Capítulo 6 – O Professor de Maldições

- Malfoy.

Nada.

- Malfoy.

Nada.

- MALFOY!

Ele acordou sobressaltado.

- O que foi? – perguntou nervoso.

- Já são onze e meia da manhã. Goldman está na lareira, quer falar com você.

Ele levantou-se. Suas costas doíam de novo. Ele pretendia reclamar mais tarde, com o gerente, pelo sofá ser tão duro. Mas foi até onde Gina estava.

Na lareira, se via a cabeça cheia de fios brancos e ralos de Goldman, parecendo levemente impaciente pela espera.

- Bom dia, Draco.

- O que você quer?

Goldman deu uma breve risada.

- E então, como foi ontem com os Comensais? Saiu tudo bem?

- Acho que sim – disse, esfregando os olhos.

- Já avisou o Creevey?

Gina franziu o cenho ao ouvir o sobrenome conhecido por ela pelos tempos de escola.

- Ele já sabia. Foi ele que me ajudou com toda essa baboseira para confiarem em mim mesmo sem me conhecerem... são bem desprevenidos, esses americanos...

- Esperem aí, qual Creevey? – a ruiva interrompeu.

Goldman olhou dela para Draco com uma expressão confusa. Então sua face foi ficando mais severa à medida que parecia entender o que estava acontecendo.

- Você não contou a ela? – perguntou incrédulo.

Draco deu um suspiro exasperado.

- Não. Não achei necessário...

- Ora, mas é claro que é necessário!

- OK, OK, eu já falo... Colin Creevey, aquele garoto tapado da Grifinória que estudou com você, ele é o espião.

Gina arregalou os olhos.

- Como eu nunca soube nada sobre isso?

- Oras, não sei!

- Ele era a criatura mais inocente e estúpida que eu já conheci! Como isso aconteceu?

- Deixa para lá. – Draco resmungou.

- Não vou deixar! Eu sou sua parceira de trabalho, tenho o direito de saber!

Goldman olhava severamente para Draco. O loiro olhou para o teto, se perguntando se ainda estava tendo um pesadelo.

- Ano passado, Colin Creevey veio falar comigo. Disse que estava cansado de não fazer nada na guerra e que se estivéssemos precisando, poderia virar um espião. Como estávamos realmente precisando, e fique claro que se não estivéssemos realmente necessitados eu nunca daria um trabalho tão importante para ele, eu aceitei. Ele é muito bom em Oclumancia, e isso era vital.

A ruiva arqueou as sobrancelhas.

- Então ele é um espião desde o ano passado?

Draco assentiu.

Gina então deu uma risada debochada.

- E ele é seu amigo? – perguntou céticamente.

- Não exatamente. Mas ele não é mais tão insuportável como era antes. Não é mais fanático por Harry Potter...

Gina o repreendeu com o olhar.

Os três ficaram em silêncio por alguns longos minutos. Draco parecia entediado. Gina ainda estava processando a informação que acabara de receber tão abruptamente.

Goldman, no entanto, parecia absorto num pensamento preocupante. Ele, que antes olhava para o chão, olhou para Gina.

- Virgínia, você por acaso sabe fazer as Maldições Imperdoáveis?

Gina hesitou por um momento.

- Não.

Foi a vez de Draco ficar incrédulo. Ele olhou para ela como se ela fosse uma completa maluca, fugitiva de um manicômio.

- O quê?! Como assim, você não sabe??!

- Acalme-se Draco.

- Por que é que você disse aos comensais que sabia? – perguntou numa voz sibilante e venenosa.

- Porque eu teria de saber se quisesse ser uma comensal.

- Sim, você realmente TERIA! Como é que alguém que trabalha no Departamento de Mistérios pode não saber as Maldições Imperdoáveis?

Gina revirou os olhos. Estava ficando irritada.

- Ora, não sou uma auror, não tenho que saber fazê-las. E além do mais, o Departamento de Mistérios serve para muitas coisas. Trabalho na parte mais intediante dele.

Goldman pareceu levemente ofendido com isso, mas os outros dois não pareceram notar.

Draco encarou-a por mais um tempo. Então soltou um suspiro de tédio, como que se dando por vencido.

- Bom, de qualquer jeito... se você lhes tivesse dito que não sabia, iria ter de aprender do mesmo jeito... a única diferença é que nós teríamos mais que DOIS MALDITOS DIAS PARA ENSINAR!

Ele estava prestes a falar mais alguma coisa, mas Goldman o interrompeu.

- Espere Draco... o que você quis dizer com 'nós'?

- Você e eu, claro!

- Err... eu receio não poder ajudar. Tenho algo importantíssimo para fazer. Parece que os comensais britânicos descobriram um modo de entrar no Ministério e não podemos deixar isso acontecer de jeito nenhum.

Draco pareceu indignado.

- Ninguém mais pode ajudar? – perguntou, sentando-se numa das poltronas em frente à lareira.

- Não. Estamos muito ocupados... Randall também não poderia... – ignorou a careta de Draco. Então seu rosto se iluminou repentinamente – É isso! Tenho alguém perfeito!

- Quem? – perguntou o loiro entediado.

- Você saberá depois. Tenho certeza que ele aceitará. Vou indo agora. Mas comece com as aulas já.

- Eu não sei dar aulas!

Mas Goldman não ouviu, já tinha desaparecido por entre as chamas.

Gina virou-se e encarou Draco.

- E então?

Ele demorou quase um minuto para responder.

- Você só me dá trabalho, Virgínia.

Ela lançou-lhe um olhar ameaçador, ao qual ele não deu muito crédito.

- Eu não sirvo para isso – resmungou para si mesmo. E virou-se para ela. - Vejamos. O que você sabe sobre as Maldições Imperdoáveis?

- Que são imperdoáveis – retrucou.

Ele deu um sorriso cínico.

- Se você não quer colaborar, vamos por outra tática. Consegue resistir à Maldição Imperius?

- Não sei.

Draco arqueou as sobrancelhas.

- Como alguém num mundo como está este, pode não saber se resiste ou não à única maldição que se pode resistir?

- Minha professora no 4º ano foi a pior possível.

É, ele tinha que reconhecer que ela estava certa.

- Bem, então descobriremos agora. iImpério./i

Os olhos de Gina saíram de foco. Sua mente de repente parecia leve e livre de qualquer problema. Tudo parecia perfeitamente bem.

Então uma voz falou dentro de sua mente.

- QUEBRE O VASO.

Ela olhou para a mesinha ao seu lado. Um lindo vaso chinês e de tamanho médio se encontrava em cima dela.

- QUEBRE O VASO.

Ela pegou o vaso nas mãos, e sem cerimônia, jogou-o contra a parede. O vaso voou a toda a velocidade e espatifou-se.

Ela então, sentiu tudo voltar à tona. Draco a encarava com a varinha abaixada, com uma expressão de satisfação no rosto.

-Você não consegue resistir. Mas tudo bem, poucos conseguem.

- Você consegue?

- Não.

Ficaram em silêncio por alguns segundos.

- Bem, a maldição que eu aprendi mais rapidamente foi a Imperius, então vamos começar por ela. É claro que eu não aprendi em um dia e meio, mas já que não tem outro jeito...

Ele olhou à sua volta, pensativo. Tentava lembrar-se de como havia aprendido. Seu pai o havia ensinado. Mas eles haviam treinado em um elfo doméstico, e isso estava fora de cogitação. Então se lembrou de que Moody havia usado uma aranha na demonstração das maldições em uma aula, em seu 4º ano.

Ele apontou a varinha para o chão e conjurou uma aranha grande e peluda. Gina sorriu ao lembrar que, se fosse seu irmão em seu lugar teria saído correndo.

- Vou lhe mostrar como faço e então você tenta – apontou a varinha para a aranha – Império.

A aranha se sustentou sobre somente quatro patas (N/A: lembrando que aranhas têm oito patas!) e saiu andando de um jeito muito engraçado. Então parou no lugar que estava e começou a pular, cada vez mais alto. Parou.

Draco abaixou a varinha.

- Vê como fiz? Você tem que se concentrar na vítima, somente nela. Agora, segure sua varinha com força – Gina apertou sua mão direita na varinha – e aponte-a para o coração da vítima.

Gina olhou-o céticamente.

- Como vou saber onde fica o coração dessa coisa?

- Ora, aponte para ela e pronto!

Ela assim fez.

- Agora concentre-se nela. Somente nela. Como se pudesse penetrar sua pele.

Ela tentou se concentrar o máximo que podia.

- Pense no que quer que ela faça.

"Pule" disse para si mesma, "pule".

- Império.

A aranha continuou exatamente como estava.

- É, eu sabia que ia ser assim. Nunca dá certo na primeira vez. Tente outra vez.

* * *

- Você não está se concentrando o suficiente, Virgínia – ele resmungou, uma hora e meia depois. – Você tem que manter sua mente vazia.

Ela tentou mais uma vez. Nada. Nem um mísero pulo.

- Não consigo.

- Vamos lá, não pode desistir!

Ele levantou-se e foi até ela.

- Mantenha só a ordem na cabeça, nada mais, senão nunca dará certo.

- Eu já fiz isso!

Ele olhou-a severamente. Chegou mais perto e pegou na mão dela que segurava a varinha. Levantou-a em direção à aranha.

- Se não tentar de novo não vai conseguir.

Soltou a mão dela e ficou do seu lado, esperando.

- Império.

A aranha, milagrosamente, deu um pequeno pulo.

Ele sorriu.

- Viu só, é só me obedecer.

Ela revirou os olhos.

- É um ótimo começo, Virgínia.

N/A: Pelo amor de Deus, não falem que o Draco está muito bonzinho e atencioso, ele não pode ser um mimado e imaturo para sempre!

Gina também sorriu involuntariamente.

- Mas ainda é muito pouco. Ela tem que virar um fantoche, te obedecer em tudo o que você a mandar fazer, não tentar resistir. Ela não pode resistir. Pense que ela pode ser facilmente manipulada, que você é maior que ela.

- Malfoy, eu sou maior que ela!

- Pare de retrucar e aja!

Gina suspirou. Fechou os olhos. Estava mais confiante agora, sabia que era capaz.

- Império.

A aranha deu novamente um só pulo.

- Concentre-se Virgínia.

Ela estava ficando impaciente.

- Pare de me mandar concentrar! Já sei o que tenho que fazer.

- Se soubesse a aranha já estaria pulando mais que pipoca! –  retrucou.

Ele percebeu que ela havia mudado de expressão, parecia prestes a desistir novamente.

- Nem pense em parar. Isso leva tempo! Você queria o quê? Aprender o que se aprende em meses, em apenas uma hora?

- Meses?

- Em alguns casos, sim. Mas algumas pessoas, como o grandioso Potter, conseguem em um dia ou dois. Claro que treinam o dia todo, e é por isso que temos que treinar o máximo que pudermos.

- Eu não sou o Harry. Nunca vou conseguir em um dia e meio. E tem mais duas maldições mais difíceis que essa! – Gina, interiormente, estava começando a entrar em pânico.

- Sim, bem, quando você pega prática em uma as outras ficam mais fáceis.

A ruiva não parecia ter acreditado.

- Virgínia, olhe para mim – ela virou-se para ele. – Você pode fazer isso. Eu conheço a sua capacidade, sei que você pode conseguir.

Ela olhava no fundo de seus olhos azuis acinzentados, que milagrosamente tinham algum sentimento naquela hora. Ela só não conseguia definir que sentimento era aquele.

- Eu não vou conseguir.

-Claro que vai, eu sou um ótimo professor!

Ela deu uma rápida risada.

- Claro que é.

- E você é uma boa aluna – ele disse, aproximando-se mais.

- Uma boa aluna que nem consegue fazer uma maldição.

- Isso é só uma questão de tempo.

- É, acho que sim...

Ele estava perigosamente perto. Gina não conseguia pensar em mais nada para falar. Era tudo muito superficial naquela hora.

Draco hesitantemente, levantou a mão direita e a levou ao rosto da ruiva. Acariciou sua bochecha rosada e com algumas sardas, sendo que algumas haviam desaparecido de uns anos para cá.

Ele não sabia o que estava fazendo, só sabia que não teria uma oportunidade dessas tão cedo. Ela estava ali, em sua frente, de olhos fechados, a boca entreaberta. Ele chegou mais perto. Podia sentir sua respiração. Estava a centímetros...

- Eu acho que vocês deveriam estar fazendo alguma coisa útil e não perdendo seu precioso tempo – disse uma voz severa, vinda de algum lugar perto da lareira.

Gina abriu os olhos e se afastou do loiro, alarmada.

Olhou em direção à lareira somente para encontrar a última pessoa que imaginava e queria ver naquela hora.

- Harry?

N/A: Continuem mandando reviews, mais é sempre melhor!! O próximo capítulo vai ser maior, aguardem!!! E muito obrigada a quem mandou!