Cap 7 - Vingança

- Eu acho que o melhor para nós dois é cada um seguir seu caminho.
Saori ficou arrasada ao ouvir isso. Ela tinha se humilhado diante de Seiya, e ele continuava desprezando-a.
Mas ela tinha amor-próprio. Disse:
- Então sejam felizes... você e seu maldito orgulho!
- Você não passa de uma garota mimada!
Ela saiu correndo para que o rapaz não visse seu rosto banhado de lágrimas.
Seiya ficou ali parado, profundamente triste.
- Eu ouvi tudo - disse Shiryu - puxa, Seiya, você foi tão duro com ela!
Ele não respondeu.
Seu coração sangrava por ter mandado Saori embora. Ele vira em seus olhos que ela também estava sofrendo.
Lembrou-se dos momentos de amor que tinham vivido na véspera. Sabia que ambos tinham sido feitos um para o outro. Havia uma forte atração entre os dois.
Mas não era só isso... Ele sentia que podia entregar sua alma nas mãos dela... contar-lhe os seus sonhos, os seus temores...
Infelizmente, essa confiança fora quebrada, e dificilmente poderia ser reconstruída.

Saori voltou para sua cabine, onde Julian a aguardava furioso.
- Desgraçada! Conseguiu escapar e foi correndo ver seu amante!
- Dá o fora! Você me trancou aqui como se fosse meu dono!
- EU SOU SEU DONO!!
Os doces olhos de Saori emitiram faíscas de ódio.
- Você não é nem nunca será meu dono!
- Vou ser seu marido!
- Nunca! Eu tenho nojo de você!
- Ah, e o que pretende fazer? Vai ficar com aquele infeliz que não tem onde cair morto?
- Eu o amo!
- Quero ver se esse amor vai resistir à fome e às privações. Eu vou tirar até o seu último centavo!
- É o que veremos... Vou contratar um advogado para resolvermos isso na Justiça!
- Não seja louca! Essa causa eu já ganhei!
Saori calou-se. Reconhecia que seria difícil enfrentar Julian, mas não se intimidaria. Seu amor por Seiya lhe dera forças para lutar por seus objetivos. Ainda que o mais importante deles estivesse perdido para sempre...
Mas Julian não se conformava. Depois de alguns instantes, disse:
- Por quê não esquecemos tudo isso? Vamos fingir que nada aconteceu...
- Você é um hipócrita! Quer casar comigo mesmo sabendo que amo outro!
- Você vai casar de qualquer jeito!
- Quem vai me obrigar? Eu sou maior de idade!
- Você vai me pagar caro, Saori. Ninguém despreza Julian Sollo.
Saiu, deixando-a em desespero.
- Shunrey, e se ele tentar algo contra o Seiya?
- Calma... O Seiya saberá se defender.

Por mais que tentasse, Saori não conseguia esquecer daqueles olhos castanhos, que possuíam um quê de rebeldia, daquele sorriso de menino que revelava seu lado brincalhão...
Seus cabelos, meio desalinhados, acentuavam o ar de rebeldia, enquanto seus braços musculosos mostravam que ele era um praticante de artes marciais.

"You're still the one
Você ainda é aquele
You're still the one I run to
Você ainda é aquele para quem eu corro
The one that I belong to
Aquele a quem eu pertenço
You're still the one I want for live
Você é aquele que eu quero na vida
(You're still the one)
Você ainda é aquele
You're still the one that I love
Você ainda é aquele que eu amo

The only one that I dream of
Aquele com quem eu sonho
You're still the one I kiss good night
Você ainda é aquele que eu beijo boa noite"

Seiya tinha sido tão carinhoso na noite anterior...
Mas seu orgulho o separava dela. Então, se o orgulho era mais forte do que o amor, ele não a amava realmente...
Deixou cair lágrimas de desgosto, até que o cansaço a venceu, e acabou adormecendo.

Julian já tinha em mente a sua maligna vingança. Ele subornou um marinheiro para que este lhe emprestasse um cubículo que ficava no porão do navio. Contratou um capanga para entrar na cabine de Saori.
O tal sujeito segurou a garota à força, e a fez aspirar um lenço embebido em éter. Saori desmaiou. Ele a carregou até o porão e a trancou dentro daquele minúsculo cubículo.
Shunrey assistira ao rapto da amiga cheia de aflição, e tratou de se esconder antes que alguém a levasse também.
Quando pôde, correu até a cozinha para avisar Seiya. O rapaz esqueceu de todos os ressentimentos. Desesperado, perguntou:
- Para onde a levaram, Shunrey?
- Eu não sei, apenas ouvi uma conversa entre Julian e um de seus capachos. Ele mencionou algo sobre o porão do navio.
- Maldito! Eu vou matar esse verme!
- Espere Seiya, temos que salvar a Saori! - suplicou Shunrey.
Mas ele não lhe deu ouvidos, e se dirigiu ao convés.
- O Seiya sempre foi assim, impulsivo. Vamos atrás dele antes que arrume mais encrencas - sugeriu Shiryu.
Quando lá chegaram, encontraram Seiya brigando com o rival.
- Me diz onde ela está!
- Deixa minha noiva em paz! Você não se enxerga não?
- Miserável...
- Não se preocupe, ela terá companhia... Ratos e baratas são freqüentadores assíduos do lugar onde ela está.
Seiya perdeu o controle. Acertou um soco violento em Julian, que ficou com o nariz sangrando.
Um marinheiro se aproximou para dar um jeito naquela confusão.
- Esse homem me agrediu! - acusou Julian.
Seiya foi algemado e conduzido à "cadeia" do navio, apesar de seus protestos. Naturalmente, Julian tratou de subornar o responsável pela prisão.