Dreams Come True
Capítulo Três



Os olhos verdes brilhavam de contentamento ao ver o constante fluxo de pessoas.

"Não te afastes, Hanako!" – a mulher de cabelos castanho-claros e olhos caramelo pediu, sorrindo diante do encantamento da jovem que a acompanhava.

"Não irei!" – afirmou seguindo-a, enquanto admirava tudo ao seu redor.

"Diga-me, Hanako, não ias à feira em tua antiga vila?" – perguntou.

"Sim, mas não havia tanta gente, Sra. Fenmei!" – respondeu.

Fenmei arqueou as sobrancelhas, pensativa.

"Devia ser mesmo um vilarejo muito pequeno…" – comentou.

Sakura confirmou com a cabeça. Durante a última semana tivera tempo para pensar no que dizer quando lhe perguntassem de onde viera. Não se sentia bem em mentir para Li e suas irmãs, por isso evitava ao máximo falar de sua vida antes de encontrá-los, mas em certas ocasiões era inevitável tocar no assunto.

Estava sendo um árduo trabalho viver fora dos muros do palácio, mas ela estava adorando toda aquela nova experiência. Aprendera a costurar, a cozinhar, a plantar, colher e cuidar de uma casa, mas o melhor era poder sentir-se, pela primeira vez, viva.

Todos os dias acordava cedo, antes mesmo do sol nascer, e ajudava Fuutie a preparar o desjejum, então, saía com a refeição pronta em direção à casa de Shaoran, onde comiam antes dele ir trabalhar nas plantações de Tomoeda, ou em sua própria, nos dois dias que tinha de 'descanso'. Geralmente, passava os dias dividida entre: cuidar da casa onde o rapaz morava sozinho e tomar conta da horta que ele tinha em seu quintal até que ele retornasse. Enquanto ele se lavava, ela preparava o jantar e após terem se alimentado, ficavam conversando até a hora em que Shaoran a acompanhava para retornar à casa de Fuutie. Aquele dia, Fenmei, foi buscá-la para comprar algumas coisas que necessitavam.

Havia apenas uma coisa que a deixava inquieta em sua nova rotina. Nunca mais ouvira o som misterioso e aconchegante da flauta que, todas as noites, ecoava pela cidade até chegar em seus ouvidos dentro da prisão de ouro e seda em que vivia. Suspirou pesadamente.

"Algo te aflige, não é?" – Fenmei perguntou ao reparar o súbito desânimo dela. – "Não queres conversar?".

"Não te preocupes, por favor! Não é importante." – falou sorrindo, recebendo assentimento.

"Finalmente, chegastes!" – Fuutie exclamou vendo-as se aproximarem enquanto mantinha uma das mãos de Meiling segura. A menina tinha cinco anos, olhos castanho-avermelhados e os cabelos negros presos em odangos com as pontas presas. Soltou a mão da mãe e correu até Sakura que sorriu ao pegá-la no colo.

"Tia Hanako, eu vi um príncipe hoje!" – ela disse deixando Sakura assustada. Olhou para Fuutie que sorriu.

"Passou uma caravana com alguns parentes da família real seguindo para o palácio ainda há pouco…" – explicou. – "Parece-me que essa visita tem relação com o casamento da princesa…" – comentou.

"Eriol…" – murmurou preocupada, atraindo os olhares das duas mulheres.

"Aconteceu alguma coisa, tia Hanako?" – Meiling perguntou passando a mãozinha sobre o rosto de Sakura.

"Nada. Não te preocupes, criança!" – sorriu colocando-a no chão. – "Diga-me, Meiling, o príncipe que viste era bonito?" – perguntou fazendo-a corar e abaixar a cabeça. Fuutie e Fenmei riram da reação dela e puseram-se a caminhar pedindo que as duas não ficassem para trás. Sakura as seguia, levando Meiling pela mão quando sentiu seu vestido ser puxado e encontrou dois olhos de rubi a encarando de forma constrangida.

"Sabe, tia Hanako, o príncipe que vi era, sim, muito bonito!" – falou balançando um dos pés sobre o calcanhar. – "Mas acho que o tio Shaoran é bem mais…" – cochichou ficando vermelha e fazendo a princesa também corar.



Logo que o dia estava se retirando para dar passagem à noite, Shaoran estava chegando em casa. Cansado, mas extremamente feliz, fazia tempo que não sorria tanto, aquela misteriosa mulher, que parecia mais uma garotinha de 15 anos estava lhe fazendo muito feliz... Era distraída e atrapalhada, mas tinha um bondoso coração e fazia de tudo para lhe agradar. Enquanto enchia a bacia para tomar banho, lembrou-se do primeiro dia que chegou em casa e ela estava ali catando cacos de barro, após ter quebrado um copo e um prato em um tombo que havia tomado. – "Como é distraída…" – pensou risonho. Logo que acabou de se lavar e trocar de roupa, lembrou-se que iria jantar na casa de Fuutie, saiu de casa e se pôs a caminho da casinha da irmã.

"Tio Shaoran!" – ele escutou o grito e logo se preparou para pegar a frágil menininha nos braços.

"Como vais Meiling?" – ele perguntou entrando em casa.

"Eu estou bem... Só estava com saudades." – ela disse abraçando o pescoço do homem.

"Olá, Shaoran." – Sakura o cumprimentou feliz.

"Olá, Hanako... Como estás?" – ele disse feliz em ver a bela 'garota'.

"Estou muito bem, e tu?"

"Bem." – disse por fim trocando um olhar acompanhado de um lindo sorriso com Sakura, o que a deixou um pouco envergonhada.

Tiveram uma janta agradável, Fuutie cozinhava muito bem e tinha tido alguma pouca ajuda de Sakura que havia feito a salada. Conversaram um pouco e Shaoran se preparou para voltar para casa, já passava das dez horas e no outro dia ele teria que acordar cedo para trabalhar. Despediu-se de todos e começou o caminho.



Perto dali o capitão Anzen perguntava ao um aldeão se ele sabia a quem pertencia a flauta, o aldeão, por sua vez, viu Shaoran e o indicou com o dedo, fazendo Anzen ir até ele.

"Tu és o dono deste instrumento?" – Anzen perguntou seguido pelos soldados.

"Minha flauta!" – Shaoran disse alegre por ver seu bem mais valioso o qual julgava ter perdido, mas logo foi tomado pela desconfiança ao ver que era o capitão quem o trazia. – "Posso saber onde…" – foi interrompido pela voz autoritária do homem.

"Onde está a princesa?" – perguntou se aproximando de Li, que recuou um passo.

"Princesa? Que princesa?" – Shaoran perguntou completamente confuso.

"Ora não te faças de bobo, rapaz... Diga logo onde está a princesa, se não quiser que as coisas fiquem ainda mais complicadas para ti…" – Anzen disse totalmente furioso, odiava pessoas que se faziam de sonsas.

"Já disse que não sei de princesa alguma... Sou um pobre aldeão, como posso conhecer alguém tão nobre?" – Shaoran respondeu no mesmo tom que o capitão, só que na sua voz havia um pouco de ironia.

"Soldados, levem-no para a masmorra!" – Anzen ordenou aos homens que o acompanhavam. – "Se este homem não quer nos dizer o paradeiro da princesa por bem, fará isso por mal!" – sentenciou.

Shaoran viu os soldados se aproximando e, por reflexo, deu alguns passos para trás tomando a distância necessária para proteger-se. Não era próprio dele desistir sem lutar. O primeiro homem que se aproximou, levou um forte soco na altura do estômago, dobrando-se sobre o próprio corpo e um chute indo parar alguns metros longe.

'E quem disse que é perda de tempo trabalhar tanto tempo com uma enxada?' – pensou consigo mesmo orgulhoso da própria força.

Os outros soldados, ao verem o que aconteceu, posicionaram-se em volta dele aproximando-se ao mesmo tempo. Shaoran conseguiu ainda acertar um chute forte em um deles e um par de socos em outro, mas estava em desvantagem. Seguraram-no pelos braços enquanto se debatia e deram-lhe alguns socos, antes de desacordá-lo com uma pancada na nuca.

Anzen ordenou que dois dos soldados o levassem para o palácio e olhou em volta, percebendo que os aldeões estavam vendo o que acontecia pelas janelas de suas casas. Olhou para o primeiro soldado a investir contra o rapaz e lançou-lhe um olhar de reprovação que o deixou apavorado. O rapaz começou a correr acompanhando a pequena tropa que voltava para o castelo, sendo seguido pelo capitão que caminhava com seu ar autoritário.



Sakura ajudava Fuutie a adiantar algumas coisas para o dia seguinte. Viu Meiling dormindo sentada sobre a mesa e sorriu suavemente. Pegou-a no colo e foi levá-la para o quarto.

Fuutie ouviu alguém bater na porta e foi atender, apesar de estranhar o horário. Quando a abriu viu uma de suas vizinhas parecendo ofegante.

"Sra. Tanashi, o que…" – foi interrompida pela voz amedrontada da mulher de cabelos prateados.

"Fuutie, os guardas do palácio o levaram!… Levaram o jovem Li!" – disse deixando a irmã do rapaz em choque.



Continua…

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N/A –

Nina: Gente, desculpa pela demora... é que meu uso no computador anda racionado, porque meu querido irmão acha que eu estou 'viciada' em computador !

Mas milhões de desculpas pela demora e espero que vocês tenham gostado de mais esse capítulo. Muito obrigada a todos que mandaram reviews e aos que não mandaram, mas leram... Por favor, mandem, é muito importante, mais uma vez muitíssimo obrigada.

Beijos, Nina.



Yoruki: Oi, pessoal!... Eu queria pedir mil desculpas por não termos postado o capítulo na semana passada,… mas eu e a Nina não conseguimos nos encontrar para acertarmos as notas... Espero que tenham gostado do capítulo, e continuem a acompanhar a estória, pois é agora que as coisas começam a ficar complicadas para 'A Princesa e o Plebeu' dessa fic.

Beijos.



Até o próximo capítulo…

Yasashiko-chan.