta, Hermione ficou olhando para o ponto onde ele estava enquanto dissera essas três palavras. E se perguntou, só por um instante, o que ele realmente quis dizer com elas.
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