Pretérito Imperfeito
Capítulo 3 – Los Angeles
Sim, suas malas estavam todas prontas, sua nova identidade bruxa, sua identidade trouxa. Tudo pronto. Ela passara a noite toda em seu apartamento onde morava sozinha, arrumando as malas com as próprias mãos, porque da última vez que fizera isso com uma varinha... bom, não dera muito certo.
Goldman lhe dera mais detalhes naquele dia. Disse que ela e Malfoy teriam que ficar em hotéis trouxas e só usar magia quando era extremamente necessário, visto que a cidade era praticamente toda trouxa. Não poderiam de forma alguma aparatar porque não conheciam a cidade e teriam grandes chances de errar o lugar e aparecer no meio de um shopping ("O que diabos é um shopen?").
Goldman adorava trouxas e Gina não conseguia entender o porquê de ele ser tão amigo de Draco, que repudiava essa raça. Draco era, para Goldman, o filho que ele nunca tivera. Era surpreendente como se davam bem e como um confiava no outro.
Era exatamente três e meia. Ela ainda poderia dormir 3 horas, visto que às seis e meia ela teria que se levantar, chegar na Organização de Aurores às sete, ir para um tal de "avoporto" e pegar um "gavião" para ir finalmente para Los Angeles. E quando chegassem, se hospedariam num hotel chique e caro escolhido por Malfoy.
Gina se jogou na cama e fechou os olhos. Estava muito ansiosa, mas o cansaço a fez esquecer de tudo e dormir quase imediatamente.
***
- Você está 10 minutos atrasada!
- Ah, vá para o inferno, Randall! – Gina retrucou, bocejando logo em seguida. Estava morrendo de sono. Também, pudera, só dormira 3 horas por causa de toda aquela "tralha", na sua opinião, que ela tivera que arrumar. E se isso não fosse o bastante teria de viajar com Draco Malfoy num "pássaro" até à América. Não que o pássaro fosse um problema. Malfoy era o problema.
Randall franziu o cenho.
- Está assim só porque vai encontrar o Malfoy, é? – retrucou mau-humorado. – Vai lá logo, ele está te esperando com Goldman na sala dele.
Gina resolveu ignorar o rancor na sua voz.
- E onde é a sala dele?
- Aquela que tem na porta "Draco Malfoy" – respondeu, sorrindo falsa e cinicamente.
Gina bufou.
- Anda, Randall, eu não tenho tempo para isso!
- Ah, claro, você tem muito para fazer com o Malfoy, não é?
Gina ficou furiosa ao ouvir a insinuação.
- Olha só, pára de ser infantil e diga logo onde é a droga da sala!
Ele abriu a boca para revidar, mas desistiu.
- No final do corredor.
A ruiva ainda lhe lançou um olhar zangado antes de seguir reto.
A porta da sala estava entreaberta, e Gina podia ouvir os dois homens conversando lá dentro. Suspirou. Fechou os olhos com força e juntando toda sua coragem, bateu levemente na porta.
A conversa cessou imediatamente. Então ela ouviu um entusiasmado "Entre!" vindo de dentro, provavelmente seu chefe, e entrou na sala.
Sentado de frente para uma mesa muito bem polida, estava Goldman, sorrindo para ela. Gina deu um leve sorriso de volta, que foi tudo o que conseguiu. Então seus olhos castanhos se encontraram com os de Draco, sentado atrás da mesa e a olhando fixamente. Sua expressão era ilegível, como quase sempre. As pernas da ruiva bambearam. Ele estava tão ou mais bonito que antes. Seus olhos cinzas brilhavam, aquele brilho ilegível que costumavam ter. Os cabelos loiros platinados e curtos não tinham mais gel, deixando a franja caindo sobre sua testa. Continuava com aquela mesma pose superior que sempre tivera, exceto quando estava a sós com ela.
Enfim... Draco Malfoy. Gina continuou o encarando desafiadoramente, até que Goldman se pronunciou.
- Agora podemos ir para o aeroporto, visto que todos estão aqui. Virgínia, onde estão suas malas?
Gina finalmente deixou de encarar Draco para olhar para Goldman.
- Estão no meu bolso, diminuídas.
- Ótimo – disse, - aumente-as, pois no aeroporto terá que deixá-las no bagageiro.
Gina fez uma expressão intrigada, exatamente igual à de Draco, mas logo sacudiu levemente a cabeça tentando tirá-la da face.
Então enfiou a mão no bolso e tirou dele duas malas de tamanho médio e uma maleta de couro vermelha que combinava perfeitamente com suas sandálias.
Goldman sorriu ao reparar nas roupas da ruiva.
- Vejo que comprou as roupas, Virgínia. Teve algum problema para comprá-las?
Goldman havia dado a Gina no dia em que ela aceitara a missão um cartão de crédito e depois de lhe explicar detalhadamente como usá-lo, mandou-a ao centro de Londres para que comprasse roupas trouxas, já que não poderia usar roupas de bruxo nos E.U.A.
- Bem, não tive sérios problemas, mas fiquei quase uma hora na primeira loja tentando lembrar da senha... A vendedora pensou que eu estava brincando com ela, acredita? Até ameaçou chamar um segurança! – disse, parecendo indignada.
Draco deu uma risada debochada.
- O que foi? – retrucou Gina rispidamente, falando diretamente com ele pela primeira vez.
Draco sorriu.
- Nada – respondeu, com uma expressão divertida no rosto.
Gina lhe lançou um olhar mortal, antes de se virar para Goldman de novo.
- Afinal, vamos ou não? – perguntou impaciente.
***
Assim que chegaram no tal aeroporto (sim, Gina havia aprendido a pronunciar corretamente), a ruiva viu que não viajariam em um pássaro, e sim numa espécie de ônibus com asas. Na verdade ela se sentiu muito estúpida ao pensar que voariam em pássaros.
Goldman os instruiu no que deveriam fazer e se despediu dizendo que manteria contato.
Nem Draco nem Gina disseram uma palavra para o outro até entrarem no avião e estarem voando há mais ou menos uma hora. Mas ao olhar de esguelha a revista que Gina lia, Draco não pôde deixar de sorrir.
- "Como conquistar um homem"? Por que é que não lê essa matéria, Virgínia?
- Em primeiro lugar, você não tem intimidade para dizer meu nome – disse com desprezo, mas então sua expressão se suavizou e ela sorriu cinicamente. – E segundo, Malfoy, eu não preciso ler a matéria, já que eu já sei há muito tempo como conquistar um homem.
Draco ia retrucar, mas a aeromoça chegou nesse instante com um carrinho de bebidas.
- Vão beber alguma coisa? – perguntou com um sotaque inconfundivelmente americano.
- Sim, o que é que tem? – perguntou Draco, que nunca tinha bebido algo trouxa.
- Bom, temos sucos, refrigerantes, whisky,...
- Quero algo forte. O que você acha que eu gostaria? – perguntou sedutoramente.
Gina rolou os olhos para cima. Ele estava jogando charme para a aeromoça!
- Bem, um Martini, talvez – sugeriu timidamente.
- Ótimo! É isso o que eu quero! – concluiu, ainda sorrindo. Ele então olhou bem no fundo dos olhos da mulher. – Nossa! Os seus olhos são lindos! Acha que poderíamos sair para jantar um dia desses?
- Claro! – respondeu a mulher não mais tão timidamente. – Quer meu telefone?
- Adoraria! – disse Draco. A mulher não havia notado, mas Gina, graças aos seus vários anos conhecendo-o, notou um inconfundível tom de ironia em sua voz no mesmo instante.
A aeromoça lhe entregou um papel, que ele nem se deu ao trabalho de ler e guardou-o no bolso da calça. Então lhe deu um copo com um líquido transparente que ele presumiu ser o Martini. Piscou um dos olhos verdes para ele e, sem ao menos oferecer uma bebida à Gina, saiu.
Draco virou-se para a ruiva, que tinha uma expressão indignada na face, com um sorriso desdenhoso.
- Tem certeza que sabe conquistar um homem, Virgínia? Com certeza não é melhor que eu nessa matéria – e deu um gole no Martini, - ou é?
Gina tinha uma expressão desafiadora.
- Espere e veja, Malfoy – disse com um sorriso frio e atraente. Pegou o copo da mão de Draco e virou-o inteiro na boca, fazendo uma leve careta. – Não é assim tão forte. Acho que você deveria escolher uma vítima de mais bom gosto da próxima vez – desdenhou, devolvendo o copo vazio a ele e voltando sua atenção à revista.
Draco continuou fitando-a por um tempo, boquiaberto. Então, percebendo o que estava fazendo, fechou a boca e virou a cara para o outro lado.
A viagem durou muito tempo ainda, mas finalmente o avião pousou tranqüilamente no aeroporto. Os dois surpreendentemente não tiveram problemas para desembarcar e pegar suas bagagens, e logo estavam fora do aeroporto. Já estava escurecendo. Draco deu uma longa olhada no lugar: a rua movimentada, montes de carros estacionados, sendo que alguns deles tinham uma plaqueta em cima escrito "táxi". O loiro fez menção de pegar na mão de Gina e puxá-la até um dos táxis, mas percebendo que não seria ético fazê-lo, simplesmente virou-se para ela e disse secamente.
- Temos que pegar um táxi.
Gina acenou com a cabeça, concordando e em meia hora suas malas estavam no porta-malas e eles, dentro do carro.
- Para onde? – perguntou o motorista.
Draco olhou para Gina.
- Lembra o nome do hotel? – perguntou secamente.
- Regent Beverly Wilshire – disse ao motorista, ignorando Draco, o que o deixou ainda mais irritado.
E em vinte minutos estavam em frente ao hotel.
Quando Gina viu o hotel, arregalou os olhos. O que foi estranho, já que seus olhos já eram grandes, e arregalados ficavam quase anormais para uma pessoa. Draco estava indiferente.
A bagagem fora tirada do táxi e levada para dentro pelos empregados do hotel.
Assim que entraram, se dirigiram à chique recepção.
- Pois não – saudou a recepcionista, sorrindo forçadamente.
- Temos um quarto reservado no nome de Draco Malfoy.
A mulher consultou uma lista. Então a virou para Draco preencher algumas coisas.
Quando terminou, ela disse:
- O quarto é o 219 – comunicou.
Imediatamente um homem veio até eles.
- Irei levá-los ao quarto. Sigam-me.
O homem se virou e levou-os até uma estranha cabine (o elevador). Gina assustou-se quando ele começou a subir, mas isso não foi nada comparado a Draco, que quase teve um surto.
- O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO?! – berrou, furioso e em pânico.
- Acalme-se Sr. Malfoy, muitas pessoas não gostam de elevadores, mas este é seguro, lhe garanto – disse o homem pacientemente.
Draco estava apoiado na parede e respirava descompassadamente. Gina podia ouvir o coração dele batendo muito rápido.
Ela poderia ter rido de seu "ataque", mas na verdade seu coração também estava acelerado.
Mas logo chegaram. O homem levara-os até a frente de uma linda porta dupla.
- Aqui está o cartão para entrarem no quarto. Se o perderem há uma multa – disse, entregando-lhes algo que se parecia com um cartão de crédito. Logo já havia sumido no corredor.
Draco enfiou o cartão na estranha fechadura, mas não conseguiu obter sucesso.
Gina impacientemente tirou o cartão da mão dele e destrancou a porta facilmente.
Quando entrou, Draco olhou ao redor indiferentemente. A ruiva, no entanto, olhou estupefata para o lugar.
- Uau! – foi tudo o que conseguiu dizer.
N/A: Como o prometido: o 3º capítulo! Está um pouquinho maior que os outros dois, mas JURO que os próximos são bem maiores!
Continuem mandando reviews!!!
