Nota da autora:
A partir deste capítulo, vou incluir alguns
trechos da música You're Still The One, da Shania Twain.
Será
o tema de Seiya e Saori durante a história.
Cap3
Seiya
não entendeu sua reação. Ela correspondera ao
beijo, de forma apaixonada, até.
"Acho que me excedi.
Eu a apertei com força, e talvez ela tenha se assustado com
minha audácia".
Saori entrou na cabine e se jogou na
cama. Estava trêmula... Naquele momento, não evitou mais
as lágrimas que tantas vezes conseguira conter.
"When
I first saw you, I saw love.
Quando eu te vi pela primeira vez, eu
vi o amor.
And the first time you touched me, I felt love.
E da
primeira vez que você me tocou, eu senti o amor"
Ia
se casar com Julian... mas amava outro homem!
Ela sabia que aquele
amor era impossível. Mas como ela poderia se casar com Julian
depois daquele beijo ardente? Nem de longe seu noivo despertava nela
aquele turbilhão de emoções.
Shunrey se
despediu de Shiryu, e voltou para a cabine. Espantou-se ao encontrar
Saori jogada na cama, o rosto inchado de tanto chorar.
- O que
aconteceu?
- Você estava certa... eu me apaixonei por
ele.
Shunrey suspirou. Tinha previsto que aquilo não ia dar
certo.
- O que pretende fazer?
- Esquecê-lo. Eu prometi
ao vovô que me casaria com Julian... foi seu último
desejo.
- Olha Saori, eu sei que você amava seu avô,
mas acha certo sacrificar sua felicidade por causa de uma
promessa?
Saori olhou-a com espanto. Shunrey nunca falara assim.
Sempre fora mais sensata do que ela própria.
- Você
não entende. Eu tenho uma dívida de gratidão com
meu avô. Ele me acolheu quando fui abandonada!
- Eu sei, mas
ele já morreu. Vai ser infeliz para agradar a um morto?
-
Você nunca falou assim.
- Estou cheia de ver você se
submetendo às vontades do seu avô e do Julian. Você
tem o direito de escolher o homem com quem irá se casar!
Saori
refletiu muito sobre as palavras da amiga. Shunrey tinha razão.
Valia a pena ser infeliz para atender a um capricho de seu avô?
Seiya
retornara ao trabalho. Estava tão distraído recordando
do beijo que nem percebeu que Shiryu estava falando com ele.
-
Seiya, o Tatsume já está desconfiando dos seus sumiços.
Meu repertório de desculpas já se esgotou.
Como o
amigo não respondeu, Shiryu gritou:
- Acorda, Seiya! Parece
que vive no mundo da lua!
Seiya saiu de seus devaneios:
-
Desculpe, não ouvi o que você falou?
- Desisto. Você
é um caso perdido!
- Eu a beijei, Shiryu!
- Você o
quê?
- Foi o melhor beijo da minha vida!
- E ainda nega
que está gamado?
- Não sei... Ainda não tenho
certeza do que sinto por ela.
Shiryu sabia que ele não
queria admitir, mas Seiya já tinha consciência de que a
amava. Ficou o resto do dia esperando por ela. Mas Saori não o
procurou. Triste, concluiu que a garota não queria mais
vê-lo.
Quem diria... Seiya, o rapaz mais cobiçado da
cidade em que morava, desprezado por uma mulher! Isso não
podia ficar assim...
Na manhã seguinte, subiu ao
convés. Falaria com Saori de qualquer maneira.
Shunrey o
viu e foi avisar a patroa.
- Ele parece aflito. Acho que deveria
ir falar com ele, nem que seja para dispensa-lo.
- Peça a
ele que me espere no lugar de sempre.
Shunrey foi dar o recado,
enquanto Saori vestia outra roupa da amiga. Olhou-se no espelho. Não
sabia como encarar Seiya. Precisava se afastar dele.
O rapaz a
aguardava com ansiedade. Ao vê-la, perguntou:
- O que houve?
Você não apareceu por lá...
- Seiya, preciso
me afastar de você.
- Mas por quê?
- Não
posso explicar. Por favor, compreenda.
- Está com medo de
mim?
Ela o encarou, enquanto uma lágrima teimava em
rolar por seu rosto.
- Não tenho medo de você. Tenho
medo de mim... dos meus sentimentos...
Dizendo isso, ela se
afastou. Porém, ele não se conformou em perdê-la.
Correu atrás dela e conseguiu detê-la.
- Me solta.
-
Não. Eu sei que você também me quer. Ontem,
enquanto nos beijávamos, eu senti que você estava
gostando.
- Você é muito convencido!
- Pode ser...
Mas vamos repetir a dose, para ter certeza.
Antes que ela falasse
qualquer coisa, Seiya a agarrou e beijou-a. Saori se debateu,
tentando escapar. Mas sua paixão era mais forte do que a
razão...
Era impossível resistir. Entregou-se àquele
beijo com tanta volúpia que até surpreendeu
Seiya.
Afastaram-se, ofegantes.
- Agora tenho certeza. Você
me ama!
- Não!
- Uma mulher não beijaria dessa
forma um homem que ela mal conhecesse, se não estivesse
apaixonada.
- Por favor, me esqueça. Vai ser melhor
assim...
- Depois desse beijo, não vou esquecê-la nem
que eu viva 1000 anos!
