Capitulo 3: Adeus, meu amor demoníaco.

   Gina acordou se sentindo um caco. Olhou para os raios de sol entrando pela janela e se sentiu pior ainda. Hoje era o dia. Era o dia de terminar aquilo tudo, embora boa parte de seu corpo reclamasse, ela se decidira ajudar Edward e Tom. Resmungou coisas sem sentidos e se remexeu mais uma vez na cama, até que se levantou, ainda resmungando com a mão segurando a cabeça que doía um pouco.

  Tomou um banho e colocou um robe. Tomou seu café lendo o Profeta Diário, seria uma manhã insignificante de Sábado até ela ouvir a campainha. Pensou em quem poderia ser, pensou até em seus irmãos, mas uma certa lógica invadiu sua cabeça e o nome Tom veio em sua cabeça, e realmente, era ele, ou melhor, Edward.

   - Ah, olá – Ela disse sem graça enquanto carregava na mão uma caneca de bichinhos.

  O próprio Edward estava sem graça também, pois achava que essa hora ela já estaria vestida e já teria comido o café da manhã. Mas não, lá estava ela com um robe e uma caneca dando bom dia a ele. Teve vontade de se virar e sair correndo, mas se contentou a olhar para o lado e dizer:

   - Desculpa vir nessa hora, mas achava que você já estaria pronta para darmos um fim nisso logo de uma vez e...

   - Ora, não seja bobo, entra logo nessa porcaria de apartamento. Vou me trocar e deixa de ficar assim, eu não estou nua, estou de robe.

   Sim, Gina estava visivelmente irritada, mas nem ela mesmo ao menos sabia explicar o porquê. Até sabia, mas não queria admitir, porque ela não queria mesmo admitir que estava realmente apaixonada pelo homem responsável por tamanha infelicidade na vida dela. Ao olhar seu caderno considerado diário ao entrar em seu quarto teve uma grande vontade de ir lá e escrever por um bom tempo, mas ouviu a voz de Edward perguntando se poderia pegar uma das torradas que estavam na mesa e voltou À realidade, se vestindo. Ela tinha que dar um fim naquilo logo. Se vestiu e foi até à sala ainda com a cara emburrada.

   - Anda, vamos logo – Disse pegando sua bolsa e as luvas. Olhou impaciente para Edward que olhava pela janela e comia uma torrada. – Anda!

  - Sim, claro, desculpe – Ele disse a segurando a porta para ela – As damas primeiro.

  Gina bufou, porque diabos ele estava tão animado? Analisando a situação dele, ele iria morrer naquele dia e estava feliz? Pelo amor de Merlin! E ele percebeu:

   - Estou sendo pessimista, Gina, pare de ficar assim. Eu estou sofrendo sim, mas escondido, eu diria. Não consigo expressar meus sentimentos bem.

   Gina teve vontade de dizer "percebe-se", mas apenas resmungou algo. Os dois andavam quietos na rua, e Edward parecia um guarda-costa por andar atrás de Gina e ser alto, pois não pareciam de jeito nenhum namorados. Gina tinha em sua cabeça um grande conflito de espírito, se analisarmos a situação dela, ela ajudaria o suicídio daquele que ela parecia amar, e isso a deixava tão nervosa que acaba a deixando hostil com as pessoas. Sentiu vontade ser ainda uma pequena menininha que a mãe e os irmãos mais velhos protegiam. Isso antes de sua vida dar aquela reviravolta, antes dela conhecer seu Tom. Andava de cabeça baixa e pensava em toda sua vida, de sua vida ao lado dos irmãos que a mimaram e ela sorria, e então vinha Tom e ela ficava séria, mas no seu fundo ela gostava. Gostava, porque ela não conseguia odiá-lo e isso sempre fora uma aflição para ela. Meu Tom, meu melhor amigo, mais do que amigo, ela pensou.

   Ela amava quando ele a chamava de pequena. Era entorpecedor quando ele vinha atrás dela e enlaçava os braços sobre ela e então dizia nos ouvidos dela "Venha minha pequena, venha para seu querido Tom". Teve vontade de chorar, e nem ao menos sabia porquê.

   Porque ele iria morrer? Porque ela fora usada? Não, porque ela não conseguia odiá-lo. E isso era frustrante.

  Ela sentiu uma mão em seu ombro e se virou automaticamente, vendo quem ela esperava que fosse, Edward. Ele não a olhou nos olhos, o que fez ela perceber que era Tom quem falava agora:

   - Não se culpe por o que aconteceu e o que sente. Eu não poderia dizer porque eu sinto mesmo – Ele parou de olhar para o céu e olhou para seus sapatos – Porque eu, eu realmente... acho que um de meus maiores arrependimentos foi… – Ela deu um suspiro – Tê-la usado. Não, eu não me arrependo das mortes e guerras. A única coisa que me arrependo foi o que fiz contigo, Gina. E você sabe que não adianta conversar comigo, eu não mudarei de idéia.

   Gina ficou quieta, até porque estava um pouco surpresa. Ela nunca pensou que Tom fosse admitir, caso sentisse algo por ela, e pelo jeito sentia. Ela não conseguia tirar os olhos do chão. E então foi reconhecendo a calçada lamacenta e sentiu um aperto no coração: estava chegando ao prédio aonde lá, Tom iria embora.

   - Ei! Não desista, vamos – Edward pegou na mão dela, e por essa simples ação ela percebeu que era Edward quem falava agora.

   E por um momento uma idéia surgiu em sua cabeça. Se ela já havia se acostumado em dois dias com a troca de personalidade de Edward e Tom, porque não eles viverem juntos? Mas resolveu apagar a idéia de sua cabeça, os dois estavam decididos e não mudariam de idéia agora. Sua mente trabalhava à procura de uma solução, mas não achava nada. Talvez fosse mesmo o certo dar um fim a Lord Voldemort. Mas ela não queria pensar nisso, porque naquele momento ele não era Voldemort, ele era seu Tom. Sabia que estava sendo egoísta, e também sabia que se seu Tom ficasse vivo sua parte Voldemort poderia voltar, mas ela não conseguia pensar nisso, ela só pensava que seu Tom ia embora. E então ela e Edward pararam em frente a enorme portal de metal, já meio enferrujada do velho prédio.

   - Vamos? – Edward disse, encostando lentamente na maçaneta da porta.

  Gina apenas assentiu com a cabeça. Com uma certa dificuldade ele abriu a porta, e eles viram um jardim enorme sujo e cheio de folhas caídas, e logo à frente outra porta quase totalmente coberta por trepadeiras. Edward pegou a varinha e em um minuto a porta já estava sem nenhum trepadeira. 

  E ele entrou. Ela viu um corredor escuro com algumas folhas que deveriam ter entrados pelas janelas quebradas e só depois de se certificar que não havia nenhum bicho por ali entrou, seguindo Edward. Era um prédio sujo e acabado, mas se ela prestasse atenção veria que era um edifício antigo com estátuas e monumentos antiquíssimos, mas como estavam sujos dava uma aparência ruim.

   - O prédio seria lindo se fosse conservado – A voz de Edward surgir do nada a assustando.  

   - Ah, seria sim. – Ela disse parando de olhar para uma estátua de anjo e correndo até Edward.

   - Se você pudesse fazer um favor a nós... depois que nós formos embora... não sobrará nenhum descendente de Slytherin e ele com certeza não irá ressuscitar, mas não é isso que quero dizer. Esse prédio foi construído pelo meu avô. Se você pudesse.. levar o livro para outro lugar e, bem, gostaria que cuidasse do prédio, amaria se ele voltasse a ser o hotel que foi um dia.

   - Isso era um hotel?

   - Ahh, era sim. Dos mais luxuosos, mas minha mãe não fez a coisa certa... se relacionando com aquele traste – Ela viu a cara de Tom fazer uma careta – E o hotel foi abandonado quando ela morreu. 

   - E você não deu importância a ele?

   - Eu tinha outras coisas a fazer..

   - Matar gente e dominar o mundo – Gian disse baixinho, mas ele ouviu.

   - Você não entenderia… – Ele disse se virando. – Agora vamos logo. Não posso perder mais tempo.

   "O senhor quem manda…", Gina pensou e uma melancolia se abateu contra ela. Era simplesmente horrível ver aquele que ela amava desistir de tudo e nem a presença dela o fazia mudar de idéia.

   - Gina? Chegamos, é nessa sala. – Ela percebeu que agora era Edward pelo movimento cortês que ele fez ao segurar a porta para ela.

   Ia ser tudo aquilo assim, vapit-vaput? Não tinha graça, não podia ser, Gina pensava, Voldemort terminando daquele jeito? Não, não é Voldemort que está morrendo... é meu Tom que está se indo.

   - Gina? – Edward a chamou – Anda logo! – E ela olhou e viu mais uma vez Tom à sua frente. – É só ler aqueles trecos no livro. – Disse irritado.

   Gina ficou parada, seu corpo não queria se mexer e ela queria pelo menos um beijo de despedida. Ela sabia que Tom não faria isso então deu um sorrisinho sem graça e comentou, se virando:

   - Se eu tivesse nascido antes, talvez eu pudesse ter mudado isso. Mas sei que não nasci me satisfaço com isso.

  E para a surpresa dela, pegou seu braço e deu um beijo nela. Foi rápido, mas o suficiente para os dois. Tom correu para a roda e Gina percebeu pelas feições no rosto que agora quem falava era Edward. Deu um sorrisinho e foi andando até o livro. Olhou o livro, parecia ter sido feito a séculos. Passou os dedos nele para limpar a poeira, e então falou.

   Quando ela começou a falar percebeu que aquilo não era a língua humana, e então a pensou que quando ela trocara sangue com Tom na sua adolescência devia ter adquirido a habilidade de falar a língua das cobras porque ouviu chiados muito parecidos como os que Harry fizera para afastar a cobra de Justino, um garoto da Lufa-lufa. E então uma luz foi surgindo e iluminando eles, junto a uma fumaça verde. Ela tentou olhar para Tom e Edward e a última coisa que ouviu antes deles sumirem foi:

   - Adeus Gina… seria bom se você tivesse nascido antes.

   Ela ia falar algo, mas a profecia se acabou e logo ela estava sozinha. Sem luz, sem fumaça. Apenas ela, as folhas caídas, o prédio... e o vento. Ficou um tempo ali até que se moveu para fora do prédio.

   Deu uma última olhada no prédio e sorriu, seu próximo passo era ir ao ministério e ver toda a papelada do hotel para assim reformá-lo. Mas antes, ela precisava escrever.

   Chegou em casa e pegou sua caderneta com o que ela escrevera no dia anterior.

   " Eu sinto saudades dele, porque um de meus maiores conflitos é que eu nunca o odiei de. E com o amor fato. Porque eu o amo não se pode discutir.

   Sentirei falta dele, dos sonhos que tinha com ele, de tudo. Mas a vida continua. Nunca mais ouvirei os passos dele por trás de mim, e os seus braços me enlaçarem e por fim ele colocar a boca no meu ouvido e me chamar "Venha, minha pequena..." .

   Gostaria de ter nascido anos antes e poder ter impedido tudo o que ele fez, quem sabe assim nós poderíamos ter ficado juntos?

   Mas não dá… então me contentarei com as lembranças de Tom, o meu Tom. Não importa, mesmo que ele tenha me usado, as palavras dele pedindo desculpas, são o suficiente.. porque eu não consigo odiá-lo."

   Gina sorriu e então viu uma chave e papéis ao lado de sua bolsa, e quando os leu sorriu. Eram os documentos do hotel, Edward devia ter os deixado ali. Uma das chaves era do hotel e outra do apartamento onde Edward morava.

   Gina olhou pela janela e sorriu. Ela agora retomaria sua vida, do jeito que ela queria. Nada de chefes chatas a comandá-la, nada de arrependimentos... do jeito que ela sempre sonhou.

FIM

N/A: Bah, ficou fraquinha, mas vai assim mesmo, a fic não era para ser grande, né? Agradecimentos a Satine por betar a fic.