Amar por correspondência

Capitulo 04 - Outra Carta ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Os primeiros raios de sol começaram a aparecer no horizonte. Kagome acordou com o canto dos passarinhos. Ainda estava meio escuro. Ela se mexeu e sentiu algo macio sobre a pele de seu rosto. Sorriu.

- Buyo...

Ela abraçou Buyo um pouco mais. Ainda estava um pouco sonolenta. Ei... Mas tinha algo muito errado... Aquele Buyo estava anormalmente grande, grande e quentinho... Não que seu gato não fosse quentinho, mas aquele calor era diferente... Parecia... Humano. Buyo era um gato domestico não uma pantera. Porém, ela resolveu ignorar os fatos. Estava com sono demais para contestar o obvio, pelo menos para ela. Ela acomodou-se mais um pouco e moveu suas mãos até encontrar as orelhas, no topo da cabeça do gato. Sem dúvida, era Buyo. Então ela fez o que sempre costumava fazer, mexeu seus dedos entre os pelos e as orelhas.

Inuyasha voltava do sono aos poucos. Ele estava tendo um sonho muito estranho... Sonhava que estava em um lugar muito frio, mas a única parte congelada era seu braço, o qual ele não conseguia sentir. E quando despertou, de fato, pode perceber que aquele braço estava dormente. Havia um peso sobre ele e de inicio estranhou aquilo, já que morava sozinho. Seria um ladrão? Mas o que um ladrão estaria fazendo abraçando-o? Epa... E se ele fosse gay! Inuyasha ficou aturdido com a idéia, mas incapaz de reagir. Um ladrão não poderia exalar um cheiro tão doce.

Ele sentiu algo mexendo nas suas orelhas... Kikyou não costumava fazer aquilo, ele não gostava do toque dela nas orelhas dele. Mas aquele toque, por mais estranho que fosse, era diferente. Não podia ser Kikyou. Ele abriu seus olhos lentamente e ficou paralisado. Ele se lembrou de Kagome. Por que mesmo que ela estava ali? Um pequeno incidente no dia anterior... O barbudo do 804.

Ele tentou se mexer e sair daquela posição, mas ela estava em cima dele. As mãos dela pararam instantaneamente depois disso e ele pensou que ela tivesse acordado. Mas pelo contrário do que imaginava, de imediato, nada aconteceu. Ele tentou retirar o seu braço dormente debaixo dela, porém... Não pode fazer isso. Sentiu o corpo dela começar a ficar tenso. Ela estava acordando e isso não seria nada bom.

- Tarado!

Um grito disparou juntamente com o estalo de um tapa. Kagome estava de pé olhando para a marca vermelha na cara de Inuyasha que estava estatelado no chão.

- Quem é você seu tarado! Cadê o Inuyasha!

Kagome gritou recuando.

- Maldita...

Inuyasha se levantou massageando a bochecha. Como um simples tapa podia doer tanto?

- O que você fez com ele!

Kagome gritou novamente.

- Assim você estoura meus tímpanos!

Ele devolveu se encolhendo sentindo os gritos agudos penetrarem nas orelhas sensíveis.

A face de Kagome se suavizou quando ela focou aquelas orelhas fofinhas.

- O que é isso?

Kagome se aproximou erguendo as mãos até o topo da cabeça dele. Agora foi a vez de Inuyasha ficar tenso.

- Eu não era o tarado?

Ele perguntou um pouco irritado tirando as mãos dela das orelhas dele. Ela continuava a observá-lo curiosamente.

- Que fofo!

Kagome colocou as mãos no rosto sorrindo e tentou tocar as orelhas dele novamente. Inuyasha estava emburrado.

- Alguém com orelhas tão fofas não pode ser um tarado!

Ela falou sorridente pulando para alcançar a cabeça dele.

- Agora eu não tenho mais dúvidas...

Ele falou olhando-a de um jeito estranho.

- Você deve ter vindo de um manicômio.

Kagome finalmente percebeu que ele estava com a mesma roupa que Inuyasha vestia no dia anterior.

- Desculpe, eu não sabia que era você.

Ela falou observando os longos cabelos brancos e os olhos âmbar.

- Hunf!

- O que aconteceu com você?

Inuyasha ignorou a pergunta e foi para o banheiro fazer coisas como escovar os dentes, lavar o rosto e pentear os cabelos.

Kagome, vendo que não adiantava insistir, resolveu esquecer. Talvez mais tarde ele estivesse com um humor melhor. Se é que isso fosse possível. Kagome escovou os dentes como dedo e depois de brigar com Inuyasha para decidir quem usava o pente primeiro, Kagome falou algo que ele não esperava.

- Muito obrigada por tudo Inuyasha. Mas agora eu já estou indo. Eu ainda tenho que arrumar o meu apartamento.

Ela sorriu placidamente para o seu novo amigo.

- Mas você não vai tomar café?

- Não se preocupe com isso, você já fez muito por mim. Eu como alguma coisa lá em casa.

- Quem disse que eu estou preocupado?

- Ah não está?

- Não, não estou.

Ele cruzou os braços sobre o peito fechando os olhos numa pose contemplativa.

- Bom...

Kagome suspirou.

- Já que não está preocupado... Eu já vou indo.

Kagome sorriu maliciosamente.

- E não se preocupe com o tarado do 804. Ele pode estar me esperando dentro do elevador.

- Eu não estou preocupado. Dê o fora logo!

- Então tchal.

Kagome acenou e caminhou em direção a porta saindo e fechando-a atrás de si. Lá dentro do apartamento, Inuyasha permaneceu na mesma posição até que alguns segundos depois ele abriu os olhos rapidamente e correu para a porta.

- Espere Kagome! Aquele nojento do Jiten pode estar por ai!

- Você me chamou?

Ela sorriu e se virou quando ele abriu a porta e a encarou. Uma veia saltou da testa de Inuyasha.

- Você está brincando comigo!

"Ele me chamou de Kagome..." Kagome ficou feliz por isso.

- Ué? Quem é Jiten?

Ela perguntou confusa.

- Bem...

- Como você o conhece?

- Eu moro no mesmo prédio que ele não é?

Inuyasha falou com um pouco de ódio na voz.

Kagome ficou desconfiada, mas resolveu acreditar.

- Hum... Então o nome dele é Jiten eim?

Kagome divagou e Inuyasha ficou parado. Não respondeu.

- Então Inuyasha?

Kagome voltou a si e sorriu fitando a face obscura de Inuyasha.

- Inuyasha?

Ela passou sua mão na frente dos olhos dele para que ele acordasse do transe.

- Inuyasha! Você está bem?

Ela gritou no ouvido dele. Nada. Então numa idéia repentina, ela ergueu as mãos e tocou as orelhas dele.

- Ei! O que está fazendo?

Inuyasha tirou as mãos dela da cabeça dele rapidamente.

- Você tem certeza de que está bem?

Uma ponta de duvida estava estampada na face dela.

- É claro que estou!

Inuyasha cruzou os braços.

- Certo, então... Você não vai me acompanhar até o meu apartamento?

Ela olhou para ele, mas ele não estava mais ali.

- Vamos logo Kagome!

- Ah claro.

Kagome sorriu.

- Mas meu apartamento não é por ai.

Ela falou apontando para a escada de incêndio. Inuyasha olhou rapidamente e deu meia volta passando na frente da garota.

- Obrigada Inuyasha.

Kagome falou ao chegar na porta do apartamento dela.

- Não precisa agradecer. Eu só não queria me responsabilizar se algo acontecesse com você.

Kagome suspirou.

- Então, te vejo por ai.

Ela falou e entrou fechando a porta.

Inuyasha ficou um tempo parado divagando até que fez a volta indo pela escadaria de incêndio.

^___^

Kagome olhou em volta. Agora, com a luz do dia, tudo estava mais claro.

- Agora, por onde eu começo...

Ela falou avaliando o lugar. Caminhou até a dispensa e procurou por objetos de limpeza. Kagome pegou primeiro, um pano e uma vassoura. Começaria pela limpeza dos móveis. Não queria perder tempo. Se acabasse rapidamente talvez ainda pudesse dar umas voltas lá por baixo antes do almoço.

- Mãos a obra.

Ela caminhou em direção a sala.

^____^

Kagome havia acabado de limpar todo o apartamento já há algum tempo e nesse momento se encontrava almoçando em uma lanchonete ali perto, já que nunca mais poderia se dar ao luxo de comer a saborosa comida da sua mãe. Tinha que se contentar somente com os miseráveis almoços em lanchonetes. A preguiça e o tempo também a impediam de fazer algo mais gostoso para comer.

Porém, pode-se dizer que ela mais pensava do que comia. O prato permanecia intacto e ela mantinha as mãos no queixo e o olhar perdido em um ponto qualquer. Depois de um tempo de completa neutralidade ao que acontecia a sua volta, ela levou uma mão ao bolso da blusa e de lá tirou um papel cuidadosamente dobrado. A causa de toda essa distração.

Kagome olhou de um lado para o outro para ver se descobria alguém a sua espreita. Desde a garçonete até o homem trocando a lâmpada no poste da rua, era suspeito. Após averiguar e nada conseguir descobrir além de um passarinho pousando no galho de uma cerejeira, a mão dela afrouxou por sobre o papel lentamente, e sua atenção se desviou da procura por um suspeito para unicamente aquela carta em sua mão.

- Outra carta...

Ela olhava fixamente para o envelope branco. Ele havia sido deixado no seu apartamento em alguma hora do dia anterior. Ela não prestara atenção suficiente para saber se estava lá em cima da mesa quando passou para os quartos procurando por velas. Estava muito escuro. Quem estaria lhe enviando esses bilhetes? E como conseguia colocar dentro do seu apartamento se ninguém mais o usava além dela? Por mais duro que fosse admitir e por maior que fosse o orgulho, isso a deixava com um pouco de medo. Seja quem fosse que estivesse deixando essas cartas, tinha entrada e saída livre para o apartamento dela.

Lenta e ansiosamente, Kagome passou os dedos na superfície macia e por um momento hesitou antes de abrir. A mão indecisa pousada sobre o lacre no dilema: abrir, ou não abrir.

- Kagome!

Ela escutou uma voz estranhamente familiar e rapidamente escondeu a carta dentro das vestes. Seu suplicio estava adiado por algum tempo.

- Já se sente melhor?

Kagome virou-se de costas e viu o jovem médico que lhe atendera no hospital logo as suas costas com aquele sorriso simpático.

- Doutor Miroku?

Ele sorriu para ela enquanto uma jovem mulher aparecia as suas costas.

- Temos notícias.

A mulher falou encarando Kagome que a olhou confusa.

- Sobre o seu acidente.

Completou Miroku.

Kagome alternava o olhar entre o medico e a... mulher desconhecida.

Quando Kagome finalmente processou a mensagem em seu cérebro, levantou-se rapidamente esquecendo-se mais uma vez do prato de comida na mesa. Postou- se em frente a eles. Seus olhos brilhavam em excitação.

- O que descobriram?

- Primeiro quero me apresentar.

A mulher estendeu a mão.

- Sou Utada Sango. Agente do governo encarregada de descobrir a causa do acidente.

A mulher parecia bem resoluta. Apertara a mão de Kagome com muita firmeza. Será que ela sabia as circunstâncias "sobrenaturais" do acidente? Ela tinha cabelos negros até a cintura e um corpo forte e volumoso cuidadosamente esculpido por uma calça de couro preta e um blazer camurça. Uma tentação para as mentes menos controladas...

- Prazer.

Kagome falou.

Porém, houve o estalo de um tapa. Alguém colocando a mão num lugar impróprio... Kagome ficou surpresa.

- Mantenha suas mãos longe de mim doutor!

Sango falou com os olhos faiscando. O medico estava encolhido em um canto com uma enorme marca vermelha na face esquerda.

- Desculpe senhorita, é que eu não resisti.

Sango lançou um olhar severo mais resolveu ignorar.

- Eu sinto muito pela sua família Kagome. Nós estamos fazendo o possível para resolver logo esse caso. Os corpos dos seus parentes foram enterrados enquanto você ainda estava no hospital.

Kagome afirmou aceitando o fato. A morte da sua família ainda a afetava e uma lágrima quente escorreu pela sua bochecha, mas ela limpou antes que alguém percebesse.

- Se quiser visitá-los, esse é o endereço do cemitério.

Ela entregou um papel no qual havia acabado de escrever o endereço.

"Cemitério paz eterna"

Paz eterna era a única coisa que ela ainda não tinha. Será que teria algum dia? Talvez quando descobrisse o que estava por trás disso tudo.

- Obrigada.

Kagome agradeceu. Pelo menos agora poderia visitar seus parentes no cemitério todos os dias.

- Não tem de quê.

Sango respondeu sorrindo.

- Bom, eu tenho que ir. Tenho que fazer alguns interrogatórios.

- Qualquer coisa me avise, por favor!

Kagome suplicou.

As duas se despediram num aceno e Sango saiu dali.

- Ei! Me espera Sango!

Miroku levantou e correu atrás da mulher.

"Médicos... São todos iguais"

Kagome pensou enquanto ia até o balcão para pagar a conta. Ela saiu da lanchonete a passos largos. O prato permaneceu na mesa até que algum garçom passasse e o recolhesse dando a comida intocada para os cachorros magros da rua.

^____^

"Será que eu devo falar a agente sobre estas cartas?"

Kagome caminhava enquanto divagava nos seus pensamentos.

Novamente a carta saltara do seu bolso para a sua mão e ela finalmente criou coragem abrindo-a. A mesma escrita graúda da primeira carta se fazia presente.

"De todos que me beijaram

De todos que eu beijei

Foram tantas que amei

E tu que jamais beijei

Tu que rude encontrei

Jamais te abracei

Porém, apenas tu ficaste

De todas as almas que amei"

Era um poema de um poeta conhecido, apenas um pouco modificado. Esse alguém não sabia expressar as emoções com as próprias palavras e usava as criações de outras pessoas. Que tipo de gente fazia isso? Mas ela resolveu ignorar. Era um poema bonito e ela se sentiu confortável tendo aquela expressão de carinho dirigida para ela. Seria realmente para ela? Com certeza. A não ser que existisse outra Higurashi Kagome morando no mesmo apartamento que ela. Tentou lembrar o nome do autor, mas estava com um lapso de memória (eu estou com um lapso de memória ~~). Ela tinha certeza que já tinha visto esse poema em algum livro de literatura estrangeira. E ela o sabia decorado.

Mais abaixo tinha:

"Para a doce Kagome

Conte comigo

Eu estou com você"

Era incrível como uma simples carta de apoio,

"Você não está só"

Evoluíra para uma incrível declaração de amor.

Ela girou a chave na porta da fechadura e a surpresa quando entrou no seu apartamento foi inevitável.

- O que faz aqui?

Ela perguntou confusa. Más lembranças retornando a sua mente.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Finalmente o cap 04 ^___^ Perdão pela demora! É que eu estava e ainda estou meio ocupada ~ ~ Mas eu vou fazer de tudo para atualizar o mais breve possível! Se Deus quiser esse sufoco acaba dia 28.

Adivinhem quem a Kagome encontrou no apartamento dela? Parece que todo mundo consegue entrar sem ela saber não é? Não percam o próximo capitulo e muiiiito obrigada pelos comentários! Eu estou muito feliz com todos eles! Tomara que continuem comentando. ^______^

Agradecimentos especiais á:

Tomoio Hiiragizawa Shampoo Sakai Kiki-chan Mary Marcato

Bjs para todas! ^____^ e para os que leram e não comentaram tb.