Cap 6 -

Saori estava enojada com aquela história.
- É mentira! Meu avô jamais faria isso!
- Ah, não acredita? Pois aqui está a prova!
Entregou-lhe um papel, assinado pelo avô de Saori. Ela leu, sem querer acreditar.
Naquele documento, seu avô a entregava em casamento a Julian, em troca do perdão de suas dívidas.
- Quem me garante que você não falsificou isto?
- Sua aia alcoviteira foi testemunha. Pergunte à ela.
Saiu, deixando Saori arrasada.
- Shunrey, você sabia disso e não me contou?
Envergonhada, a garota suplicou:
- Me perdoe! Eu jurei para seu avô que não lhe contaria. Ele ameaçou me demitir. Eu sou órfã, não teria para onde ir!

Saori estava desesperada.
- Meu avô me vendeu! Como se eu fosse um imóvel, um objeto!
Subitamente, lembrou-se:
- Seiya! Ele ficou furioso comigo! Preciso me explicar!
Tentou abrir a porta, mas esta fora trancada pelo lado de fora.
- Julian nos prendeu aqui!
Começou a esmurrar a porta, e ouviu alguém dizer:
- Fique quieta. Tenho ordens do Sr. Julian para vigia-la.
- Era só o que faltava!
- Calma Saori, amanhã daremos um jeito de sair daqui. É melhor a gente dormir.
- Você acha que vou conseguir dormir? O Seiya deve estar me odiando... e o Julian nos trancou aqui!
- Saori, você não deveria ter ido ao quarto do Seiya. O Julian tem motivos para agir assim. Você o traiu!
- Depois de tudo que descobri esta noite, só me arrependo de não tê-lo traído antes!
- E se você engravidar? O Julian não vai aceitar um filho de outro homem!
- Prefiro morrer a me casar com esse crápula!
- Se não casar, ficará na miséria!
- Não me importo. Nada mais me importa. Tudo o que eu preciso é que Seiya me perdoe...

- Eu nunca perdoarei essa mentirosa.
- Seiya, eu falei com a Shunrey e ela me garantiu que a Saori não fez isso por mal.
- Não?! Para mim está muito claro... eu era apenas um passatempo para ela. É noiva daquele cara, milionária... o que ela iria querer com um pobre coitado como eu além de diversão?
- Ela pode ter se apaixonado por você.
- Quem ama não mente... Eu não admito ser enganado! E se fosse você, abriria o olho com a Shunrey. Ela foi cúmplice daquela... daquela...
- Daquela garota que você ama. Eu acho que você deveria dar uma chance para a Saori se explicar.
- Eu nunca mais quero vê-la na minha frente.

Saori não conseguiu dormir.
Ela não esquecia da expressão que vira no rosto de Seiya quando Julian a desmascarara. Era a imagem da decepção.
Mas ela não fizera aquilo para magoá-lo! A última coisa que queria era ferir o homem que amava. A descoberta de que seu avô a vendera para Julian também a abalou. Não esperava uma atitude como essa de seu avô.
De uma coisa tinha certeza: não se casaria com Julian, ainda que isso representasse sua ruína financeira.
As horas se passaram e o dia amanheceu.

Shunrey lembrou-se de que tinha um sonífero na bagagem. Ela chamou o vigia, e ofereceu um copo de água.
Ingênuo, o capanga bebeu a água, e logo caiu num sono profundo. Shunrey se aproveitou da situação para pegar a chave da cabine, que estava no bolso do homem. Assim, elas teriam como escapar.

- Você é um gênio! - exclamou Saori.
Ela correu até a terceira classe e bateu na porta de Seiya. Ele também não conseguira dormir.
Como era possível que a mesma mulher que dissera amá-lo fizesse algo tão desprezível? Saori mentira sobre coisas muito sérias...
Ouviu batidas na porta. Já eram 7 horas. No mínimo, era Tatsume chamando-os para trabalhar.
Pela primeira vez, ficou satisfeito por trabalhar na cozinha. Descascando batatas, manteria sua mente ocupada e não pensaria nela.
Foi abrir a porta.

Quando a viu, ficou paralisado. Mesmo assim, teve forças para perguntar:
- O que faz aqui?
- Seiya, precisamos conversar...
- Não tenho nada pra falar com você. Suma da minha vida!
Ia bater a porta na cara dela, mas Saori implorou:
- Por favor, me escute!
Ele evitou olhar para a garota. Mas deixou que ela falasse:
- Sei que errei, mas, por favor, me perdoe! Eu te amo, estou disposta a largar tudo para ficar com você!
- Eu não quero vê-la nunca mais! Você mentiu! Não acredito em nada que você me disser!
- Mesmo sendo noiva, eu era virgem... e ontem eu fui pra cama com você! Que prova maior você quer de que o amo?
Por instantes, Seiya ficou em silêncio. Realmente, ela era virgem, e não hesitou em se entregar a ele. Mas nem isso poderia apagar seus erros.
- Eu não a forcei a nada. Você também quis.
- Eu assumo os meus atos.
- Não foi o que percebi ontem.
- Eu ia te contar tudo! Mas aí o Julian chegou e fez aquele escândalo!
- Eu faria o mesmo se soubesse que minha noiva tinha me traído.
- Eu não amo o Julian! Só ia me casar para satisfazer ao meu avô... Mas aí eu conheci você, e percebi que só seria feliz ao seu lado.
- Se você me amasse, não teria me enganado - disse ele.
- Se você me amasse, perdoaria meus erros.
Silêncio.