DE VOLTA À CAPELA
CAPÍTULO 7 - OS NOVOS "BULLIES"
"Clarence Whitfield", disse Hanson, lendo a ficha com o primeiro caso que a capela resolveria, dando a volta à mesa de reuniões onde sua nova equipe o ouvia atentamente. "Parece o típico caso de 'bullying', ou seja, de perseguição dentro do Ginásio Taylor".
"É uma escola de elite, pelo que eu saiba", comentou Mancini, lembrando ter visto ou ouvido o nome da referida escola em algum outro lugar.
"Um dos ginásios mais conceituados do nosso distrito", explicou Hanson. "Muitos alunos do Taylor conseguem boas bolsas nas universidades".
"Nunca houve casos de drogas", completou Hoffs.
"Mas tem acontecido muitos casos de 'bullying' por lá. Já foram feitas diversas reclamações", disse Hanson. "Mas o que aconteceu com o garoto Whitfield parece ter sido a gota d'água", comentou, jogando a ficha sobre a mesa, para todos verem.
Lisa pegou o documento:
"Clarence Whitfield, dezesseis anos, encontrado morto no vestiário masculino do Ginásio Taylor, às 16:21 horas, pelo zelador, que não quis se identificar", disse ela, lendo o conteúdo, enquanto Alex e Daniel a ouviam, com muita atenção. "Segundo exames médico-legistas, a causa da morte foi dada como 'por espancamento'".
Ao terminar a leitura, Lisa mostrou a ficha aos demais colegas, horrorizada. Por mais escabrosos tenham sido os crimes que ela já viu e que mesmo tenha ouvido falar, ainda assim, um caso como aquele, ainda a sensibilizava.
"A mãe de Clarence mandou para a polícia uma cópia dos e-mails que o filho dela vinha recebendo nos últimos dias, antes de sua morte", disse Hoffs, entregando as fotocópias para Lisa Marie, que parecia ter sido escolhida a leitora oficial.
"Vai morrer cretino", disse ela, lendo o teor de uma das mensagens anônimas, e cujo e-mail tinha como identificação o nome 'patrulheiro', e era de uma conta qualquer num site de e-mails gratuitos. "Não esqueça de olhar para trás ao andar pela rua", continuou ela, lendo outra das mensagens. "Louco esquisito", concluiu.
"Perseguição pura", comentou Lachance, que parecia entender bem do assunto. "O cara que escreveu isso é um psicótico".
"É provável que tenha mais envolvidos", disse Hanson. "Uma surra como a que ele levou não poderia ter sido desferida por apenas um dos garotos do colégio, por mais que fosse até mesmo o zagueiro do time de futebol".
Mancini concordou, balançando a cabeça, ao ver as fotos feitas pelas polícia no local do crime, onde o rosto de Clarence estava desfigurado.
"Acho que posso tentar descobrir quem enviou essas mensagens", disse Lisa, subitamente, relendo os e-mails.
"Isso é possível?", perguntou Hanson.
"Mas eu teria que ir à casa dos Whitfield e mexer no computador do Clarence", explicou ela.
"Certo", disse Hanson. "De resto, temos alguns prováveis suspeitos, que são garotos que fazem perseguição dentro da escola. Dando a entender que esse foi resultado de uma perseguição, creio que Alex pode se infiltrar em meio aos garotos 'bullies' e Lisa se envolveria com as garotas, pois também houve casos de perseguição feminina dentro do colégio. Hoffs vai entrar na operação como uma professora substituta".
"E eu?", perguntou Lachance.
"Quero que você se aproxime do irmão de Clarence", respondeu Hanson. "A mãe dele disse à psicóloga da polícia que ele anda muito estranho nesses últimos três dias".
"E o meu disfarce não vai ser comprometido se eu for visitar os Whitfield?", perguntou Lisa.
"Eles são família da vítima. Não vai ter problema", respondeu Hanson. "Além do mais, se o irmão de Clarence puder ajudar, Lachance vai estar colado nele e você apenas se certifique de ir à casa dos Whitfield quando o garoto não estiver por lá".
Todos ficaram em silêncio, cada qual analisando os documentos do caso sobre a mesa.
"O quê vocês estão esperando?", perguntou Hanson.
...
Enquanto Lisa falava ao telefone com um conhecido do Departamento de Informática para saber se ele podia ajudá-la a identificar a origem de um e- mail, Daniel Lachance e Alex Mancini faziam o levantamento dos casos precedentes de bullying no Ginásio Taylor. Quando Lisa desligou e perguntou para os dois se o capitão estava na sala e eles lhe disseram que ele havia saído, Lachance aproveitou a oportunidade para dividir com os dois novos colegas sua primeira impressão a respeito de Hanson:
"O quê vocês acharam dele?", perguntou, meio que sussurrando, enquanto ainda haviam alguns técnicos que arrumavam a iluminação na capela.
Mancini olhou para os dois, e respondeu:
"Eu acho que vamos aprender muito com ele".
"Mas ele é meio estranho, não acham?", perguntou Lachance, tentando conduzir a discussão para um rumo mais pessoal do que profissional.
"A julgar pelo modo que ele se veste, não vejo nada demais", comentou Mancini. "Serpico se vestia muito pior", comentou, lembrando de um filme com Al Pacino.
"Mas tenho certeza que você também se surpreendeu ao vê-lo pela primeira vez", insistiu Lachance.
Mancini apenas sorriu, sem manifestar qualquer opinião.
"Lachance", disse Lisa, subitamente, chamando a atenção dos dois. "Faça o seguinte: abra a sua mente. Esqueça tudo o quê você aprendeu na Academia a partir de agora".
"Serpico?", indagou ele, confuso, sem saber do que se tratava e ainda pensando no comentário de Mancini.
Lisa e Mancini se entreolharam e sorriram brevemente, enquanto Lachance procurava assimilar o conselho.
Continua...
CAPÍTULO 7 - OS NOVOS "BULLIES"
"Clarence Whitfield", disse Hanson, lendo a ficha com o primeiro caso que a capela resolveria, dando a volta à mesa de reuniões onde sua nova equipe o ouvia atentamente. "Parece o típico caso de 'bullying', ou seja, de perseguição dentro do Ginásio Taylor".
"É uma escola de elite, pelo que eu saiba", comentou Mancini, lembrando ter visto ou ouvido o nome da referida escola em algum outro lugar.
"Um dos ginásios mais conceituados do nosso distrito", explicou Hanson. "Muitos alunos do Taylor conseguem boas bolsas nas universidades".
"Nunca houve casos de drogas", completou Hoffs.
"Mas tem acontecido muitos casos de 'bullying' por lá. Já foram feitas diversas reclamações", disse Hanson. "Mas o que aconteceu com o garoto Whitfield parece ter sido a gota d'água", comentou, jogando a ficha sobre a mesa, para todos verem.
Lisa pegou o documento:
"Clarence Whitfield, dezesseis anos, encontrado morto no vestiário masculino do Ginásio Taylor, às 16:21 horas, pelo zelador, que não quis se identificar", disse ela, lendo o conteúdo, enquanto Alex e Daniel a ouviam, com muita atenção. "Segundo exames médico-legistas, a causa da morte foi dada como 'por espancamento'".
Ao terminar a leitura, Lisa mostrou a ficha aos demais colegas, horrorizada. Por mais escabrosos tenham sido os crimes que ela já viu e que mesmo tenha ouvido falar, ainda assim, um caso como aquele, ainda a sensibilizava.
"A mãe de Clarence mandou para a polícia uma cópia dos e-mails que o filho dela vinha recebendo nos últimos dias, antes de sua morte", disse Hoffs, entregando as fotocópias para Lisa Marie, que parecia ter sido escolhida a leitora oficial.
"Vai morrer cretino", disse ela, lendo o teor de uma das mensagens anônimas, e cujo e-mail tinha como identificação o nome 'patrulheiro', e era de uma conta qualquer num site de e-mails gratuitos. "Não esqueça de olhar para trás ao andar pela rua", continuou ela, lendo outra das mensagens. "Louco esquisito", concluiu.
"Perseguição pura", comentou Lachance, que parecia entender bem do assunto. "O cara que escreveu isso é um psicótico".
"É provável que tenha mais envolvidos", disse Hanson. "Uma surra como a que ele levou não poderia ter sido desferida por apenas um dos garotos do colégio, por mais que fosse até mesmo o zagueiro do time de futebol".
Mancini concordou, balançando a cabeça, ao ver as fotos feitas pelas polícia no local do crime, onde o rosto de Clarence estava desfigurado.
"Acho que posso tentar descobrir quem enviou essas mensagens", disse Lisa, subitamente, relendo os e-mails.
"Isso é possível?", perguntou Hanson.
"Mas eu teria que ir à casa dos Whitfield e mexer no computador do Clarence", explicou ela.
"Certo", disse Hanson. "De resto, temos alguns prováveis suspeitos, que são garotos que fazem perseguição dentro da escola. Dando a entender que esse foi resultado de uma perseguição, creio que Alex pode se infiltrar em meio aos garotos 'bullies' e Lisa se envolveria com as garotas, pois também houve casos de perseguição feminina dentro do colégio. Hoffs vai entrar na operação como uma professora substituta".
"E eu?", perguntou Lachance.
"Quero que você se aproxime do irmão de Clarence", respondeu Hanson. "A mãe dele disse à psicóloga da polícia que ele anda muito estranho nesses últimos três dias".
"E o meu disfarce não vai ser comprometido se eu for visitar os Whitfield?", perguntou Lisa.
"Eles são família da vítima. Não vai ter problema", respondeu Hanson. "Além do mais, se o irmão de Clarence puder ajudar, Lachance vai estar colado nele e você apenas se certifique de ir à casa dos Whitfield quando o garoto não estiver por lá".
Todos ficaram em silêncio, cada qual analisando os documentos do caso sobre a mesa.
"O quê vocês estão esperando?", perguntou Hanson.
...
Enquanto Lisa falava ao telefone com um conhecido do Departamento de Informática para saber se ele podia ajudá-la a identificar a origem de um e- mail, Daniel Lachance e Alex Mancini faziam o levantamento dos casos precedentes de bullying no Ginásio Taylor. Quando Lisa desligou e perguntou para os dois se o capitão estava na sala e eles lhe disseram que ele havia saído, Lachance aproveitou a oportunidade para dividir com os dois novos colegas sua primeira impressão a respeito de Hanson:
"O quê vocês acharam dele?", perguntou, meio que sussurrando, enquanto ainda haviam alguns técnicos que arrumavam a iluminação na capela.
Mancini olhou para os dois, e respondeu:
"Eu acho que vamos aprender muito com ele".
"Mas ele é meio estranho, não acham?", perguntou Lachance, tentando conduzir a discussão para um rumo mais pessoal do que profissional.
"A julgar pelo modo que ele se veste, não vejo nada demais", comentou Mancini. "Serpico se vestia muito pior", comentou, lembrando de um filme com Al Pacino.
"Mas tenho certeza que você também se surpreendeu ao vê-lo pela primeira vez", insistiu Lachance.
Mancini apenas sorriu, sem manifestar qualquer opinião.
"Lachance", disse Lisa, subitamente, chamando a atenção dos dois. "Faça o seguinte: abra a sua mente. Esqueça tudo o quê você aprendeu na Academia a partir de agora".
"Serpico?", indagou ele, confuso, sem saber do que se tratava e ainda pensando no comentário de Mancini.
Lisa e Mancini se entreolharam e sorriram brevemente, enquanto Lachance procurava assimilar o conselho.
Continua...
