~~*O amanhã não existe*~~




~~*Depois da Tempestade*~~

As gotas da chuva batiam com força no vidro da carruagem, com apenas três ocupantes muito silenciosos.

Na verdade, eles mal ousavam se olhar.

Um deles talvez porque estivesse mais preocupado em olhar disfarçadamente pela janela, tentando desesperadamente enxergar alguma coisa.

Um certo ruivo deu um suspiro resignado e disse, com uma voz amarga:

_ Vá logo atrás dele se é isso que você quer e pare de fingir que está tudo bem porque é óbvio que não está.

Harry olhou para o amigo confuso, e até um pouco surpreso. Hermione olhava para o chão, parecendo determinada a não falar com ele, o que talvez fosse até melhor.

Resolvendo seguir seus instintos, coisa que parecia correta, já que era o que vinha mantendo-o vivo até agora, ele saiu correndo na chuva, sabendo perfeitamente bem que não seria nada fácil encontrar Draco.

E ele estava maravilhosamente errado, pois tão logo saiu sa carruagem, viu-o encostado em uma outra, relativamente distante, totalmente encharcado.

E com a plena certeza de que Hogwarts inteira deveria estar achando que ele era uma espécie de gay alucinado, e que com certeza seria mais ou menos isso que veria na primeira página do Profeta Diário no dia seguinte, ele correu desabaladamente até onde Draco se encontrava.

E no momento em que ele viu a cabeça loira virando-se na sua direção, pôde quase vê-lo correndo ao seu encontro e então eles...

Draco entrou na carruagem.

Como assim, Draco entrou na carruagem???

_ DRACOOOOOOO!!! _ "GAY ALUCINADO GRITA POR SEU AMANTE NO ÚLTIMO DIA DE AULA". Perfeito.

Entrou afobado na carruagem, tão logo conseguiu chegar até ela, e encontrou Draco deitado despojadamente, de braços cruzados e olhando para a janela oposta, como que sabendo que ele viria, e ele realmente sempre sabia.

No outro banco, Harry quase deu um pulo ao ver, estava Colin Creevey, olhando para Draco muito assustado, e Harry ousaria dizer, um tanto esperançoso.

Por algum motivo aquilo o irritou profundamente, e ignorando (ou não) a forte chuva lá fora, ele imediatamente expulsou Creevey da carruagem.

Sentou-se pesadamente no banco antes ocupado por Colin, e, vendo que Draco não diria nada, resolveu acabar logo com aquilo.

_ Precisamos conversar.

_ Nós já conversamos demais. _ Malfoy respondeu, sem tirar os olhos da janela.

_ Quando você disse que..

_ Eu não disse nada, ok?

Harry não respondeu. Era sempre assim, não é? O que ele esperava, afinal? Era Draco Malfoy, e essa era uma das coisas que ele adorava lembrar-lhe.

_ Você acha que isso tudo vale a pena?

_ Como assim?

_ Porque eu estou começando a achar que não. Tudo o que você faz é me tratar como se eu fosse um monte de merda, e só o que falta é você voltar a distribuir seus distintivos de "Potter Fede". E depois você volta, finge estar arrependido, mesmo eu nunca tendo recebido um pedido de desculpas seu, e motivos não faltam, para depois simplesmente fazer isso. Fingir que nada aconteceu. E eu me pergunto se isso vale a pena. Se todas as noites que eu passo em claro pensando em você não são em vão, se as noites que eu passo em claro com você não são em vão, se todas as brigas, todos os beijos, todas as palavras ásperas e todas as palavras doces... se tudo simplesmente não é inútil para você.

_ O seu problema, Potter, é que você fala demais. Viva o momento. _ mas ele não deu mostra alguma de estar disposto a "viver o momento" naquele instante.

_ Você é um demônio impossível, sabia?

_ Sabia.

_ Porque você disse que me ama? E não me venha com desculpas esfarrapadas, Malfoy, você disse que me amava e eu preciso saber se é verdade!

_ Por quê?

_ Porque, diabos, porque eu não agüento pensar que quando você diz que não se importa com o que vai acontecer agora, você não está mentindo! Draco, eu te amo. Eu já te disse isso milhares de vezes, e eu posso repetir quantas forem preciso, EU TE AMO.

_ E eu nunca questionei isso, já?

_ É diferente.

_ Não é nada diferente. Você é irritante.

_ E você é absurdamente grosseiro.

_ E como você ainda tem coragem de me reprimir pelo que eu falo? É você que motiva a minha falta de interesse e é você o responsável pelo meu mau humor. Seu sentimentalismo barato e a sua falsidade me irritam, assim como o seu senso de nobreza e o seu desejo de justiça. O mundo não é justo, Potter. E não é você que vai mudá-lo.

_ Mas eu posso lutar por isso. Eu posso lutar pelo que eu acredito, mesmo que seja uma batalha perdida. Mas eu não vou ficar de braços cruzados enquanto o bruxo que matou a minha família destrói o mundo mágico, e muito menos vou ajudá-lo!

_ E eu não vou jogar a minha vida no lixo por você!

_ VOCÊ QUER FAZER UMA MALDITA MARCA NO BRAÇO E PASSAR A VIDA SERVINDO O CARA CUJA PRIORIDADE É A MINHA CABEÇA!! ISSO É TER UMA VIDA DECENTE??

_ Eu não sei o que é uma vida decente. Eu vivo pelas minhas próprias regras, e elas se resumem em uma: eu faço o que eu quero, e eu não me importo com as conseqüências. É o que vem funcionando até hoje, e caso contrário eu nunca teria posto minhas mãos em você.

_ Você me quer? É isso? Simplesmente?

_ Nós dois sabemos que nunca será nada além disso. Você não me ama.

_ EU NÃO TE AMO?? Draco, quantas provas mais você quer de que eu te amo? O que eu preciso fazer...

_ Você não precisa fazer nada, e esse é o problema. Você não se contenta em aceitar, você precisa mudar o mundo. Mas você não pode me mudar. E é por isso que nós nunca vamos ter nada além do que nós temos agora.

_ E o que nós temos?

_ Não amor.

_ Não amor.

_ Talvez algo muito parecido, mas não amor, Potter.

_ E porque você disse que me amava?

_ Eu não disse que não te amo, disse que o que nós temos não é amor.

_ Sinto muito, mas se eu te amo, e você me ama, o que diabos falta para ser amor?

_ Falta.. algo a mais. Falta o sentimento de que se eu levantar a manga da minha blusa agora, você não vai me matar. Falta a sensação de que você deixaria tudo para trás se eu pedisse, falta a sensação de que é eterno.

_ Mas você não pediria. _ Harry murmurou, sem conseguir impedir-se de desviar os olhos para o braço esquerdo de Draco.

_ Não, eu não pediria. Porque eu sei que isso não é amor, é poesia. E as coisas não funcionam assim.

_ Se você ao menos pedisse, Draco, eu..

_ Não. Eu não quero que você desista dos seus tão almejados ideais por mim. Eu não mereço isso.

_ Você não merece o tempo que eu estou gastando com você, porque você é terrivelmente desagradável e egoísta. Mas não faz diferença para mim. Porque, você merecendo ou não, eu te amo. E você sabe que é verdade, por mais que você tente convencer a mim e a você mesmo que não, você sabe que, sim, é amor.

E Malfoy finalmente olhou para ele. E pela primeira vez, Harry viu um olhar desprovido de qualquer orgulho ou provocação que fosse. Era apenas Draco. E ele disse, simplesmente:

_ Então me faça acreditar que é.

Harry escorregou do banco e ajoelhou-se ao lado de Draco, encarando os enormes olhos cinzentos que olhavam para ele com aquela melancolia que ele tanto adorava. Um demônio atormentado, era o que Malfoy era. Abaixando a cabeça lentamente, até que seus lábios tocassem os dele suavemente, Harry permitiu que uma de suas mãos abraçasse a nuca de Draco, enquanto a outra se apoiava desajeitadamente acima de sua cabeça.

Não era amor? Pois Harry não conseguia achar outra definição para o que sentia enquanto os lábios roçavam-se delicadamente como asas de borboletas, e não conseguia deixar de achar que aquilo era paixão quando as bocas procuravam uma à outra intensamente, quando as línguas brincavam com desejo e quando os lábios insistiam em permanecerem colados, mesmo quando tudo parecia tão errado.

Aquele era um amor apaixonado, e um amor que gritava para ser ouvido até os confins da eternidade. Pois se Draco achava que eram apenas momentos, estava redondamente enganado. Porque para sentir aquele gosto da boca dele na sua, Harry renunciaria ao mundo mágico, renunciaria a todos os seus deveres, e renunciaria à própria vida...

Draco enlaçou os ombros de Harry com seu braço direito, enquanto o esquerdo ia de encontro ao seu peito.

Nesse momento, a carruagem sacolejou, começando a andar, e parando o beijo que poderia durar para sempre, se dependesse de Harry. E, quase caindo, sua mão procurou instintivamente agarrar-se ao braço de Draco, cuja manga acabou deslizando. E Harry apenas comprovou o que sua mente já lhe dizia.

_ Eu sabia que não tinha nada aí... _ ele disse com um sorriso, depositando mais um beijo suave nos lábios do loiro deitado à sua frente.

Draco deu um sorriso maroto e emendou:

_ Mas eu não poderia perder uma chance dessas, não é?

O moreno riu, e deitou sua cabeça no peito do outro, enquanto brincava distraidamente com uma mecha loira que lhe caía nos olhos.

_ Agora, você vai precisar de uma desculpa muito boa para me convencer que "não é amor". _ ele sussurrou em seu ouvido, antes de voltar a beijá-lo.


N/A: Esse capítulo ia sair só domingo, mas eu resolvi publicar ontem. E como deram alguns probleminhas eu publiquei hoje. ¬¬ Em todo caso, o próximo vem no domingo, ou mais pro meio da semana. Depende de vocês! ^^

N/A2: Agradecimentos... ^^ Loo (doida! o.O), Trinity Malfoy (os próximos capítulos são um pouco maiores, mas no geral eles são curtinhos mesmo...), Debora Dumbledore (não se preocupe, o final já tá escrito), Shadow Maid (eu também quero o DRAAAAAAAAACO!!!!!!!!!!!! T-T), Dani Potter (mais uma que disse que a fic é confusa... acho que eu devia começar a me preocupar o.O) e viper_girl (brigadinha,moça! ^^)