Dreams Come True
Capítulo Cinco




"Já me diverti o bastante." - Anzen falou saindo da cela, mas antes se virou para Li. - "Tu queres aquela tua flautinha para ajudar a passar o tempo?" - Shaoran só levantou um pouco sua cabeça, ele podia estar todo machucado, mas nunca iria perder seu orgulho. Anzen não percebeu a expressão do rapaz e jogou a flauta sobre ele. - "Toma! Isto não me interessa…".

Ele estava sozinho e todo machucado… Não entendia que história de princesa era essa, a única pessoa que havia conhecido recentemente era a bela Hanako. Ela tinha realmente mãos delicadas para uma camponesa e era dona de uma beleza muito especial, era misteriosa e nunca soubera exatamente de onde ela tinha vindo, mas ela não se comportava como uma princesa também. A única saída que via para aliviar a dor e dissipar seus pensamentos foi tocar sua flauta, a melodia começou calma e delicada e logo foi saindo mais alto e um pouco mais animada.




Sakura estava presa de novo, fora obrigada a voltar ao castelo se quisesse Shaoran vivo. Como ele a encantava, era honesto, bonito e respeitava todos os seres da face da terra, ele sim, era realmente um nobre, foi tirada de seus pensamentos ao escutar o som da flauta que sempre lhe embalava o sono e concluiu que vinha da masmorra, nada a impediria naquele momento, queria ver quem a envolvia tanto com o simples tocar de um instrumento. Colocou a capa sobre os ombros e repetiu todas as ações do dia em que fugira do castelo, até sair de seu quarto e prosseguiu andando sorrateiramente pelo jardim. Finalmente iria conhecê-lo, a cada passo que dava em direção à masmorra ficava mais nervosa, chegando ao local o som da flauta foi interrompido. Não podia ser, ela havia despistado a segurança novamente e feito todo aquele trajeto para acabar sem descobrir quem era...

Pensando que sua viagem estava perdida, teve a idéia de verificar se Shaoran fora realmente solto. Começou a procurar entre as celas, os corredores daquele local eram sujos e iluminados por poucas tochas, sendo praticamente impossível ver qualquer coisa… Andou mais um pouco e reparou que dentro de uma das celas um homem estava sentado de cabeça baixa. Era ele! Sakura sabia que era.

"Shaoran?" - ela chamou com medo. Ele levantou um pouco a cabeça e Sakura tampou a boca com a própria mão para não gritar. Ele estava todo machucado, como puderam ser tão cruéis? Ela ordenara que ele fosse liberto. Sentiu lágrimas tomarem conta de seus olhos, mas decidiu ser forte, tinha que ajudá-lo a sair dali antes de qualquer outra coisa.

"Hanako?…" - a voz dele mostrava o quanto ele estava assustado com a presença dela ali. - "O que estás fazendo aqui? Tu és maluca? Saias!" - ele falou atropelando as palavras e tentando levantar-se.

"Não, eu vou te tirar daqui, não faças movimentos bruscos, podes machucar-te ainda mais…" - ela falou procurando a chave e encontrando um molho em cima de um barril ali perto. Deu um belo sorriso ao pegá-las.

"Não faças isso Hanako, tu podes ser presa também, sabes que esses homens não têm pena de ninguém." - ele falou conseguindo finalmente ficar de pé.

"Já está feito…" - ela disse abrindo a cela. - "Não te preocupes, nada irá nos acontecer." - assegurou sem perceber que alguém se aproximava.

"Posso saber o que a mocinha está tentando fazer?" - Anzen perguntou segurando Sakura pelo pescoço, o que deu um grande susto nela.

"Estou tirando este homem desse lugar horrível!" - ela respondeu simplesmente, recuperada do susto, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Shaoran ficou assustado ao ver o jeito com que ela lidava com as coisas.

"Pois eu digo que ele não vai sair daqui, por desejo seu ou capricho daquela princesa imbecil..." - Anzen falou com raiva. - "Acho que a senhorita merece receber um castigo."

"Tu és quem sabes…" - ela falou e logo tirou o capuz da cabeça. - "Se quiseres pegar a corte marcial por ousares machucar-me…" - encarou friamente o homem.

"Não pode ser…" - Anzen falou, soltando Sakura e, logo em seguida, fazendo reverência, estava completamente envergonhado e Shaoran mostrava-se confuso com tudo aquilo. Ao ver que o aldeão não se curvara, Anzen deu-lhe um chute nas pernas para que ele se abaixasse.

"Pare com isso agora Anzen..." - ordenou, com lágrimas voltando a seus olhos. - "Meu pai ficará muito desapontado contigo." - ela falou ressentida. - "Agora, ajude-me a levar Shaoran para o castelo, para que cuidemos desses machucados…".

"Sim, alteza." - Anzen falou pegando um braço do rapaz e pondo em seu ombro.

"Esperem!" - Shaoran falou cansado. - "Então, tu és a princesa?" - perguntou com um fio de voz.

"Nós conversaremos mais tarde está bem? Agora tu precisas cuidar destes ferimentos." - ela disse passando a mão no rosto do rapaz vendo que ele desfalecia. Acompanhou Anzen para ter certeza de que teria suas ordens obedecidas dessa vez.

Quando chegaram ao castelo, Anzen sentia-se terrivelmente humilhado, Sakura pediu ajuda a uma das criadas do palácio e sua grande amiga, Rika, que estava preocupada com o estado do rapaz, ele estava muito machucado e fraco. Com a bagunça toda, Fujitaka e Nadeshiko acordaram assustados e foram ver o que acontecia em sua residência.

"O que está acontecendo aqui?" - Fujitaka perguntou vendo sua filha chorar, enquanto Eriol tentava animá-la.

"Esse monstro quase matou o Shaoran." - Sakura falou levantando-se e olhando com ódio para Anzen.

"O rapaz que estava na masmorra?" - Nadeshiko perguntou serena tentando manter um clima melhor.

"Sim, agora a senhorita Rika está cuidando dele, minha tia." - Eriol respondeu, Sakura já havia contado-lhe tudo.

"Anzen nós precisamos conversar. Acompanhe-me. Agora!" - o rei ordenou sendo seguido pelo capitão.




O tempo parecia correr de forma lenta enquanto a jovem princesa aguardava que Rika saísse do quarto, trazendo notícias. Não estava mais chorando, Eriol a convencera de que isso não ajudaria o tempo a passar mais rápido, muito menos a desfazer o que já ocorrera. Esfregava as mãos de forma angustiada enquanto andava de um lado para o outro, atenta a qualquer ruído, por menor que fosse.

"Acalma-te, minha filha…" - Nadeshiko pronunciou com a voz tranqüila. - "Rika é uma garota habilidosa na arte da cura, sabes que ela não permitiria que algo ruim acontecesse com aquele rapaz…" - sorriu, ao ver Sakura relaxando os ombros e respirando profundamente. Ficou alguns minutos observando a lua pela janela, que já se encontrava baixa, antes de ouvir a porta do quarto onde Rika tratava os ferimentos de Li se abrir.

A criada estava bastante cansada e carregava uma bacia, com vários panos sujos de sangue, mas mantinha um sorriso gentil no rosto.

"Como ele está, Rika?" - Sakura perguntou à jovem tão logo esta passou pela porta.

"Foi muito maltratado, recebeu feridas profundas, mas como logo foi tratado, irá se recuperar rapidamente…" - afirmou confiante. - "Só é necessário que repouse e tudo estará bem!" - sorriu para a princesa que abaixou a cabeça, em uma breve prece em agradecimento.

"Posso vê-lo?" - questionou como se pedisse por autorização. Rika riu um pouco.

"Acho que, se queres realmente vê-lo, não sou eu quem poderá impedi-la, alteza…" - comentou, fazendo-a ficar sem graça. Sakura olhou de Eriol para sua mãe e, vendo que nenhum dos dois se opunha, adentrou calmamente o dormitório.

Aproximou-se lentamente da cama, onde o rapaz descansava, respirando pesadamente. Os ferimentos deveriam estar doendo muito. Ajoelhou-se ao lado da cama observando-o distraidamente. Sentiu lágrimas voltarem a umedecer-lhe os olhos. Se ele estava naquele estado era por culpa sua, se não tivesse saído do palácio nunca teriam se conhecido e ele não teria sido preso e maltratado daquela forma. Enxugou-as rapidamente, antes que escorressem. Puxou uma cadeira que estava no canto do quarto e sentou-se, mantendo-se na vigília. Não permitiria que mais nada de mal acontecesse a ele.




Fujitaka caminhava em silêncio de um lado a outro pela sala do trono. Tinha uma rígida expressão em seu rosto geralmente tão tranqüilo. Parava, encarava o capitão do palácio e voltava a caminhar, sem pronunciar uma única palavra. Aquela atitude deixava Anzen nitidamente assustado. O rei estava parecendo uma fera enjaulada, esperando o momento certo de atacar. Finalmente parou, sentando-se em sua poltrona, encarando fixamente o homem com uma mão apoiando o queixo. Fez um gesto com a mão para que o oficial se aproximasse, sendo imediatamente obedecido.

"Tu sabes, capitão, que estou desapontado contigo!" - começou, com a voz baixa, tentando não perder a paciência. - "Suportei tua falha na segurança quando minha filha saiu, a demora em encontrá-la, sendo que em nenhum momento saiu da vila…" - respirou profundamente, fazendo uma breve pausa. - "E até mesmo compreendo que tenhas trazido o rapaz para o palácio sem meu conhecimento, no intuito de não me perturbar, uma vez que estamos com visitas…" - mantinha a voz num tom ponderado. - "Mas por Deus, homem, onde estavas com a cabeça ao fazeres tal ato de barbaridade com um de meus vassalos?" - bradou, repentinamente socando com o punho o braço do trono. - "E desobedecendo a uma ordem direta e clara de minha filha, tua princesa…" - fez uma nova pausa, tornando a acalmar-se.

"Perdão, majestade, mas…" - foi interrompido por um gesto das mãos do rei, junto a um olhar de reprovação.

"Tens ciência de que sempre o tive em grande estima, mas não posso tolerar tal atrocidade vinda do palácio…" - continuou. - "Tenho um dever para com meu povo, assim como eles o têm para comigo e não posso permitir que tais atos voltem a se repetir, por este motivo é que irás deixar o cargo de capitão e passarás a cuidar do estábulo…" - declarou calmamente, fazendo o homem a sua frente arregalar os olhos. - "Ficarás neste encargo até que tenhas condições de retomar teu posto…" - agitou levemente a mão direita, dispensando-o e massageando levemente a têmpora. Teria que conversar com o soldado que assumiria o lugar de Anzen agora.




Sakura cochilava, permanecendo sentada ao lado da cama de Shaoran. Tinha uma das mãos do rapaz segura entre as suas na intenção de dar a ele algum conforto. O camponês começou a murmurar algo ficando um pouco agitado e despertando a princesa. Ela levantou-se, passando levemente a mão sobre a fronte do rapaz e constatando que ele tinha febre. Rapidamente mergulhou um tecido limpo em uma abica de água e, torcendo-o, passou-o levemente no rosto suado do rapaz, voltando a banhá-lo. Quando depositou o tecido frio sobre a face dele novamente, teve seu punho seguro pela mão do moribundo.

Li abriu lentamente seus olhos, tendo a visão turva pelo cansaço e pela febre, demorou algum tempo até que o rosto da jovem a sua frente entrasse em foco.

"Hanako…" - murmurou fracamente com a boca seca. A princesa sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas ao ouvi-lo chamá-la pelo nome com o qual se apresentara. Não tentou detê-las, no entanto.

"Perdoa-me, Li!…" - pediu lamuriando-se enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Shaoran arregalou ligeiramente os olhos lembrando-se de algo que ouviu antes de perder os sentidos na masmorra. - "É culpa minha estares machucado desta forma…" - murmurou, sentindo-o secar seu rosto, com um doce sorriso.

"Não é culpa tua,… alteza…" - pronunciou lentamente tentando levantar-se, mas sendo impedido pela garota que o segurava pelos ombros mantendo-o deitado. - "A culpa foi toda minha…" - sussurrou, deixando-a confusa. - "Eu deveria ter percebido que não eras uma camponesa…" - a febre fazia com que seus olhos pesassem e fosse aos poucos perdendo os sentidos. - "Não poderias ser uma camponesa…" - murmurou com um fio de voz, voltando a dormir em seguida.

"O-o que quiseste dizer com isso?" - ela perguntou suavemente, acariciando a face vermelha pela febre do aldeão. Suspirou pensativa, teria que aguardar que ele despertasse novamente.

Ergueu o corpo, vendo os raios do sol entrando pela grossa cortina do aposento, formando pilares de luz que tocavam alguns pontos do chão, das paredes e do leito onde o jovem descansava. Levantou-se reparando nas roupas de Li que estavam amontoadas sobre uma cômoda. Foi até elas, pensando que deveria pedir por novas peças de vestimenta para ele, pois as que usava estavam surradas e ensangüentadas. Tocou-as percebendo que havia algo escondido sob o tecido. Arregalou os olhos ao erguer as vestes do rapaz, vendo o objeto que estava oculto. Desviou lentamente o olhar para Shaoran abrindo um pequeno sorriso.

'Então, eras tu…' - pensou com um olhar sereno sobre ele.




Continua…

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N/A -

Nina: Gente, por favor quero que me desculpem, pois a demora toda desse capitulo é culpa exclusivamente minha... Eu andei meio sem vontade de fazer nada esses ultimos dias e a Yoru me mandou para postar porque estava com problemas... Mas não deu mesmo, eu andava muito mal e só hoje que eu fui dar uma melhorada... Me desculpem mesmo... Espero que tenham gostado de mais esse capitulo e obrigada aos que me compreenderam... Beijos




Yoru: Bem,... o que aconteceu foi o seguinte: O capítulo já estava pronto, mas apenas o recebi revisado no domingo, no entanto, eu estava sem computador aquele final de semana (estava na manutenção), então eu enviei o arquivo segunda-feira para que a Nina o postasse... o e-mail acabou voltando, então, eu o reenviei na quarta-feira. Só que a Nina estava sem ânimo para escrever qualquer coisa e não a encontrei no fds seguinte. Ontem eu a encontrei on-line, e nós conversamos um pouco. Ela escreveu a nota para que eu postasse o capítulo, mas acabei tendo que sair antes de conseguir fazendo isso... *esgotada* … afff… isso cansa!… De qualquer forma, eu gostaria de pedir desculpas a todos. Prometemos nos empenhar para que isso não volte a acontecer... Beijinhos.




Até o próximo capítulo...

Yasashiko-chan