Um Dia na Vida
Parte III: Um Dia na Vida de Quatre e Trowa.


O sol batia nas cortinas do quarto juntamente ao vento proporcionando um delicioso amanhecer: fresco e claro. O lençol da cama estava envolvendo languidamente dois corpos que aparentavam estar esquecidos um no outro. Tudo cheirava à paz e tranqüilidade quando um berro foi ouvido:
- NNNNÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!!!!!!!!
Um par de olhos azul cristal abriram-se, meio que contrariados por ter seu sono interrompido.
- Tinha que ser o Duo... - Uma voz meio sonolenta foi ouvida e seu dono esgueirou-se através dos lençóis para abraçar o seu amado.
- Ele também te acordou? - Perguntou Quatre dando um beijo de bom dia em Trowa.
- Sim... Vamos levantar?
- Vamos, antes que sobre para a gente.
Graciosa e calmamente Quatre se levantou e, junto a Trowa, se arrumou para preparar o café.
- Planos para hoje?
- Só se você não estiver ocupado com a empresa...
- Não... Não estou. Estou livre hoje...
- Que bom... Tenho coisas em mente.
- Que tipo de coisas? - Enquanto falava, Quatre se aproximava de Trowa com um olhar nada inocente.
- Hummm... - Matutou Trowa enquanto abraçava Quatre e dava-lhe um selinho - Vai ter um sarau hoje à noite. Se você quiser podemos ir checar.
- Adoraria. - Respondeu Quatre retribuindo o selinho e se desvencilhando de seus braços para continuar a fazer o café.
- Que aporrinharão!
Apareceram na cozinha - bem zangados, devo acrescentar - Anne e Chang. Mais um pouco e eles matavam um...
- Bom dia para você também Chang! - Falou Quatre sorrindo e achando normal o mau humor do amigo.
- Por que o mau humor logo de manhã? - Perguntou Trowa, mas... Já sabia o que tinha acontecido...
- Maxwell não tem mais o que fazer da vida!!!!
- Aparentemente, Duo não sabe dividir espaço. - Acrescentou Anne não muito contente. - Mas mudando de assunto, vocês estavam falando sobre sair?
- Desde quando você se tornou tão fofoqueira, hein Anne? - Falou Chang, mas ela apenas o olhou e fingiu que não tinha ouvido.
- Nós vamos a um concerto. Por quê?
- Ah... Não, por nada. É que nós íamos perguntar se vocês não se importariam se nós passássemos o dia fora também, mas já que vocês vão sair não mais tem problema, né?
- É, mas ainda tem os dois. - Falou Quatre.
- Sim, mas com certeza eu não me importo de falar. Sei que eles não ligam e segundo, eu não sou louco de cogitar ficar em casa depois desse "NNNNNÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOO" nem morto! Morto aqui acho que já vai bastar o Heero. - Chang explicou e até contente por poder ter um dia só para eles. Ele não era do tipo de ficar se expressando e claro, como ele era quem era, não estava saltitante como uma gazela, mas estava feliz.
Depois disso todos riram e se sentaram para tomar seu café em paz, mas era quase impossível já que os berros de Duo não os deixavam alheios a sua discussão.
De repente ela cessa e Duo aparece meio emburrado.
- Duo, você está bem?
- ...
Eles apenas o encararam e continuaram a tomar seu café. Nesse meio tempo eles ouviram Heero descendo as escadas e saindo pela porta da frente para evitar falar com os outros e muito menos se deparar com Duo.
(D)- Idiota - murmurou baixinho, mas o suficiente para ser ouvido.
(Q)- Duo, você não está sendo muito rigoroso? Pelo que sabemos, ele recebeu uma missão e você não pode fazer nada, e ele muito menos!
(D)- Pode até ser Q., mas é que nós já tínhamos planejado esse dia juntos e ele reagiu à missão de forma tão normal que nem parecia ter algo importante para ser feito hoje! Então quer dizer que eu não sou importante? Que não sou peça-chave na vida dele? Que eu existir ou não, não modifica a existência dele?
(A)- Duo, não fale assim. Você sabe que ele se importa com você, e que você é sim tudo isso na vida dele...
(W)- Anda Duo, você ta parecendo criança agindo desse jeito. Ele recebeu uma missão e agora terá que cumprir, ou você já se esqueceu de nossas prioridades?
(D)- Não é isso... Claro que eu não me esqueci, mas eu só queria que ele às vezes fosse mais...
(T)- Mais? Mais o que? Duo, ele era o soldado perfeito até você conseguir derreter suas barreiras, entenda, mais do que isso, ele não pode.
(D)- ..."Só queria que às vezes ele fosse mais caloroso, mais expressivo, menos... maquinal".
Com esse pensamento Duo se levanta e volta para seu quarto. Mesmo sem saber o que fazer para ajudar o amigo, Anne e Chang seguem o exemplo de Duo e vão para o quarto deixando Trowa e Quatre na cozinha.
- Sei que Heero se esforça, mas Duo não deixa de ter suas razões.
- É Quatre, mas Duo tem que entender o Heero. É difícil para ele. Sinceramente, eu nem mesmo imaginaria a algum tempo atrás Heero agindo como ele age agora. Ele já se soltou demais, já passou por confusão ao descobrir que gostava de Duo e acho que agora ele deva ir com calma.
- Sim Trowa, concordo. Mas o problema é que ele não faz isso por mal. É da personalidade dele demonstrar tanto assim o que ele sente. Ele não pode fazer muito e, cá entre nós, ele já se repreende bastante em se tratando de Duo Maxwell.
- Você está certo anjinho. - E com isso puxou Quatre para seus braços dando-lhe um pequeno beijo em sua cabeça. - Mas não se preocupe, pois eles sentem um pelo outro algo muito forte. - Trowa segurou o rosto de seu anjo entre as mãos e prosseguiu encarando aquelas duas safiras - Tão forte que às vezes eles se atrapalham e é justamente por isso que eles brigam do jeito que eles brigaram agora.
- Uh-hum - assentiu Quatre com um piscar de olhos. Do nada sorriu. - Você então deveria ser como ele já que você também não demonstra suas emoções com facilidade e tudo o que você está sentindo agora é novo.
- Pode até ser que tenha sido frio e inexpressivo, mas eu tenho certeza do que sinto por você.
Corando ligeiramente, Quatre sorriu em resposta. Ele adorava ser bajulado e acarinhado por Trowa.
- É mais observador do que aparenta ser, meu caro Sherlock.
- É elementar, meu caro Watson. - E com um beijo ele se levantou pegando se casaco e se despedindo de Quatre.
- Vou dar uma saída, pois tenho que resolver algumas coisas, OK.? Até daqui a pouco.
- Até mais tarde meu amor. - Quatre assistiu seu amante sair com um olhar sonhador. E assim foi pego em flagrante.
- Uiuiuiui! Que romântico!!!
- Nossa... To todo derretido!!!
Eram Anne e Chang que gostavam de tirar um sarro com a cara que Quatre fazia sempre que pensava em seu namorado. Todo vermelho, ele ficou sem ter onde enfiar a cara.
- Seus sem graça... Vocês não iam sair? O que ainda fazem aqui?
- Nossa... Que grosso! Vamos sim, mas só mais tarde. Por enquanto não estamos fazendo nada.
- Nada além de me aporrinhar, né?
- No caso de nada mais saudável, sim. Estamos te enchendo o saco! Brincadeira Quatre. O que você acha dessa situação entre os dois?
- Trowa e eu achamos que eles precisam apenas de tempo para se familiarizar com eles mesmos. Os dois pertenciam a realidades totalmente diferentes das que eles vivenciam hoje, e isso com certeza interfere neles.
- Espero que eles se acertem antes que um perca o couro! - Guinchou Chang.
- Sabia que você não é nada romântico? - Enraiveceu-se Anne.
- É que romance é para mulheres, e mulheres são fracas. Logo, o romance é coisa de fraco! - Wufei tinha mexido justamente na ferida. Ele sabe ser sacana quando quer, mas ele também pega pesado.
- Então tudo bem... Eu serei forte a partir de agora, OK.? - É. Anne também sabe.
- E agora hein, Fortão? - Quatre aproveitou para se vingar.
Wufei nem teve tempo de reagir pois logo Quatre e Anne explodiram em risadas.
Quando ele ia rebater, Heero chega e Quatre vai recebe-lo. Ao chegar na sala ele vê Duo se sentando no sofá e ligando a TV.
Os outros ouvem Heero cumprimentando.
(H)- Tadaima...
(D)- Olá...
(Q)- Heero! Já fez a sua missão assim tão rápido?
(H)- Não Quatre, eu só fui comprar umas coisas e preparar outras para a viag...
Nessa hora Duo se levanta bruscamente e aparentemente irritado e chamando a atenção dos dois.
(H)- Duo, onde você pensa que vai?
(D)- Eu?... Imagina, ir ou ficar não faz diferença!
(H)- Para de criancice e vai se trocar. Você vai nessa missão comigo.
(D)- COMO É QUE É?
(H)- Anda logo que em meia hora estamos indo.
Ainda boquiaberto Duo ficou parado no meio do caminho olhando para onde Heero tinha estado...
(Q)- Duo... Acho melhor você ir se arrumar...
(D)- ... Ah! É verdade.
Totalmente desanimado Duo segue seu trajeto e volta arrumado em dez minutos.
(H)- Que bom que você já se arrumou. Bem pessoal estamos indo e provavelmente voltaremos apenas depois de amanhã...
(D)- COMO??? Eu pensei que essa fosse uma "MISSÃO SIMPLES" Heero!!!
(H)- E é.
(W)- Bem... Que vocês se saiam bem. Boa sorte.
(A)- Idem! Bem... Vamos Chang?
(W)- Vamos...
(D)- Er... Aonde vocês vão?
(W)- Fofoqueiro! Não é da sua conta!
(D)- XP, Pra você! Eu não me dirigi ao Mr. Resposta Grossa... Anne???
(Q)- Larga de ser curioso Duo.
(D)- Até você Q! Onde ta o Trowa?
(T)- Cheguei!
(D)- Respondido!
(A)- Ta acontecendo um torneio de esgrima na cidade e nós vamos assistir...
(D)- Nossa... Só vocês mesmos...
(A)- Você quis saber não é? Larga de ser chato! Tchau gente, não nos esperem!
(H)- Bem... Tchau vocês também e até.
(T e Q)- Tchau!
(D)- Até...
Os dois foram andando até o carro: um Duo amuado e um Heero inflexível.
- E agora? Sobramos em casa! O que a gente faz? - perguntou Quatre ao seu amante.
- Vamos almoçar fora! - falou Trowa se aproximando de seu anjo - Um dia só nosso: sem missões, sem Anne xingando Chang e sem Heero e Duo brigando. Apenas nós e o dia! Que tal?
- Gostei - sorriu Quatre retribuindo o abraço de Trowa e sorrindo travessamente - vou me arrumar. Aonde vamos primeiro?
- Que tal para começarmos um museu e depois o almoço?- sugeriu.
- Gostei. Vamos?
Os dois foram tomar um banho para poderem sair, mas claro que eles aproveitaram e mmmuuiittttoooo o banho juntos.




- Eu amei o passeio pelo museu! Foi fantástico!
- Que bom que você gostou. Eu nunca tive a oportunidade de vir a esse museu.
- Nem eu. Ei Trowa, olha só aquele restaurante. Podemos almoçar lá, não?
- Sim, parece fresco e agradável. Vamos?
Os dois se encaminharam para o restaurante para um almoço tranqüilo. Estavam juntos e apreciando a presença um do outro. OK., eles sempre apreciam a presença do outro, afinal se amam loucamente e não sabem viver sem o outro ao seu lado. Apesar dos sentimentos de um para com o outro não tinham a noção de sua intensidade, mas mesmo assim estavam satisfeitos. Mas... Até quando?
Conversavam normalmente sem prestar atenção ao seu redor. Ledo engano, pois alguém os havia visto e com certeza não gostou do que viu.
"Um passeio romântico, eu presumo. Muito bem, Trowa Barton, fique sabendo que eu não vou deixar que isso corra bem. Com certeza esse não será o melhor dia de suas vidas!" (ninguém sabe quem é, né ,). "Eu preciso de um plano e uma mãozinha para começar..."
Nesse momento Trowa se levanta:
- Eu vou falar com o garçom, ta? Me espere aqui.
- Não sairia daqui por nada!
E sorrindo, Trowa vai em direção do balcão.
"Isso! Essa é minha deixa! Agora eu tenho que aproveitar... O que eu faço????"
Por sorte quase divina, ela vê uma garçonete passando com uma bandeja cheia com copos de bebidas ao lado de Quatre. Num estalo ela derruba a garota exatamente no momento em que a bandeja está precisamente sobre Quatre. Pobre loirinho... Ficou com os cabelos melados de manga, a blusa fedendo a vinho e as calças molhadas com água(ÊÊÊTA SORTE!!!). A garçonete não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha.
- Me desculpe senhor. Não foi intencional, eu juro!!!
- Er... Tudo bem. "Agora... Eu tenho que dar um jeito de me trocar.".
Olhando para os lados para ver se encontrava Trowa e dizer que ele urgentemente precisava sair dali infelizmente não o encontrou, mas ouviu uma voz um tanto quanto "coquete" e conhecida.
- Se quiser eu posso te ajudar!
- Dorothy! (Oh!!!!! Que descobrida a gente fazeu!!! K)
- Olá Quatre! Nossa, como você se sujou! Vamos, eu te levo em casa para trocar de roupa! - Falou a louca varrida puxando o loirinho pelo braço.
- Obrigado Dorothy, mas eu tenho que avisar o Tro...
- Ah, de nada! Vamos antes que sua roupa se estrague. - Ela pareceu não ter se importado com o que ele iria dizer... Claro, ela sabia, só não queria dar chances para aquele Trowa Barton, mas ela sabia mexer com os pauzinhos e fez tudo direitinho para que Quatre não tivesse tempo de reclamar; forma de se esquivar e fazer Trowa assisti-la carregando seu amável anjinho...
- Quatre, o que você ach... Quat... - Trowa não teve tempo de terminar a frase, pois ele vira Dorothy sendo carregada pelo braço por Quatre! Não... Era demais para ele. Mas sim, estava acontecendo. - Muito bem Quatre, se é assim que você quer, assim será. - E com isso resolveu segui-los para por um fim a tudo. Mas mesmo assim, Trowa ainda tinha esperanças de que algo poderia ser diferente...
"Isso! Ele está nos seguindo! Agora é só faze-lo cair na minha e Quatre será só meu!!! HOHOHOHOHO!!!!!"( vocês não acham essa risada de Dorothy muito... "Eu sou a louca!"?).
Quatre estava preocupado por ter deixado Trowa no restaurante e não ter avisado. Resolveu ligar para o celular dele, mas para variar...
- Quatre, o que você está fazendo?
- Eu vou ligar para o Trow...
- Por que você vai ligar de dentro de um carro? O sinal aqui dentro é péssimo!! Se eu fosse você nem tentava!
- Mas eu tenho que falar...
- Olha só! É mais rápido se você se trocar aqui na minha casa do que a gente ir até a sua!!!
- Você mora aqui por perto? Eu não sabia!
- É! Essa casa era do meu avô.
- Bem... Então agora acho que dá pra lig...
- Vamos logo Quatre! O quarto é lá em cima!
- Mas...
- Vamos... É melhor você tomar um banho também!
Sem dar chances, ela o empurrou para dentro de casa.
Em um carro um pouco mais atrás, estava Trowa, quase tendo um infarto com o que acabara de ver.
- Vou espera-lo aqui fora...



*Dentro de casa...



- Dorothy, eu já falei, não precisa se incomodar...
- Não é incômodo te ajudar! Anda, vai se lavar que eu te espero. Acredito que com toda essa bagunça você não tenha conseguido comer não é?
- É, mas eu não quero almoçar, obrigado! - Quatre não queria comer agora e deixar Trowa olhando para ontem no restaurante. "Tem algo de errado. Dorothy está mais esquisita do que o normal e... Tem algo podre no ar, pois a conhecendo como conheço sei que ela está aprontando algo, mas o quê?" Pensava Quatre enquanto se secava após ter se lavado. Vestiu as roupas que Dorothy havia deixado sobre a cama. Aparentemente eram de seu avô, mas mesmo assim eram muito bonitas e eram de seu tamanho, mas ainda assim não eram velhas. Eram até joviais.
TOC TOC TOC...
- Posso entrar?
- Pode.
- Nossa. Ficaram bem em você! Se não o conhecesse diria que era neto de meu avô!
- Obrigado pelas roupas outra hora eu as devolvo, OK.?
- Tudo bem... Não se incomode com algo fútil assim.
- Obrigado de novo Dorothy, mas já abusando de você, eu preciso voltar para o restaurante, pois tinha alguém me esperando lá. Espero que não fique chateada...
- Nossa! Eu não sabia, Quatre! (,U) Claro que não! Vamos agora!
- Como você é compreensiva!
E os dois estavam se dirigindo para a saída. Quando abriram a porta, deram de cara com um Trowa com a expressão mais estranha já vista antes!!!
- Trowa Barton, boa tarde!
- Trowa! Como você descobriu onde eu estava?
- Por quê? Você não queria que eu descobrisse?
- ... O quê?
- Simples Quatre! Você diz que iria me esperar e de repente te vejo saindo de braços dados com uma outra pessoa... Aliás, Dorothy Catalonia! O que você tem? Se nosso relacionamento não era tão sólido assim pelo menos você poderia ter sido mais gentil e ter pedido para terminarmos, mas não! Você teve que me trair?
- Te trair? Mas eu não fiz nad...
- E essas roupas? E por que não me avisou?
- Eu tentei te avisar, mas eu não consegui.
- Pelo jeito não tentou o suficiente! Faça o que você quiser Quatre. Não mais está preso a mim! Tchau!
Trowa deu de ombros e foi embora de carro.
Quatre não podia acreditar no que ouvira. Não queria creditar no que acontecera! Ele e Trowa tinham... Terminado? Era isso? Esse era o fim?
- Entre Quatre. Acho melhor você se acalmar primeiro... - Subitamente Dorothy parecia mais gentil.
Sem muita reação, Quatre foi guiado pela "amiga" para dentro de casa.
- Toma esse copo d'água. Vai te fazer melhor.
- Por quê? Isso é totalmente ilógico!!! Eu não fiz nada!
- Eu sei Quatre...
- Me diga Dorothy, eu fiz algo?
- Não Quatre.
- Então?... - Com isso Quatre não estava agüentando e lágrimas escorriam de seus olhos avermelhados.
- Quatre, olha. Talvez ele não te entenda, nem te aceite como você é. Você precisa de alguém que te compreenda e que realmente goste de você!
- ?!
- Por exemplo... Eu gosto de você!
- !! - Com esta fala Dorothy vai se aproximando dos lábios de Quatre para tentar roubar-lhe um beijo, mas...
- Dorothy, me desculpe, mas eu não te correspondo...
Dorothy não podia acreditar... "Depois de fazê-lo se desiludir com aquele latino ridículo[1] ele ainda me despreza???"
- Mas Quatre, ele não gosta de você! Você viu, não viu? E agora ele te odeia por nem saber o que realmente aconteceu!
- Dorothy, eu posso parecer idiota, mas eu não sou... Depois do que aconteceu agora eu percebi algo.
- O... Quê? - Falou quase demonstrando seu medo.
- Sempre me disseram que você gostava de mim, mas eu te considerei muito minha amiga para poder me afastar de você assim e acabar te machucando... Até esperava um empecilho vindo de você, já que você joga com tudo quando quer algo... Mas tanto assim! Diz na minha cara para eu acreditar: por que tão longe Dorothy?
Dorothy estava abismada. Não esperava que ele pudesse desconfiar tão rápido assim[2] de seu plano. Talvez o Latino, mas não Quatre[3]. Então ela percebeu que ele estava esperando por uma resposta dela.
- Eu te amo Quatre e não consigo te ver com outra pessoa. Não é justo! Eu te amo tanto e você não dá a mínima para a minha existência! Ele te pisou, te machucou e ainda assim você o quer!!! Você pode ter a mim, mas não. Você O QUER!!! - Depois de desabafar ela começou a chorar depois de ver a piedade no rosto de Quatre.
- Dorothy... Você me quer ver feliz?
Ela piscou um pouco e recuperando a compostura ela respondeu:
- É o que eu mais quero!!!
- Então... Me deixa ser feliz com o Trowa! Somos felizes juntos. Eu o amo e sei que sou correspondido. Ele agir dessa forma foi apenas uma maneira dele expressar sua insegurança. Ele nunca teve ninguém e agora me achou...
- ...
- Se eu fosse outra pessoa te odiaria, mas eu não consigo. Gosto muito de você. Você é uma grande amiga e uma grande pessoa. Sei que passou por maus bocados com a guerra, mas você é justa. Sabe lidar com tudo, e, eu estando com o Trowa não significa que você me perdeu. Você sempre me terá, de uma forma especial. Por favor, não faça isso de novo, ta? Deixe-me viver com ele. Eu o amo!
Aparentemente ela caiu na real.
- Quatre... Me perdoa?
- Claro que sim^_^. Eu já te falei, eu não consigo te odiar!!! Eu só quero ficar com ele.
- Tudo bem... Eu quero te ver feliz. E se sua felicidade for junto a ele, então fique com ele!
- Obrigado por compreender!
- Tudo bem. E como mostra de meu arrependimento amanhã eu te entrego a roupa lavada e passada, OK?^_^
- OK.
- Então, o que está esperando? Vai lá atrás dele e... Qualquer coisa...Me liga.
- Ta, eu vou. Tchau Dorothy.
Os dois se abraçaram calorosamente como dois irmãos e Quatre foi embora.
- Eu desisto de você Quatre, mas não dos meus sentimentos por você.



Trowa se encontrava em casa (°.°). Mais precisamente deitado na cama. Mesmo depois do que vira, ele não podia acreditar no que ele pensara. Resolveu dar uma volta para se acalmar, mas a única coisa que tinha o poder de acalma-lo era o doce perfume de Quatre. Por isso ele estava na cama. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele e Quatre se encontrariam... Claro que caso o que ele pensara que ocorrera entre ele e aquela louca não tiver mesmo ocorrido. Mas ele ainda guardava esperanças dentro dele.
De repente o som da porta se abrindo é ouvido. Trowa vai para a escada pensando ser seu doce amante.
- Ah, Trowa. Já em casa? - Perguntou Wufei subindo as escadas junto de Anne e estranhando o amigo em casa e... Sozinho???
- É... Eu pergunto o mesmo para vocês!
- Ah! A gente só veio tomar um banho para sair de novo. Não é Chang?
- É sim... Bem, não sabemos se vamos chegar cedo ou não, então, até!
- Eu acho que também vou sair. Tchau. Até amanhã.
- E Quatre? - Anne não obteve respostas pois Trowa já tinha entrado no quarto.
- É melhor deixa-los por enquanto... - Falou para a namorada e deu-lhe um selinho nos lábios lançando-a porta adentro.
- BRUTO!
SLAM




Trowa tomou um banho rápido e saiu de casa aparentemente antes do casal. Ele tinha que espairecer as idéias. Ficar esperando por Quatre dentro de casa achando que ele estava com Dorothy, mas crendo que ele estava a caminho de casa não parecia muito saudável... Achou melhor aproveitar que o circo em que trabalhara estava lá perto e visitar a irmã, já que como agente não mais tinha disponibilidade para trabalhar no circo.
Chegando lá a primeira coisa que ele ouve é:
- ROAR!!!
Ele olha pro lado e vê seu amigo leão.
- Olá! Estava com saudades. - Ele se aproximou do leão para afaga-lo. Foi então que ele ouve outro berro!
- Trowa!!!
Era Catherine. Como a sua irmã estava bonita. Tudo bem que ela era muito bonita, mas ela conseguiu estar mais do que da última vez. Ele não conseguia vê-la com os olhos de um homem, apenas com os de um irmão. Talvez por ela ser tão parecida com...
- Olá Cathy...
- Te conhecendo como te conheço sei que algo aconteceu...




- Ah, entendi... Então foi isso o que aconteceu... - Os dois estavam sentados em um sofá conversando calmamente. Já estavam conversando há algum tempo, colocando as "fofocas em dia", como se dizia por aí. Trowa estava contando-lhe sobre o seu emprego nos Preventers e como ele se saía como agente. Catherine demonstrava claramente sua preocupação, mas ele lhe afirmou que tudo estava bem e que era mais seguro do que ser piloto Gundam, e, no meio de tanta conversa, ele acabou lhe contando o que acontecera horas mais cedo. - Mesmo assim, Trowa, você acha que ele realmente fez isso?
Trowa olhou meio que incrédulo para a irmã e disse:
- Como eu não vou ter certeza? Eu o vi saindo de dentro daquela casa; eu o vi sendo arrastado pela Dorothy e ele nem me disse nada!!!
- Foi como você acabou de falar... Você o viu sendo arrastado por ela e não o contrário... Se eu fosse você eu escutaria o que ele tem a te dizer.




Trowa passou a noite toda vagueando pela cidade pensando nas palavras de sua irmã. Tudo bem... Ele nem mesmo sabia porque havia agido dessa forma, já que ele não era impulsivo como o estava sendo agora. Ele estava parado de frente para o mar observando o céu clareando com a alvorada. O céu tornando-se dourado lembrando-o de seu anjinho... Virou-se e foi em direção de casa.
Trowa chegou em casa e subiu as escadas. Ao entrar no quarto ele não se assustou ao encontrar Quatre sobre a cama, adormecido e todo vestido, provavelmente esperando-o a noite toda.
Ele sentou-se ao seu lado e ficou a observa-lo. Logo ele pode perceber a umidade em seus cílios cerrados. "Ele esteve chorando...". Trowa passou levemente o dedo pelo caminho que as lágrimas fizeram no rosto de Quatre e este, com o toque, despertou.
- Trowa... - Ele começou apreensivamente. - Por favor, deixe-me explicar...
- ... - A resposta de Trowa foi um olhar encorajador, mas ainda assim severo e ressentido.
- Quando você foi no balcão, a garçonete derrubou a bandeja em mim e Dorothy estava do meu lado, então ela disse que eu deveria me trocar. Eu disse que tudo bem, mas que eu ia falar com você, mas sempre que eu começava a falar isso ela me interrompi... - Subitamente Trowa tapa a sua boca com o indicador como que a lhe dizer que não quer mais que ele fale, e com isso Quatre começa a derramar silenciosamente suas lágrimas. "Acabou... Eu não posso acreditar... Ele nem mesmo consegue me ouvir falar...". Mas aí, quando Quatre pensa que tudo está perdido, Trowa o puxa para perto e lhe abraça.
- Não precisa dizer mais nada: eu entendo, eu acredito e eu me desculpo com você meu anjo...
- Trowa... Não precisa ped...
Quatre foi silenciado de novo, mas dessa vez com os lábios do moreno.




Já era noite. Eles se encontravam abraçados um com o outro, acariciando-se mutuamente. Quatre estava sobre o peito de Trowa e este lhe acariciava os cabelos. Os dois já tinham almoçado, jantado, mas mesmo depois da refeição, eles voltavam para o quarto e lá se trancavam, ficando em seu mundo particular.
- Quatre. Me desculpe por ser imparcial...
- Imagine! Fico feliz de saber que você me perdoou e que agora estamos juntos.
- Sim, mas o que mais me dói é de saber que eu falei aquilo e que foi por aquilo que "nós" acabamos por brigar.
- "Aquilo"?
- Que o nosso relacionamento não era sólido. É estranho de imaginar isso mas, convenhamos: na lógica, não passamos de... Simples amantes. Nada além disso! E eu... Eu sei que você é quem é, claro que você pode conseguir quem quiser, mas eu não conseguiria conviver com isso... Caramba! Eu preciso dizer, não agüento mais: Quatre, eu te amo loucamente! Você é a única razão pela qual eu ainda existo! Sei que você pode querer terminar comigo agora, mas eu precisava dizer isso. Se você quiser, nós podemos continuar assim, mas... - Trowa começou desesperadamente a falar de seus sentimentos para Quatre, mas parou sua declaração quando ele percebeu as grossas lágrimas que desciam do rosto dele. - O que foi???
- Eu nunca lhe falei antes com medo de que você me rejeitasse, mas... Eu também te amo loucamente Trowa Barton. - E então Quatre avançou sobre Trowa em um beijo caloroso. E nele os amantes se perderam por toda noite, descobrindo como dividir o amor que possuíam e como isso era bom...




Fim da ParteIII

[1] Ridículo nada! Ah eu com esse Latino só para mim (:=>)
[2] Super difícil de se descobrir... (x_x)
[3] Espera, o Quatre pode ser o que for, mas aí já ta chamando de MULA!!!




CONTINUA...