~~*O amanhã não existe*~~




~~* Dead Roses*~~

Voldemort estava morto.

Simples assim.

É claro que Harry sabia que Draco estava metido com os Comensais, e sabia também que ele nunca teria que pagar por isso, porque como em qualquer sociedade podre e corrupta, ele tinha dinheiro, e isso bastava.

Ele sabia também que Narcissa Malfoy estava sendo enterrada como a mulher de um homem caridoso e que repartira seu dinheiro com toda a comunidade mágica em prol das causas do Ministério, mesmo lutando tão descaradamente no lado oposto. Mas o Ministro precisava do dinheiro. E o Ministro não ia perder um patrocinador tão bom pelo simples fato de que suas mãos alvas refletiam o sangue de gente inocente.

Fedia.

O Mundo Mágico fedia, e Harry Potter estava percebendo que daria qualquer coisa para voltar ao seu primeiro ano, onde as coisas eram simples, onde tudo era bom e o certo e o errado eram claramente distintos em sua mente, e ele sabia exatamente o que deveria fazer e o que esperavam dele. Porque crescer doía demais. Ser jogado tão violentamente na realidade doía demais.

Ele cumprira suas obrigações.

Ele lutara bravamente, e ele derrotara o tão falado bruxo das Trevas, e salvara um mundo que agora não estava tão certo se queria pertencer.

Porque olhando para as pessoas ao redor, que iam cumprimentar Lucius e Draco, parado fielmente ao lado do pai, fazendo expressões de condolência e dizendo que "sentiam muito" _ mesmo sabendo que aquele homem e seu adorável filhinho poderiam ter matado suas crianças _ ele sentia nojo de ser quem era. Nojo de ter salvado aquele mundo que não se dava ao respeito, e nojo do sorrisinho arrogante que Draco dera quando seu pai e ele foram declarados "isentos de qualquer acusação".

E nojo de saber que seu coração se partia involuntariamente ao ver que o loiro parecia estar morrendo por dentro ao ver a mãe no caixão.

Narcissa Malfoy era linda. Fisicamente divina, como ele nunca vira uma mulher antes. E agora parecia um anjo de mármore com os cabelos levemente encaracolados a emoldurarem suas faces, e os lírios brancos misturando-se ao vestido imaculado, deitada no caixão de madeira cor de sangue com as mãos pousadas sobre os seios, segurando um lenço que ele identificou como sendo de Draco. Serena. Descansando em paz.

Harry queria que ela queimasse no Inferno.

Queimasse com todo seu dinheiro, queimasse com sua beleza absurda que se provara hereditária, queimasse com aquele marido nojento, e queimasse com aquele filho com a mesma cara de anjo e sorriso de demônio.

Olhou para Draco. Pela milésima vez naquela tarde. Ele estava parado firmemente ao lado do pai, como estivera desde que Harry chegara, suportando a mão de Lucius quase que perfurando seu ombro, e olhando para o caixão como se estivesse vazio. Como se ele próprio estivesse vazio. E Harry estapeou-se mentalmente para refrear o impulso de correr até ele e dizer que estava tudo bem, que ele estava ali, e que ele iria ficar lá até as coisas se acalmarem.

Infelizmente, seu eu interior era forte, e o tapa apenas serviu para fazê-lo andar moderadamente até Draco, com um propósito firme em sua mente.

Assim que atingiu o ponto onde os dois homens estavam parados, impassíveis, estendeu a mão para Draco e disse em bom tom um "sinto muito" totalmente frio e quase desdenhoso.

Draco olhou para sua mão como se ela fosse um verme grudado na sola de seu sapato, então a apertou firmemente e murmurou um "obrigado" formal e amargo, com um tom quase imperceptível de sarcasmo; suficiente para fazer Harry perguntar-se se ele sabia.

Narcissa, oficialmente, suicidara-se com algum tipo de veneno não identificado, e os Malfoy se recusaram prontamente a permitir uma autópsia detalhada para confirmar qual teria sido a causa da morte, já que tal procedimento poderia danificar a perfeição da mulher que agora jazia como uma Virgem Imaculada no caixão.

Mas Harry sabia que não fora suicídio.

Harry sabia qual fora o veneno.

E Harry sabia que fora uma terrível ironia do destino que matara aquela mulher.

Porque o veneno que ele tão minuciosamente preparara e enviara à mansão estava destinado a outro Malfoy.

Draco.

Harry, na atitude mais impensada e precipitada de sua vida, tentara aniquilar a causa de suas dores, o que culminara naquele terrível incidente que ironicamente fizera com que ele ficasse cara a cara com ela novamente. E ele não sentia nem um pouco de pena pela mulher. Mas achava que merecia a cruz por ter tentado acabar com a vida de Draco.

Draco, que era uma mistura perfeita entre a beleza estonteante da mãe e o orgulho indistinto do pai. Draco era divino. E Draco era o demônio que o assombrava há tanto tempo que ele mal poderia lembrar-se.

Mesmo assim ele sorriu timidamente e desejou tudo de bom para a dupla de preto que se encontrava à sua frente, Lucius ignorando-o sem a menor cerimônia.

E quando estava prestes a virar as costas e sair daquele lugar para sempre, alguma coisa o parou. Não podia sair dali. Não podia abandonar Draco, por mais que Draco o tivesse abandonado antes. Não podia permitir que as coisas acabassem daquela maneira, não poderia mais fingir que não se importava, porque sua alma gritava que estava tudo errado!! Ele estava assistindo a vida passar por ele como espectador, e estava errado!! Draco estava na sua frente, e ele estava fingindo que eram estranhos, quando tudo o que queria era agarrá-lo ali mesmo, e beijá-lo, e reconfortá-lo, e implorar para que ele fizesse a dor parar. Era hora de engolir seu orgulho estúpido, porque estava sendo absurdamente idiota esperar que Draco o fizesse.

Foi por isso que, ao invés de soltar a mão que estava segurando e andar para fora daquela mansão que ele só poderia definir como infectada, virou as costas e saiu andando para a sala ao lado, arrastando Draco com ele.

E só quando tinha plena certeza de que estavam sozinhos e não seriam incomodados, é que se atreveu a olhar para ele.

O rosto de Draco não refletia nada além de desprezo, e ele murmurou com aquela voz arrastada e deliciosamente fria:

_ Fale.

_ Draco... eu não agüento mais.

O loiro olhou para ele com uma expressão tão superior que Harry duvidava que tivesse alguma coisa a ver com os vários centímetros a mais que Draco possuía. E ele falou, a voz tão desdenhosa quanto sua expressão, lembrando absurdamente aquele garoto mimado que ele conhecera na Madame Malkin:

_ E o que eu deveria fazer a respeito?

_ Eu preciso de você. Eu errei.

_ Eu sei perfeitamente bem que você errou, e eu não espero desculpas. Você não me expulsou, eu fui embora por livre e espontânea vontade, e eu o teria feito com ou sem seus socos para me indicar o caminho.

_ O que você ganhou com tudo isso?

_ A lista é longa, Potter, e eu não espero que você ouça, nem estou disposto a fazer uma dissertação. Mas os ganhos principais com certeza foram diversão absurda e finalmente tempo longe de você.

_ Você está mentindo, como sempre faz, seu sonserino cretino. Você sente minha falta tanto quanto eu sinto a sua.

_ Oh, você sente falta de mim? Desculpe, mas eu poderia ter descoberto isso sozinho. Na verdade, eu já sabia. Mais alguma coisa?

_ Você não pode pelo menos uma vez esquecer esse seu orgulho idiota e tornar as coisas mais fáceis?

_ Eu não estou sendo orgulhoso. Eu apenas estou tentando me livrar de você de uma vez por todas.

_ Você me ama. Você disse que me amava.

_ Uma das regras principais de convivência com Draco Malfoy é não acreditar em uma palavra do que sai de sua boca. Em todo caso, eu tinha dezessete anos.

_ Você tem dezenove agora.

_ Dois anos são um longo tempo, Potter. As pessoas mudam.

_ Você está dizendo que não me ama? Que era tudo mentira?

_ Na verdade, agora, eu não poderia dizer. Talvez fosse verdade no momento, talvez eu te amasse. Talvez eu apenas estivesse me divertindo. Quem sabe?

_ Malfoy... você me odeia tanto assim a ponto de deixar que isso encubra o mais ínfimo amor que você possa sentir e me torturar desse jeito? Você sente prazer em ver meu coração se partindo apenas porque você quer?

_ Eu não te odeio.

_ Então..

_ Eu nem ao menos te odeio. Eu quero que você suma da minha casa. Eu quero esquecer que um dia eu pus minhas mãos em você e quero esquecer que Harry Potter um dia esteve presente na minha vida de qualquer forma que não fosse relacionada ao mais profundo desprezo e desejo de sangue. Eu quero você fora da minha vida. Eu não sei o que eu sentia por você. Eu não sei o que nós tivemos naqueles últimos meses em Hogwarts. E eu admito, eu tenho medo de tentar descobrir e eu não quero tentar descobrir. Eu sei perfeitamente bem o que eu sinto agora. E eu não sinto absolutamente nada. Desapareça da minha vida.

E pela primeira vez, Harry Potter acatou uma ordem de Draco Malfoy sem questioná-la, e desapareceu do quarto sem olhar para trás.

Talvez porque ele não quisesse que o outro visse as lágrimas inoportunas que insistiam em tão dolorosamente brotar de seus olhos.



N/A: Ahn.. eu disse que esse capítulo saía no meio da semana, mas... bem... eu menti. Huahuahua. Sério. Eu esqueci. *vergonha* Esse capítulo é meio.... doido, seria a palavra, eu acho... Maaaas.. eu até que gosto. Agora as coisas estão chegando no fim... hehe
N/A2: Agradecimentos pras reviews do capítulo 4: Lo de novo! (gente, você tá enchendo muito a minha bola! Huahuauahua... O 3v realmente não gosta de mim. Eu até desisti de publicar lá... talvez eu publique inteira quando terminar aqui. E sobre a música do Silvechair... OH NÃOOOO VOCÊ DESCOBRIU O MEU SEGREDOOOO!!! *respira* Bem, sim, tem a ver com a música do Silvechair.), Dani Potter (obrigaaaaada, moça!), SAAAY!! ^^ (é claro que você entende, né bestona? E...e... sim, o Harry é a sombra e vamos odiar os cacos de vidro juntas!! >.Jessy Snape (Doida, doida... acho que eu sou doida! XDDD).. E a fic está acabando, deixem bastante reviews pra eu ficar feliz antes de postar os últimos capítulos! ^^