N.A: E não é que chegou!!! Finalmente... demorou um pouco... peço desculpa sff!!!! Espero que gostem... Digam-me ^_~
Disc. CCS não me pertence, nem a música...
Este capítulo é especialmente dedicado a.... VOCÊS!!! A todas as pessoas que lêem a(s) minha(s) história(s) e que se dão ao trabalho de dizer o que pensam... Vocês são um máximo!!! Adoro-vos a todos... *BJS* grandes!!!!
Capítulo Oito
Quando o tempo parou
~ 2ª Parte ~
^ Shaoran ^
Porquê agora!??! Porquê agora!??! Estava tudo a correr tão bem... Tínhamos saído de casa bem cedo para tratar de tudo, ninguém nos tinha visto, o que é milagre visto que parece sempre haver um criado a espreitar. Entramos pé ante pé na garagem e quando estávamos prestes a abrir a porta do carro...
- AAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRRRR! Preciso de ar!!!!
Metemo-nos no carro de qualquer maneira só tendo tempo de lançar as malas, o Livro da Cartas para o banco de trás, enquanto eu ocupava o lugar do condutor e Sakura se sentava ao meu lado. Só devo ter diminuído a velocidade a uns bons 35km depois. Paramos junto a uma estação de serviço, voltei-me para trás furioso:
- ÉS LOUCO!!!! QUERIAS QUE NOS APANHASSEM!!!
Sakura também se voltou para trás, ficando Kero entre a espada e a parede. Kero olhou-nos resmungão e disse:
- Eu ia sufocando...
- Pois que sufocasses!- afirmei.
Sakura olhou de lado para mim, limitei-me a encolher os ombros e a sair do carro maldisposto. Enquanto punha gasolina vi Sakura a falar com Kero mas não ouvi nada do que eles disseram. Em seguida fui pagar a gasolina e de preferência comprar algo com chocolate, comer chocolate sempre me acalmou. Estava a escolher uma tablete de chocolate quando ouvi:
- Gosto dos Nestlé!!
Voltei-me para Sakura que se veio pôr ao meu lado comentando:
- Não vale a pena estares tão chateado... Ele precisava respirar mas realmente não precisava de gritar tão alto...
Passei um braço em redor da sua cintura e comentei:
- Por segundos tive a sensação de que a minha família em peso ia entrar na garagem e levar-te para longe de mim...
Senti o braço de Sakura passar em trono da minha cintura e ela murmurou a meia voz:
- Eu também...
Quando voltei ao carro trazia um bolo na mão para fazer as pazes com Kero que assim que viu o bolo aceitou fazer as pazes e chegou mesmo a admitir que tinha gritado muito alto e que lhe tinha bastado por a cabeça de fora do saco onde Sakura o levava com receio que alguém o visse.
O nosso objectivo era irmos ao Notário para passarmos tudo para o nome do Eriol e da Tomoyo, assim que eles se casarem, ideia da Sakura, eles são donos de tudo, de todas as contas da banda, de todas as casas da banda, de todas as acções da bolsa, de tudo... bem, não de tudo... reservei uma casa completamente equipada e com uma equipa de criados para a Meiling e a casa onde vivo está apenas em nome temporário deles, mas basicamente está tudo em nome deles...
Tinha acabado de assinar os papeis quando a Senhora do Notário me disse que para eu o fazer ia precisar da assinatura da minha mulher, e ela tinha-o dito apontado para Sakura. Sakura sorriu e disse:
- Eu ainda não sou a esposa...
A senhora piscou os olhos e disse:
- Então lamento mas não podemos fazer nada, precisamos da assinatura de alguém directo da sua família ou uma testemunha fiável...
Raios! Foi uma das expressões que me passou pela cabeça, a senhora ia para chamar a pessoa a seguir a mim quando Sakura se chegou ao pé de nós e disse no tom de voz mais inocente que se possa imaginar...
- Eu disse que ainda não era, mas como estamos num notário isso pode arranjar-se, não pode...
Foi mesmo isto que ela disse, ela praticamente tinha perguntado à senhora se podia casar comigo, ali e naquele momento, onde estão os princípios da praxe, devia ser eu a pedir a Sakura em casamento, não ela a mim. Não que eu ainda não tivesse pensado nisso, eu tinha mas queria fazê-lo num sítio romântico não no meio dum Notário! E claro que também tinha imaginado, quer dizer, tinha PENSADO fazê-lo numa igreja, e também tinha PENSADO convidar a Meiling, o Eriol, a Tomoyo, a Mãe da Sakura...
Por falar na mãe da Sakura, ela deve estar a ficar chateada de morte!! Muito inteligente o meu Tio quer fazer um casamento supressa e não se lembra de confirmar se existem passagens para a mãe da noiva, ou outro/a amigo/a da noiva vir, só haviam bilhetes para aviões que descolavam hoje e mesmo só para a hora do casamento, por isso a mãe da Sakura ia directamente para o copo de água.
A senhora do Notário disse a Sakura que isso se podia arranjar se ela arranja-se uma testemunha, Sakura voltou-se para mim e eu apenas disse:
- Eu telefono...
Peguei no telemóvel e dirigi-me para um sítio mais privado, a Sakura combinou com a senhora do notário que o "casamento" se realizaria dali a uma meia hora, mal nós suspeitávamos do que se iria passar na Igreja onde Sakura devia estar a casar, quer dizer tínhamos uma ideia mas nada nos preparia para o que realmente ia acontecer.
Ouvi o som a dizer que o telemóvel chamava, pouco tempo depois ouvi uma voz bastante parecida com a de Sakura dizer:
- Mochi! Mochi! Quem fala??
De súbito tinham perdido a voz, não sabia mais o que dizer, não sabia como dizer aquela senhora, aquela mãe que não me conhecia de lado nenhum que eu ia casar com a filha dela, mas a verdade era que mesmo se tivesse vontade de falar não poderia pois Sakura tirou-me o telefone...
- Mãe!!! OH! Mãe estou tão feliz por te ouvir!!! Preciso da tua ajuda!!!! ........... Não, não eu estou bem o que se passa é...... não mãe tenho a certeza que não!! .......... mãe vem ter a esta morada que te vou dar........ não mãe, não me casei ainda!!!............ o que quero dizer com ainda?!? Vem ter a esta morada que eu explico...
Ver a Sakura falar com a mãe recordou-me das conversas que eu costumava ter com a minha e pela primeira vez em muitos anos senti uma saudade imensa dos meus pais, recordei os meus tios, os pais de Eriol, a mãe de Tomoyo e a de Sakura, lembrava-me destas últimas tão vagamente o que é normal visto que a última vez que as vi foi no parque no dia da bomba...
Sakura sorriu-me e disse-me adeus enquanto falava com a mãe, respondi-lhe e vi Kero a pôr a cabeça de fora da mala de mão de Sakura, uma menina pequenina que passava com a mãe na altura disse:
- Olha mamã que porta- chaves mais giro!!! Quero um...
A mãe continuou a andar dizendo:
- És muito nova para teres um porta- chaves além disso para que precisarias dum, não tens chaves...
A menina continuou a pedir o porta chaves até ela e a mãe se me perderem da vista, sorri, pensando ou antes, tentando recordar os meus pais, não me recordava bem da idade que tinha aquando da expulsão da bomba, por vezes parecia-me que nunca tinha tido pais, apenas tios e primos, mas depois sempre me recordava de Sakura e recordando-me dela recordava o que era o paraíso e recordando o paraíso conseguia chegar à memória nublosa dos meus pais.
Sentiu um par de braços deslizarem desde os meus ombros até peio do meu peito onde se juntaram para me dar um abraço, consegui ouvir Sakura dizer ao meu ouvido:
- A minha mãe diz que em quinze minutos está cá...
- Já lhe contaste!??!
Não vi mas soube que Sakura sorriu quando disse:
- Já... é por isso que ela vai vir tão depressa...
Rimos baixinho, as pessoas que estavam no Notário quase nem reparavam em nós, estávamos ali sentados, eu nas escadas do prédio a meio da escada que ligava o andar do Notário à parte das habitações e a Sakura ao meu colo, falando e rindo como se fossemos os únicos, como se estivéssemos numa ilha só nossa onde mais ninguém poderia entrar.
Não sei quanto tempo passamos assim, a Sakura a falar e a rir comigo, eu a rir, a enfiar Kero dentro da mala para ninguém o ver e Kero a resmungar que precisava de respirar. Quando demos por isso a mãe de Sakura tinha chegado, Sakura abraçou-a, a mãe dela olhou para mim piscou os olhos e disse:
- Shaoran?!?!
Foi a minha vez de piscar os olhos, a mãe de Sakura recordava-se de mim, observei-a, o vestido rosa claro que trazia era lindo e fazia parecer 5anos mais nova do que realmente devia ser, não parecia ter mudado muito desde da última vez que nos tinha-mos visto, agora eu... eu era a uma criança e agora sou....
- Como adivinhas-te mãe?!?!- ouvi Sakura dizer.
A mãe de Sakura sorriu para mim e disse:
- É que ele não mudou nada... continua o mesmo guerreiro de sempre...
Sorri, quem é que disse que um genro não pode gostar da sogra!!!! A mãe de Sakura disse-lhe que estava linda, bem aquele vestido negro não era bem o tipo de vestido de casamento a qual os ocidentais estariam habituados, mas como estamos na China, e na China tradicional se casa de preto, acho que a mãe de Sakura tem razão, ela está linda! E verdade seja dita que aquele vestido lhe fica mesmo bem, foi a Tomoyo que o fez, grande novidade, tem duas fitas vermelhas finas a fazer de cinto e o desenho manual de algumas pétalas de cerejeira só que em rosa. Preto, vermelho, rosa... as minhas tias ficariam horrorizadas perante tal vestido de casamento... até consigo ouvir a prima a desatar a chorar que nem uma perdida... mas também ela chora por tudo e por nada... e além do mais...
- Terra chama Shaoran... Terra chama Shaoran...- dizia a mãe de Sakura abando a mão na minha frente, em seguida ela sorriu e disse- Tens um casamento...- e acrescentou na brincadeira- não queres ser meu genro!?!?
Sorri passei o braço pelo da minha futura sogra e disse:
- Minha senhora, nada me daria mais prazer...
A mãe de Sakura riu e comentou:
- Bem, bem já vi que temos cavalheiro...
A cerimónia, se assim se pode chamar foi rápida e directa ao ponto, no entanto o mais estranho foi que eu nem fiquei tão traumatizado quanto pensava que ia ficar por não casar numa Igreja, porque a experiência provou-me que tudo, tudo menos a pessoa com a qual nos casamos é irrelevante, para mim naquele momento não existia mais nada para além dos olhos brilhantes de Sakura, do seu sorriso terno, e duma lágrima que eu lhe vi brincar nos olhos antes de descer...
Não ouvi o Notário, não vi o espaço onde me casei, não reparei que a mãe de Sakura tirou um lenço a meio da cerimónia porque praticamente chorava cataratas, não vi Kero a deixar cair o queixo como se só naquele momento se tivesse apercebido do que se passava, não ouvi a música que saia dum rádio perto de nós, naquele momento não ouvi porque a música era quase o meu pensamento...
~ Quando o tempo parou
Senti-me longe de tudo
Muito longe de mim
Mas foi nesse lugar que eu encontrei algo novo
Dentro de mim...~
Não sei porquê mas dei por mim a recordar Sakura quando ela era pequena, lembrei-me duma tarde pouco depois dos meus pais morrem e antes de eu ir viver com a minha tia em que ela apareceu no meu apartamento para passar o dia comigo. Sentia-me tão só na altura, parecia-me que todo o mundo se tinha voltado contra mim, antes que todo o mundo me abandonará e desprezara, depois do combate Sakura fora levada pela mãe, e eu ainda não a tinha voltado a ver, nem no parque, nem na infantil, nem mesmo há janela da casa dela que eu conseguia ver da janela da minha sala. Tinha mesmo chegado a temer o pior, e de súbito ela tinha batido à minha porta, vinha com um vestido branco bastante simples e com uma fita cor de rosa a prender-lhe os cabelos, os seus olhos estavam tristes e pareciam ter medo, quando me viu abriu a boca para falar mas antes de falar lágrimas inundaram-lhe a face antes dela dizer:
- Shaoran... não me deixes... estou sozinha...
Nessa altura vi como tinha estado a ser um egoísta, só tinha pensado em mim, no que eu sentia e tinha-me esquecido dos sentimentos dos outros, dos sentimentos da única pessoa importante que me restava. Lembrei-me de ter aberto os braços, abraçado Sakura com todas as minhas forças e dizer:
- Eu estou aqui... não estás sozinha... não enquanto eu estiver aqui...
Sakura enterrou a cabeça no meu ombro e chorou, chorou, chorou, lavou a sua alma de tudo, da dor da mãe, da dor dela, dos homens vestidos de preto que a travam tão mal enquanto falavam com a sua mãe, da polícia a tentar saber a toda a força como ela saíra de casa para o parque, do susto da bomba, do perigo dos homens de roxo, tudo...
~ Quando estiveres só não tenhas medo de nada
Tens de procurar alguém que te ajude e verás
Que então será tudo muito mais fácil...~
Passei todo o dia com Sakura, brincamos com legos, cubos, puzzeles, às escondidas, à apanhada, cozinhamos bolos, panquecas, fizemos sandes, come-mos tudo e bebemos sumos, limpamos a minha casa do lixo feito, fizemos barcos de papel que pusemos a navegar na banheira que enchemos até ao topo de água, fizemos copos de papel, flores de papel, fizemos arranjos, a cada porta que abríamos parecia que encontrávamos um novo jogo, uma nova brincadeira...
Dormimos a sesta, vimos desenhos animados, tornamos a brincar e a cozinhar, nesse dia nenhum de nós se sentiu sozinho, nesse dia percebemos que enquanto nos tivéssemos um ao outro nunca estaríamos sós, nesse dia descobrimos que devíamos estar juntos, que precisávamos de estar juntos para sobrevivermos no mundo lá fora, no mundo que parecia nos ter desprezado e atirado para o abandono...
Sentamos no sofá, já o sol se começava a por, Sakura voltou-se para mim e perguntou:
- Shaoran... para onde vão as pessoas que morrem?!?! A minha mãe tentou
dizer-mo mas ela começa a chorar e depois eu choro e ainda não percebi...
Pergunta difícil para um adulto... imaginem para uma criança...
- As pessoas que morrem... as pessoas que morrem...- não sabia o que dizer- ora! As pessoas que morrem vão para um grande jardim no céu...
A Sakura piscou os olhos.
- A sério!??!
- Mas é claro- eu não a queria fazer chorar, não lhe queria contar... mas o que é que eu não lhe queria contar, saberá alguém ao certo como é o outro lado, o que é a morte, por isso contei-lhe o que achava- sabes que no céu mora Deus...
- Sim, rodeado de Anjos...
- Pois bem, como deves imaginar Deus tem milhares de Anjos, logo eles passam os dias a cultivar um belo jardim chamado Paraíso....
- Sim- disse Sakura com os olhos a brilhar- a minha mamã disse alguma coisa sobre o Jardim do Paraíso....
- É esse o jardim onde os Anjos vivem, brincam e trabalham...
A medo Sakura perguntou:
- E o meu pai?!?!
Sorri e disse:
- Ele é um anjo...
- ...... E os teus pais?!?!?
- Também!!!!
Os olhos de Sakura fizeram um brilho estranho quando ela perguntou:
- E eles trabalham juntos?!?!
- Tenho a certeza!!!!
Sakura sorriu e cada vez mais curiosa perguntou:
- E que árvore plantam eles!?!?
- Cerejeiras!!!!
Sakura tronou a sorrir, um sorriso luminoso.
- Achas?!?!
- Tenho a certeza!!!- não sei porquê mas na altura tinha, tronou-se o meu Dogma, os Anjos plantavam Cerejeiras e ponto final e nem a minha tia, nem a minha catequista me fizeram acreditar no contrário!!
Sakura sorriu e disse:
- Os homens de negro- os da agência funerária- disseram-me que se vestiam de preto porque a morte era negra... mas eles são parvos... tu é que tens razão Shaoran, os nossos pais são agora Anjos que trabalham no céu a plantar Cerejeiras para Deus ver e poder passear entre elas...- e acrescentou com um sorriso- Estou feliz!!!
Sorri e disse:
- Eu também....
~E com amigos caminharás
Encontrarás força para lutar
E então do meio de todo o mal surgirão mil estrelas cobertas de luz...
Quando o tempo parou
Senti-me longe de tudo
Muito longe de mim
Mas encontrei-te então
E a tristeza partiu...
Com a força que me dás
Enfrentarei o pior que a vida me der
Pois sei que estarás sempre aqui ao meu lado...
Ao pé de mim....~
Quando a cerimónia acabou troquei um longo beijo com Sakura, aí recuperei os meus sentidos, pude ouvir a mãe de Sakura a fungar baixinho, as palmas do pessoal do Notário e até, senão me engano, um assobio!
A mãe de Sakura correu a abraça-la, mãe e filha choravam como eu nunca tinha visto fazer na vida, abraçavam-se, riam, choravam, tronavam a abraçar-se...
Quando despachamos os papeis partimos para o porto, íamos fazer um cruzeiro. Sakura começou a questionar-se como estariam as suas cartas e se elas demorariam a voltar, afinal a missão que lhes tinha conferido era fácil, "Espelho" e "Canção" já deviam ter voltado.
O porto estava movimentado, parecia que o cruzeiro onde íamos viajar era o Titanic ou algo parecido, Sakura disse a Kero que como a sua bolsa de certeza os guardas do porto iam mexer, medidas de segurança, com o terrorismo a aumentar eles tem de revistar as malas, passam-nas por uma espécie de raio X e vêem o que está dentro da mala. Sakura não queria que Kero fosse na mala por algumas razões, primeiro achava que os raios X lhe podiam fazer mal, segundo os guardas podiam ficar curiosos e tentar saber o que Kero era, terceiro se os guardas quisessem embirrar connosco podiam dizer que o peluche podia ter droga lá dentro e tentar abrir Kero ao meio, só pelo simples prazer de estragar o peluche a Sakura...
Eu sabia que eles eram capazes de o fazer pois fizeram-no uma vez com um urso que a Meiling tinha, ela simplesmente amava aquele urso e levava-o para todo o lado, quando fomos fazer um cruzeiro ela quis levá-lo e a minha tia deixou, quando lá chegamos usando a desculpa da droga os guardas abriram o peluche ao meio, depois de o terem arrancado das mãos de Meiling, que claro não tinha deixado ninguém tirar-lhe o peluche de boa vontade, estragaram o peluche por completo e à frente de Meiling, que claro chorou baba e ranho, no final pegaram no que restava do peluche e devolveram-no a Meiling com os sorrisos mais malvados que vocês possam imaginar...
Kero tinha resmungado a princípio mas a ideia de ser cortado ao meio fê-lo raciocinar e ponderar que talvez a mala das roupas não fosse assim um lugar tão mau e que ele sobreviveria, mas em compensação tinha-mos que lhe arranjar um grande bolo. Sakura assentiu dizendo que lhe traria o maior que pudesse mas que ele teria de ser portar bem, não fazer barulho, não deixar ninguém o ver e só sair da mala quando eu e Sakura fossemos para o nosso quarto e abríssemos as malas.
As malas das roupas eram simplesmente passadas por um detector de metais, por isso em princípio Kero estaria seguro, mesmo assim por via das dúvidas Sakura seguiu com o olhar todo o trajecto da mala. Subimos a bordo assim que a mala se perdeu de vista. Sakura queria ir para o quarto o mais rápido que pudesse...
Abracei-a pelas costas, dei-lhe um beijo no pescoço e murmurei:
- Não estejas com tanta pressa que eu não vou a lado nenhum...
Sakura lançou-me um olhar irónico, nessa altura uma voz anunciou que o Capitão queria falar com todos os passageiros do barco para lhes desejar as boas vindas. Estávamos a caminho da sala de jantar quando Sakura sentiu que algo estava mal, apenas senti uma pequena sensação de... sei lá, era uma espécie de desconforto, como quando não conseguimos encontrar a posição certa na cama...
Ela agarrou a minha mão, perguntou a uma guarda onde era o nosso quarto, o guarda fez um sorriso maroto enquanto dizia:
- Terceiro andar... quarto 356! Desejo-vos uma Boa Estadia Sr. e Sr.ª Li!
Bem... foi esquisito, foi a primeira vez que chamaram à Sakura Sr.ª Li... Assim que chegamos ao quarto Sakura correu os cortinados, abriu as malas, e revirou-as até achar as cartas, o que fez com que Kero batesse com a cabeça no chão e começasse a resmungar.
- Ei cuidadinho si.... posso parecer mas não sou feito de algodão...
- O que é pena- comentei- visto que assim te podíamos fechar numa mala no armário e aproveitar a nossa lua de mel...
Isto pareceu enfurece-lo, estou a começar a gostar do fazer...
- Ouve meu... meu...- parecia estar à procura do adjectivo mesmo mau para me chamar- meu... meu...- funguei num acto de superioridade o que se revelou ser uma grande asneira- meu ranhoso! Tu só estás casado com a minha mestra porque quando eu me apercebi do sucedido já era tarde demais compreendes porque se não fosse...
- Calem-se os dois...- disse Sakura chateada, estava por estava altura prestes a abrir a terceira mala depois de ter esvaziado as duas primeiras, o nosso quarto tinha agora um chão de roupa, eram camisas, blusas, calças, saias, calções, fatos de banho, roupa interior e fatos de treino de todas as formas, cores e feitios, parecia que íamos abrir uma loja de roupa.
Aproximei-me de Sakura e coloquei-lhe uma mão no ombro, ela voltou-se para mim e disse:
- Não as encontro Shaoran... sei que as guardei nas malas, quando saímos do notário eu com medo de me esquecer delas no carro, eu...
- Sakura calma- disse limpando uma lágrima de desespero que começava a deslizar pela sua face- as cartas não foram a lado nenhum... já viste na tua outra bolsa de mão...
Sakura disse que não e eu peguei na mala dela enquanto juntos a abríamos e víamos todos os cantos possíveis e imaginários. De súbito ouvi:
- São mesmo loucos não acham... mas o que procuraram eles tão freneticamente...
Voltei-me para ver Kero a falar com as Cartas, que voavam em redor dele "olhando" para nós, não sabia se havia de rir ou dar um berro por isso toquei no ombro de Sakura e disse:
- Estão ali...
Sakura deu um salto e correu para as suas cartas encontrando a carta Gémeo com a qual criou uma cópia de Espelho para poder ver tudo através dela, como se estivesse a usar Vídeo Conferência. bateram à porta, ainda bem que o nosso quarto tem um espécie de mini hall que divide o quarto da casa de banho, abri a porta e falei com o Marinheiro que queria saber se estava tudo bem, quando acabei, fechei a porta e preparei-me para entrar no quarto ouvi a minha amada Ying Fa dizer:
- Perderam... volta para donde vieste e diz isto ao que te enviaram... perderam... O colar que tanto procuram está seguro... O mestre que tanto queriam destruir despertou... e a sua fraqueza tronou-se agora o seu maior ponto forte... E mesmo que venham atrás dele aviso-vos... Não vos deixarei ficarem com ele..
Sorri, e encostei a cabeça à parede que dividia da porta de entrada do quarto enquanto ouvia a minha tia contar a história da minha família, de como o colar agia sobre as pessoas, de como as matava, de como o seu poder tinha sido corrompido, de como agora o colar com a ajuda do meu amor por Sakura a protegia, mas queria ser eu a protegê-la, não o colar, bati com o punho levemente na parede.
Senti então um calor nas mãos e ouvi um gizo que me era familiar, desde da batalha contra os Roxos que eu nunca mais ouvira aquele gizo ou sentira aquele calor no entanto sabia o que era, os meus poderes estavam a despertar de novo, utilizei-os para chamar a minha espada... Ela apareceu mais afiada e brilhante do que nunca, caminhei até ao pé de Sakura e coloquei a minha mão direita no seu ombro direito, ficando ela assim encostada em quase mais de metade das minhas costas.
- Foges de mim Li!?!?- perguntou o Roxo.
- Não tenho do que fugir... – disse calmamente- porque não desistes!?!? Já sabes o que queres! Volta para as trevas donde saíste...
Sakura colocou a sua mão esquerda sobe a minha, fiz uma cara séria a qual o Roxo respondeu fazendo uma ela próprio antes de comentar:
- Mesmo que o quisesse não podia... não sei se sabes Li mas os Anciões não são muito simpáticos com aqueles que não cumpre as suas ordens... voltar para de onde vim seria bom demais...
Por outras palavras a palavra "desistir" não parecia existir no dicionário do Roxo. Em seguida vi o Roxo levantar a mão formando uma espécie de seta de energia que planava a uns 5cm da palma da sua mão...
- Vamos combinar uma coisa...- disse-me - tu e a tua namorada vem para cá e eu não magoo os vossos amigos ou então começo a perseguir-vos e a matar os vossos amigos um por um até vós achar...
Senti uma espécie de dúvida e revolta encherem Sakura, senti o seu medo, a sua tristeza mas também senti piedade, piedade contra aquele que tinha ameaçado matar os seus amigos...
De súbito a Tomoyo começou a gritar, não percebi muito bem o que se passou, a única coisa de que me apercebi foi o Eriol a voar pela Igreja e a cair perto da porta e o Roxo a ameaçar matar Tomoyo...
Uma única palavra correu a minha mente...
Porquê!??!
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~ Sakura ~
Porquê... porque é que tinhas de falar Tomoyo, não sabes tu que agora não te posso proteger, não sentirás tu que já não estou em solo Chinês, não sentirás tu que é-me impossível chegar em uma hora aí, porquê tu, de toda a gente presente nessa Igreja porquê tu...
Já me sentia um pouco mal por ter abandonado o Yukito mas eu sabia que ele já o pressentia, não íamos ser felizes os dois juntos, ou pelo menos não por muito tempo, por isso fugi com quem me ama e eu amo, fugir, nunca fugi aos meus problemas, mas agora que o pareço fazer tu arranjas maneira de te pôr num trabalho deste tamanho...
Tomoyo, mana, eu sei que tu queres que eu seja feliz, eu também quero que tu sejas muito feliz com o Eriol, ou com quer que tu escolhas...
Estou a tentar ser forte, não chorar mas está a ser praticamente impossível, senti o Shaoran a apertar-me o ombro com mais força e apertei a mão dele, senti o seu outro braço passar em trono da minha cintura como se isso impedisse todo o sofrimento do mundo de me alcançar, tirei a minha mão da mão dele e passei-a para a sua face, escondi por segundos a minha face no seu pescoço.... ele cheirava tão bem, a pele dele era macia... recordei a frase que ele tinha dito no inicio da viagem...
- Eu não vou a lado nenhum...
Sim, ele não ia a lado nenhum, ele ia ficar ali comigo...
Voltei a erguer a minha face para a imagem deixando a minha mão onde estava. Relembrei as palavras de Tomoyo...
- Não conseguirás o que queres...- disse.
- AH! Não...- disse o Roxo para mim, em seguida voltou-se para Tomoyo e disse- bem pequena foi um prazer conhecer-te... Adeus...
Vi-o a erguer o braço e a lançar a flecha... Nessa altura a minha amizade com Tomoyo passou-me à frente dos olhos...
Vi-nos juntas na primária, a brincar com plasticina, barro, a escrever histórias, a aprender a ler decentemente, a ver desenhos animados, a fazer roupas para bonecas, depois veio o básico 2+3, as tardes que estudávamos juntas, os trabalhos de grupo, o grupo de filmagem, o de chefes de claque, o interesse por rapazes a aumentar, a vinda do período, a semana a aumentar, o cinema, as festas, o secundário, as festas cada vez mais... bem, festas, as idas a bares, a concertos, o interesse por rapazes a atingir o máximo, a espera de Tomoyo por Eriol, o aparecimento de Yukito, as noitadas a estudar, as aulas que faltávamos de propósito, a vida a fazer cada vez mais menos sentido, as mudanças de estado de humor, o liceu, a graduação...
Tomoyo, ela tinha estado sempre comigo, tinha sido a minha mana, o ombro onde tinha chorado, os abraços que me tinham confortado, os risos que tinha partilhado... e agora aquela... aquela.... aquela AMOSTRA de GENTE queria matá-la porque eu tinha um colar, queria matar a minha mana por um colar... mas não era só o colar porque se o fosse eu dá-lo-ia de bom grado, o Shaoran perceberia, mas ele também quer o Shaoran e isso eu não posso dar, claro que não posso trocar o Shaoran pela Tomoyo ou vice versa, se o amor tivesse balança o que sinto por cada um deles devia pesar o mesmo embora em categorias diferentes... Tomoyo- Mana; Shaoran- Amor da Minha Vida... a Tomoyo disse para eu fugir mas eu não a posso abandonar mas o não a abandonar significa entregar-me, significa deixar-me matar e deixar matar o Shaoran... e eu disse que não deixaria ninguém tocar-lhe, tal como ele me disse que não me deixaria...
Fechei os olhos sem saber o que fazer, sabendo apenas que não aguentaria ver o que estava prestes a acontecer...
- ESPERA!!!!- ouvi Shaoran dizer.
Fez-se um silêncio de morte, abri os olhos e vi que o Roxo tinha parado a tempo, que a minha mana ainda estava viva, senti a minha respiração pesada, como se tivesse corrido em dois minutos os 40km da maratona. O Roxo voltou-se para nós e comentou:
- Disseste algo Li...
Senti a mão de Shaoran soltar aos poucos a minha cintura, com a minha mão livre puxei-a de volta para onde estava, algo me dizia que se ele me soltasse tudo estaria perdido, além de que se eu perdesse contacto físico com ele sabia que desataria a chorar e ninguém me pararia.
- Quero saber exactamente preto no branco o que queres...- ouvi Shaoran dizer- deixa-te de rodeios com o que os Anciões querem...
O Roxo pousou a Tomoyo no chão calmamente e disse:
- Muito bem... o que eu quero Li é fácil... quero a tua vida...
Se seres humanos se pudessem transformar em pedra, eu sei que nesta altura me teria transformado num estatua e uma estatua com uma expressão horrível no rosto. Sentia Shaoran a soltar-me cada vez mais, isso só podia dizer uma coisa, tronei a puxar a mão dele de volta à minha cintura e subi a mão que tinha na sua face para os seus cabelos, enquanto encostava a cabeça no seu peito, não podia deixar que ele me soltasse, não podia deixar que ele se resolve-se a armar-se de novo em herói e tentasse derrotar aquele Roxo ou pior "ir" com ele.
Quase podia ouvir o dilema que se estava a debater dentro de Shaoran, quase podia ouvir a sua Tia Constantina e o seu Tio Gaspar(N.A: Meu... já tinha saudades deles!!!!!) a discutirem violentamente, de súbito foi a vez dos meus tios aparecerem...
"Isto está mau amor!!!"
'Jura mulher, acho que não é preciso ser-se um perito para o descobrir!!!!'
"Que vamos fazer!?!?!?!"
'Desculpa!?!?!? VAMOS!?!?!? Foste tu que a trouxeste para este problema em primeiro lugar, faz o que tu quiseres!!!!!'
Fiz um esforço para deixar de os ouvir, consegui mas comecei a ouvir outros... comecei a ouvir a luta de Shaoran...
"Tens de ir!! Sabes que tens!!!"
'Gostava de discordar com a tua tia rapaz mas desta vez ela tem razão!!! Embora eu gostasse de te dizer para ficares com a tua esposa eu sei que tu tens de ir!!!'
"Não podes deixar que ele mate a Tomoyo, ela é praticamente irmã da Sakura e depois temos o Eriol, ele é o teu melhor amigo, a Meiling, a prima que tu tanto adoras, e o resto da tua família, és frio com eles e eles são frios contigo mas tens uma dívida de gratidão para com eles!!!"
'E meu caro sobrinho as dívidas tem, devem de ser pagas!! Fá-lo por ela...'
"Sim, fá-lo pela Sakura! Fá-lo pela mulher que amas e que te ama!!! Ela vai perceber..."
O que é que eu vou perceber!!??!?! Que ele se vai entregar!?!?! Que ele vai dar a vida dele!?!?! Agarrei-me a Shaoran ainda com mais força.
- Então Li...- ouvi o Roxo dizer- como vai ser... vens ou não?!?!?!
Quis tanto ser surda, quis tanto não ouvir a palavra que sabia que Shaoran ia dizer a seguir, quis também não ver os olhos magoados de Tomoyo que praticamente diziam que se ela se salvasse se iria culpar até ao fim dos seus dias por "ter sido a responsável pela morte do meu marido", vi o olhar de Eriol que estava dividido entre o sacrifício do melhor amigo ou o da rapariga que amava, ouvi Shaoran a engolir em seco e a preparar-se para pronunciar a maldita palavra que a todo o custo não queria ouvir quando...
- CUIDADO SAKURA!!!!
Fim do capítulo 8b!
N.A: Então... que acharam... o próximo capítulo deverá estar pronto em breve... Bjs
Disc. CCS não me pertence, nem a música...
Este capítulo é especialmente dedicado a.... VOCÊS!!! A todas as pessoas que lêem a(s) minha(s) história(s) e que se dão ao trabalho de dizer o que pensam... Vocês são um máximo!!! Adoro-vos a todos... *BJS* grandes!!!!
Capítulo Oito
Quando o tempo parou
~ 2ª Parte ~
^ Shaoran ^
Porquê agora!??! Porquê agora!??! Estava tudo a correr tão bem... Tínhamos saído de casa bem cedo para tratar de tudo, ninguém nos tinha visto, o que é milagre visto que parece sempre haver um criado a espreitar. Entramos pé ante pé na garagem e quando estávamos prestes a abrir a porta do carro...
- AAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRRRR! Preciso de ar!!!!
Metemo-nos no carro de qualquer maneira só tendo tempo de lançar as malas, o Livro da Cartas para o banco de trás, enquanto eu ocupava o lugar do condutor e Sakura se sentava ao meu lado. Só devo ter diminuído a velocidade a uns bons 35km depois. Paramos junto a uma estação de serviço, voltei-me para trás furioso:
- ÉS LOUCO!!!! QUERIAS QUE NOS APANHASSEM!!!
Sakura também se voltou para trás, ficando Kero entre a espada e a parede. Kero olhou-nos resmungão e disse:
- Eu ia sufocando...
- Pois que sufocasses!- afirmei.
Sakura olhou de lado para mim, limitei-me a encolher os ombros e a sair do carro maldisposto. Enquanto punha gasolina vi Sakura a falar com Kero mas não ouvi nada do que eles disseram. Em seguida fui pagar a gasolina e de preferência comprar algo com chocolate, comer chocolate sempre me acalmou. Estava a escolher uma tablete de chocolate quando ouvi:
- Gosto dos Nestlé!!
Voltei-me para Sakura que se veio pôr ao meu lado comentando:
- Não vale a pena estares tão chateado... Ele precisava respirar mas realmente não precisava de gritar tão alto...
Passei um braço em redor da sua cintura e comentei:
- Por segundos tive a sensação de que a minha família em peso ia entrar na garagem e levar-te para longe de mim...
Senti o braço de Sakura passar em trono da minha cintura e ela murmurou a meia voz:
- Eu também...
Quando voltei ao carro trazia um bolo na mão para fazer as pazes com Kero que assim que viu o bolo aceitou fazer as pazes e chegou mesmo a admitir que tinha gritado muito alto e que lhe tinha bastado por a cabeça de fora do saco onde Sakura o levava com receio que alguém o visse.
O nosso objectivo era irmos ao Notário para passarmos tudo para o nome do Eriol e da Tomoyo, assim que eles se casarem, ideia da Sakura, eles são donos de tudo, de todas as contas da banda, de todas as casas da banda, de todas as acções da bolsa, de tudo... bem, não de tudo... reservei uma casa completamente equipada e com uma equipa de criados para a Meiling e a casa onde vivo está apenas em nome temporário deles, mas basicamente está tudo em nome deles...
Tinha acabado de assinar os papeis quando a Senhora do Notário me disse que para eu o fazer ia precisar da assinatura da minha mulher, e ela tinha-o dito apontado para Sakura. Sakura sorriu e disse:
- Eu ainda não sou a esposa...
A senhora piscou os olhos e disse:
- Então lamento mas não podemos fazer nada, precisamos da assinatura de alguém directo da sua família ou uma testemunha fiável...
Raios! Foi uma das expressões que me passou pela cabeça, a senhora ia para chamar a pessoa a seguir a mim quando Sakura se chegou ao pé de nós e disse no tom de voz mais inocente que se possa imaginar...
- Eu disse que ainda não era, mas como estamos num notário isso pode arranjar-se, não pode...
Foi mesmo isto que ela disse, ela praticamente tinha perguntado à senhora se podia casar comigo, ali e naquele momento, onde estão os princípios da praxe, devia ser eu a pedir a Sakura em casamento, não ela a mim. Não que eu ainda não tivesse pensado nisso, eu tinha mas queria fazê-lo num sítio romântico não no meio dum Notário! E claro que também tinha imaginado, quer dizer, tinha PENSADO fazê-lo numa igreja, e também tinha PENSADO convidar a Meiling, o Eriol, a Tomoyo, a Mãe da Sakura...
Por falar na mãe da Sakura, ela deve estar a ficar chateada de morte!! Muito inteligente o meu Tio quer fazer um casamento supressa e não se lembra de confirmar se existem passagens para a mãe da noiva, ou outro/a amigo/a da noiva vir, só haviam bilhetes para aviões que descolavam hoje e mesmo só para a hora do casamento, por isso a mãe da Sakura ia directamente para o copo de água.
A senhora do Notário disse a Sakura que isso se podia arranjar se ela arranja-se uma testemunha, Sakura voltou-se para mim e eu apenas disse:
- Eu telefono...
Peguei no telemóvel e dirigi-me para um sítio mais privado, a Sakura combinou com a senhora do notário que o "casamento" se realizaria dali a uma meia hora, mal nós suspeitávamos do que se iria passar na Igreja onde Sakura devia estar a casar, quer dizer tínhamos uma ideia mas nada nos preparia para o que realmente ia acontecer.
Ouvi o som a dizer que o telemóvel chamava, pouco tempo depois ouvi uma voz bastante parecida com a de Sakura dizer:
- Mochi! Mochi! Quem fala??
De súbito tinham perdido a voz, não sabia mais o que dizer, não sabia como dizer aquela senhora, aquela mãe que não me conhecia de lado nenhum que eu ia casar com a filha dela, mas a verdade era que mesmo se tivesse vontade de falar não poderia pois Sakura tirou-me o telefone...
- Mãe!!! OH! Mãe estou tão feliz por te ouvir!!! Preciso da tua ajuda!!!! ........... Não, não eu estou bem o que se passa é...... não mãe tenho a certeza que não!! .......... mãe vem ter a esta morada que te vou dar........ não mãe, não me casei ainda!!!............ o que quero dizer com ainda?!? Vem ter a esta morada que eu explico...
Ver a Sakura falar com a mãe recordou-me das conversas que eu costumava ter com a minha e pela primeira vez em muitos anos senti uma saudade imensa dos meus pais, recordei os meus tios, os pais de Eriol, a mãe de Tomoyo e a de Sakura, lembrava-me destas últimas tão vagamente o que é normal visto que a última vez que as vi foi no parque no dia da bomba...
Sakura sorriu-me e disse-me adeus enquanto falava com a mãe, respondi-lhe e vi Kero a pôr a cabeça de fora da mala de mão de Sakura, uma menina pequenina que passava com a mãe na altura disse:
- Olha mamã que porta- chaves mais giro!!! Quero um...
A mãe continuou a andar dizendo:
- És muito nova para teres um porta- chaves além disso para que precisarias dum, não tens chaves...
A menina continuou a pedir o porta chaves até ela e a mãe se me perderem da vista, sorri, pensando ou antes, tentando recordar os meus pais, não me recordava bem da idade que tinha aquando da expulsão da bomba, por vezes parecia-me que nunca tinha tido pais, apenas tios e primos, mas depois sempre me recordava de Sakura e recordando-me dela recordava o que era o paraíso e recordando o paraíso conseguia chegar à memória nublosa dos meus pais.
Sentiu um par de braços deslizarem desde os meus ombros até peio do meu peito onde se juntaram para me dar um abraço, consegui ouvir Sakura dizer ao meu ouvido:
- A minha mãe diz que em quinze minutos está cá...
- Já lhe contaste!??!
Não vi mas soube que Sakura sorriu quando disse:
- Já... é por isso que ela vai vir tão depressa...
Rimos baixinho, as pessoas que estavam no Notário quase nem reparavam em nós, estávamos ali sentados, eu nas escadas do prédio a meio da escada que ligava o andar do Notário à parte das habitações e a Sakura ao meu colo, falando e rindo como se fossemos os únicos, como se estivéssemos numa ilha só nossa onde mais ninguém poderia entrar.
Não sei quanto tempo passamos assim, a Sakura a falar e a rir comigo, eu a rir, a enfiar Kero dentro da mala para ninguém o ver e Kero a resmungar que precisava de respirar. Quando demos por isso a mãe de Sakura tinha chegado, Sakura abraçou-a, a mãe dela olhou para mim piscou os olhos e disse:
- Shaoran?!?!
Foi a minha vez de piscar os olhos, a mãe de Sakura recordava-se de mim, observei-a, o vestido rosa claro que trazia era lindo e fazia parecer 5anos mais nova do que realmente devia ser, não parecia ter mudado muito desde da última vez que nos tinha-mos visto, agora eu... eu era a uma criança e agora sou....
- Como adivinhas-te mãe?!?!- ouvi Sakura dizer.
A mãe de Sakura sorriu para mim e disse:
- É que ele não mudou nada... continua o mesmo guerreiro de sempre...
Sorri, quem é que disse que um genro não pode gostar da sogra!!!! A mãe de Sakura disse-lhe que estava linda, bem aquele vestido negro não era bem o tipo de vestido de casamento a qual os ocidentais estariam habituados, mas como estamos na China, e na China tradicional se casa de preto, acho que a mãe de Sakura tem razão, ela está linda! E verdade seja dita que aquele vestido lhe fica mesmo bem, foi a Tomoyo que o fez, grande novidade, tem duas fitas vermelhas finas a fazer de cinto e o desenho manual de algumas pétalas de cerejeira só que em rosa. Preto, vermelho, rosa... as minhas tias ficariam horrorizadas perante tal vestido de casamento... até consigo ouvir a prima a desatar a chorar que nem uma perdida... mas também ela chora por tudo e por nada... e além do mais...
- Terra chama Shaoran... Terra chama Shaoran...- dizia a mãe de Sakura abando a mão na minha frente, em seguida ela sorriu e disse- Tens um casamento...- e acrescentou na brincadeira- não queres ser meu genro!?!?
Sorri passei o braço pelo da minha futura sogra e disse:
- Minha senhora, nada me daria mais prazer...
A mãe de Sakura riu e comentou:
- Bem, bem já vi que temos cavalheiro...
A cerimónia, se assim se pode chamar foi rápida e directa ao ponto, no entanto o mais estranho foi que eu nem fiquei tão traumatizado quanto pensava que ia ficar por não casar numa Igreja, porque a experiência provou-me que tudo, tudo menos a pessoa com a qual nos casamos é irrelevante, para mim naquele momento não existia mais nada para além dos olhos brilhantes de Sakura, do seu sorriso terno, e duma lágrima que eu lhe vi brincar nos olhos antes de descer...
Não ouvi o Notário, não vi o espaço onde me casei, não reparei que a mãe de Sakura tirou um lenço a meio da cerimónia porque praticamente chorava cataratas, não vi Kero a deixar cair o queixo como se só naquele momento se tivesse apercebido do que se passava, não ouvi a música que saia dum rádio perto de nós, naquele momento não ouvi porque a música era quase o meu pensamento...
~ Quando o tempo parou
Senti-me longe de tudo
Muito longe de mim
Mas foi nesse lugar que eu encontrei algo novo
Dentro de mim...~
Não sei porquê mas dei por mim a recordar Sakura quando ela era pequena, lembrei-me duma tarde pouco depois dos meus pais morrem e antes de eu ir viver com a minha tia em que ela apareceu no meu apartamento para passar o dia comigo. Sentia-me tão só na altura, parecia-me que todo o mundo se tinha voltado contra mim, antes que todo o mundo me abandonará e desprezara, depois do combate Sakura fora levada pela mãe, e eu ainda não a tinha voltado a ver, nem no parque, nem na infantil, nem mesmo há janela da casa dela que eu conseguia ver da janela da minha sala. Tinha mesmo chegado a temer o pior, e de súbito ela tinha batido à minha porta, vinha com um vestido branco bastante simples e com uma fita cor de rosa a prender-lhe os cabelos, os seus olhos estavam tristes e pareciam ter medo, quando me viu abriu a boca para falar mas antes de falar lágrimas inundaram-lhe a face antes dela dizer:
- Shaoran... não me deixes... estou sozinha...
Nessa altura vi como tinha estado a ser um egoísta, só tinha pensado em mim, no que eu sentia e tinha-me esquecido dos sentimentos dos outros, dos sentimentos da única pessoa importante que me restava. Lembrei-me de ter aberto os braços, abraçado Sakura com todas as minhas forças e dizer:
- Eu estou aqui... não estás sozinha... não enquanto eu estiver aqui...
Sakura enterrou a cabeça no meu ombro e chorou, chorou, chorou, lavou a sua alma de tudo, da dor da mãe, da dor dela, dos homens vestidos de preto que a travam tão mal enquanto falavam com a sua mãe, da polícia a tentar saber a toda a força como ela saíra de casa para o parque, do susto da bomba, do perigo dos homens de roxo, tudo...
~ Quando estiveres só não tenhas medo de nada
Tens de procurar alguém que te ajude e verás
Que então será tudo muito mais fácil...~
Passei todo o dia com Sakura, brincamos com legos, cubos, puzzeles, às escondidas, à apanhada, cozinhamos bolos, panquecas, fizemos sandes, come-mos tudo e bebemos sumos, limpamos a minha casa do lixo feito, fizemos barcos de papel que pusemos a navegar na banheira que enchemos até ao topo de água, fizemos copos de papel, flores de papel, fizemos arranjos, a cada porta que abríamos parecia que encontrávamos um novo jogo, uma nova brincadeira...
Dormimos a sesta, vimos desenhos animados, tornamos a brincar e a cozinhar, nesse dia nenhum de nós se sentiu sozinho, nesse dia percebemos que enquanto nos tivéssemos um ao outro nunca estaríamos sós, nesse dia descobrimos que devíamos estar juntos, que precisávamos de estar juntos para sobrevivermos no mundo lá fora, no mundo que parecia nos ter desprezado e atirado para o abandono...
Sentamos no sofá, já o sol se começava a por, Sakura voltou-se para mim e perguntou:
- Shaoran... para onde vão as pessoas que morrem?!?! A minha mãe tentou
dizer-mo mas ela começa a chorar e depois eu choro e ainda não percebi...
Pergunta difícil para um adulto... imaginem para uma criança...
- As pessoas que morrem... as pessoas que morrem...- não sabia o que dizer- ora! As pessoas que morrem vão para um grande jardim no céu...
A Sakura piscou os olhos.
- A sério!??!
- Mas é claro- eu não a queria fazer chorar, não lhe queria contar... mas o que é que eu não lhe queria contar, saberá alguém ao certo como é o outro lado, o que é a morte, por isso contei-lhe o que achava- sabes que no céu mora Deus...
- Sim, rodeado de Anjos...
- Pois bem, como deves imaginar Deus tem milhares de Anjos, logo eles passam os dias a cultivar um belo jardim chamado Paraíso....
- Sim- disse Sakura com os olhos a brilhar- a minha mamã disse alguma coisa sobre o Jardim do Paraíso....
- É esse o jardim onde os Anjos vivem, brincam e trabalham...
A medo Sakura perguntou:
- E o meu pai?!?!
Sorri e disse:
- Ele é um anjo...
- ...... E os teus pais?!?!?
- Também!!!!
Os olhos de Sakura fizeram um brilho estranho quando ela perguntou:
- E eles trabalham juntos?!?!
- Tenho a certeza!!!!
Sakura sorriu e cada vez mais curiosa perguntou:
- E que árvore plantam eles!?!?
- Cerejeiras!!!!
Sakura tronou a sorrir, um sorriso luminoso.
- Achas?!?!
- Tenho a certeza!!!- não sei porquê mas na altura tinha, tronou-se o meu Dogma, os Anjos plantavam Cerejeiras e ponto final e nem a minha tia, nem a minha catequista me fizeram acreditar no contrário!!
Sakura sorriu e disse:
- Os homens de negro- os da agência funerária- disseram-me que se vestiam de preto porque a morte era negra... mas eles são parvos... tu é que tens razão Shaoran, os nossos pais são agora Anjos que trabalham no céu a plantar Cerejeiras para Deus ver e poder passear entre elas...- e acrescentou com um sorriso- Estou feliz!!!
Sorri e disse:
- Eu também....
~E com amigos caminharás
Encontrarás força para lutar
E então do meio de todo o mal surgirão mil estrelas cobertas de luz...
Quando o tempo parou
Senti-me longe de tudo
Muito longe de mim
Mas encontrei-te então
E a tristeza partiu...
Com a força que me dás
Enfrentarei o pior que a vida me der
Pois sei que estarás sempre aqui ao meu lado...
Ao pé de mim....~
Quando a cerimónia acabou troquei um longo beijo com Sakura, aí recuperei os meus sentidos, pude ouvir a mãe de Sakura a fungar baixinho, as palmas do pessoal do Notário e até, senão me engano, um assobio!
A mãe de Sakura correu a abraça-la, mãe e filha choravam como eu nunca tinha visto fazer na vida, abraçavam-se, riam, choravam, tronavam a abraçar-se...
Quando despachamos os papeis partimos para o porto, íamos fazer um cruzeiro. Sakura começou a questionar-se como estariam as suas cartas e se elas demorariam a voltar, afinal a missão que lhes tinha conferido era fácil, "Espelho" e "Canção" já deviam ter voltado.
O porto estava movimentado, parecia que o cruzeiro onde íamos viajar era o Titanic ou algo parecido, Sakura disse a Kero que como a sua bolsa de certeza os guardas do porto iam mexer, medidas de segurança, com o terrorismo a aumentar eles tem de revistar as malas, passam-nas por uma espécie de raio X e vêem o que está dentro da mala. Sakura não queria que Kero fosse na mala por algumas razões, primeiro achava que os raios X lhe podiam fazer mal, segundo os guardas podiam ficar curiosos e tentar saber o que Kero era, terceiro se os guardas quisessem embirrar connosco podiam dizer que o peluche podia ter droga lá dentro e tentar abrir Kero ao meio, só pelo simples prazer de estragar o peluche a Sakura...
Eu sabia que eles eram capazes de o fazer pois fizeram-no uma vez com um urso que a Meiling tinha, ela simplesmente amava aquele urso e levava-o para todo o lado, quando fomos fazer um cruzeiro ela quis levá-lo e a minha tia deixou, quando lá chegamos usando a desculpa da droga os guardas abriram o peluche ao meio, depois de o terem arrancado das mãos de Meiling, que claro não tinha deixado ninguém tirar-lhe o peluche de boa vontade, estragaram o peluche por completo e à frente de Meiling, que claro chorou baba e ranho, no final pegaram no que restava do peluche e devolveram-no a Meiling com os sorrisos mais malvados que vocês possam imaginar...
Kero tinha resmungado a princípio mas a ideia de ser cortado ao meio fê-lo raciocinar e ponderar que talvez a mala das roupas não fosse assim um lugar tão mau e que ele sobreviveria, mas em compensação tinha-mos que lhe arranjar um grande bolo. Sakura assentiu dizendo que lhe traria o maior que pudesse mas que ele teria de ser portar bem, não fazer barulho, não deixar ninguém o ver e só sair da mala quando eu e Sakura fossemos para o nosso quarto e abríssemos as malas.
As malas das roupas eram simplesmente passadas por um detector de metais, por isso em princípio Kero estaria seguro, mesmo assim por via das dúvidas Sakura seguiu com o olhar todo o trajecto da mala. Subimos a bordo assim que a mala se perdeu de vista. Sakura queria ir para o quarto o mais rápido que pudesse...
Abracei-a pelas costas, dei-lhe um beijo no pescoço e murmurei:
- Não estejas com tanta pressa que eu não vou a lado nenhum...
Sakura lançou-me um olhar irónico, nessa altura uma voz anunciou que o Capitão queria falar com todos os passageiros do barco para lhes desejar as boas vindas. Estávamos a caminho da sala de jantar quando Sakura sentiu que algo estava mal, apenas senti uma pequena sensação de... sei lá, era uma espécie de desconforto, como quando não conseguimos encontrar a posição certa na cama...
Ela agarrou a minha mão, perguntou a uma guarda onde era o nosso quarto, o guarda fez um sorriso maroto enquanto dizia:
- Terceiro andar... quarto 356! Desejo-vos uma Boa Estadia Sr. e Sr.ª Li!
Bem... foi esquisito, foi a primeira vez que chamaram à Sakura Sr.ª Li... Assim que chegamos ao quarto Sakura correu os cortinados, abriu as malas, e revirou-as até achar as cartas, o que fez com que Kero batesse com a cabeça no chão e começasse a resmungar.
- Ei cuidadinho si.... posso parecer mas não sou feito de algodão...
- O que é pena- comentei- visto que assim te podíamos fechar numa mala no armário e aproveitar a nossa lua de mel...
Isto pareceu enfurece-lo, estou a começar a gostar do fazer...
- Ouve meu... meu...- parecia estar à procura do adjectivo mesmo mau para me chamar- meu... meu...- funguei num acto de superioridade o que se revelou ser uma grande asneira- meu ranhoso! Tu só estás casado com a minha mestra porque quando eu me apercebi do sucedido já era tarde demais compreendes porque se não fosse...
- Calem-se os dois...- disse Sakura chateada, estava por estava altura prestes a abrir a terceira mala depois de ter esvaziado as duas primeiras, o nosso quarto tinha agora um chão de roupa, eram camisas, blusas, calças, saias, calções, fatos de banho, roupa interior e fatos de treino de todas as formas, cores e feitios, parecia que íamos abrir uma loja de roupa.
Aproximei-me de Sakura e coloquei-lhe uma mão no ombro, ela voltou-se para mim e disse:
- Não as encontro Shaoran... sei que as guardei nas malas, quando saímos do notário eu com medo de me esquecer delas no carro, eu...
- Sakura calma- disse limpando uma lágrima de desespero que começava a deslizar pela sua face- as cartas não foram a lado nenhum... já viste na tua outra bolsa de mão...
Sakura disse que não e eu peguei na mala dela enquanto juntos a abríamos e víamos todos os cantos possíveis e imaginários. De súbito ouvi:
- São mesmo loucos não acham... mas o que procuraram eles tão freneticamente...
Voltei-me para ver Kero a falar com as Cartas, que voavam em redor dele "olhando" para nós, não sabia se havia de rir ou dar um berro por isso toquei no ombro de Sakura e disse:
- Estão ali...
Sakura deu um salto e correu para as suas cartas encontrando a carta Gémeo com a qual criou uma cópia de Espelho para poder ver tudo através dela, como se estivesse a usar Vídeo Conferência. bateram à porta, ainda bem que o nosso quarto tem um espécie de mini hall que divide o quarto da casa de banho, abri a porta e falei com o Marinheiro que queria saber se estava tudo bem, quando acabei, fechei a porta e preparei-me para entrar no quarto ouvi a minha amada Ying Fa dizer:
- Perderam... volta para donde vieste e diz isto ao que te enviaram... perderam... O colar que tanto procuram está seguro... O mestre que tanto queriam destruir despertou... e a sua fraqueza tronou-se agora o seu maior ponto forte... E mesmo que venham atrás dele aviso-vos... Não vos deixarei ficarem com ele..
Sorri, e encostei a cabeça à parede que dividia da porta de entrada do quarto enquanto ouvia a minha tia contar a história da minha família, de como o colar agia sobre as pessoas, de como as matava, de como o seu poder tinha sido corrompido, de como agora o colar com a ajuda do meu amor por Sakura a protegia, mas queria ser eu a protegê-la, não o colar, bati com o punho levemente na parede.
Senti então um calor nas mãos e ouvi um gizo que me era familiar, desde da batalha contra os Roxos que eu nunca mais ouvira aquele gizo ou sentira aquele calor no entanto sabia o que era, os meus poderes estavam a despertar de novo, utilizei-os para chamar a minha espada... Ela apareceu mais afiada e brilhante do que nunca, caminhei até ao pé de Sakura e coloquei a minha mão direita no seu ombro direito, ficando ela assim encostada em quase mais de metade das minhas costas.
- Foges de mim Li!?!?- perguntou o Roxo.
- Não tenho do que fugir... – disse calmamente- porque não desistes!?!? Já sabes o que queres! Volta para as trevas donde saíste...
Sakura colocou a sua mão esquerda sobe a minha, fiz uma cara séria a qual o Roxo respondeu fazendo uma ela próprio antes de comentar:
- Mesmo que o quisesse não podia... não sei se sabes Li mas os Anciões não são muito simpáticos com aqueles que não cumpre as suas ordens... voltar para de onde vim seria bom demais...
Por outras palavras a palavra "desistir" não parecia existir no dicionário do Roxo. Em seguida vi o Roxo levantar a mão formando uma espécie de seta de energia que planava a uns 5cm da palma da sua mão...
- Vamos combinar uma coisa...- disse-me - tu e a tua namorada vem para cá e eu não magoo os vossos amigos ou então começo a perseguir-vos e a matar os vossos amigos um por um até vós achar...
Senti uma espécie de dúvida e revolta encherem Sakura, senti o seu medo, a sua tristeza mas também senti piedade, piedade contra aquele que tinha ameaçado matar os seus amigos...
De súbito a Tomoyo começou a gritar, não percebi muito bem o que se passou, a única coisa de que me apercebi foi o Eriol a voar pela Igreja e a cair perto da porta e o Roxo a ameaçar matar Tomoyo...
Uma única palavra correu a minha mente...
Porquê!??!
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~ Sakura ~
Porquê... porque é que tinhas de falar Tomoyo, não sabes tu que agora não te posso proteger, não sentirás tu que já não estou em solo Chinês, não sentirás tu que é-me impossível chegar em uma hora aí, porquê tu, de toda a gente presente nessa Igreja porquê tu...
Já me sentia um pouco mal por ter abandonado o Yukito mas eu sabia que ele já o pressentia, não íamos ser felizes os dois juntos, ou pelo menos não por muito tempo, por isso fugi com quem me ama e eu amo, fugir, nunca fugi aos meus problemas, mas agora que o pareço fazer tu arranjas maneira de te pôr num trabalho deste tamanho...
Tomoyo, mana, eu sei que tu queres que eu seja feliz, eu também quero que tu sejas muito feliz com o Eriol, ou com quer que tu escolhas...
Estou a tentar ser forte, não chorar mas está a ser praticamente impossível, senti o Shaoran a apertar-me o ombro com mais força e apertei a mão dele, senti o seu outro braço passar em trono da minha cintura como se isso impedisse todo o sofrimento do mundo de me alcançar, tirei a minha mão da mão dele e passei-a para a sua face, escondi por segundos a minha face no seu pescoço.... ele cheirava tão bem, a pele dele era macia... recordei a frase que ele tinha dito no inicio da viagem...
- Eu não vou a lado nenhum...
Sim, ele não ia a lado nenhum, ele ia ficar ali comigo...
Voltei a erguer a minha face para a imagem deixando a minha mão onde estava. Relembrei as palavras de Tomoyo...
- Não conseguirás o que queres...- disse.
- AH! Não...- disse o Roxo para mim, em seguida voltou-se para Tomoyo e disse- bem pequena foi um prazer conhecer-te... Adeus...
Vi-o a erguer o braço e a lançar a flecha... Nessa altura a minha amizade com Tomoyo passou-me à frente dos olhos...
Vi-nos juntas na primária, a brincar com plasticina, barro, a escrever histórias, a aprender a ler decentemente, a ver desenhos animados, a fazer roupas para bonecas, depois veio o básico 2+3, as tardes que estudávamos juntas, os trabalhos de grupo, o grupo de filmagem, o de chefes de claque, o interesse por rapazes a aumentar, a vinda do período, a semana a aumentar, o cinema, as festas, o secundário, as festas cada vez mais... bem, festas, as idas a bares, a concertos, o interesse por rapazes a atingir o máximo, a espera de Tomoyo por Eriol, o aparecimento de Yukito, as noitadas a estudar, as aulas que faltávamos de propósito, a vida a fazer cada vez mais menos sentido, as mudanças de estado de humor, o liceu, a graduação...
Tomoyo, ela tinha estado sempre comigo, tinha sido a minha mana, o ombro onde tinha chorado, os abraços que me tinham confortado, os risos que tinha partilhado... e agora aquela... aquela.... aquela AMOSTRA de GENTE queria matá-la porque eu tinha um colar, queria matar a minha mana por um colar... mas não era só o colar porque se o fosse eu dá-lo-ia de bom grado, o Shaoran perceberia, mas ele também quer o Shaoran e isso eu não posso dar, claro que não posso trocar o Shaoran pela Tomoyo ou vice versa, se o amor tivesse balança o que sinto por cada um deles devia pesar o mesmo embora em categorias diferentes... Tomoyo- Mana; Shaoran- Amor da Minha Vida... a Tomoyo disse para eu fugir mas eu não a posso abandonar mas o não a abandonar significa entregar-me, significa deixar-me matar e deixar matar o Shaoran... e eu disse que não deixaria ninguém tocar-lhe, tal como ele me disse que não me deixaria...
Fechei os olhos sem saber o que fazer, sabendo apenas que não aguentaria ver o que estava prestes a acontecer...
- ESPERA!!!!- ouvi Shaoran dizer.
Fez-se um silêncio de morte, abri os olhos e vi que o Roxo tinha parado a tempo, que a minha mana ainda estava viva, senti a minha respiração pesada, como se tivesse corrido em dois minutos os 40km da maratona. O Roxo voltou-se para nós e comentou:
- Disseste algo Li...
Senti a mão de Shaoran soltar aos poucos a minha cintura, com a minha mão livre puxei-a de volta para onde estava, algo me dizia que se ele me soltasse tudo estaria perdido, além de que se eu perdesse contacto físico com ele sabia que desataria a chorar e ninguém me pararia.
- Quero saber exactamente preto no branco o que queres...- ouvi Shaoran dizer- deixa-te de rodeios com o que os Anciões querem...
O Roxo pousou a Tomoyo no chão calmamente e disse:
- Muito bem... o que eu quero Li é fácil... quero a tua vida...
Se seres humanos se pudessem transformar em pedra, eu sei que nesta altura me teria transformado num estatua e uma estatua com uma expressão horrível no rosto. Sentia Shaoran a soltar-me cada vez mais, isso só podia dizer uma coisa, tronei a puxar a mão dele de volta à minha cintura e subi a mão que tinha na sua face para os seus cabelos, enquanto encostava a cabeça no seu peito, não podia deixar que ele me soltasse, não podia deixar que ele se resolve-se a armar-se de novo em herói e tentasse derrotar aquele Roxo ou pior "ir" com ele.
Quase podia ouvir o dilema que se estava a debater dentro de Shaoran, quase podia ouvir a sua Tia Constantina e o seu Tio Gaspar(N.A: Meu... já tinha saudades deles!!!!!) a discutirem violentamente, de súbito foi a vez dos meus tios aparecerem...
"Isto está mau amor!!!"
'Jura mulher, acho que não é preciso ser-se um perito para o descobrir!!!!'
"Que vamos fazer!?!?!?!"
'Desculpa!?!?!? VAMOS!?!?!? Foste tu que a trouxeste para este problema em primeiro lugar, faz o que tu quiseres!!!!!'
Fiz um esforço para deixar de os ouvir, consegui mas comecei a ouvir outros... comecei a ouvir a luta de Shaoran...
"Tens de ir!! Sabes que tens!!!"
'Gostava de discordar com a tua tia rapaz mas desta vez ela tem razão!!! Embora eu gostasse de te dizer para ficares com a tua esposa eu sei que tu tens de ir!!!'
"Não podes deixar que ele mate a Tomoyo, ela é praticamente irmã da Sakura e depois temos o Eriol, ele é o teu melhor amigo, a Meiling, a prima que tu tanto adoras, e o resto da tua família, és frio com eles e eles são frios contigo mas tens uma dívida de gratidão para com eles!!!"
'E meu caro sobrinho as dívidas tem, devem de ser pagas!! Fá-lo por ela...'
"Sim, fá-lo pela Sakura! Fá-lo pela mulher que amas e que te ama!!! Ela vai perceber..."
O que é que eu vou perceber!!??!?! Que ele se vai entregar!?!?! Que ele vai dar a vida dele!?!?! Agarrei-me a Shaoran ainda com mais força.
- Então Li...- ouvi o Roxo dizer- como vai ser... vens ou não?!?!?!
Quis tanto ser surda, quis tanto não ouvir a palavra que sabia que Shaoran ia dizer a seguir, quis também não ver os olhos magoados de Tomoyo que praticamente diziam que se ela se salvasse se iria culpar até ao fim dos seus dias por "ter sido a responsável pela morte do meu marido", vi o olhar de Eriol que estava dividido entre o sacrifício do melhor amigo ou o da rapariga que amava, ouvi Shaoran a engolir em seco e a preparar-se para pronunciar a maldita palavra que a todo o custo não queria ouvir quando...
- CUIDADO SAKURA!!!!
Fim do capítulo 8b!
N.A: Então... que acharam... o próximo capítulo deverá estar pronto em breve... Bjs
