Cap2

Enquanto isso, Seiya voltara para a cozinha e para as batatas. Shiryu deu a maior bronca no amigo:
- Seiya, você enlouqueceu? Largou tudo para ir namorar aquela garota que mal conhece!
- Não fomos namorar. Apenas conversamos.
- Mas isso é questão de tempo. Você está diferente... Está até assobiando uma canção de amor japonesa!
Seiya ficou constrangido. Não se dera conta da música que estava assobiando.
- Shiryu, você só fala besteiras. Vai procurar algo pra fazer.
O rapaz ia saindo, mas antes o provocou:
- Você está apaixonado!
Seiya pegou uma batata e jogou em Shiryu, mas este se desviou a tempo.

Mais tarde, Seiya foi se deitar. Entretanto, não conseguia dormir. A imagem de Saori não saía de sua cabeça.
O que estava acontecendo com ele? Nunca tinha sentido isso antes. Era algo que não sabia definir. Uma espécie de euforia, misturada com afliçã era possível que estivesse tão fascinado por uma mulher que só vira uma vez?
"O que será que ela achou de mim?" - pensava ele.
Lembrava-se de seus olhos grandes, seus longos cabelos, sua boca pequena que parecia convidá-lo a beijá-la... Isso sem falar no corpo perfeito, no qual ele também tinha reparado, apesar das roupas que o cobriam totalmente.
- Ela é linda... - murmurou ele, sem se tocar de que Shiryu poderia escutar.
Eles estavam dormindo num beliche. Lá de cima, Shiryu retrucou:
- Viu só? Eu disse que você estava apaixonado!
- Só porque a achei bonita, não significa que eu a ame.
- O pior cego é aquele que não quer ver.
- Você não achou ela bonita?
- Ela é bonita, mas não faz o meu tipo. Já a amiga dela...
- A Shunrey?
- É, ela sim eu considero perfeita. A Shunrey é mais simples, parece estar mais de acordo com nosso nível social.
- Está insinuando que a Saori é metida?
- Não, ela parece ser uma boa pessoa. Entretanto, ela tem porte de rainha... Não se parece com uma simples dama de companhia.
- Nesse ponto, você tem razão. Ela é muito fina, uma verdadeira lady.
Seiya falava dela com tanto entusiasmo que era impossível não dar razão à Shiryu. Porém, ele era teimoso, e não queria dar o braço a torcer.
Os amigos acabaram adormecendo.

Em sua cama, Saori estava sonhando com Seiya. Eles se beijavam, e prometiam um ao outro que ficariam juntos para sempre. Subitamente, Julian aparecia e começava a lutar com Seiya.
Acordou assustada com o pesadelo.
"Meu Deus" - pensou ela - "foi maravilhoso beijar o Seiya. Ainda que tenha sido apenas um sonho".
Será que Shunrey tinha razão? Ela se apaixonara por aquele rapaz? Confusa, acabou adormecendo.

No dia seguinte, após o café, Saori avisou Shunrey:
- Vou precisar de outro vestido.
Shunrey não queria acreditar.
- Você prometeu!
- Eu sei, mas... só mais uma vez!
A aia balançou a cabeça, em sinal de reprovação.
- E não pense que não percebi seus olhares para o Shiryu! - afirmou Saori.
- Hã??
Foi a vez de Shunrey ficar rubra de vergonha.
As duas desceram até a terceira classe.

Seiya havia decidido: se ela não viesse, iria ao convés procurá-la. Precisava vê-la novamente...
Estava indo para a cozinha, quando a viu. Sorriu de satisfação.
- Oi... Fico feliz de vê-la aqui de novo.
Shunrey achou melhor deixá-los a sós. Ela entrou na cozinha, e encontrou Shiryu descascando batatas num canto.
- Quer ajuda?
Shiryu sorriu. Aceitou seu auxílio, apenas para poder conversar com a doce Shunrey. Eles conversaram sobre suas vidas, e descobriram que possuíam muitas afinidades.
Seiya resolveu dar o cano em Tatsume, o responsável pela cozinha. Jamais trocaria a oportunidade de estar perto de Saori para ficar na cozinha descascando batatas.
Os dois voltaram ao mesmo local da véspera, e continuaram conversando.
Seiya era tão divertido ao narrar suas aventuras na Grécia que Saori teve um ataque de riso. Ele ficou enternecido ao vê-la chorar de tanto rir. Sem pensar nas consequências, começou a se aproximar mais e mais dela.
Saori percebeu e parou de rir.
Ele a olhava de forma tal que a deixava totalmente sem reação. Seus olhares, fixos um no outro, eram um anúncio do que estava por vir. Sem conseguir mais conter seus ímpetos, Seiya a enlaçou com firmeza, e buscou seus lábios, ávido de desejo. A princípio, Saori tentou resistir, mas ela também ansiava por aquele beijo.
Julian nunca a beijara daquela forma.
Seiya parecia ter fogo em seus lábios, pois ela sentiu-se incendiar enquanto se beijavam. Entretanto, não podia se deixar levar por sentimentos tão... carnais.
Por isso, ela se desvencilhou do rapaz e saiu correndo.