A Segunda parte de Endless Waltz
Parte III:













Estavam na Peacemillion, em seus quartos. Passaram os últimos dias procurando mais dicas sobre quem poderia estar por trás de tudo o que ocorrera. Mas, para variar, não acharam mais nada. As únicas pistas eram os documentos que Duo, sem querer, conseguira. Era estranho que essa pessoa passasse por cima de tudo para conseguir o que queria... Inclusive matar pessoas como as que ele matou.
- Duo...?
Duo saiu de seu estado de "coma" e, fungando um restinho de choro, encarou Heero.
- O... O que foi Heero?
- Você está bem? - Ele realmente estava preocupado com o acontecido, e, mais ainda com o americano. Duo parecia estar se remoendo por algo que ele, aparentemente, não tinha culpa.
- Sim... Obrigado. - Assustou-se um pouco com a atitude dele perante si.
- Menos mau... Duo... Você pretende ficar com a gente só até a conclusão da missão?
- Sim... Eu não tenho mais interesse de continuar como um soldado ou um agente... Não acredito que isso vá... - De repente Duo se cala, mas Heero percebe a sutil mudança no tom de voz dele. "Essa eu não vou deixar barato".
- Isso não vá...?
- Nada... Boiei agora.
- OK. Você... Poderia me dizer por que você resolveu seguir o caminho da igreja?
- Horas, porque... Porque... Porque eu fui criado numa i-igreja e... E... E o Pe. Maxwell queria que o meu futuro fosse assim... Daí, para continuar o desejo dele, eu entrei. É foi isso.
- Que bom... Eu acho que você gostava então muito daquelas crianças... Não imagino como você deve estar agora... - Heero jogava verde para colher maduro. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde Duo iria ruir na sua frente e ele ouviria o que ele pensava que ouviria.
- É... Eu to triste sim... - Duo não conseguia entender onde Heero queria chegar com tudo aquilo. Ele o conhecia bem, sabe que ele é de se apegar fácil às pessoas. Principalmente no caso de serem seres tão indefesos e inocentes como aquelas crianças. "Droga! Se ele continuar com essa palhaçada eu não vou conseguir me controlar e vou acabar...".
Numa jogada de mestre, ele se aproxima dele com o intuito de mostrar ter um ombro amigo.
- Não fique assim... Não foi sua culpa.
"Não foi sua culpa... Não foi sua culpa... Não foi sua culpa...". Heero sabia o que queria, mas não esperava tal reação de Duo.
- AAAAAHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! - Berrou Duo pondo as mãos na cabeça e chorando. - Por quê? Por quê...? Eram todos inocentes... Elas tinham uma longa vida pela frente... Sem guerras, sem mortes... Sem nada que pudesse atrapalhá-las... Uma vida diferente da minha...! Eu nunca pude ser feliz por completo... Sempre tive apenas lapsos de felicidade... Junto ao Pe. Maxwell e a irmã Hellen... Depois, quando eu conheci vocês... E mais para frente quando eu pude estar perto dessas crianças... - Nesse meio tempo, Heero abraçou-o. - Eu nunca pude viver para mim mesmo... Nunca pude ser uma criança, nem um adolescente... Sempre tive que matar e me arriscar a morrer. Não pude realizar meus sonhos... Todos se resumiram, não por pressão apenas, em acabar de vez com a guerra... E consegui. A custo de minha felicidade e minha infância e juventude. Meus sentimentos mais doces foram apagados de minha existência e nunca me foi permitido sequer sonhar em me apai...
No momento em que iria falar que se apaixonara durante a guerra, Duo cobre a boca com as mãos, não sem que Heero percebesse. "Não adianta Duo... essa eu vi".
- Eu... Me desculpe... Eu me exasperei.
- Não se sinta culpado pela morte deles... Você também estaria lá se você não tivesse ido buscar os documentos.
- Tá legal Heero... Mas esse é que é o problema... Eu nunca estou no momento do massacre... Parece um complô contra mim para que eu sofra eternamente... O mesmo aconteceu com o Pe. Maxwell. Por que que isso tinha que acontecer de novo? E ainda mais comigo e com aquelas crianças que nada fizeram a ninguém!?
- As pessoas são difíceis de se compreender... Eu nunca consegui compreender muito nem mesmo vocês quatro, que dirá essas pessoas que gostam dessas coisas más! O que acontece Duo é que você é que é muito bom... Todos vocês... E isso faz com que vocês se corrompam e se sintam com a consciência pesada.
- Hee-chan... - Duo estava embasbacado com o que Heero acabara de falar... Ele realmente achava tudo isso dele? Então, quer dizer que Heero não o odiava e que, aparentemente ele até o... Admirava? - Obrigado... Você não fica muito atrás disso tudo, sabia? - Falou colocando suas mãos sobre seu peito o olhando profunda e ternamente em seus olhos cobalto.
Heero e Duo ficaram se encarando profundamente e Heero foi aproximando-se perigosa e discretamente de Duo, que nem percebia a aproximação.
- E... E o que mais eu sou perante seus olhos...? - Sua voz soava perigosamente rouca e causava um feitiço sobre Duo...
- Você tem olhos muito bonitos... - Respondeu fracamente... Num sussurro...
- E o quê mais...? - Seus lábios já estavam próximos de se encontrar...
- E-eu... Eu... Te... - Duo fecha os olhos, mas, num lapso, ele os abre e foge de Heero assustado com o ocorrido...
"Meu Deus... O que está acontecendo com a gente?!?!?!?! Heero gosta da Relena, não é? Eu sei que eu gosto dele, mas eu já fiz a minha decisão e não mais posso voltar atrás... Por mais que... Que eu...".
- Heero... O-o que foi isso?
- Duo, eu não sei se percebeu ou não, mas eu... Estou apaixonado por você.
- ... UAU! E-eu... Eu na-não... Não creio...
- Mas sim... Eu sei que essa postura de revelar tudo assim de cara não faz o meu estilo, mas eu não posso pensar em te perder de novo. Só de ter uma idéia de que isso possa ocorrer quando essa missão acabar, eu quase desmaio de ansiedade e de nervosismo!
- Mas... E Relena?
- O que tem Relena? Eu não a amo... Eu amo você, Duo.
Duo estava sem palavras... Ele teria pulado sobre Heero e lhe coberto de beijos caso isso acontecesse há uns seis meses atrás. Mas não aconteceu. E ele, agora, seis meses depois da tão esperada entrega, já estava comprometido. Não mais poderia voltar atrás.
- Heero, eu... Eu realmente não sei o que dizer, mas...
- Mas nada. Eu sei que você também me ama!
- Heero! Eu já fiz votos, entenda! Eu... Eu sou de Deus agora.
- Você ainda é diácono!! Você pode voltar atrás!
- Você não entende! Eu já fiz uma escolha para a minha vida! Eu já me entreguei a Deus! Me entreguei à caridade e à santidade... Se você tivesse me dito isso há seis meses, eu... Eu... Eu não posso ser seu. - Após dizer essas palavras, Duo sai correndo de onde se encontrava.
Heero estava embasbacado com o que ouvira. Ele não acreditava que seu Duo pudesse ser assim... Tão cabeça dura... Tão... Baka! Mas... Realmente, ele tinha demorado dessa vez. Ele não fora preciso.





- Acalme-se Duo... - Dizia Quatre enquanto lhe estendia uma xícara de chá de Camomila (Otaku adora camomila*_*). Duo, em sua frustrada fuga, trombara de frente e em cheio com Quatre, que estava indo para a cozinha preparar algo para tomar. - É para se acalmar um pouco.
- Obrigado, amigão... - Falava enquanto observava a xícara em suas mãos. Por que tudo sempre acontecia com ele, hein? Ele já sofrera dobrado por não ter o amor de Heero e agora descobria que... Que Heero... Ah! Ele deveria ser amaldiçoado, certamente, ou do contrário ele nascera para pagar os pecados de toda a humanidade. "Com todo o respeito!!". Pensou ele após proferir pensamento tão desrespeitoso.
- Está melhor agora? - Perguntou suavemente a Duo vendo-o sorver lenta e calmamente o chá.
- Sim... Obrigado Quatre... - Ofereceu-lhe um sorriso sincero, mas ainda assim fraco e triste.
- O quê que te aconteceu, hein? Você não é assim. Você é feliz, engraçado e muito expansivo... Até mesmo explosivo... E agora está aí: triste, amuado... Algo te chateou? Digo, algo além do ocorrido?
- Ah... Quatre... Eu... - Duo começou a lacrimejar novamente e Quatre abraçou-o.
- Não se preocupe... Acalme-se e fale devagar...
- Como Quatre?! - Exasperou-se Duo - Como eu posso me acalmar sabendo que Heero me corresponde?!?!
Quatre ficou chocado na hora, mas quando passou o efeito ele começou a sorrir e a abraçar Duo ainda mais forte. Ele sempre soube que Duo amava Heero, mas da mesma forma que o americano, ele também achava que o japonês nunca retribuiria algo dessa dimensão... No máximo sentiria algo por Relena, mas por ele? Há! Nunca!!
- Que bom Duo! Isso é maravilhoso!!! Não era isso o que você queria?? - Quatre falava enquanto ele sacudia levemente seu amigo pelos ombros ao perceber seu olhar desolado. Ele não compreendia... Isso era tudo que o jovem trançado desejava na vida até... Então a ficha de Quatre caiu.
- Oh, Duo... Então você... - Ele não queria acreditar no que pensava, mas havia uma possibilidade.
- Como eu posso agora correspondê-lo Quatre se nem ao mundo eu pertenço mais? - Falou ele muito desolado... Não sabia o que fazer nem como agir. Talvez ter trombado com Quatre tenha sido uma boa. Quem sabe o amigo não lhe dava um conselho?
- Mas você o ama e... Bem... Até onde a gente sabe você ainda não fez os votos, certo?
- Sim Quatre, mas ainda assim eu estou para me tornar padre... PADRE! Eu já larguei tudo para seguir essa vida e agora ele me vem com essa...
Era verdade. Agora os dois estão mais enrolados do que papel higiênico. Estavam confusos, mas Quatre se recusava a aceitar a resposta de Duo. Ele nunca vira seu amigo desistir assim de algo que lhe era importante... Ele cansou de jogar pela janela coisas que lhe eram importantes apenas para conseguir outras mais importantes ainda. E isso incluía sonhos... Mas agora ele vem dizendo que já tinha um compromisso? Em um lampejo, lembranças de sua conversa com Trowa o fez ver o que realmente acontecia com seu amigo.

" - E se ele tiver se tornado padre para fugir de algo?
- Duo Maxwell fugindo? Pode ser... Mas de quê?
- Do que ele sente...
- Fugindo dele mesmo? Definitivamente... Não creio.
- Mas qual seria a outra explicação?
- Ele resolveu seguir o caminho que tinha começado a ser trilhado pelo Padre Maxwell antes dele morrer e da igreja ser destruída... Isso é suficiente para você? ".


"Definitivamente não é suficiente e eu estava certo!".
- Duo... Você está com medo...
- Medo? Eu... Duo Maxwell??? Claro que não Q! De onde você tirou essa idéia doida??
- Simplesmente tirei da doideira de você tentar ir para o Seminário assim sem mais nem menos...
- Não foi sem mais ou menos! Eu resolvi seguir o caminho...
- "O caminho que tinha começado a ser trilhado pelo Padre Maxwell antes dele morrer e da igreja ser destruída". OK, Duo. Você é uma das pessoas que mais tem força de vontade e quando você quer algo, você vai e ninguém te impede. Então por que você não tinha ido para lá antes de chafurdar nessa guerra?
- Você sabe que eu não tive escolha...
- No início! No início, Duo! Mas você nem ao menos mostrava interesse em ir para o seminário no período em que a gente estava junto. Nem o desejo de caso sobrevivesse seria a primeira coisa que faria... Nada! Sem contar que você se apaixonou por um homem, o que é contra os dogmas da Igreja Católica!!!
Os dois se encararam. Quatre estava certo. Ele estava com medo... Mas de que exatamente?
- Você não precisa ter medo, Duo. Seja lá do que você estiver com medo...
- Nem eu sei Quatre... - Respondeu num sussurro. - Nem eu sei...



(Otaku): Caraca... Agora eu é que tô confusa...


CONTINUA...