E é Natal!

As janelas de madeira estavam com os cantos lascados, a pintura clara desbotada e o telhado vermelho um pouco sujo. O jardim tinha alguns canteiros cobertos pela neve e brinquedos espalhados por todos os lados. Mesmo assim, parecia ser aconchegante e espaçosa. Era uma casa simpática, para os simples mortais, é claro, não para Draco Malfoy. "Como alguém consegue viver num lugar assim?" ele pensava enquanto caminhava para a porta.

Tinha pensado muito antes de decidir voltar. Precisava voltar para o seu mundo, isso era óbvio. Se o que aquela velha lhe dissera era verdade, ele tinha feito uma grande burrice há vários anos. Talvez pudesse usar um vira-tempo e impedir que isso acontecesse, mas precisava saber exatamente em que momento se declarara para a Weasley. "Ótimo! Vou ter que conviver com ela e essa família adorável até conhecer a história tão romântica de como eu me tornei o maior idiota do mundo!"

Chegou em frente à porta. Ficou sem saber o que fazer. Bater? Girar a maçaneta? Chutar aquela maldita coisa? Deus, como conseguira se meter nessa confusão? Ele nunca tinha estado em nenhuma situação semelhante. Não gostava de crianças, não era carinhoso, não dava satisfações de sua vida, não era monogâmico. Teria que usar o máximo de seus talentos de representação para conseguir sair dessa loucura.

-Pai!!!!

Draco fechou os olhos, cerrou os punhos e respirou fundo. "Calma, você só precisa ter um pouco de paciência". Virou-se para a rua de cara fechada, encarando os dois loirinhos que desciam de suas vassouras e corriam sorridentes para ele.

-Esse foi o melhor presente que já ganhamos! - um deles balançou a vassoura e o abraçou pelas pernas - Você é o melhor, pai!

-É, nenhum dos nossos amigos tem sua própria vassoura - o outro sorriu, os olhos brilhando, o rosto vermelho e suado - Tão morrendo de inveja! Tudo mundo disse que também queria um pai tão legal como você!

-Só a mamãe e a vovó que não ficaram muito felizes quando a gente abriu os pacotes - o garoto que tinha lhe abraçado se soltou e falava aborrecido - Elas queriam esconder as vassouras!

-Se não fosse pelo vovô a gente taria dentro de casa agüentando aquela babona - o segundo loirinho também parecia bravo - A mamãe nos trata como se fossemos crianças!

O semblante de Draco não estava mais tão duro. É, eles poderiam ser piores, poderiam ser crianças chatas e mimadas. Pareciam ter espírito. Talvez eles não fossem a pior coisa que ele teria que suportar, mas ainda assim eram pirralhos que poderiam lhe dar trabalho. Ou ajudar...

-DRACO MALFOY! - a porta às costas de Draco tinha se aberto - Onde você estava?

Os dois garotos se entreolharam, lançaram sorrisos estranhos um para o outro ("Eu conheço isso de algum lugar...") e saíram correndo pela neve. Gina se precipitou para fora, passou correndo e pareceu não notar que esbarrara em Draco. Ela foi em direção aos gêmeos, mas antes que pudesse agarrá-los estes já tinham levantado vôo novamente.

-Voltem aqui vocês dois! - Gina gritava a plenos pulmões - Eu vou matar vocês quando voltarem pra casa! Ai, que ódio!

Draco assistira à cena chocado. Aquela mulher era completamente desequilibrada! Gritar como uma louca diante de toda vizinhança era mais que embaraçoso. Seu espanto triplicou, no entanto, quando ela se virou para ele. Gina não estava vermelha, ela estava em chamas! Perto do rosto seu cabelo parecia até um pouco apagado. Seus olhos, apertados e cheios de raiva, faiscavam. Teve a impressão de que os olhos de um basilisco deveriam ser muito parecidos com os que ele via. Quase riu desse pensamento, mas segurou-se ao perceber que a mulher à sua frente iria explodir em segundos.

-Você! - a voz dela foi baixa, mas ameaçadora - Pra dentro! - subiu de tom - Agora! - até terminar em mais um grito histérico.

Draco sentiu-se indignado. Quem era ela para falar com ele daquela forma? Um Malfoy recebendo ordens de uma Weasley pobretona? Não, ele não toleraria aquilo! Ameaçou responder, mas mudou de idéia ao ver a expressão do rosto dela se endurecendo cada vez mais. Certo, engoliria dessa vez, mas depois de descobrir tudo que precisava não sairia daquela loucura sem dizer umas poucas e boas àquela louca.

Entrou. Gina veio logo depois dele e bateu a porta com força. Draco chegou a imaginar o quanto a estrutura da casa tinha sido danificada por aquela pancada. Ela passou por ele e foi em direção a uma sala que estava à esquerda do hall de entrada. Parou no meio do cômodo e se virou para a porta do mesmo. Draco achou melhor entrar antes que ela começasse a gritar de novo.

-Como você pôde? - ela parecia um pouco mais calma, mas ainda gritava - Nós já tínhamos conversado sobre as vassouras e decidido que os meninos ainda eram muito pequenos pra elas!

"Ai, que patético, uma briga de casal!". Draco continuou parado na frente de Gina, os braços cruzados, o olhar entediado. Não iria participar daquela ceninha ridícula. Virou-se para a saída da sala. Estava decidido a sair dali e deixar a doida gritando com o nada.

-Draco Malfoy, onde você PENSA que vai?

-Eu não vou ficar aqui escutando você gritar comigo! Quer dar uma de louca? À vontade. Vou para o meu quarto, sua gritaria está me dando dor de cabeça.

Gina estava boquiaberta. Olhava atônita para ele, como se tivesse acabado de ver Nick Quase Sem Cabeça vivo outra vez. Certamente essa não era a reação que ela esperava dele. "Que se dane se o Draco idiota não agiria assim, eu vou agir!". O rosto dela já não estava tão vermelho e ela parecia mais calma. Sentou-se numa poltrona e o encarou com uma grande interrogação nos olhos.

-Onde você tava? - sua voz era baixa e controlada.

-Fui dar uma volta. - Draco foi seco. Não queria conversa.

-Na manhã de Natal? E as crianças? Draco, você está bem?

Ela o chamara pelo nome outra vez. Dava arrepios ver como ela lhe tratava com tanta intimidade. "Claro, somos casados! Ela logicamente me chamaria pelo primeiro nome!". Foi então que algo passou por sua cabeça: ele não sabia o nome dela! Já tinha escutado o Weasley chamá-la várias vezes nos tempos de Hogwarts, mas nunca prestou atenção. Que coisa bizarra, devia estar casado há anos e não sabia o nome de sua mulher! "Não fui eu quem casou, foi um Draco muito burro!".

Gina ainda o encarava. Ele então reparou nos seus olhos. Estavam intrigados, exatamente com os olhos da Weasley que ele vira naquele campo de quadribol. Grandes círculos castanhos muito densos. Desarmou-se diante deles.

-Estou, só estou um pouco cansado - ele disse enquanto se sentava na poltrona da frente. Soltou um longo suspiro.

-Eu percebi, você nem brigou comigo - Gina deixara um sorriso escapar - Tá acontecendo alguma coisa que eu não sei?

Ela se sentou na ponta da poltrona e segurou a mão de Draco. Ele estremeceu. As pessoas não costumavam tocá-lo, não daquela forma. Mais do que depressa, levantou-se e começou a caminhar pela sala. Era um cômodo espaçoso e claro. Além das duas poltronas, havia dois sofás e uma mesinha de centro. A lareira estava do lado oposto à entrada. As janelas do lado esquerdo saiam para frente da casa, enquanto uma árvore de Natal e mesa estreita com retratos estavam na parede do lado direito. "Ai, que saudades da minha sala", pensou Draco enquanto observava tudo.

A ruiva continuava a fitá-lo, cada vez mais intrigada. Ele precisava de uma saída e rápido. Até cogitara a hipótese de tentar abrir o jogo com alguém, mas depois daquela pequena demonstração de insanidade de sua esposa, as pessoas provavelmente achariam que ele só estava entrando no clima de sua família. Não, teria que resolver tudo sozinho. Mas para isso tinha que agir da maneira menos suspeita possível. Resolveu mudar de assunto antes que ela percebesse que ele não era, de certa forma, seu marido.

-Nós até podemos ter conversado sobre as vassouras, mas VOCÊ decidiu que os dois eram pequenos demais para elas! - ele sabia que podia ser perigoso voltar a esse assunto, mas foi a única saída em que ele conseguiu pensar.

-Draco, como você pode ser tão imaturo! - ela se levantara, seu rosto começava a ficar rosado novamente e a voz já não era tão calma - Os garotos vão completar sete anos na semana que vem, como podem estar preparados para vassouras?

-Eu tinha cinco anos quando ganhei minha primeira vassoura! Qual o problema?

-Excelente argumento, Draco! É exatamente assim que eu quero criar meus filhos: mimados, sem limites, mais inconseqüentes do que eles já são. Cópias do garoto mal educado e esnobe que atormentava meu irmão em Hogwarts!

-Hei, se eu sou tão ruim assim, por que se casou comigo? - Draco realmente se sentiu insultado com as palavras dela.

-Não é nada disso, Draco - ela soltou um suspiro e se deixou cair na poltrona novamente - Os meninos não são você, não vivem no mesmo mundo em que você cresceu, não têm a mesma realidade financeira e principalmente, não têm a mesma personalidade. Deus, você sabe do que eu estou falando! - ela apoiou a cabeça nas mãos - Esse dois já aprontaram mais em sete anos de vida do que você e eu juntos durante toda nossa infância!

-Eles se parecem com seus irmãos, com os gêmeos - Draco estava de costas pra ela, o braço apoiado na lareira.

-Tinha tanto medo de que um dia chegássemos a essa conclusão. Acho que minha idéia de dar nomes de anjos a eles não funcionou muito, não é? - ela agora o fitava com um sorriso cansado no rosto.

Draco tinha se virado para ela. Ela era realmente muito bonita. Sem sombra de dúvidas, nenhuma de suas ruivas tinha uma beleza como aquela. Mesmo com os cabelos anelados desarrumados, o suéter laranja grande demais, o jeans surrado e os pés descalços, ela continuava incrivelmente linda.

-Bom, seu pai não achou que eu estava tão errado assim... - Draco resolveu mudar de assunto logo, aquilo estava ficando perigoso.

-Meu pai!? Por que você tá falando isso? O que meu pai tem a ver com as vassouras? - Gina enrugou a testa.

-Os moleques me falaram que se não fosse por ele você e sua mãe não teriam deixado que eles saíssem.

-E você achou que meu pai tivesse concordado com essa loucura e pedido pra que eu deixasse eles ficarem com as vassouras? - Gina olhava incrédula para ele - Como eles ainda conseguem te enrolar assim? Draco, eles só escaparam com as vassouras por que o Michael deu um caramelo incha-língua pra Rachel. Meu pai tirou dela para lhe dar aos pouquinhos e comeu uma parte achando que fosse um doce normal! Enquanto minha mãe e eu tentávamos ajudá-lo os dois saíram correndo lá pra fora - os olhos dela estavam marejados - Eu não sei mais o que fazer. Por Deus, Draco, como vamos lidar com eles?

Gina se levantou e o abraçou. Ela já estava chorando. Draco se assustou. Ela estava tão próxima, tão indefesa. Sentia vontade de abraçá-la também, de sentir o corpo dela mais perto. Mas não, não podia.

Eles escutaram um choro estridente. "Ainda bem", ele pensou. Gina se soltou dele e enxugou os olhos com os dedos. Estavam começando a inchar por causa do choro.

-Ela acordou. Vou vê-la e já volto - ela saiu da sala deixando um Draco aliviado para trás.

Agora precisava resolver seu problema mais urgente: o nome da Weasley. Não poderia simplesmente chegar pra alguém e dizer "Pode me ajudar, é que eu esqueci o nome da minha mulher". Ridículo! Teria que encontrar uma outra forma de descobrir. Deveria haver algum papel, algum documento com o nome dela.

Saiu da sala em direção ao hall. Ali não tinha nada que pudesse ajudá-lo. Seguiu até uma sala de jantar. Uma mesa com seis cadeiras estava no centro. Do outro lado do cômodo havia um armário para onde Draco caminhou.

Abriu as portas de baixo. Somente pratos e copos. Checou as de cima. Mais pratos e copos. "Que louça horrível", pensou enquanto partia para as gavetas. Logo na primeira encontrou um livro de capa verde. Abriu-o. Na contra-capa estava um etiqueta em que se lia "Propriedade de Virginia W. Malfoy".

Virginia. Não, não era esse o nome com que o babaca do Weasley a chamava. Esse até podia ser o nome de batismo, mas ele sabia que ela tinha um apelido bobo. E agora, como a chamaria? Precisava se garantir nesses detalhes, não sabia por quanto tempo agüentaria o gênio daquela mulher sem se denunciar.

Ouviu uma porta se abrir. Percebeu que o barulho vinha do cômodo que se ligava àquela sala em que estava. Colocou o livro de volta na gaveta e foi até a porta próxima ao armário. Entrou na cozinha da casa. Bem de frente pra ele, terminando de entrar, estavam os dois anjinhos loiros. Eles pararam assim que viram Draco.

-Hei, pai, tudo bem? - um deles disse, o sorriso amarelo vacilante.

-Eh... achamos que tivesse lá em cima com a mamãe - o outro passou a mão pela nuca enquanto entortava a boca.

-Vocês estão encrencados - Draco estava com vontade de rir dos garotos, mas não podia ou estragaria a idéia que acabara de ter.

-Mas, pai, nós não fizemos nada! - o garoto soltou a mão da nuca e fazia cara de injustiçado.

-É, não tivemos culpa se o vovô pegou aquele caramelo e... - o outro tentava se explicar, mas Draco o cortou.

-Não quero ouvir - hei, até que era bom dar uma de pai - Nada do que vocês digam vai mudar o humor da sua mãe.

-Desculpa - os meninos disseram em coro e abaixaram as cabeças.

-Eu devia deixar ela dar um castigo muito severo pra vocês, mas como sou muito coração mole - é, isso ficara horrível, mas não dava mais pra consertar - vou tentar falar com ela pra aliviar a bronca.

Os dois abriram sorrisos idênticos e correram para ele. Abraçaram-no enquanto diziam "valeu, paizão", "você é o melhor" e coisas do gênero. É, aquela não era uma parte boa de ser pai.

-Tá, tá - ele disse impaciente se desvencilhando dos dois - Agora tentem não aprontar mais nada. E não façam muito barulho!

-Pode deixar! - responderam novamente em coro antes de sair da cozinha para a sala de jantar.

-Ah, mais uma coisa - as duas cabeças loiras apareceram novamente na porta da cozinha - Como eu costumo chamar a mãe de vocês quando ela está brava?

-Como assim? - um deles respondeu, no rosto a mesma expressão intrigada de Gina.

-Vocês sabem, um apelido que ela gosta de ser chamada - talvez Draco tenha subestimado os meninos. Afinal eram seus filhos, não eram estúpidos!

-Pai, você tá legal? - o outro perguntou com a mesma expressão do irmão.

-Olha, eu estou tentando ajudar vocês, mas se vocês não quiserem, enfrentem a fera sozinhos!

-Não, pai! - os dois gritaram juntos.

-Sei lá, nunca vi você chamar ela por outro apelido que não o que todo mundo chama.

-É, você chama ela de Gina como todo mundo.

Gina. Era isso mesmo. Problema resolvido. Que apelido mais bobo! Só podia ser coisa de Weasley.

-Hum... sugerem que eu a chame assim para tentar salvar a pele de vocês? - precisava tirar a má impressão que a pergunta deixara, por isso fazia a cara mais divertida que conseguia - Algum outro apelido meloso de namorados?

-Bléh! - os meninos novamente falaram juntos - Namorados! Bléh!

-É, um dia vocês vão adorar ter apelidos melosos, agora deixem eu fazer o serviço sujo.

Os garotos ainda riram antes de desaparecer pela porta. .........................................................................................................................................................................................

Era hora do almoço e todos comiam em silêncio. Não era nada parecido com a comida dos almoços de Natal que Draco se lembrava, mas até que não estava tão ruim. O único som que se ouvia era o da pequena ruivinha balbuciando coisas incompreensíveis.

-Ainda não me conformo com o que vocês fizeram! - Gina deu um soco na mesa e virou-se para os gêmeos.

-Virginia, nós já falamos sobre isso - Draco já percebera que não usava o apelido quando estava bravo com ela.

-Mas eles precisam ser punidos, Draco! - a voz dela estava um pouco esganiçada.

-Eles vão ficar sem vassouras por um bom tempo e vão ter as saídas controladas. Para mim parece suficiente - ele continuava impassível. Precisava ser o pai mais legal do mundo com os garotos para conseguir a ajuda deles.

-Mas pra mim não!

-Será que dá pra você parar de encher todo mundo? - ele disse de forma calma e entediada.

Gina não respondeu. Parecia que tinha sido atingida por um soco. Jogou o guardanapo na mesa, empurrou a cadeira e saiu da mesa bufando em direção as escadas.

-Pode deixar que eu não vou mais encher ninguém. Você não é o pai perfeito? Então se entenda com eles!

O silêncio voltara ao local. Até a pequena não fazia mais barulho. Os garotos olhavam para Draco boquiabertos, enquanto este continuava a comer como se nada tivesse acontecido. .........................................................................................................................................................................................

-Se vista logo ou vamos chegar atrasados. - Draco escutou ela dizer assim que entrou no quarto.

-Chegar atrasados onde? - Draco respondeu displicente enquanto se jogava na cama.

Gina o fuzilou com o olhar. Começava a ficar vermelha de novo.

-Eu te disse ontem! Temos uma reunião de emergência da Ordem hoje! Será que você não escuta uma palavra do que eu digo?

Reunião? No dia de Natal? Ordem? Do que ela estaria falando? Ordem... Lembrava-se de uma ordem de bruxos que fora montada por Dumbledore para combater o Lord das Trevas, mas por que estaria na ativa se a guerra há muito terminara? E o que ELE iria fazer numa reunião dessa Ordem?

Resolveu não contrariar a mulher. Ele com certeza já a tirara muito do sério por um dia só. Levantou-se e foi até o armário. Deus, que roupas horríveis! Nada parecido com o corte perfeito de suas vestes. Continuou olhando sem decidir o que era pior ali dentro.

-Seu uniforme da Ordem já tá ali em cima - ela disse apontando para as roupas sobre a cama - Agora, se me dá licença, querido - e se fechou no banheiro do quarto.

Aparataram no Ministério da Magia cerca de uma hora depois. Estavam no saguão de entrada. Passaram por dois bruxos que os cumprimentaram e seguiram para os elevadores. Chegaram ao andar correto e se encaminharam para uma porta no fim do corredor. Não trocaram uma única palavra por todo percurso. Gina parecia que estava preste a lhe lançar uma maldição imperdoável.

A sala em que entraram era muito grande, com uma mesa redonda no centro (N/A: calma, galera, não eh a távola redonda! Hehehe). Em torno de quarenta pessoas já estavam ali, muitas delas velhas conhecidas de Draco.

Pôde ver varias cabeças vermelhas. Reconheceu a mãe de Gina quando ela lhe abraçou e perguntou se estava melhor. O Weasley pai também lhe cumprimentou, da mesma forma fria, mas educada. Outros ruivos se aproximaram. Abraçaram e brincaram com Gina um a um. Draco já estava se cansando de todo aquele amor fraternal. Alguns dos ruivos o cumprimentaram da mesma maneira que o pai, outros o ignoraram. Rony o olhou feio e resmungou algo que ele não entendeu. Estava ocupado demais observando outra pessoa para dar atenção ao Weasley. Do outro lado da sala, conversando com McGonagall, Draco reconheceu Snape.

Não podia ser! Snape estava morto. Morrera na batalha em que o idiota do Potter finalmente fizera alguma coisa direito e matara o Lord das Trevas. Como ele poderia estar ali, conversando normalmente com a professora McGonagall? Se Snape estava vivo, quem garantia que Voldemort não estava? Será que era por isso que eles estavam ali? Será que a Guerra ainda não tinha acabado? Sentiu um horrível frio na barriga ao pensar nessa possibilidade.

-Querido, você está bem? - a senhora Weasley se voltara para ele - Você está tão pálido quanto hoje de manhã. Arthur, veja! Acho que o Draco realmente está doente. Venha me ajudar, Arthur!

-Molly, será que você pode parar de achar doenças no Malf... - mas o senhor Weasley, que tinha se virado para Draco, não terminou a frase - Por Deus, garoto, você está parecendo um fantasma!

A esta altura o senhor Weasley já o segurava pelo braço enquanto a senhora Weasley conjurava uma cadeira. Um dos filhos deles tentava ajudar a amparar Draco, que se negava veementemente a ser ajudado.

-Eu estou bem, realmente estou. Agora, vocês podem me soltar!? - Draco não gritava, mas mostrava-se irritado.

-Não seja criança, querido. É claro que você não está bem!

A essa hora um pequeno público já se formava em volta deles. Gina, que estava conversando com Granger, empurrou algumas pessoas e se abaixou ao seu lado.

-Draco, amor, o que você tá sentindo? - a sua voz era macia e cheia de preocupação - Por favor, deixem ele respirar!

-Não é nada, eu já disse! - ele disse mais ríspido do que queria parecer, mas menos do que tinha vontade de ser - Será que eu posso levantar?

-Tem certeza que está bem? - Gina olhava no fundo de seus olhos.

-Tenho - ele respondeu incomodado com aquele olhar e levantou-se.

-Eu ainda acho que você deveria examiná-lo, Gina - a senhora Weasley disse quando as pessoas já se dispersavam.

-Mãe, você não vê que ele só tá fazendo isso pra chamar a atenção de todo mundo? - Rony disse irritado, não fazendo a mínima questão de esconder sua opinião de Draco.

-Não seja bobo, Rony. Se eu conseguia saber até quando os gêmeos mentiam sobre doenças, como iria me enganar com o Draco! - ela respondeu irritada - Já lhe disse pra deixar essa sua implicância infantil de lado - ele ainda quis responder, mas Hermione o impediu.

Draco sentira-se horrível naquele ambiente. Esperava passar o mais despercebido possível. Não gostava de quase ninguém ali e sabia que o sentimento era recíproco. Mas agora, depois do show armado pelos Weasley, ele se tornara o centro das atenções. "Ótimo!", pensou, irritado.

-Gostaria de pedir para que todos tomem seus lugares para que a reunião seja iniciada - Dumbledore disse, fazendo o burburinho que existia na sala acabar totalmente.

As pessoas foram se sentando nas cadeiras dispostas ao redor da mesa. Draco seguiu Gina e se sentou ao seu lado. Bem à sua frente ele reconheceu Harry Potter. Draco percebeu que ele estava muito diferente. Não era o Potter que ele via de vez em quando nas páginas do Profeta Diário de seu mundo. Parecia muito mais velho, o semblante cansado, os olhos preocupados. Sentia-se cada vez mais apreensivo...

-Primeiramente, gostaria de desculpar-me por tirá-los de suas casas no dia de Natal - Dumbledore começou - Nos últimos cinco anos temos mantido nossas reuniões trimestrais como uma forma de precaução. Apesar de Voldemort - Draco, assim como outros bruxos, estremeceu ao ouvir esse nome - ter sido discreto neste período, sabemos que ele está se preparando para reiniciar a Guerra. Cabe a nós estar preparados.

O clima dentro da sala tinha se tornado muito pesado. A cabeça de Draco estava a mil. O Lord das Trevas estava vivo, Snape também, a Guerra não tinha acabado, ele tinha saído da imparcialidade e agora lutava ao lado de Potter. Mas então algo mais surpreendente lhe ocorreu: seu pai também deveria estar vivo. Lembrou-se do que o elfo de Black tinha lhe dito pela manhã. "Que o senhor Malfoy o faça sofrer muito antes de matá-lo". Lucio devia estar furioso. Estava ferrado!

-Draco, fala comigo! - Gina balançava seu braço e falava baixinho - Você parece que vai desmaiar!

-Eu estou bem! Deixa eu prestar atenção? - Draco falou exasperado, mas também tomando cuidado para não ser ouvido pelos outros.

Gina ainda o fitou demoradamente antes de soltar um suspiro e olhar novamente para Dumbledore. O diretor de Hogwarts continuou.

-Temos várias informações úteis, mas há muito trabalho a ser feito. As antigas equipes serão reorganizadas. As reuniões com toda a Ordem serão quinzenais, mas poderão ocorrer extraordinariamente. Ao final da reunião gostaria que todos aguardassem para que o responsável por cada grupo possa dar as diretrizes a serem seguidas pelo mesmo. Acredito que agora podemos partir para os assuntos mais urgentes.

Draco sentiu como se tivesse levado um soco na boca do estômago. Teria que lutar, teria que se envolver em uma guerra totalmente estúpida. Mas não era isso que o preocupava mais. Teria que enfrentar Lucio. Há dez anos, em seu mundo, quando disse ao pai que não seria um comensal, sua mãe estava lá para apóia-lo. Ela estava lá para impedir que Lucio matasse o filho em seu acesso de ódio. Ela estava lá para aconselhá-lo. Ela estava lá para lançar um feitiço muito antigo para proteger a vida de Draco com a sua própria depois que ele revelou os planos de Voldemort a Dumbledore. Ela sempre esteve. Mas agora não mais...

-Nosso problema mais imediato são os Comensais da Morte. Se ficarmos atentos a eles talvez consigamos pistas do que o lado das trevas pretende - Draco ouviu o irmão de Gina que tentara ampará-lo falar.

-Claro, senhor Weasley, mas como acha que conseguiremos isso? - Snape falava desdenhosamente - Há muitos comensais que podemos observar ou até mesmo capturar facilmente, mas duvido que qualquer um deles tenha alguma informação útil. O Lord das Trevas não é burro. Nott, Mcnair, Avery, Lestrange, Crabbe, Goyle, e outros que realmente poderiam saber de algo nunca vão sair da toca antes que a Guerra estoure de novo.

-Tivemos algum progresso com as investigações nas casas destes comensais, Remo? - Dumbledore virou-se para o bruxo ao lado de Potter.

-Não, nada mais do que conseguimos assim que as invadimos.

-E a mansão Malfoy? - uma bruxa de cabelos roxos e curtos perguntou. Muitos lançaram olhares furtivos para Draco. Rony soltou um muxoxo e levou um beliscão de Hermione.

-Nada ainda, Tonks. Sinceramente, estou começando a desistir de entrar lá. Só o que conseguimos são ferimentos. Não passamos nem pelo portão!

"Mas eu entrei lá hoje de manhã!"

-Você o quê!? - Gina quase gritara. A senhora Weasley olhava assustada para ele. Todos se viraram em sua direção. Idiota, falou alto o que deveria ter só pensado.

-O que disse, Draco? - Snape olhava intrigado para ele.

-Eu consegui entrar na mansão hoje de manhã - resolveu que não adiantaria tentar escapar.

-Como!? Nós já tentamos de tudo! -Lupin olhava incrédulo para ele.

-Entrando, oras! - Draco se sentia encurralado, odiava essa sensação - Pulei a grade, escalei a parede e arrombei uma janela do segundo andar.

-E como vai seu querido pai, Malfoy? Comendo muitas criancinhas? Será que você só foi lá pra passar algumas informações ou aproveitou pra receber mais umas dicas de como continuar a enganar a idiota da minha irmã? - Rony disse alto, os braços cruzados na frente do peito e um sorriso sarcástico no rosto.

-Cala boca, Rony - Gina gritou, seu rosto se avermelhando mais e mais.

-Você não pode ser tão burra assim, Gina! - Rony se levantou, também estava vermelho - Ele acabou de se entregar!

-Finja que não é um completo estúpido, Weasley, e fique quieto - Draco quase cuspiu ao falar o nome do cunhado - Talvez você seja imbecil o suficiente para deixar escapar algo comprometedor. Se eu realmente estivesse traindo vocês acha que eu falaria bem aqui, bem agora?

-Então o que você foi fazer no seu amado lar, cunhadinho? - Rony tentava soltar o braço de Hermione, que tentava fazê-lo sentar.

-É , Draco, por que você foi até lá? - Gina o fitava ainda muito vermelha.

Pronto. E agora, o que diria? Precisava pensar e rápido. Todos os observavam. Alguns tinham expressões curiosas, outros pareciam reprová-lo com o olhar. "Pensa, pensa, pensa..."

-Eu queria pegar uma coisa que era da minha mãe. Então hoje de manhã me ocorreu que talvez eu conseguisse entrar na casa, afinal eu ainda sou um Malfoy - fora uma droga! Agora tinha que esperar se eles engoliriam.

-Um feitiço de sangue - Dumbledore concluiu calmamente.

-Por isso não podemos entrar! - Moody disse, batendo a mão fechada na mesa.

-Somente os Malfoy podem - Dumbledore completou.

-E vocês ainda acham que ele não é um traidor? Deus, ele deve estar visitando aquele lugar todos os dias durante anos! Você-Sabe-Quem deve ter sido informado de todos os nossos passos! - Rony olhava incrédulo para todos na mesa.

-Cala a boca, Rony! - Hermione perdera a paciência com ele.

-Rony, sinceramente não acho que o Malfoy seja um traidor - Draco não esperava que Harry saísse em sua defesa - Mas temos que concordar que tudo isso é muito estranho...

-Não vejo nada de estranho, Potter - Snape falava calmamente - Nenhum de nós tinha pensado nessa possibilidade até hoje.

-E o Malfoy acorda um dia e do nada pensa nisso? - Rony disse sarcástico.

-Fazer o que se não é comum pra você ter idéias? - Draco retrucou maldoso.

Rony ameaçou partir para cima de dele, mas foi segurado por Hermione e por um de seus irmãos que Draco não conhecia. Gina segurou o braço de Draco e murmurou um "Não se atreva a levantar daí!" para ele.

-Senhores, por favor, controlem-se! - Dumbledore falou firme, mas sem alterar a voz - Creio que podemos encerrar a reunião, se não há mais observações a serem feitas. Não se esqueçam de organizarem suas equipes. Muito obrigado.

As pessoas se levantaram e se reuniram em grupos. Draco acompanhava Gina quando viu Snape fazer um sinal. "É claro que eu faço parte da equipe dele!" Quando se aproximou de seu antigo professor de poções, Dumbledore se virou para eles.

-Severo, senhor Malfoy, poderiam me dar um segundo? - ele olhava Draco por cima dos óculos em forma de meia lua - Remo e sua equipe foram incumbidos de vasculhar as antigas casas de comensais. Creio que diante da atual situação, seria pertinente que o senhor Malfoy fizesse parte das duas equipes. Alguma objeção?

Draco olhou Lupin de cima a baixo. Não queria ter que conviver com ele. Além de ser amigo do Potter, ele era um lobisomem. Não gostava dele desde a época em que fora seu professor em Hogwarts.

-Não de minha parte - Snape respondeu com cara de poucos amigos.

-Por mim... - Draco tentou passar a maior indiferença possível.

-Perfeito! Vou deixá-los conversar - Dumbledore disse, se afastando.

Acertaram detalhes de algumas das próximas ações de cada um dentro das equipes e marcaram as próximas reuniões. Draco percebeu o clima pesado. A situação deveria realmente ser preocupante. Todos tinham expressões carregadas e sérias. Mas o pior de tudo era o sentimento de impotência, a certeza de que não sabia de muita coisa que estava acontecendo, a falta de meios para se colocar à par do que ocorria no mundo a sua volta.

Aparataram no hall da casa. Preocupada, a senhora Weasley tinha pedido ao filho que ajudara a amparar Draco no começo da reunião para acompanhar Gina e Draco. Mesmo contra todos os protestos deste, lá estava o ruivo alto e de cabelos cumpridos para certificar-se de que Draco não cairia desmaiado depois de aparatar.

-Tio Gui!!! Feliz Natal! - os dois garotos loiros vieram correndo da sala e pularam sobre o homem.

-Hei, pestinhas! Pra vocês também! Aprontando muito, hein? Fiquei sabendo da última! - ele ria, fingindo uma bronca - Muito feio, muito feio!

-Ah, tio, já escutamos demais por uma brincadeirinha de nada - um dos meninos disse. O outro lançou olhares apreensivos em direção à sala para se certificar de que Gina estava longe o suficiente para não os ouvir.

-É, sei... - o ruivo segurava a risada - Depois dessa vou ter que dar o presente de Natal de vocês atrasado ou corro um sério risco de ser estuporado pela sua mãe.

Os três ainda deram risadas abafadas e continuaram a conversa. Gina entrara na sala seguida por Draco. Uma senhora de cabelos grisalhos presos frouxamente segurava Rachel nos braços. Sorriu para o casal, levantando-se.

-Olá, querida, já de volta?

-Sim, já - Gina sorriu pegando a bebê no colo - Muito obrigada por ficar com as crianças, senhora Figg.

-Eu já disse que não tem nada que agradecer! Ficar com eles faz com que me sinta útil, sinta que de alguma forma estou ajudando nessa guerra horrível!

-Draco, você poderia acompanhar à senhora Figg? Já está escuro... - Draco olhou indignado para Gina.

-Não é necessário. O Noitêbus passa a três quadras daqui.

-Pode deixar que eu acompanho a senhora Figg, Gina - Gui acabara de entrar na sala com um dos gêmeos nas costas e outro preso à sua perna - Eu também estou de saída.

-Obrigada, Gui - Gina olhou agradecida para ele - Eu levo vocês até a porta. Draco, segura a Rach.

Gina entregou a pequena para Draco. Ele a segurou sem jeito, o semblante assustado. Nunca chegara nem perto de um bebê e agora tinha um em seus braços. Ela era tão molinha, tão delicada. Draco teve medo de quebrá-la se a apertasse com muita força. Então se lembrou de que poderia deixá-la cair se não segurasse firmemente. Para piorar, a menina não parava quieta, mexendo as perninhas sem parar e tentando alcançar o rosto de Draco.

Com muito esforço, Gina conseguiu tirar os meninos de cima de Gui e mandou que eles fossem se aprontar para dormir. Despediu-se da senhora e do irmão demoradamente antes de fechar a porta. Virou-se para o hall e deu de cara com Draco.

-Será que dá pra você pegar ela? - o rosto dele se aliviou quando a pequena passou para os braços da mãe.

-Draco, o que deu em você? - Gina riu levemente da cara dele - Até parece que você não passou os últimos meses grudado com a "princesinha do papai".

-Não é isso, é que eu estou cansado. Tenho medo de derrubá-la.

Gina o encarou curiosa por alguns momentos antes de continuar.

-Bom, vou pôr as crianças na cama e depois preparo algo pra gente comer. Vai tomar um banho. Ainda não esqueci de como você estava pálido hoje à tarde, vou te examinar você deixando ou não.

Draco a observou subir as escadas com a pequenina. Resolveu que realmente precisava de um banho. Caminhou até seu quarto e encontrou logo tudo que precisava. Sua cabeça estava a mil, mas sentiu que explodiria se tentasse organizar seus pensamentos. Precisava de uma boa noite de sono para depois digerir tudo aquilo. E pensar que há menos de 24 horas estava pensando na sua mudança para a Alemanha...

Terminou seu banho e vestiu o primeiro pijama que encontrou. Estava tão cansado que nem conseguiu reclamar da má qualidade do tecido. Sua vontade era de deitar imediatamente, mas sentiu uma grande curiosidade de saber onde estava Gina. Saiu do quarto e viu uma luz vinda de uma porta entreaberta. Dirigiu-se para lá.

Aquele deveria ser o quarto dos gêmeos. Os dois estavam dormindo em camas idênticas. Numa poltrona no canto do quarto, Draco avistou Gina com a bebê também adormecida em seus braços. Os olhos da ruiva tinham lágrimas.

-Eu não quero que eles sofram, Draco - as lágrimas rolavam mais intensamente - Eu não quero que eles continuem crescendo no meio dessa guerra idiota!

Sem perceber, Draco se aproximou e se abaixou ao lado da poltrona.

-Eles não vão sofrer, eu juro. Logo isso tudo vai ter acabado - Draco não mentia para acalmá-la. Voltaria para seu mundo e aquela guerra já estaria terminada há anos.

-Eu não quero te perder! - ela colocou a mão em sua nuca e puxou seu rosto, apoiando as testas uma na outra - Promete que não vai me deixar?

-É melhor irmos dormir, você está muito cansada

Ele a ajudou a levantar. Gina foi até o quarto vizinho e colocou a ruivinha no berço. Draco estava encostado no portal do quarto, os braços cruzados na frente do peito. Ela foi até ele e segurou firme sua mão. Sussurrou um "Feliz Natal" enquanto caminhavam pelo corredor. Ele não respondeu.

-Promete que nunca vai me deixar? - ela disse baixinho no quarto já escuro.

Draco fingiu que já estava dormindo. Aquilo ele não podia prometer.

N/A: To de volta, gente! Nossa, esse capitulo ficou gigante. Naum queria que ficasse tão grande, queria fazer uma fic com capítulos mais curtos. A minha irmã e parceira de outras fics, a Gabrielle Delacour, até tentou me convencer a dividir esse capitulo em duas partes, mas eu me recuso! Tenho mais ou menos programado o q vou tratar em cada capitulo. Se eles decidirem ficar imensos, naum tenho nada a fazer! HEHEHEHE!!! Queria agradecer imensamente a todo mundo q deixou comentários pra essa fic. Cada vez q eu vejo uma review nova fico mais entusiasmada pra escrever! Por favor, naum esqueçam de continuar a deixar recadinhos! Valeu mesmo! Beijos e até a próxima!