Simplesmente Linda (Capítulo 3)

Autor: Fae Princess
e-mail do autor: fae_child@hotmail.com

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-Já era hora de você chegar!

Harry Potter ouviu a voz conhecida e bem-vinda antes mesmo de entrar nas cavernas localizadas perto de Hogsmeade. Visitava seu padrinho uma última vez antes do fim do ano letivo.

-Desculpe o atraso. Tive que despistar Rony e Hermione... Não foi fácil. – Harry disse enquanto entregava sua mochila a Sirius, cheia de comida da cozinha de Hogwarts. Como sempre, os elfos-domesticos ficaram mais que satisfeito em dar mais comida.

Pela primeira vez, Harry visitava seu padrinho sozinho. E pela primeira vez desde que terminaram, Rony e Hermione ficariam sozinhos em Hogsmeade. Ele torcia que conseguissem lidar com isso. Harry sabia que era egoísmo querer passar tempo sozinho com seu padrinho, mas não podia ser de outro jeito. Pela primeira vez, realmente queria um conselho sobre uma garota. E tinha a sensação que Sirius provavelmente era o único que poderia ajudá-lo.

Sirius vasculhou a mochila antes de puxar o que esperava encontrar.

-Você trouxe! – Sirius gritou e Harry não conseguiu segurar o riso enquanto mordia com gosto uma maçã vermelha, tirando um grande pedaço. Sirius suspirou e gemeu, se deliciando com o prazer do sabor doce que não experimentava há muitos anos.

-Cortesia de Dobby, o elfo-doméstico. – Harry sentou no chão de pedra. Ele se apoiou contra a parede da caverna, puxando os joelhos contra o peito enquanto observava seu padrinho. Sirius terminou a maçã com mais cinco mordidas e jogou o resto de lado.

-Não sei como consegue. – Sirius disse, lançando um olhar que Harry não reconheceu.

Harry olhou confuso para Sirius. –Consigo o que? Entrar escondido na cozinha e pegar comida? Já te disse...

-Não, isso não, Harry – Sirius interrompeu. –Me refiro a... Tudo. – continuou olhando para Harry com o mesmo olhar estranho, de quem sabia algo.

-E o que é tudo? – Harry perguntou.

Sirius se apoiou na parede oposta a Harry, esticando as pernas. Olhou mais uma vez para o afilhado antes de dizer. –Estou falando de Hermione.

Harry respirou fundo, expirando devagar. –Sim... –ele respondeu – E o que tem nela que você não entende?

-Não é ela que não entendo. É você. Não sei como passa dia após dia sabendo o que sente por ela, e sentindo o que sente por ela e mesmo assim... Não conta a ela.

Harry sorriu amargamente. –Ah... Eu consigo.

-Sei que consegue. Não é o único que tem me visitado.

Harry olhou abruptamente para Sirius, estreitando os olhos. Nem precisava perguntar.

-Hermione está preocupada com você. – Sirius explicou. –Ela disse que você passa o tempo todo na biblioteca, e quase não socializa mais.

Harry deu os ombros. -Isso não é completamente verdade – se defendeu. –Não é como se tivesse largado Quadribol nem nada.

-Isso foi o que eu disse a Hermione – Sirius disse. – E pareceu a deixar um pouco melhor. Mas ainda não explica seu comportamento. Pelo menos não pra ela.

-Ela não devia ter te procurado pra começo de conversa – Harry resmungou. –Se estava preocupada, devia ter falado comigo.

-E o que diria a ela, Harry?

Harry deu os ombros de novo. –Não sei... Alguma coisa. Qualquer coisa.

-Ela se importa com você, Harry. E se preocupa. Mais ainda, ela se preocupa com voc. Não precisa me explicar, já sei o que está acontecendo.

Harry riu. –Agora você tá mais parecendo uma versão bem direta de Dumbledore. Ele pode saber praticamente tudo, mas pelo menos não fica se gabando.

Preferindo ignorar essa declaração, Sirius continuou. –O que está te incomodando, Harry? E não diga que não é nada, porque te conheço. Apenas diga a verdade.

Harry não olhou para Sirius, parecendo mais interessado nas fibras de sua camisa do que em qualquer coisa. –O que devo dizer? Estou apenas estressado com escola... E com as coisas. – respondeu.

-Com as coisas? –Sirius repetiu, levantando as sobrancelhas. –Isso quer dizer Hermione, certo?

-Talvez... – Harry respondeu devagar.

Sirius se inclinou um pouco para trás, observando seu afilhado com interesse renovado. –Está aterrorizado pelo que sente. – afirmou.

-Pra falar no mínimo.

-Por que? – Siriu perguntou.

Harry deu os ombros. –Se voc estivesse gostando de uma garota e tivesse morrendo de medo de dizer a ela, qual seria seu motivo?

Sirius sorriu, sem se afetar com a frustração de Harry. –Então você tem medo da rejeição.

Harry suspirou com uma certa impaciência. –Ela é Hermione! Por que iria querer qualquer coisa comigo?

Apesar da raiva e confusão de Haary, Sirius não conseguiu segurar um sorriso, o que deixou o bruxo mais jovem ainda mais irritado.

-Ela é apenas uma garota, Harry. – Sirius lhe disse.

-Não, não é não – Harry protestou. –Ela é... é...

Sirius inclinou a cabeça, incentivando que Harry continuasse o que ele não conseguia por em palavras. Harry resmungou frustrado, jogando a cabeça pra trás e acidentalmente acertando na parede de pedra. Ele massageou o machucado enquanto Sirius sorria.

-Não existem palavras suficientes pra descrever Hermione. Ela é única, e não merece nada além do melhor. – Harry finalmente completou.

-E o que te faz pensar que não se encaixa nessa descrição? – Sirius perguntou.

Harry olhou diretamente para Sirius. –Olhe para mim. Sou uma bagunça. Sou um poço de problemas que nenhuma garota merece.

- Entendo. – Sirius disse com um olhar pensativo. –Em outras palavras, já decidiu por Hermione com quem ela deve ficar.

-Não decidi por ela. Só sei que não serei eu.– Harry corrigiu automaticamente.

-E ela tem o direito a alguma opinião nesse assunto?

Harry abriu a boca para responder, mas percebeu que não sabia o que dizer.

-O fato é, Harry, -Sirius continuou – a escolha é dela, não sua, não importa o que você pense ou o que você diga. Outra coisa: você passa o tempo achando que Hermione não sente o mesmo por você. Provavelmente já pensou isso tantas vezes que não pode ser convencido do contrário. Mas esqueceu de considerar uma coisa.

Harry balançou a cabeça, confuso – O que? – perguntou.

Sirius se inclinou para frente, paralisando Harry no mesmo lugar com seus olhos negros.

-E se ela sentir algo por você? Vai deixar essa oportunidade passar? Ou vai seguir seu coração?

Harry ficou sentado no lugar, abismado com a questão principal. Não sabia o que pensar ou o que fazer. No fundo, uma parte dele sabia que Sirius estava certo. E uma coisa era certa – Sirius lhe dera muito no que pensar.

*******

- Sei o seu segredo.

Hermione se virou, a tampa de seu malão fechando de repente com isso, enquanto ela olhava a porta de seu dormitório. Rony estava ali, se apoiando relaxadamente na porta.

-Rony? O que está fazendo aqui? – perguntou, sem entender direito o olhar dele.

-Não vai me convidar pra entrar? – Rony perguntou.

Hermione suspirou, correndo a mão por seus cabelos cacheados. –Estou... Arrumando a mala... – ela disse, torcendo que isso foi motivo suficiente para não convida-lo. Havia algo estranho no sorriso e no jeito relaxado dele que lhe davam uma sensação incômoda no estômago. O que quer que Rony quisesse, não queria estar envolvida.

Rony suspirou dramaticamente. –Se fosse Harry aqui, você o convidaria a entrar.

Hermione de repente se achou desejando que Harry realmente estivesse ali. Por que Rony estava agindo dessa maneira?

-Se quer entrar, entre. – Hermione finalmente disse, acenando a mão num convite pouco animado.

Rony sorriu, mas não era um sorriso amigo. Lembrou vagamente Draco Malfoy, e o fato que Rony podia lembrar Draco Malfoy deixou a situação ainda mais perturbadora.

-Não vai perguntar por que estou aqui? – Rony perguntou enquanto entrava vagarosamente no quarto.

Hermione levantou as sobrancelhas pro caçula dos Weasley. –Por que está aqui, Rony?

Rony sentou no canto da cama, agindo como se tivesse pleno direito de estar ali. Ela não o queria ali de jeito nenhum

-Como disse há poucos instantes: sei o seu segredo. Mas não quero que se preocupe. Está a salvo comigo.

Hermione revirou os olhos. –Não tenho nenhum segredo.

Rony continuou sorrindo, e em um segundo ela teve um estalo. Um grande estalo. Ele sabia sobre Harry, e o que ela sentia por ele. Como ele sabia, ela não sabia. E apenas olhando para ele, notou que ele percebera o que ela percebera.

-Novamente: seu segredo está a salvo comigo. – Rony disse com um tom doce demais. –Não imagina minha surpresa quando descobri que terminou comigo pra ficar com ele. Mas também... Por que deveria ficar surpreso? Ele é o "garoto que sobreviveu", não é mesmo? O herói sempre fica com a mocinha, não é?

No início, Hermione se sentiu horrível por Rony ter descoberto a verdade. Queria poupá-lo da dor que o causara. Queria ter a amizade dele de volta. Mas enquanto Rony continuava a falar, sua culpa virava raiva e queria tanto azará-lo que seus olhos ardiam.

-Não sei como descobriu Rony. Mas não vou me sentir culpada por uma coisa que não controlo. Além disso, não te devo nenhuma explicação. Agora, Rony, por favor... Saia.

O sorriso falso de Rony a irritava enquanto ele levantava calmamente mais uma vez, fazendo seu caminho até a porta. –Devia aprender a me tratar bem. Nunca se sabe quais informações podem escapar acidentalmente para um certo garoto de cabelos negros e olhos verdes que todos conhecemos.

-Isso é uma ameaça? – Hermione perguntou, virando para encará-lo, com as mãos nos quadris. –Prometeu que não diria nada. Você percebe que está se afastando da gente, não é? Rony... Esse não é você.

-Talvez seja, Hermione.– Rony disse antes de sair.

Hermione queria xingar. As coisas estavam dando tão certo no último mês! Por que Rony tinha que estragar tudo? Como ele descobriu? Decidiu que não era a pergunta mais importante naquele momento. A verdadeira pergunta era: como ela contaria a Harry sobre seus sentimentos, antes que Rony o fizesse?

******

O último dia em Hogwarts trouxe sol, calor e uma brisa gentil brincando nas árvores enquanto Harry sentava na borda do lago, olhando o vento cortando a água. E como um ciclo, ele pensava toda hora o quanto não queria voltar pra casa dos Dursley, no quanto sentiria falta da escola, de seus amigos... E acima de tudo, de Hermione.

-Vai ser só você e eu, Edwiges. – Harry murmurou triste, correndo um dedo na asa branca como neve de sua coruja. Edwiges piou.

-Só uns dois meses, Harry.

Harry levantou os olhos e viu Hermione se aproximando do seu lado. O olhar de tristeza em seu rosto refletia completamente o que ele sentia. Ela claramente não queria ir embora também. Mas ao menos ela iria para casa, para uma família amorosa.

-Oi, Edwiges. – Hermione cumprimentou, sentando ao lado de Harry na grama. Ela puxou os joelhos contra o peito, colocando o queixo sobre eles, olhando para o lago.

Edwiges piou novamente, abriu as asas e voou para o céu azul. Harry e Hermione continuaram sentados, lado a lado, simplesmente aproveitando a companhia um do outro.

-Foi um ano maluco. – Hermione disse baixinho, sem olhar diretamente para ele.

-É, foi sim. – Harry concordou.

-Acha que ano que vem vai ser assim tão louco? - Hermione perguntou.

Harry sorriu, rindo um pouco pelo nariz. –Não seria Hogwarts se fosse normal, não é? – foi a resposta retórica quando ele finalmente virou para ela.

A cabeça dela virou na mesma hora e os dois compartilharam sorrisos que os deixaram de pernas bambas.

Harry aproveitou esse momento para decorar e admirar como Hermione estava nesse momento. O sol refletia em seus olhos, realçando tons diferentes que nunca vira antes. O sol também dava um tom avermelhado em seu cabelo geralmente castanho e enquanto ele tomava a aparência completa dela, percebeu com uma dor no coração que demoraria dois meses até que a visse de novo. Acreditava de verdade que não sobreviveria.

Hermione sempre foi seu porto seguro em Hogwarts. Não podia explicar direito, mas sentia algo dentro dele quando pensava nela, quando a olhava, quando sonhava com ela. Era uma sensação maravilhosa e não podia deixar de se perguntar o que aconteceria quando se separassem. Essa sensação desapareceria? Diminuiria? Podia diminuir? Ele às vezes se perguntava o que essa sensação significava. Sabia que tinha fortes sentimentos por ela – seria um tolo se negasse isso para si mesmo. Mas esses sentimentos dentro dele podiam significar algo mais profundo?

Olhando para ela, Harry secretamente pensou que nunca esteve tão bonita. Ele queria gravar isso em sua mente. Decidiu nesse segundo que não queria que esse sentimento dentro dele fosse embora. Queria que ficasse mais forte e se desenvolvesse em algo que sabia que nunca sentiria por mais ninguém. Como podia fazer isso acontecer?

-Você pode me fazer um favor? – Harry perguntou, tendo uma idéia. Seu coração começou a bater ansioso no peito.

-Claro! – Hermione exclamou animada.

Harry hesitou, sem querer desfazer o sorriso ansioso e feliz de Hermione.

-Vamos lá, Harry... – Hermione pediu, batendo no ombro dele com o seu. –Você pode me pedir qualquer coisa.

-Certo... – Harry disse devagar. –Estava pensando... Se você pode me ligar durante o verão. Lá nos Dursley.

Hermione fez que sim com a cabeça. – Posso fazer isso.

-Várias vezes. – completou Harry.

Dessa vez Hermione franziu a testa e o coração de Harry bateu ainda mais ansioso. –Claro que te ligo. Vou te ligar sempre que puder. Prometo, Harry. – ela disse, ao ouvir um certo tom de desespero na voz dele.

Harry se ouviu suspirando aliviado.

-Posso perguntar por que? – Hermione perguntou.

Harry se sentiu enjoado e nervoso. As palavras de Sirius ecoavam em sua cabeça e ele se perguntou se o padrinho estava certo ou não. Hermione podia sentir algo por ele? Aqueles rumores eram verdadeiros? De um jeito ou de outro, sabia que devia dizer o que sentia, antes que se separassem durante um verão inteiro.

-Porque, Hermione... – Harry começou. –Acho que não conseguirei passar dois meses... Sem... Ouvir sua voz. – quando disse as últimas palavras, seus olhos encontraram os dela e Hermione se sentiu fraca e balançada por todo o corpo. Havia uma certa coisa nos olhos dele que fazia seu coração disparar.

-Por que? – sussurrou.

Nenhum dos dois notava o quanto eles estavam se aproximando. Lá atrás na mente de Harry, sabia que só precisaria curvar a cabeça mais um centímetro para beijá-la.

-Você não acreditaria se te dissesse. – ele disse tímido.

Hermione sorriu, se inclinando vagarosamente na direção dele, sem pensar claramente o que estava fazendo.

-Me esclareça. – disse suavemente.

Sem pensar mais nada, Harry pressionou seus lábios nos de Hermione e eles partilharam o beijo mais carinhoso possível. As mãos dela gentilmente tocaram o rosto dele e os dois se alegraram pelo momento que tanto esperavam, uma espera que demorou tempo demais.

Quando o beijo curto e doce terminou e eles se separaram, Harry tomou a mão de Hermione na sua, olhando profundamente nos olhos dela com um sorriso que fez seu coração balançar no peito.

-A coisa é que... Acho que posso estar apaixonado por você, Hermione. – quando disse as palavras, sabia o quanto elas eram verdadeiras e o quanto queria realmente dizê-las.

Hermione estava sonhando. A única coisa que esperava que Harry nunca dissesse foi dita. Queria congelar esse momento e as sensações maravilhosa que tinha. Seu coração estava voando! Nesse momento, duvidava que qualquer coisa pudesse derrubá-la.

-Ah... – ela suspirou ao entender.

Harry afastou um pouco a cabeça, seu olhar confuso.

Hermione riu, e logo seu riso se transformou num grande ataque de gargalhadas.

-O que é tão engraçado? – Harry perguntou, secretamente adorando o som da risada dela.

Depois que conseguiu se recompor mais uma vez, Hermione olhou timidamente para Harry, um grande sorriso ainda em seus lábios enquanto organizava seus pensamentos.

-Você se lembra que me disse que terminou com Cho porque gostava de outra garota? – perguntou timidamente.

-Claro que lembro. Estava tentando lhe dizer o que sentia. Estava esperando que você adivinhasse. Aí não teria que me preocupar em como ia lhe contar.

-Então era eu? – Hermione perguntou num tom surpreso.

-Claro que era! – Harry riu, seus olhos se iluminando de alegria. – Hermione... Sempre foi você.

Hermione lhe ofereceu um sorriso doce. –Sempre foi você, Harry. – ela lhe disse.

Quando ela disse isso, o rosto de Harry se iluminou e ela podia ver claramente em seus olhos o quão profundos e verdadeiros eram os sentimentos dele. Sentiu uma mistura de alívio, felicidade e paz que não sentia há muito tempo. Mas a voz cética de sua mente começou a falar mais claramente e a fez questionar tudo o que sentia por Harry. Ela podia realmente amar Harry? O que sabia sobre amor? Pensando logicamente, ela só tinha 15 anos. Tinha a experiência de um relacionamento.

-Mas... Harry... – ela disse, com a voz cheia de preocupação. Mas foi interrompida muito antes de colocar seus pensamentos em palavras, quando Harry colocou um único dedo sobre seus lábios, silenciando-a imediatamente.

-Não comece a discutir agora. – ele lhe disse, o sorriso encorajador em seus lábios e a convicção em seus olhos aumentando a irritação dela. –Sei o que está passando por sua cabeça. Mas a coisa é, Hermione, quando se trata de amor, não há lógica. Apenas... É.

Hermione sorriu em resposta, seu coração apertando de felicidade. –Posso concordar com isso. – ela disse.

-Bom – Harry respondeu. –Então me diga, Srta. Granger... O que fazemos agora?

-Torcemos e rezamos que os próximos dois meses passem o mais rápido possível... Para que possamos ficar juntos em setembro. – Hermione disse, seu coração não mais tão leve quanto antes.

- E temos menos de 24 horas antes de irmos. Então estamos juntos agora. O que quer fazer? – Harry perguntou com um brilho malicioso nos olhos que fazia Hermione derreter.

-Vamos ver o pôr do sol. – Hermione sugeriu, muito feliz com a sensação dos braços de Harry em sua volta quando ele a puxou mais pra perto. Os braços dela também o envolveram e ela repousou a cabeça sobre o peito dele. –Assim... Sempre que olhar o sol se pôr durante o verão, vou estar com você.

Harry sorriu, sentindo uma onda de calor se espalhar dentro dele.

-Você sempre está comigo, Hermione. – Harry lhe disse, fazendo-a corar.

-E sempre estarei. – ela prometeu, se aconchegando contra ele.

Eles ficaram sentados em silêncio enquanto o sol começava a se pôr e Harry suspirou contente, pensando o quão simples e bonita a vida estava mais uma vez.

*****

Querido Snuffles,

Este é só mais um bilhete antes que volte para "casa" pras férias. Todos estamos prontos para ir, e já comecei a contagem regressiva pra quando estarei de volta a Hogwarts. Espero que próximo ano traga sua liberdade. Às vezes é só no que consigo pensar.

Outras vezes, só consigo pensar em Hermione. E por falar nisso, você estava certo. Contei a ela o que sentia e acabou que ela sente o mesmo. Na verdade, ela me disse há poucos instantes que quando lhe disse o que sentia, ela ia me dizer o que ela sentia. Também me disse que ficou extremamente aliviada de não ter sido a primeira a falar no assunto. Não posso dizer que a culpo! Ela também se certificou de mencionar que falou pra você o que sentia por mim durante uma das visitas. Obrigada por esconder isso de mim. (Isso foi sarcástico – caso não tenha notado). Merlin te poupe de facilitar as coisas pra mim. É melhor você torcer pra que eu não esteja com minha varinha da próxima vez que te vir. Posso ficar tentado a usar uma de minhas azarações mais "interessantes". (Isso foi uma piada, Snuffles).

Bem, eu e Hermione estamos muito felizes. Não sei como Rony se sente em relação a isso tudo. Ele está bem afastado ultimamente. Estou começando a ficar confuso. Em um ponto, pareceu que Hermione e Rony estavam se dando bem como antigamente. Isso foi até... Pouco tempo atrás. Hermione não disse nada sobre isso, então me pergunto se não foi minha imaginação. Começo a pensar que a vida nunca vai voltar a ser como antes. Por um lado, acho que ficar com Hermione só vai fazer mal àqueles a nossa volta. Mas por outro lado, ficar com Hermione é a melhor coisa que já me aconteceu. Sinto como se... enquanto a tiver, posso encarar qualquer coisa, e se alguém tem algum problema com isso... ah, bem. Isso parece egoísta, eu sei. Mas o que devo fazer?

Acho que é tudo o que posso escrever por enquanto. Meus colegas de quarto estão de saída para as carruagens enquanto escrevo isso. Como disse, tenho Hermione. E posso lutar contra o mundo.

Se cuida,

Harry.

Ps.: Obrigado pelo conselho. Falo com você em breve.

Sirius enrolou a carta com um sorriso no rosto. E sem pensar muito, correu para seu lugar secreto e pegou pergaminho limpo, uma pena e uma garrafinha de tinta que Harry lhe dera durante as visitas. Então se sentou na caverna, à luz do sol e começou a escrever sua resposta, o sorriso nunca deixando seu rosto.

*****

Rony bateu de leve na porta do quarto de Hermione, ouvindo-a jogar as últimas coisas no malão.

-Entre! – ela falou e ele abriu a porta, tremendo um pouco de medo que ela o amaldiçoasse assim que pusesse os olhos nele.

-Hermione... – Rony cumprimentou e ela se virou pra encará-lo, seu rosto com uma expressão de absoluto desprezo.

-Saia! – ela ordenou, um único dedo apontado para porta.

-Preciso explicar! – Rony insistiu.

-Vá explicar a alguém que se importe. – Hermione disse, reunindo toda paciência pra lidar com Rony.

-Você se importa, Hermione. Você sempre se importa. – Rony disse, seus olhos implorando pra que entendesse, pra que desse apenas um pouco de seu tempo.

-Você não pode falar manso comigo, Rony. –Hermione respondeu. –Se quer agir como um Malfoy, vai ser tratado como um.

-Eu fingi. Aquele não era eu.

-Talvez seja, Rony. –Hermione replicou, jogando as palavras de volta na cara dele.

-Era o único jeito...

-De que? De eu fazer o que você quisesse? Não acredito que pudesse ser tão baixo.

-Hermione, já sei do que sente por Harry há um tempo. Mas o que você não sabe é que isso não me incomoda. Não estava fazendo aquilo pra ser um mala... Estava fazendo pra superar minha dor. Eu sei. É egoísta de qualquer jeito.

-Do que está falando? – Hermione interrompeu irritada.

Rony percebeu nesse ponto que tinha a completa atenção de Hermione. E apesar dela poder odiá-lo depois, ele precisava se livrar disso agora, antes que passasse muito tempo entre eles. Antes que a amizade deles ficasse realmente irreparável.

-Não é segredo que fiquei muito magoado quando terminou comigo. Não lido muito bem com a dor... não lido bem com rejeição. E Gina me disse... que o único jeito de superar a dor e finalmente me curar... era transformar a dor em algo completamente altruísta. Ela me disse pra transformar em felicidade, fazer algo bom por alguém, pra que pudesse me orgulhar de mim mesmo. Pensei que ela estivesse maluca na hora. Mas depois... Comecei a entender o que queria dizer.

-Quando descobri o que você sentia por Harry e percebi que ele sentia o mesmo por você, achei que essa seria a oportunidade de realmente me testar. Pensei: se pudesse suportar você e Harry juntos, não me magoaria mais. Então agi como o ex-namorado ciumento... Agi como Malfoy porque sabia que era o único jeito de realmente chamar sua atenção.

-Por que não me disse o que Harry sentia? – Hermione perguntou, sem saber o que pensar da historia de Rony.

-Porque isso seria uma completa traição entre melhores amigos, certo? Pela mesma razão, não podia te dizer como Harry se sentia.

-Então... Você me enganou para que eu pudesse ficar com Harry?

-Exatamente. – Rony suspirou, grato por estar livre desse peso.

Hermione sentiu a raiva aumentar por dentro, e não conseguiu controlar, explodindo.

-Você tá LOUCO?!

Rony fez uma careta, recuando enquanto Hermione avançava pra cima dele, os olhos dela brilhando, seu rosto enrubescendo com uma fúria infernal.

-Um pouco. – Rony resmungou, sabendo que nenhuma resposta adiantaria.

-Essa é a teoria mais PERIGOSA, RIDÍCULA, IDIOTA que já ouvi. E se Harry NÃO sentisse nada por mim e eu fizesse papel de BOBA? Você pensou algum segundo nisso?

-Claro que pensei! – Rony insistiu –Eu não teria levado adiante, se fosse o caso. Nunca te faria passar por essa humilhação.

-E se seu plano falhasse? E se você ainda estivesse com raiva, ou melhor, furioso, que eu e Harry estamos juntos?

Rony fez outra careta. –Não pensei nisso... mas nem importa, não é? Quer dizer... Eu não estou furioso. Estou bem.

-É, você realmente pensou muito sobre isso – Hermione respondeu sarcástica. –Sabe de uma coisa... não importa mesmo. Você estava mexendo com algo muito... muito... – Hermione tentou se recompor e depois que parou de gritar, uma tristeza a inundou, as lágrimas ardendo em seus olhos. –Você me fez acreditar que nossa amizade acabou. Me fez acreditar que tinha te perdido pra sempre.

-Hermione...

-É a pior coisa pela qual um amigo pode fazer outro passar. Você achou que eu não me importaria de te perder? Achou que tudo que me importa é Harry? Que se eu o tivesse, nada mais importaria?

-Um tempo atrás, eu pensava, mas agora não. Sei que o que fiz foi errado. Por isso tinha que te contar, não importando como reagiria. – Rony disse – Fiquei com raiva por tanto tempo... e estava cansado disso. Estava exausto. A verdade, Hermione... é que nunca tive raiva de você. Estava com raiva de mim. Na verdade, só comecei a sentir paz quando vi você e Harry juntos. Me fez perceber do que realmente sou feito. Posso ser forte quando quero ser. Quero ser quando for preciso. E esse tipo de força só pode vir de dentro. Sei que não preciso de outros pra me manter firme. Toda essa experiência me fez aprender muito sobre mim mesmo, e tenho que agradecer a você.

Hermione ficou olhando para Rony, sentindo toda raiva, tristeza e ressentimento derreter. Ela sabia nesse momento que perdoara Rony e estava grata por isso. Ela revirou os olhos, suspirando com uma falsa impaciência.

-E agradecer à Gina – ela lembrou.

-E à minha querida irmã – ele concordou, sorrindo. Então, como se lembrasse do porquê estava ali realmente, completou com sinceridade nos olhos. –Eu lamento muito, muito mesmo, Hermione.

Hermione suspirou, balançando a cabeça. –Está perdoado, Rony. Não faça nada parecido com isso de novo.

-Prometo.

-Bom. E agora o que? – Hermione perguntou, dando de ombros desconfortável enquanto a tensão deixava o quarto.

-Agora nos abraçamos. – Rony disse.

-Rony! – Hermione sentiu um sorriso se formando.

-Ei... é um final feliz! É isso que as pessoas fazem. Se abraçam.

-Isso é o que voc faz. – Hermione replicou.

-Você não está feliz? – Rony perguntou seu sorriso se alargando ainda mais.

-Estou.

-Então a gente se abraça.

-Mas...

-Ninguém sai desse quarto até que eu ganhe um abraço! – Rony insistiu.

Hermione teve um ataque de risos quando Harry atacou Rony pelas costas, dando um forte abraço fraternal nele.

-Assim que se faz .– Rony disse quando se separaram.

-Ah... agora estou me sentindo abandonada. – Hermione suspirou dramaticamente.

Tanto Harry como Rony jogaram os braços em volta dela, e o "trio fantástico" partilhou um abraço a três, cada um sentindo alívio e alegria mais uma vez.

-Amigos para sempre! – Rony disse quando se separaram.

-Amigos para sempre! –Hermione e Harry ecoaram.

-Vamos pegar essas carruagens antes que vão sem a gente – Rony sugeriu e foi na frente, enquanto Harry ficou mais pra trás com Hermione, fora do alcance dos ouvidos.

-Juntos para sempre. – Harry sussurrou no ouvido de Hermione, segurando a mão dela.

-Agora e para sempre. – Hermione concordou.

Fim

*****

NT: Acabou! Espero que tenham gostado... deixem reviews que depois eu traduzo e mando pra autora... bjos e até a próxima!