Estava extremamente irritado. Como se não bastasse ter acordado cedo (de novo!) para pendurar balões que mudavam de cor pela casa e enfeitiçar os portais com confetes e serpentinas mágicos, agora tinha que aturar um bando de crianças correndo e gritando. Definitivamente, aquela família adorava ter filhos. Nunca vira tantas cabeças vermelhas juntas. Percebeu que os gêmeos eram os únicos netos que não eram ruivos. Depois de algum tempo desistira de tentar contar quantos sobrinhos Gina tinha. Começava a acreditar que nem mesmo os Weasley sabiam ao certo quantos eram.
Com a cabeça doendo, Draco se trancou no escritório. Ainda podia ouvir os ruídos da festa, mas nada que o incomodasse muito. Observava os livros que estavam nas estantes do cômodo. Histórias infantis, receitas, o livro de capa verde de Gina, poções, romances. Nada que chamasse sua atenção. Lembrou-se, então, dos diários que encontrara. Já estava se dirigindo para a porta para ir buscá-los quando esta se abriu.
-Pai? - um dos gêmeos colocou a cabeça dentro do cômodo - O que você tá fazendo aqui?
-Nada, só estou dando uma olhada nos livros - ele respondeu calmamente.
-Ah... - o garoto terminou de entrar - O tio Rony tá te chateando bastante hoje, não é?
-Ele sempre me chateia... - Draco esboçou um sorriso.
-Sabe, pai, eu gosto dele. Ele é divertido comigo e com o Michael quando você não tá perto - o menino olhava para os pés - Queria entender por que vocês não se dão bem...
Draco o fitou. Fez sinal para que ele fechasse a porta e fosse até o sofá. Ele se sentou ao lado de Gabriel e o analisou por alguns instantes antes de começar a falar.
-Olha, é uma longa história. Seu tio e eu nos odiamos desde os tempos de escola. Não foi uma coisa ou outra, mas sim várias coisas que aconteceram que tornaram impossível convivermos amigavelmente.
-Mas como vocês começaram a se odiar?
-Como assim?
-Sei lá, pai, você simplesmente olhou pra cara do tio Rony e pensou "Vou odiar esse cara" ?
-Não... - Draco parecia pensar, olhava confuso para o menino - Bem, ele era um Weasley e os Malfoy sempre odiaram os Weasley! Isso já era motivo suficiente.
-Mas se você odiava os Weasley, por que se casou com a mamãe? Você não sabia quem ela era?
-Sabia, mas... Sabe, eu acho que você é pequeno demais pra entender certas coisas. Isso tudo é muito complicado! Pra falar a verdade, as coisas nunca são fáceis quando se trata de família.
O loirinho abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas a fechou antes que sua voz saísse. Parecia refletir sobre o que acabara de ouvir. Draco se sentia desconfortável com a situação. Não sabia o que responder ao menino, não sabia como explicar para ele a rixa entre as duas famílias. Torceu para que o garoto tivesse desistido de continuar a questioná-lo.
-Pai, cadê a sua família? - Gabriel voltou o olhar curioso para ele.
-Minha família?
-É. Seu pai, sua mãe, seus tios, seus avós... Onde eles estão?
-Bom... - Draco coçou a nuca - ...eles morreram antes de vocês nascerem.
-Até os seus irmãos!? - o garoto pareceu assombrado com a resposta.
-Eu não tive irmãos. Era filho único.
-Puxa! Deve ser chato não ter irmãos...
-È, às vezes... - Draco riu do comentário do filho - Mas é bem legal ter toda a atenção da casa.
-Achei! - a senhora Weasley tinha acabado de entrar no escritório - Estávamos loucos procurando vocês! Venha, querido, venha ver a surpresa trouxemos.
A senhora Weasley pegou Gabriel pela mão e pediu para que Draco fosse também. As crianças não corriam mais pela casa, parecia que todos estavam lá fora. Quando chegaram à cozinha, Michael entrou correndo e puxou o irmão pelo braço.
Os gêmeos foram em direção a um baú que estava no quintal e o abriram rapidamente. Dentro dele estavam uniformes de quadribol, um conjunto de bolas, livros sobre o esporte, enfim, um kit completo. Os meninos olhavam atônitos para aquele "tesouro".
-Falem alguma coisa, pestinhas! - Gui sorria ansioso.
-Sinceramente, ainda acho que deveríamos ter optado por aquela enciclopédia de História da Magia - Percy, ao lado de Penélope, ajeitou os óculos sobre o nariz.
-Ah, cala a boca, Percy! Só você para querer dar uma enciclopédia pros meninos! - Carlinhos retrucou impaciente.
-Vamos, o que acharam? - Rony se voltou para os sobrinhos.
Os loirinhos se olharam com sorrisos maravilhados idênticos. Como que acordando, pularam em cima dos tios e dos avós enquanto gritavam agradecimentos. Draco, que estava parado na porta da cozinha, soltou um suspiro e revirou os olhos quando viu um dos meninos ser atirado para cima no meio da confusão de cabeças vermelhas enquanto o outro subia nas costas de um dos gêmeos ruivos. Passada a euforia, a senhora Weasley se virou para a filha.
-Não concordei muito com a escolha do presente por causa do problema com as vassouras, mas Percy e eu fomos votos vencidos.
-Mãe, o Malfoy teve uma boa idéia pela primeira vez na vida e vocês ficam enchendo o coitado! - Fred disse com um falso inconformismo.
-É, assim vocês vão desestimular o rapaz! - Jorge reforçou com o mesmo tom do irmão.
-Tudo bem, mãe. Depois das vassouras, já tô me acostumando com a idéia de ter mais dois jogadores de quadribol em casa - Gina respondeu divertida enquanto olhava para um Draco nada contente que acabara de se aproximar.
-Ah, mas não é só isso! (N/A: Tudo bem, eu sei q isso ficou parecendo propaganda dos produtos Tabajara! HEHEHE!) - Jorge começou voltando-se para os sobrinhos - Meu maninho aqui e eu resolvemos adicionar um último item a este maravilhoso kit-quadribol.
-Exatamente! Hogwarts não vê grandes batedores desde a nossa saída e nós achamos que vocês dois têm grande potencial.
-Por isso, temos aqui dois pufosos pra vocês treinarem antes de pegarem os balaços de verdade - os gêmeos abriram as mãos e mostraram os bichinhos peludinhos para os sobrinhos.
-Assim, quando vocês forem para a nossa saudosa Grifinória já estarão prontos para chutar a bunda da Sonserina!
Os meninos seguraram o riso e olharam de esguelha para o pai. Sabiam da disputa entre as duas casas e se divertiam com as histórias que Fred e Jorge costumavam contar a respeito. Rony e Carlinhos gargalharam alto. O senhor Weasley e Gui olharam para os lados disfarçando o riso. Percy lançou um olhar de reprovação aos irmãos e ajeitou os óculos nervosamente. A senhora Weasley deu um safanão em cada um dos gêmeos.
Gina e Hermione, que segurava um ruivinho recém-nascido nos braços, olharam para a cara de poucos amigos de Draco e sorriram. Viraram as costas e caminharam em direção ao baú onde os meninos começavam a observar atentamente cada um dos presentes. Se ele já estava irritado antes, agora estava possesso! Seu humor não poderia estar pior. Pelo menos era o que ele achava até se deparar com Harry Potter saindo da cozinha.
-Hei, Harry! - Rony foi em direção a ele, mas antes lançou um sorrisinho cínico para Draco - Que bom que apareceu!
-Oi, Rony. Só dei uma passadinha pra dizer um "ol".
Os dois se cumprimentaram e seguiram para a aglomeração dos Weasley. Harry murmurou um "Como vai, Malfoy?" carrancudo antes de Gina abraçá-lo. Draco sentiu o sangue ferver. Como se não fosse suficiente os milhares de parentes da ruiva, tinha que suportar Potter agarrando a sua mulher. Assim que Harry se virou para falar com os outros, Draco segurou Gina pelo braço e se afastou um pouco com ela.
-O que ele está fazendo aqui? - ele trincou os dentes ao falar.
-Ora, eu o convidei - ela tinha um sorriso displicente nos lábios.
-Como assim você o convidou!? - Draco parecia não acreditar no que tinha ouvido.
-Convidando! Harry é amigo da família, os meninos adoram ele e...
-É impressão minha ou você tá tentando me irritar? - ele a cortou e olhava ameaçadoramente.
-Não seja ridículo, querido - Gina abriu mais seu sorriso - O mundo não gira em torno dos seus belos olhos azuis, ao contrário do que você pensa.
Ela se soltou do braço dele e voltou para junto dos outros. Draco olhava enfurecido enquanto a ruiva se afastava. Já tinha se virado para seguir para a cozinha quando parou. Não, ele não iria dar esse gostinho ao Potter e ao Weasley. Ao menos até voltar ao seu mundo, aquela era a sua casa e a sua família. Se alguém tinha que sair, eles sairiam!
Aproximou-se da roda que se formara em torno dos garotos e passou o braço em volta da cintura de Gina. Ignorando o olhar ameaçador que ela lhe lançou, ele colocou seu sorriso mais cínico no rosto e começou a escutar a conversa animada do grupo. Precisava marcar seu território antes que o babaca do Potter colocasse as manguinhas de fora.
-Puxa, tio, valeu! - um dos loirinhos olhava um estojo de manutenção de vassouras.
-Brigadão, mesmo! - o outro menino sorria com um estojo idêntico nas mãos.
-Bom, eu também acho que vocês são um pouco novos pra vassouras, mas já que todo mundo resolveu aderir a campanha para transformá-los em jogadores, não quis ficar de fora - Harry falava com os gêmeos animadamente.
-Você também foi jogador de quadribol na escola, não foi, tio?
-É, eu era apanhador da Grifinória... - Harry sorriu involuntariamente.
-Que isso, Harry? Não seja modesto! - Rony tinha uma expressão cínica no rosto - Você foi o MELHOR apanhador.
-Ah, Rony, que injustiça! - Jorge tinha um falso ar de reprovação - Agora que tocaram no assunto me lembrei que os garotos também podem ter herdado o talento de um ótimo apanhador.
-É... - continuou Fred - ...a Gina mandou muito bem quando jogou nessa posição!
Dessa vez, só Rony e Carlinhos riram. Draco continuou com o mesmo sorriso de desprezo, apesar de ter sentido uma vontade quase incontrolável de socar os gêmeos ruivos. Voltou-se para os meninos antes que partisse para cima de alguém.
-É verdade, a mãe de vocês era ótima jogadora - mentiu, nunca tinha prestado atenção às atuações dela.
-Você também era apanhador, não era, pai?
Carlinhos sorria enquanto Rony simulava um ataque de tosse.
-Bom, ele tentava - Fred passou o braço nos ombros de Draco - Não é mesmo, cunhado?
-Mas é claro que o Harry sempre vencia. Lembra, Malfoy? - Rony completou provocando.
-É, isso aconteceu algumas vezes, mas se me lembro bem... - Draco não se deixou intimidar pelo ruivo - ...da última vez foi ele quem comeu poeira!
Harry fechou a cara e colocou as mãos dentro dos bolsos do casaco. As orelhas de Rony começaram a ficar vermelhas enquanto seus olhos se estreitaram ameaçadoramente para o loiro à sua frente. Fred soltou o ombro do cunhado e se afastou. Gina deu uma cotovelada nada discreta no marido. Todos pareciam desconfortáveis com o comentário. Draco sentiu que era hora de tomar o controle da situação definitivamente.
-Hei, Potter - ele se virou ainda sorrindo para o moreno - O que acha de uma caçada ao pomo? Só você e eu, para relembrar os velhos tempos...
-Malfoy, sinceramente, eu não achei que você ainda fosse tão infantil, mas acho que me enganei - Harry parecia aborrecido.
-Ora, Potter, qual o problema? Será que você ficou assim tão traumatizado com a surra que eu te dei no nosso último jogo? - Draco tinha intensificado sua expressão de contentamento.
-Não seja ridículo! - Harry praticamente cuspira ao falar - Se você realmente quer continuar com essa idiotice, tudo bem. Vamos acabar logo com isso.
-Michael, Gabriel - Draco se virou para os gêmeos sorrindo mais que nunca - Peguem suas vassouras no sótão. São idênticas, ninguém terá vantagem técnica.
Sem hesitar, os meninos saíram correndo em direção à casa. Os Weasley pareciam não acreditar no que ouviam. Rony estava cada vez mais vermelho. Os gêmeos olhavam atônitos sem encontrar nenhuma piadinha para a situação. Percy ajeitava os óculos compulsivamente. Hermione corria o olhar nervoso de Draco para Harry enquanto balançava o bebê em seus braços. Carlinhos fechou os punhos e trincou os dentes, tendo Gui segurando seu braço firmemente. O senhor e a senhora Weasley trocaram olhares preocupados. A rodinha próxima em que conversavam as esposas dos ruivos silenciara. Até mesmo as crianças pareciam não correr e gritar mais.
-O que você pensa que tá fazendo? - Gina falava com a voz baixa e nervosa enquanto Draco pegava as vassouras que os loirinhos tinham trazido.
-Nada, querida - agora foi a vez de Draco colocar um sorriso displicente no rosto - Apenas quero me divertir um pouco.
-Draco Malfoy, não brinque comigo! - Gina já estava vermelha - Se você aprontar alguma, eu, eu... Eu nem sei o que sou capaz de fazer!
-Fique tranqüila, benzinho - ele levantou a voz propositalmente - Prometo que não vou machucar o Potter.
Ele jogou uma das vassouras para Harry e ficou preparado. Um dos loirinhos soltou o pomo. Esperaram alguns instantes até que o outro desse o sinal e subiram simultaneamente. A disputa começara.
Sobrevoavam a casa. O quintal não era nem um quarto de um campo de quadribol, claro. Acertaram, então, que poderiam circular a procura do pomo por todo o quarteirão. O tempo estava bom, mas os telhados cobertos por neve não ajudariam a encontrar a pequena bolinha dourada. Poderiam ficar ali por horas...
Draco olhava atentamente, mas não esquecia de mostrar sua habilidade com a vassoura quando estava no campo de visão dos meninos ou dos Weasley. Acharia aquele pomo e veria novamente as caras de bobos dos Weasley, mas principalmente sentiria o gostinho de derrotar Potter mais uma vez.
Foi quando ele avistou a pequena bola com asas. Ela estava ali mesmo, próxima de um dos muros laterais do quintal. Mergulhou em direção a ela. Acreditava que Potter não a tinha visto ainda. Pegaria aquele pomo facilmente.
Virou o rosto para ter certeza de que o rival estava longe. Sentiu o sangue gelar. Todos tinham se voltado para ele e para Harry, que estava quase tão próximo do pomo quanto ele, mas não foi isto que fez com que Draco perdesse a cor. Do outro lado do quintal, longe de todos, ele avistou uma cabecinha ruiva que engatinhava atrás de um fino traço que serpenteava pela neve.
Esquecendo-se totalmente de Potter e da disputa, Draco ganhou altura e deu uma guinada rápida. Algumas pessoas soltaram gritos de admiração abafados diante da manobra arriscada que tinham acabado de ver, mas ele não deu a mínima atenção. A única coisa que realmente importava naquele momento era que ele conseguisse chegar o mais rápido possível ao outro lado do quintal.
Como que percebendo que fora descoberta, a cobra, que já chegava a uma abertura entre a neve amontoada junto ao muro, virou-se para a vassoura que se aproximava. Subitamente, ela desviou o olhar, levantou a cabeça e preparou-se para picar a pequena mão que agora se estendia em sua direção.
Draco acelerou mais, sua garganta apertada, seu coração descompassado. Aproximando-se o máximo que conseguiu do chão, ele estendeu a mão desesperadamente e puxou a bebê pela blusinha. Ainda pôde ver o traço negro incandescer-se e manchar a neve.
Firmou os pés no chão, largou a vassoura e puxou a pequena que segurava desajeitadamente para os braços. Rachel chorava alto, um choro assustado e sentido. Draco a apertou mais contra o peito. Sentia um desespero insano ao escutar aquele pranto. Queria que ela parasse, queria ver o sorriso lindo que ele estava acostumado a encontrar naquele rostinho rosado, queria que a dor que ela sentia fosse sua.
-Draco, me dá a minha filha! - Gina estava à sua frente e gritava desesperada.
Como que acordando, ele fitou vários rostos assombrados à sua volta. Gina tinha os olhos cheios de lágrimas e tentava tirar a ruivinha dos braços do marido. Mesmo que a contra-gosto, Draco entregou a bebê para a mãe, que a abraçou. Rachel chorava, mas já parecia um pouco mais calma. Ele, entretanto, não estava tranqüilo. Observava Gina analisar a mão que sangrava da pequenina.
Uma multidão se colocou entre as duas ruivas e ele. Passou a mão pelos cabelos nervosamente. E se não tivesse sido rápido o bastante? E se aquela cobra tivesse machucado seriamente a menina? Por Deus, como ela fora parar ali? Ele tinha visto quando Gina a tinha colocado para dormir um pouco antes de entrar no escritório. Como aquela cobra conseguira pegá-la?
Voltou-se para a mancha negra na neve. A cobra! Era óbvio, não era? Seguiu apressado para o local onde a serpente estivera e agachou. Carlinhos, que estivera observando Draco enquanto todos voltavam sua atenção para a irmã e a sobrinha, abaixou-se ao lado deste. Sentiu um arrepio subir sua espinha e virou-se para encarar o rosto contraído do loiro. Draco soltou um palavrão e levantou-se subitamente.
-Aonde você vai, Malfoy? - o ruivo também se ergueu.
Como não obteve resposta, Carlinhos correu para alcançar o cunhado. Gui e Harry o seguiram. Draco caminhava apressado em direção à casa, o ódio estampado em seu rosto. Já estava subindo as escadas quando sentiu alguém segurar seu braço.
-Aonde pensa que vai? - Carlinhos tinha uma expressão dura.
-Me solta, Weasley! - Draco praticamente gritara - Não tenho que te dar satisfações!
-Calma, Malfoy! - Gui acabara de chegar - Carlinhos, solta ele!
-Não até ele dizer o que vai fazer!
-Já disse que não devo satisfações! Se aquele desgraçado acha que pode brincar comigo assim, ele tá muito enganado!
-Malfoy, se controla! - Gui começava a levantar a voz.
-E o que você vai fazer, Malfoy? Sair caçando esse desgraçado pelas ruas, seja lá quem ele seja? - Harry virou-se também exaltado.
-Cala a boca, Potter! Eu vou atrás daquele filho da puta e ninguém vai me impedir!
-Ninguém vai sair daqui! - o senhor Weasley chegara e falava firmemente - Não me obrigue a te estuporar, Malfoy.
-Quem voc... - Draco começou indignado, mas não conseguiu terminar.
-Quieto, Malfoy! - os olhos tranqüilos do pai de Gina agora faiscavam - Prove que você não é um moleque mimado e não piore a situação!
Ficaram em silêncio por um momento. Carlinhos soltara o braço do cunhado e parecia emburrado. Gui e Harry se olharam e permaneceram calados. Draco tinha vontade de socar todos eles, pegar sua varinha e caçar o canalha que mandara aquela cobra. Seu pensamento só se desviou dessa idéia quando Gui começou a falar.
-E a Rach, pai?
-Sua irmã e sua mãe levaram-na para o St. Mungus - o senhor Weasley tinha o semblante preocupado - Fred, Jorge e Rony foram com elas. As meninas seguiram com as crianças para a Toca e Percy foi informar a Ordem sobre o que aconteceu. Logo Dumbledore estará aqui.
-Será que o ferimento é grave? - Carlinhos perguntara muito devagar, como se tivesse medo da resposta.
-Acho que não, filho. Parece que foi apenas superficial - o senhor Weasley soltou um suspiro cansado - Vamos nos sentar enquanto esperamos? Você também, Malfoy!
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Já estavam ali há quase meia hora e não entravam num acordo. Draco estava prestes a explodir. Ouvir a voz de Harry mais uma vez foi só a gota que faltava.
-Poupe-me da sua inutilidade, Potter! Se vocês não tivessem me impedido, eu teria pegado o responsável por isso antes que ele notasse!
-Draco, seja racional. Você não acha que ele tomou todas as precauções para se proteger? - Snape falava calmamente - Ele te conhece muito bem, provavelmente previa essa sua reação.
-Além disso, não temos certeza de que ele seja o responsável por isso - Lupin completou.
-EU tenho certeza! - Draco se levantou e gritava novamente - Eu cresci debaixo das asas de Lucio Malfoy, sei reconhecer suas armações a quilômetros de distância!
-Entendemos perfeitamente seus sentimentos, senhor Malfoy - Dumbledore falou calmamente - Mas também gostaríamos que o senhor entendesse que uma ação impensada seria desastrosa na situação em que nos encontramos. Não deixaremos que esse ataque covarde seja esquecido, mas devemos ser cautelosos.
-Draco, se acalme - Snape fez sinal para que ele se sentasse.
-Vamos planejar exatamente qual será nossa reação - Dumbledore continuou ao certificar-se de que Draco não voltaria a esbravejar. .........................................................................................................................................................................................
-Acho que já colocamos todos os feitiços possíveis - o senhor Weasley deixou-se cair pesadamente no sofá.
-Nada, nem ninguém vai conseguir entrar nessa casa a não ser que a Gina ou o Malfoy queiram - Lupin se encostara à parede enquanto falava.
-É exatamente isso que me preocupa - Rony, que já tinha voltado do hospital com Fred e Jorge, falou contrariado.
-Pelo amor de Deus, Rony! Você viu o que o Malfoy fez? Será que dá pra deixar de ser implicante só hoje? - Gui virou-se irritado para o irmão.
-O Gui tem razão, Rony - Carlinhos sentou-se ao lado do pai - Até eu tenho que admitir que o Malfoy tá realmente disposto a tudo pra proteger a Gina e as crianças. Você precisava ter visto o ódio nos olhos dele quando o impedimos de sair caçando aquele maldito.
-Além disso, vamos ficar de olho em tudo - Harry pousara a mão no ombro do amigo - Fica tranqüilo, Rony. O Malfoy não é bobo de tentar alguma gracinha.
Ficaram em silêncio. Além dos Weasley, Harry e Remo, apenas Draco e Snape continuavam na casa, porém não estavam na sala. O loiro tinha se sentado na escada de frente para a porta e Snape estava encostado no corrimão ao seu lado. Tinha os braços apoiados nos joelhos e a cabeça baixa. Não queria falar com ninguém, e o professor de poções o conhecia suficientemente bem para perceber isso.
A porta se abriu. A senhora Weasley a segurou enquanto Gina entrava com Rachel adormecida em seus braços. Draco se levantou num sobressalto. Snape se endireitou e virou-se para a entrada. Todos saíram da sala e encaravam apreensivos as duas mulheres que entravam.
-Está tudo bem - a senhora Weasley tinha um sorriso cansado no rosto - O veneno não foi injetado. Ela só precisa descansar.
Gina seguiu para a escada com a mãe ao seu lado. Parou diante de Draco, mas não levantou os olhos para ele. O loiro abriu caminho para que elas passassem e observou a bebê que dormia. Apesar do rostinho pálido e da mãozinha enfaixada, a ruivinha tinha uma expressão serena. Sentiu seu coração mais calmo enquanto acompanhava com os olhos a mulher e a filha subirem. A senhora Weasley também subia quando o marido a chamou.
-Molly, você poderia vir até aqui?
-Só um momento, querido. Vou ajudar Gina e...
-Agora, por favor - o senhor Weasley disse num tom que não admitia recusa.
Com os olhos intrigados, a senhora Weasley se aproximou do marido. Ao certificar-se de que a filha já estava longe o suficiente para não ouvir, o pai de Gina começou.
-Ela está mesmo bem?
-Sim, foi só um susto. Graças a Deus o Draco a pegou antes daquele animal repugnante a machucar seriamente - ela lançou um olhar agradecido ao genro.
-Que bom... - o senhor Weasley suspirou aliviado - Agora, você e os garotos voltam pra casa e acalmam todos. Gabriel e Michael já estão lá, acho que seria bom que passassem a noite com você. Rony também vai dormir na Toca com Hermione e Richard. Remo e eu vamos ficar por aqui para...
-Vocês o quê!? - Draco disse alto voltando-se para o homem que acabara de falar.
-Exatamente o que você ouviu - o senhor Weasley não se alterou diante daquela reação - Não desconfio da sua fidelidade, Malfoy, mas sim do seu bom senso. Não me surpreenderia se você deixasse minha filha e minha neta sozinhas para sair como um louco atrás de seu pai.
-Esquece, Weasley! - Draco começava a gritar, estava perdendo o controle mais uma vez - Nem você nem ninguém vai ficar aqui pra me vigiar!
-Você não entendeu, Malfoy. Eu não estou perguntando, eu estou informando o que vamos fazer.
-Eu não sou um fantoche que faz o que você quer! - já estava totalmente fora de si - Se você pensa...
-O que tá acontecendo aqui? - Gina descia as escadas com uma expressão inquisidora no rosto.
-Pergunte pro seu pai! - Draco ainda gritava.
-Será que você pode falar baixo? Se você não percebeu, a Rachel tá dormindo - a ruiva disse exasperada e voltou-se para o pai - O que aconteceu?
-Nada, querida. Malfoy está tendo outro de seus ataques infantis, mas eu me entendo com ele.
-Eles disseram que vão passar a noite aqui pra me vigiar! - Draco falava mais baixo, mas ainda sim nervosamente. Gina o fitou por alguns instantes. Todos estavam quietos, um silêncio pesado sobre eles. Quando o senhor Weasley fez menção de voltar a falar, a filha fez um sinal para que ele não continuasse.
-Tá tudo bem, pai. Vocês podem ir. Vamos ficar bem.
-Mas, filha...
-Por favor, pai. Cuidem dos garotos pra mim e já estarão me ajudando mais do que imaginam. Draco e eu precisamos conversar - ela se virou para o marido e o encarou.
O senhor Weasley soltou um longo suspiro e assentiu com a cabeça. Conhecia o gênio da filha, sabia que nada a faria mudar de idéia. Carlinhos e Jorge ainda tentaram protestar, mas a senhora Weasley não permitiu. Em poucos minutos, todos se despediram e deixaram a casa. Somente Gina e Draco permaneciam parados ao pé da escada.
-Vamos até a sala, por favor - ela começou a caminhar e ele a seguiu.
Sentou-se num dos sofás, colocou os cotovelos sobre as pernas e apoiou a cabeça nas mãos. Olhava para o chão. Draco sentou na mesinha de centro de frente para ela. Não sabia o que ela diria, não sabia o que ele mesmo responderia. Sentiu seu estômago revirar. Estava ficando ansioso com aquela demora.
-O que você ia fazer? - Gina perguntou sem levantar a cabeça.
-Você sabe o que eu ia fazer - ele respondeu sem emoção.
-Deus, você é tão egoísta... - ela passou as mãos pelo rosto e olhou para cima.
-Egoísta!? - Draco olhava incrédulo para ela - Como você pode dizer isso? Eu queria pegar aquele desgraçado pra que ele não chegasse mais perto de vocês!
-Eu te conheço muito bem pra saber que você teve essa reação porque se sentiu ameaçado, ou melhor, provocado. O fato de nós estarmos seguros com isso ou não até pode ter passado pela sua cabeça, mas não foi o que mais pesou - Gina continuou no mesmo tom cansado.
Draco ia retrucar, mas fechou a boca antes de falar. Ela estava certa. Irritantemente certa. Claro que ele tinha ficado preocupado com a bebê, mas não fora isso que motivara o ódio desmedido que ele sentia por Lucio. Ele tinha sido atacado debaixo de seu nariz. Um Malfoy não podia permitir isso, não podia parecer tão vulnerável. "Proteger" sua família era quase um pretexto.
-Será que em nenhum momento você pensou em nós? - ela finalmente o encarou, os olhos marejados - Será que você não pensou nem nos seus filhos? Já imaginou o que aconteceria se você não voltasse? Não sei se você já se deu conta, Draco, mas você não é imortal!
-Não ia acontecer nada com vocês se eu não voltasse. É a mim que ele quer, ele só vai parar quando me pegar.
-Você já esqueceu!? - Gina olhava incrédula para ele - Você esqueceu que ele quase me matou quando eu estava grávida dos gêmeos? Ele não quer acabar só com você, ele quer destruir a nós cinco!
Sem conseguir segurar mais, a ruiva deixou as lágrimas rolarem por seu rosto. Draco não sabia o que dizer, não sabia o que fazer. Lucio era capaz de tudo, ele sempre teve consciência disso, mas ainda sim estava admirado com que acabara de ouvir. Como ele tivera coragem de tentar acabar com a vida dos próprios netos que nem tinham nascido?
-Se você não me ama mais, se eu não sou mais importante na sua vida, pelo menos se lembre que você tem três filhos pequenos - ela tentava parar de chorar enquanto se levantava e seguia para a porta - Só quero pedir que você espere até tudo isso acabar antes de sair de casa. A Rachel vai dormir no nosso quarto. Arrumei a cama de um dos garotos pra você.
-O que você tá querendo dizer? - Draco também se levantou e segurou o braço dela.
-Não vou mais implorar pelo seu amor - Gina se virou para ele, seu rosto ainda sendo marcado pelas lágrimas cada vez mais abundantes - Mas se você realmente não suporta mais viver conosco, amanhã mesmo eu me mudo pra Toca com as crianças. Eu só não quero ficar sozinha aqui nessa casa. Tenho medo do que possa acontecer com os pequenos.
-Gina, eu... - Draco olhava atônito para ela
-Por favor, não tente dar explicações - soluçava entre as palavras - Solta o meu braço.
-Não, eu não vou soltar! - ele a puxou e segurou pelos ombros - Você só pode tá brincando!
-Nunca falei tão sério em toda minha vida - os grandes olhos dela estavam fixos nele - Você tá livre pra fazer o que quiser da sua vida. Só te peço, de novo, pra você não esquecer dos seus filhos.
Fora o suficiente. Ele sentiu que se perdia dentro da imensidão daquele olhar castanho. O chão desapareceu, o mundo girou, seus pensamentos se esvaíram. Puxou-a com força e juntou seus lábios com os dela. Gina pareceu se assustar com o beijo súbito, mas rapidamente correspondeu. Envolveu o pescoço de Draco enquanto colava seu corpo ao dele. Ele passava as mãos pelas costas da ruiva desesperadamente. Estava ficando louco com o cheiro dela, com o gosto da boca daquela mulher. A única coisa em que ele ainda conseguia pensar é que morreria se não a tivesse por inteiro.
Sem realmente tomar consciência do que fazia, ele a deitou no sofá enquanto beijava seu pescoço. Gina tinha a respiração pesada e o coração acelerado. Levantou a camisa dele, enterrou as unhas nas costas do loiro e o puxou para cima dela. Draco procurou pela boca da ruiva, mas ela desviou e sussurro em seu ouvido.
-Diz que ainda me deseja, Draco. Eu te amo tanto... Me faz acreditar que você ainda me ama!
Draco sentiu sua garganta secar. Como que voltando a realidade, ele a encarou assustado. O que ele estava fazendo? Perdera a cabeça completamente. Não, aquilo não era certo! Ele não podia se comportar como se fosse daquele mundo, não podia se envolver com aquelas crianças, não podia se apaixonar por ela. Precisava retomar o controle da situação. Ele ainda escutou ela chamar seu nome enquanto subia apressado as escadas. Antes que Gina o alcançasse, ele se fechou no quarto dos gêmeos. Se ficasse mais um minuto perto dela, não sabia se conseguiria se conter. Tinha que sair dali o mais rápido possível. Leria aqueles diários naquela noite, nem que passasse a madrugada em claro.
N/A: Oi, galera, tô de volta! Primeiramente, quero pedir desculpas pro pessoal q tah acompanhando a fic pelo 3V. Deu mó problema quando eu fui postar o capitulo 5. Depois que eu descobri a bagunça que tavam os capítulos passei quase meia hora tentado consertar. No fim, me irritei tanto q deletei a fic e publiquei de novo. Resultado: perdi todas os meus comentários! Fiquei p*** da vida! Por causa disso queria pedir pra galera q jah tinha deixado recados pra mim pra q dê uma olhada se eles estaum lá. Se naum estiverem, deixem outro ou me mandem um e-mail pra q eu possa fazer os agradecimentos q eu tô devendo.
N/A 2: Acho q quem naum leu "Animais Fantásticos e Onde Habitam" naum sabe o q saum os pufosos. Naum me lembro de eles serem citados em nenhum dos outros livros. Se alguém se interessar, dah uma olhadinha no livro ou me escreve, blz?Ah, outra coisa. Eu quase naum falei sobre as mulheres e os filhos dos irmãos da Gina. Foi mal, galera, mas se eu fosse ficar falando quem casou com quem, quem eh filho de quem, quem tah grávida e coisas do tipo essa fic ia ficar do tamanho de OdF (q exagero! Hehehe!). As informações q forem mais importantes com relação a isso eu vou colocando, blz?
N/A 3: Bom, agora os agradecimentos. A toda a galera q tah me deixando review, valeu mesmo! Continuem a me escrever, a deixar recados, a dizerem o q taum achando. Tentei mandar e-mails pra todo mundo essa semana. Se eu esqueci alguém, briguem comigo! Nesse capitulo eu tenho um agradecimento especial pra Gabrielle Delacour. Se naum fosse por ela, o meu Harry teria ficado horrível. Eu tava fazendo ele totalmente pamonha, sem graça, bobo! Valeu, maninha! Continue a puxar minha orelha, blz? Ufa, acho q eh só! Muitos beijos e naum esqueçam: ME ESCREVAM!!!!!! Quero saber o que taum achando de toda essa lokura q tah saindo da minha cabeça...
