Amar Por Correspondência

Cap 06 - Sonhos

Que decepção. Não quero ir para outra cidade. Não quero ir morar em Tókio. Está tudo bem aqui em Kochi, mas a mamãe teima que teremos uma vida melhor em Tókio. Amanhã será a minha formatura e eu vou me despedir dos meus amigos, não sei se estou preparada para partir logo depois desta. Talvez eu não volte mais para Kochi quando for para Tókio.

Kagome estava deitada na cama escorada ao travesseiro. Passava as folhas do caderno que lhe servia de diário uma a uma, folhas que eram iluminadas pela fraca luz amarela do abajur. Recordações de um passado morto.

Chegamos ao aeroporto e eu ainda estava com o vestido alinhado que usei no baile. Já era bem tarde, acho que uma ou duas. Tive que sair do baile mais cedo e deixar meus amigos mais cedo graças a essa viagem ridícula. Não tive direito nem a uma dança com Houjyou, talvez ele fosse me pedir em namoro, eu poderia esquecer as magoas deixadas pelo Kouga e viver como todas as garotas, mas quem iria querer namorar alguém que vai embora e não há previsão para volta? O avião deve partir às duas e quinze.

Kagome verificou que depois disso não havia mais nada. As folhas estavam todas brancas. Estivera escrevendo enquanto esperava o avião no aeroporto e depois disso, ocorreu o acidente e ela não voltou a escrever desde então. Ela fitou o nada à sua frente. O vento invernal entrou pela janela congelando seus ossos e ela tremeu todo o seu corpo. Levantou-se jogando o diário na cama e andou até a janela. Do céu, pequenos e frios flocos de neve já começavam a desmoronar um a um. Brancos e solitários desmoronavam do invernal céu cinzento. Fechou a janela e voltou para a cama com as mãos geladas. Sentou-se na borda. Seus olhos fitaram a caneta sobre a superfície da escrivaninha.

É incrível como minha vida pôde mudar assim tão drasticamente. Desde aquele desagradável dia. Parece que meu mundo começou a desabar desde aquele dia do acidente, queria saber o real motivo disso tudo.

Não vou falar nas únicas pessoas com que ainda posso contar, pois isso pode trazer azar e o destino, vendo que ainda tenho algo, pode querer levá-las embora também. O destino parece me odiar.

Será que conseguirei um dia uma resposta para essas perguntas que assolam minha mente toda vez que me encontro sozinha? Acho que tenho que arranjar algo o que fazer. Ainda não consegui um emprego, mas tenho que fazê-lo logo. É muito irônico: Bem no dia da minha formatura, tive que partir para Tókio, onde não conhecia quase ninguém deixando os meus amigos. Tudo por causa de uma maldita proposta de emprego que minha mãe recebeu, seria melhor ficar em Kochi agüentando a vida dura mais pelo menos vivendo.

Esse foi o começo de tudo. Eu estava no metrô quando senti um solavanco estranho, resolvi ignorar, não devia ser nada, mas as luzes começaram a piscar e ai eu realmente comecei a me assustar. Tudo começou a balançar, gritei por Souta, pelo Vovô, pela mamãe, eu estaria bem desde que eles estivessem. Mas não consegui sentir mais nada.

Talvez se eu arranjar alguma ocupação consiga afastar essas lembranças ruins. Não posso viver remoendo o passado. Relembrar é sofrer duas vezes, me lembro de ter lido essa frase em um livro e ela está certa. É claro que não quero esquecer dos meus familiares amados, mas tenho que lembrar deles como heróis, não como vítimas. Ainda não tive coragem de ir visitá-los no cemitério.

Kagome desenhou o ponto final e bocejou. Inuyasha tinha ido embora já há algum tempo. Ela pensara que ele não iria devolver a jóia de sua tia, a sua jóia. Foi embora sem dizer nada sobre isso e ela também se esqueceu depois da descontraída conversa que tiveram. Ou... Da descontraída discussão. Mas encontrou o objeto em cima da mesa da sala. Ele encontrara um momento em que ela estava desatenta para deixá-lo ali.

Inuyasha seguiu Kagome até dentro de casa. Eles ficaram na sala discutindo e assistindo a qualquer programa que estivesse passando na TV. Nada de interessante.

- Inuyasha...

- Que foi?

Ele estava atento no que acontecia no filme. Estava no final, uma parte crucial para o bom entendimento deste e o irônico era que era de uma garota que perdia tudo o que amava, mais depois conseguia ser feliz... Inuyasha respondeu sem olhar para ela.

- Eu vou pegar água para mim. Você também quer?

- ...

- Certo.

Ela levantou do sofá e foi para a cosinha.

- Bah! Que ridículo.

Inuyasha se levantou ainda fitando a cena melosa que passava na TV. O criminoso já havia sido pego, Inuyasha estava na expectativa de ver qual seria a pena dele, mas o filme cortou essa parte, e agora a garotinha ia se encontrar com o seu amado.

- Eu não quero água Kagome.

Ele falou.

- Kagome?

Olhou para o lado e não viu a garota ali. Suspirou um pouco irritado e olhou para a mesa da sala. Mais a frente havia um móvel repleto de fotos. Ele se aproximou e se pôs a observá-la. Kagome parecia estar feliz do lado daquelas varias pessoas que ele não conhecia, deviam ser os familiares dela, aqueles que ela contou que perdeu. Inuyasha se virou e suspirou fechando os olhos. Colocou as mãos no bolso e tocou algo que já havia esquecido que existia. Tirou a jóia do bolso e depositou sobre a mesa, aquilo não tinha nenhum valor para ele.

-Aqui está.

Kagome falou por trás dele e Inuyasha tremeu um pouco. Não sentira o cheiro dela. Ele se virou.

- Eu não queria água.

Falou fitando o copo na mão dela.

- Hum... Ai está.

Colocou na mesa e saiu de novo para a cozinha.

- Garota estranha...

Ele sussurrou. Estranho eles não terem brigado por causa da água.

- Eu ouvi isso!

Ela gritou da cosinha.

- Vá pro inferno com isso Kagome.

Engatinhou até o outro lado da cama e abriu a gaveta do criado mudo averiguando a presença da jóia e aproveitando para guardar o diário. O dia havia sido comprido e ela estava com sono, o dia seguinte seria mais cansativo ainda, já que ela iria a procura de um emprego. Apagou a luz e adormeceu vigiada apenas pela penumbra do quarto.

^-^

O dia amanheceu frio. Uma grossa camada de neve cobria todas as calçadas de Tókio deixando-a mais branca que o normal. O temporal fora forte durante a noite.

Sango andava na rua pensativa até ouvir o som estridente do celular tocar. Tirou do bolso rapidamente fazendo uma anotação mental para mais tarde procurar um toque menos agressivo.

- Utada Sango.

- Sango? É o Miroku. Tenho algumas notícias que acho que vai te chocar.

- O que é?

- Não posso falar pelo telefone, pode ser perigoso...

- Certo, então pode me encontrar hoje?

- Hum... Hoje não. Mas amanhã eu posso.

Sango mexeu o pé impaciente. Iria agüentar esperar até amanhã?

- Você tem idéia do que é esperar até amanhã por uma notícia?

- É esperar até amanhã.

Sango percebeu que ele estava sorrindo.

- Ta bom. Também tenho algo importante pra te contar.

Ela concordou.

- Então nos encontramos no café "Odayakasa Basho" às cinco horas da tarde ta bom pra você?

- Ta ótimo.

Ela suspirou. Um dia e meio de espera.

- Então até amanhã.

- Até.

E desligaram o telefone.

- Isso.

Miroku falou no outro lado da linha mexendo os braços. A notícia que ele tinha realmente ia chocar Sango, mas não era nada que ela estava esperando. Sua face mudou para dúvida e ele continuou deitado no seu sofá assistindo TV à plena 7 horas da manhã.

^_^

Kagome acordou cedo. Já havia deixado o currículo em alguns lugares e na maioria deles as pessoas sempre diziam "verei o que posso fazer". Era de se esperar, já que numa época de fim de ano não eram muitas as pessoas que costumavam procurar emprego. Na maioria das vezes todas já estavam empregadas e recebendo o seu décimo terceiro e etc. Kagome não tinha nenhum tostão para receber. Até conseguir algum emprego só estava contando com o dinheiro que sua mãe deixara no banco, o que não era muito.

Passou o dia inteiro fora na sua entrega incessante de currículos. A noite já começava a cair e ela se encontrava voltando para casa. No céu não havia estrelas, já que este se encontrava encoberto por uma densa camada de nuvens que logo tornariam a despencar os conhecidos flocos de neve. O dia longo e cansativo se faria terminado e Kagome pretendia nas próximas 48 horas fazer nada mais que descansar. Com sorte, alguém se apiedaria do estado financeiro dela e logo ligaria com a boa notícia de um emprego. Ela o queria mais do que tudo, nem que fosse para ser garçonete em um café. Com alguns meses de economia poderia pagar uma faculdade e começar a juntar os fragmentos da sua vida.

Kagome subiu para o seu apartamento pelas escadas. Pelo que parecia o elevador não estava funcionando. Havia uma placa bem grande dizendo: "fora de uso". Estranho, já que quando saiu de manhã desceu pelo elevador e estava tudo normal. Esse problema devia ser recente. Esse pequeno contra-tempo só contribuía para aumentar o seu cansaço. Quando chegasse na sua cama dormiria como uma pedra e certamente não acordaria nem com ap pegando fogo.

^-^

O dia seguinte amanheceu rapidamente. Kagome não lembrava das noites serem tão curtas. Ela espreguiçou-se sentindo os fracos raios de sol entrando pelo vidro da janela e olhou para o relógio. O tempo estava mais calmo, já que esta manhã o sol conseguira aparecer, mesmo que sendo fraco. O relógio marcava nove, ainda era cedo, Kagome apenas virou-se para o outro lado e afundou a cabeça no travesseiro, tentando voltar a dormir.

Dez minutos depois e nada, não estava mais conseguindo dormir. Alguma coisa estava perturbando sua mente. Ela se virou pela centésima vez na cama e quando percebeu que não dava abriu os olhos demonstrando impaciência. Kagome se levantou rapidamente e se arrumou tomando café depois disso. Saiu do seu apartamento.

^-^

Os portões eram enormes e cinzas. Ela queira muito rever a todos eles, mas não podia, já que estavam todos a sete palmos de terra. Devia ter pelo menos a decência de visitá-los e levar flores, mas não tinha coragem. Não sabia por que, mas não conseguia. Estava parada e encarava fixamente a entrada do cemitério, porém não os visitou. Em um passo decisivo passou para a calçada seguinte ignorando as vozes em sua consciência, que gritavam ser seu dever ir vê-los.

Kagome andou mais um pouco. Talvez estivesse tendo uma miragem, mas havia alguém ali na frente. Conversava animadamente com outra pessoa. Deu um aceno rápido e se despediu caminhando na direção de Kagome.

- Kagome? Eu queria mesmo falar com você.

Pegou o braço da menina e puxou-a.

- O que foi Sango?

- E aquele seu namorado? Como vai com ele?

- Não temos mais nada, somos só amigos.

Kagome fez questão de dar ênfase a esse amigos. A verdade é que ainda estava magoada com Kouga.

- Ah claro. Entendo.

Sango fitou o chão e continuou procurando algo que pudesse cortar aquele silencio incomodo. Não podia ir direto ao assunto e Kagome também não estava ajudando muito.

- O cemitério paz eterna é ali. Você já foi visitá-los?

- Ainda não tive coragem.

- Mas você sabe que deve ir não é?

Sango sorriu.

- Sim, eu sei.

Kagome respondeu olhando para o céu. As duas caminhavam lado a lado na calçada. Sango percebeu o que se passava com a amiga e resolveu mudar de assunto quando viu que a mesma não estava a fim de conversar sobre isso.

- Tenho algumas notícias.

Kagome olhou para Sango rapidamente cheia de expectativa.

- Notícias?

- Sim.

Sango sorriu com a reação de Kagome. Já era de se esperar. Ela era quem mais desejava descobrir a causa do acidente.

- Sabe aquele dia que você me ligou?

Kagome afirmou que sim.

- Eu estava interrogando um suspeito.

Kagome se sentiu culpada instantaneamente. Sango estava trabalhando no caso para ajudá-la e ela tirou-a de lá por causa de mais um de seus motivos egoístas.

- Não se preocupe, você não me atrapalhou.

Sango tornou a sorrir.

- Eu tinha acabado de sair da casa dele quando você ligou. Na verdade, acho que você acabou por salvar minha vida.

As feições sorridentes de Sango tornaram-se serias repentinamente. Parecia pensativa. Kagome fitou-a curiosamente.

- Salvei?

Sango acordou de seu transe e olhou para Kagome continuando a falar.

- Mas por que diz que eu salvei sua vida Sango?

Kagome perguntou mais uma vez impaciente.

- Quando você ligou, eu sai rápido de dentro do prédio, talvez se eu tivesse demorado mais um pouco tivesse virado cinzas juntamente com a construção.

- Ah meu deus...

Kagome colocou as mãos na boca. Então esse era o suspeito do acidente? Parecia um suspeito forte. O silencio agora era mais do que incomodo.

- Como ele se chama?

- Ele me deu um nome falso e sumiu depois disso. Shin'Ichi Kanehiro, procurei em todos os registros e não achei nada.

Kanehiro? Então era esse o homem responsável pela sua desgraça? Kagome se sentiu estranha. Ele conseguiu escapar e quase matou Sango. Mas a amiga parecia não estar nenhum pouco abalada. Era como se não temesse a morte. Se fosse ela, teria ficado muito assustada. Mas é claro que Sango devia estar acostumada com os perigos da profissão de agente.

- Kagome... Você não sabe de alguma coisa que um homem como esse possa querer? Você não lembra de ninguém que possa ter guardado rancor contra você?

- Não... Acho que não.

- Certo, mas se lembrar de qualquer coisa você tem que me dizer.

- Não faço a mínima idéia.

Kagome passou a mão no rosto tentando espantar a derrota. Porém, outra coisa começou a preocupá-la. E se ela tivesse realmente algo que esse homem desejava?Isso seria terrível. Ele viria atrás dela novamente...

Kagome fitou a paisagem a sua frente. Já não lembrava mais que Sango caminhava ao seu lado. Mas tudo parecia estranhamente escuro a sua volta. O letreiro vermelho além da esquina, como todas as outras coisas pareciam perder o brilho e cor. Ela não conseguia distinguir o que havia escrito lá, sua visão estava embaçada "Oday...". De repente suas pernas começaram a ficar moles. Kagome se assustou mais ainda quando um estupor se apossou de seu corpo. Tropeçou em algo e teve a sensação de algo frio chocar-se com o seu rosto.

^-^

Ele cortou rapidamente a distancia do bureau até a porta. A luva negra tocou a maçaneta que deveria estar gélida, não sabia, já que a luva protegia a sua mão. Girou-a normalmente fazendo as plumas de seu casaco chacoalharem com o movimento do braço. Parecia uma atitude fria diante do enorme problema que carregava em suas mãos. A pirralha novamente tinha esquecido de cumprir com o seu dever. Já deveria saber que não devia tê-la contratado, devia ter seguido a sua intuição, já que ela sempre estava certa. Mas ele sabia que não teria conseguido recusar o pedido da sua ajudante. Por mais que ele não quisesse admitir... Ela parecia enfeitiçá-lo de alguma forma. E naquele dia como em tantos outros depois de conhecê-la, não conseguiu recusar a promessa de emprego para a jovem e carente Kanna. Também sabia que acabaria se sentindo muito mal se despedisse à menina. Rin ficaria muito triste e a tristeza dela também era a sua.

Sesshoumaru percorreu o pequeno corredor rapidamente até chega num balcão. Mais a frente, nas mesas não havia muitas pessoas. Geralmente elas costumavam vir tomar um chocolate quente ou um chá acompanhado de um dos pratos especiais à tarde, que era a hora que parecia ser mais frio e convidativo para uma deliciosa xícara de chocolate quente. Pela manhã o movimento era pouco no café que herdou do seu pai.

- De volta ao trabalho!!!

Ele bateu a mão violentamente no balcão ao ver que as garçonetes conversavam animadamente parecendo esquecer de seus afazeres. As pobres moças pularam assustadas. Sesshoumaru sabia mesmo ser assustador quando queria. Na verdade ele sempre parecia assustador quando direcionava aqueles olhos âmbar ocasionalmente frios para qualquer um com quem estivesse falando.

Ele ouviu uma delas resmungar algo como "Vamos servir o que, se não tem nenhum freguês?".

- Da próxima vez que fizer um comentário desses é você que não terá emprego.

Ele respondeu ainda de costas continuando a andar em direção a porta. A moça estremeceu. Esquecera-se do pequeno detalhe de que seu chefe era um youkai e possuía uma super audição. Sesshoumaru permaneceu indiferente às reações das garçonetes, mas se virou repentinamente olhando-as de uma forma ameaçadora.

- Alguma de vocês sabe onde está Rin?

Elas pareceram suspirar aliviadas. Não foi dessa vez que ele resolveu ser cruel.

- Acho, acho que ela foi entregar as cartas que o senhor mandou.

A mais alta e loura gaguejou.

Sesshoumaru estreitou os olhos e se virou novamente para a porta. Bom saber que elas o temiam. Ele continuou seu percurso até encontrar-se do lado de fora. Os flocos de neve caindo sobre sua cabeleira comprida e confundindo-se com ela. Ele olhou para trás brevemente para ver os flocos de neve caírem suavemente sobre o letreiro vermelho "Odayakasa Basho". O nome do seu café. Porém ao virar a cabeça novamente para frente viu-se defronte uma situação realmente incomum naquelas redondezas. Uma mulher de cabelos negros acabara de cair de encontro ao chão na calçada seguinte. A outra ao lado, que parecia ser um pouco mais velha virou-se assustada e tentou ampará-la. Inútil, ela já estava no chão. Sesshoumaru apenas observava frio como a neve que caia do céu as tentativas da mulher de acordar a outra.

- Kagome!! O que houve?!!

Perguntava Sango aflita. Ela checou a pulsação, foi apenas um desmaio. Sango levantou a cabeça e olhou a sua volta. Deparou-se com Sesshoumaru observando indiferente o que acontecia.

- Venha, há um hospital mais à frente.

Sango afirmou que sim e levantou Kagome facilmente seguindo Sesshoumaru até um carro... Um carro bastante caro parado ali perto.

^-^

Sua mente rodopiava cada vez mais rápida causando aquela sensação desagradável e incomoda. Do estomago já não podia se falar o mesmo, estava muito pior. Era como se tivesse comido os pratos exóticos da tia Kaede. Mas repentinamente aquelas sensações pareceram evaporar e ela encontrou-se ajoelhada no meio daquele breu. Aquela cena lhe era bastante familiar. Ela levantou a cabeça lentamente e pode ver a carta a sua frente iluminada por um pequeno facho de luz. Só ela e a alvura estranhamente bela daquele pedaço de papel se destacando no meio do nada. Outra carta? Fazia tempo que não as recebia. Mas também fazia tempo que não tinha um sonho como esses. Mas antes que pudesse estender a mão para pegá-la, uma rajada de vento levou-a e por mais que pareça ironia, Kagome teve a impressão de que foi aquele vento que trouxe de volta o medo que começava a espalhar-se por suas veias. Sentia medo como na hora... Na hora em que seu destino fora selado tão simplesmente como aquela carta que voava para longe de seu alcance. O selo vermelho ainda intacto e o seu nome impresso com aquela letra graúda no verso. Seus olhos se estreitaram antes das gotículas salgadas escorrerem uma a uma. Kagome mordeu o lábio e esticou o braço como se assim pudesse alcançar a carta que já não estava mais ao alcance de sua vista. A escuridão voltara.

- Não!!!!

Gritou enquanto se deixava banhar o rosto com as lágrimas de amargura.

- Não tire de mim, a única coisa que ainda tenho!

Vendo que era inútil, levou as mãos até o rosto e continuou chorando. Chorar era algo que não podiam impedi-la de fazer. Choraria até que suas lágrimas secassem.

- Eu vou te encontrar Kagome.

Uma voz sinistra ecoava na sua cabeça.

- Encontrar a você e a minha pequena preciosa. Ela é minha.

Kagome não entendeu o que aquilo queria dizer e nem se deu ao trabalho de raciocinar. Antes que pudesse pensar em qualquer coisa sensações de formigamento e estupor se apossaram novamente de seu corpo e ela não viu mais nada.

^-^

Seus olhos abriram lentamente. Parecia dejavu, será que estava vivenciando tudo de novo? Mas então onde estava o médico Miroku? E as sensações angustiantes? Teve a certeza de que não era quando a porta se abriu fazendo com que algumas sobras de luz entrassem intrusas no cômodo tão conhecido. Ele conversava com a moça de cabelos negros, e como seus cabelos eram lindos e sedosos, prateados e refletindo a luz que iluminava sua vida. Inuyasha estava ali para vê-la, sentiu seu coração palpitar com isso, ele se preocupava com ela. Um sorriso discreto brotou de seus lábios vendo-o ali. Mas o que era isso que estava sentindo? Era uma sensação estranha, não podia sentir isso por aquele idiota. Sabia que não podia se sentir assim. Não se daria o direito de amar nunca mais, já que sempre acabava por machucar as pessoas que amava ou ser magoada por elas. Mas resolveu, por hora deixar isso de lado. Queria vê-lo.

Porém, uma amarga surpresa deixou-a, pode-se dizer, de queixo caído.

Depois de trocar algumas palavras com Sango, ele se foi. Nem para vir cumprimentá-la... Mas era mesmo um idiota!

Sango abriu completamente a porta e acendeu a luz da sala onde Kagome encontrava-se deitada sobre a adorável cama hospitalar.

-Chego a achar que tem algo em mim que me atrai para hospitais. Já é a segunda vez esse mês Sango.

- Sim,

Sango sorriu.

- Mas é muito bom saber que está bem.

- Afinal de contas o que aconteceu?

Ela perguntou confusa.

- Você desmaiou.

Sango relatou.

-Sim, mas...

Os flashes do sonho que tivera vieram a sua mente de repente. Kagome calou-se e fitou o nada pensativa. Uma ponta de preocupação ocupava sua face.

- O que foi Kagome?

- Ahn?... Nada.

Ela voltou a si e encarou Sango.

- Por que Inuyasha não veio me ver?

- Inuyasha? Mas ele não esteve aqui.

- É claro que esteve! Ele estava lá fora conversando com você!

Kagome pareceu indignada com a negação da amiga a responder da forma certa a sua pergunta.

- Ah sim.

Sango sorriu.

- Não era Inuyasha, mas confesso que ele é realmente muito parecido com o seu amigo.

Dessa vez foi Sango que ficou pensativa.

- Exceto pelas estrias rochas nas bochechas e a ausência das orelhas.

- Quê?

- Foi ele quem nos trouxe até aqui. Também o achei um pouco frio... Inuyasha parece ser um pouco mais esquentadinho.

- Ah Sango...

Kagome suspirou.

- Não tenho a mínima idéia do que está falando. Pra mim aquele era Inuyasha.

- Você não observou direito. Ele se chama Sesshoumaru.

- Ah, tudo bem. Esquece isso. Você agradeceu pela ajuda não é?

- É claro.

- Então, o que os médicos disseram sobre o meu desmaio?

Nesse minuto a porta abriu e por ela entrou um rosto muito familiar. Dejavu novamente.

Sango sorriu.

- É melhor que Miroku explique tudo para você.

- Certo, certo, acho que me lembro de uma cena como essa. Como está se sentindo Kagome?

Miroku se sentou perto de Sango, que conhecendo a natureza pervertida do medico se afastou um pouco desconfiada.

- Estou bem.

- Então vamos ao resultado do exame.

Ele começou a observar os papeis que trazia na mão.

Bom gente, no começo não pensei que Sesshoumaru faria parte da fic, mas como algumas pessoas perguntaram por ele, resolvi fazê-lo aparecer ^^ Espero que tenham gostado desse capitulo e desculpem pela demora, eu sei que demorei bastante dessa vez ~~ Mas foi o famoso bloqueio... Eu sabia o que queria escrever, mas não conseguia escrever . Bom, o que importa é que agora vocês tem um novo capitulo XD Arigatou a todos os que comentaram e agradecimentos especiais a Naru que me ajudou com o nome do café ^^

Respondendo as reviews pelas quais fico muito grata:

Sopa:

Que bom q tá gostando ^______^ Não se preocupe com isso, pode comentar quantas vezes quiser XD Adoro receber reviews ^.^ Hum... acho que era pra eu ter respondido sua review da ultima vez, mas parece que minha cabecinha fez uma enorme confusão e acabei sem responder, desculpa ~~ Mas aqui estou eu e mais uma vez agradeço sua review ^^

Tomoyo Hiiragizawa:

Obrigada por revisar de novo ^^ Hum... você consegue escrever sim, tenho certeza disso ^___^ Kouga e Kagome ainda serão amigos, apesar da Kagome ainda estar um pouco magoada.

A resposta para o aparecimento dos personagens está ai XD Não planejava colocar o Sesshoumaru, mas parece que tive uma idéia repentina e Rin vem junto com ele ^-^ Espero que continue lendo ^^

Camis:

Hum... Sim, o Miroku está na estória. Desculpe por deixá-la tão curiosa, eu sei que dessa vez demorei bastante ''^^ Mas vou tentar não fazer mais isso 'uu Obrigada pela review ^____^

Kiki-chan:

Hehe, sim, como você viu o Inu-kun ajudou ela ^_^ Hum... Parece que você acertou quanto ao desaparecimento misterioso do Kanehiro, que é... Ops, não posso contar Vai estragar a surpresa ''^^ Obrigada pelo elogio ^^ Vou tentar escrever mais sim , e não se preocupe com o tamanho do review, eu adoro recebê-los XD

Tici-chan:

Sim, sim, nesse tempo em que não postei acabei escrevendo o epílogo e eu diria que tem uma coisa muito agradável nele XD Mas até lá ainda tem muito chão... O Miroku reapareceu nesse capitulo e o Sessy resolveu dar as caras também ^___^ Acho que matei sua curiosidade por enquanto ^^

Naru:

Que bom que gosta da fic ^^ Obrigada pelo review e pelo nome do café ^^, vou pedir inspiração para o meu mentor e... tomara que os gatos não estejam por perto o.o Ah!!! Eles querem me levar, não deixa, não deixa ~**~

Obrigada a todas pelos reviews, espero que tenham gostado desse capitulo ^^

Ja ne e Kissu!