Capítulo 5 –
Um beijo me elevou aos céus e agora eu não preciso saber mais nada
A porta do apartamento estava na sua frente, como se o desafiasse a continuar.
Ah como ele gostaria de ter sido atingido por um balaço novamente! Quem sabe
isso lhe daria coragem para continuar!
Mas não! Então ele estava à mercê de sua própria coragem.
Bateu na porta.
Silêncio. Espera. Dúvida.
Bateu na porta novamente.
Silêncio. Espera. Dúvida.
A porta se abriu. Um passo ele deu. E que passo!
É claro que seus irmãos Fred e Jorge iriam rir dele se contasse o quanto o
mover de seus pés tinha lhe dado tanta felicidade! Mas que importava isso para
Rony agora?
E lá estava ela!
Não olhava para ele, tinha sua cabeça abaixada e segurava a porta para o caso
de precisar fechar rapidamente contra a cara de Rony:
- O que você quer, Rony?
- Eu preciso falar com você...Por favor, me ouça. – Ele respirou fundo antes de
continuar - Aquilo no jornal...Era tudo besteira! Hermione...Eu... – ele parou,
buscando palavras. - Quando eu ouvi que você ia casar com Krum...Eu não
consegui agüentar. Eu não estou louco...E...E eu não estou noivo...Eu
definitivamente não estou noivo da Padma! Por Merlin, eu acho aquela garota uma
chata! Só saímos juntos duas vezes! E foi o suficiente para eu não conseguir
mais suportar ela! O que ela falou era tudo mentira!
Houve um longo silêncio. Hermione levantou o rosto:
- Eu sei.
Rony estava pálido agora. Ela sabia...:
- Você acha mesmo que eu ia acreditar no que a Padma diz? - continuou Hermione
como se pedisse por algo.
- Então...Você...
Rony não teve coragem de continuar a falar. Foi ele quem abaixou a cabeça
agora.
"Tolo! Tolo! Mil vezes tolo!" pensou com raiva de si mesmo por se quer imaginar
um final feliz para aquele conto de fadas medíocre. Deu um passo para trás,
perdendo a esperança:
- Hermione...Eu sinto muito. Eu não vou te incomodar mais.
Começou a se virar para ir embora quando ela o pegou pelo braço:
- Eu só preciso de uma razão.
Rony se virou, confuso:
- Uma razão?
- Uma razão para você querer casar comigo...Uma razão para eu aceitar me casar
com você.
Agora ele estava perplexo. Silêncio se seguiu.
E esse silêncio foi doloroso para ambos. Para ele, que se xingava mentalmente
por não conseguir abrir a boca, com medo de vomitar todo o conteúdo do seu
estômago (Maldita seja aquela bebida! Nunca mais ia encostar num copo, nem que
seja meio copo de Rabo de Dragão). E para ela, que esperava ansiosamente pela
resposta e tentava se segurar para não desmaiar ali mesmo.
E assim se passou o silêncio cortante. E finalmente, ela desistiu e começou a
fechar a porta.
O ruivo se desesperou e empurrou a porta com força, evitando que se fechasse:
- Eu te amo!
Ela parou, estática e vermelha como um pimentão. Sim, um pimentão...Mas para
ele que pimentão mais lindo ela era!
Ele se moveu, coração bombeando o sangue vermelho para suas orelhas. Essas eram
grandes e vermelhas como dois tomates murchos. Que adoráveis eram aquelas
orelhas para ela!
Mas chega disso! Como se tivesse levado de novo um balaço na cabeça oca, ele
percebeu o que deveria fazer. O que ele tinha sido idiota de deixar escapar da
primeira vez.
Ele se moveu rapidamente para perto dela, hesitou um segundo e depois a beijou
como se não conseguisse se segurar mais. Ela não retribuiu de susto. Mas ele
não deu tempo para mais nada, se afastou e segurou as mãos delas nas suas:
- Casa comigo. Casa comigo porque eu te amo. Porque você me completa.
O rosto de Hermione começou a ficar molhado por lágrimas. E ela abriu um lindo
sorriso. Rony abriu outro em retribuição. E os dois ficaram sorrindo um para o
outro, como dois bobos. Dois bobos incrivelmente apaixonados. Por fim a
felicidade foi fechada com chave de ouro com as palavras de Hermione:
- Era tudo o que eu queria ouvir!
E ela se jogou nele, o abraçando. Depois de alguns segundos ele resolveu
garantir que não houvesse mais enganos e perguntou, ainda com um pouco de
receio:
- Então você aceita casar comigo?
- Aceito, seu bobo.
Ficaram vários minutos só abraçados até que Hermione falou em seu ouvido:
- Que estória é essa que eu ia me casar com o Krum?
Rony riu:
- Quem se importa agora?
E ele a beijou dessa vez com mais confiança e desta vez ela retribui.
A vida era perfeita agora, pássaros cantavam lá fora (mesmo que ele não
ouvisse), o dia era lindo, bebês davam aquelas risadinhas bonitinhas, namorados
faziam piqueniques e ele podia até jurar que estava ouvindo uma música
romântica de fundo.
Então o beijou acabou:
- Mas que bafo, Rony! Você comeu um bicho morto antes de vir para cá?
Os pássaros definitivamente tinham parado de cantar. E aquela música devia ter
sido só imaginação dele.
Era definitivo: Nunca mais ia tomar sequer uma gota de Rabo de Dragão.
E eles viveram felizes para sempre (mais ou menos...Digamos que foram felizes
por um longo, bem longo mesmo, tempo), depois que o Rony escovou os dentes.
FIM
