Nos seus braços para sempre...

Por Dani Potter

N/A.: essa short é narrada por Tiago e Lílian, uma parte cada um. Bem, acho que é isso. Ah, é legal ouvir Tomorrow da Avril Lavigne enquanto lê, nada de a letra bater, mas o ritmo encaixa. Pelo menos pra mim. ^^ Boa leitura.

Os anos, os meses, mas principalmente os últimos dias passaram. Nós mudamos e continuamos tão iguais. É, eu mudei tanto e ao mesmo tempo parece que sou o mesmo, mas não, eu aprendi que a vida também bate a porta na cara da gente, mesmo sendo o melhor em quadribol, galã da escola, maroto, sangue puro, tudo. Não importa o quanto você queira, tem coisas que não correm atrás de você, tem coisas que é necessário lutar para conseguir e simplesmente você tem que aprender que levantar é apenas a primeira parte depois de cair, porque pode haver seqüelas e elas é que vão nos fazer ver mais à frente...

 Depois daquela noite na sala comunal nunca mais os acontecimentos entre eu e Lílian foram os mesmos. Aliás, eu me arrisco a dizer que a coisa 'explodiu geral'. Depois daquela noite, a manhã seguinte foi a mais estranha para mim. Ela estava calma, serena, me deu até 'oi' e isso é incrivelmente estranho, mas deixei passar, talvez ela quisesse uma trégua. Ou seja, tudo o que eu queria. E assim foi durante todo o dia, ela calma e não me dando bola aos meus 'oi's' e sorrisos. Foi à noite que a coisa mudou de figura.

 Estava eu lá sentado na minha poltrona favorita, tão absorto em minhas lições que não notei a sua aproximação. Ela chegou perto do meu ouvido sussurrando 'Vamos conversar?'. Senti meus pêlos da nuca se arrepiarem pela respiração forte dela tão próxima a mim e pelo convite que soava tão provocador. Respondi um "É claro!" fraco e apontei para cadeira em frente a mim, onde ela poderia se sentar.

 Admito que nada que ela disse foi o que eu esperava. Ela falou tudo numa calma e frieza que eu achei que fosse morrer congelado pelas palavras e pelo olhar mortal e sem nenhum sentimento que ela me dirigia.

 " Tiago, uh, eu te chamei de Tiago?" estranhei o estranho tom sarcástico que ela havia usado porque, pelas minhas conclusões, depois da noite anterior nós devíamos estar mais amáveis, mas não desfiz meu sorriso contente, poderia ser encenação...

 " Bem, vou ser simples e direta, o.k.?"

 "Claro, Lily, faça como achar melhor."

" Então não me interrompa." Concordei com a cabeça pensando no que poderia ser que ela fosse falar, aquilo não parecia muito 'certo', eu tinha a sensação de algo ruim. " Pois bem, Potter, eu simplesmente quero dizer para você que você é simplesmente ridículo. Há! – ela deu uma risada escandalosa, não típica dela – Você realmente achou que fosse só falar mansinho no meu ouvido que você me ganhava? Potter, Potter...entenda 'quérido', eu não sou uma boneca que você manipula, e pensar que eu estava revendo meus conceitos sobre você...Vá para o lugar que quiser, mas não cruze meu caminho, eu estou feliz assim, sem você." 

 A vi se levantar, dar um 'tchauzinho' sarcástico e sair da sala comunal, mas não expressei reação alguma. Estava em estado de choque completo. Quando finalmente voltei a mim percebi o que se passava, eu para ela agora não passava de um boneco. 'Pronto, ótimo! Agora você finalmente me jogou no lixo, Lílian!' Pensei raivoso enquanto sentia meu coração pesado e espremido devido ao 'tapa' que havia levado. Afinal, eu não havia sido levado a sério, e parecia que nunca iria ser...

 E por incrível que pareça eu tinha perdido a vontade de tudo. Eu não queria estudar, jogar quadribol ou fazer guerra de bola de neve com os garotos, eu simplesmente queria ser entendido e que me dessem credibilidade.

 Eu estava olhando Sirius, Remus e Pedro guerrearem e aquilo me parecia tão distante, tão diferente para mim. Há alguns dias atrás eu não deixaria de estar junto deles, mas desde o dia em que Lily havia me dito aquelas coisas eu estava pasmo, triste e sem rumo.

 Sorri ao ver Aluado acertar uma bola certeira na cara de Sirius. Bem, assisti-los eu tinha vontade, pelo menos distraía.

[hr]

 'Estúpida, estúpida, estúpida! É o que eu sou, uma ESTÚPIDA!!!!!!!!!', pensei revoltada. Eu era uma pessoa totalmente sem tato. Como eu poderia ter feito aquilo? Por Merlin, ele não havia feito nada.

 Fazia algumas semanas que minha última 'conversa' com Tiago havia acontecido e desde aquele dia eu me sentia péssima. Não agira pensando, não agira com o coração, deixei a raiva passageira dominar e fui fria, cruel, uma verdadeira desgraçada...Não conseguia mais olhar na cara dele, não conseguia nem ao menos permanecer no mesmo cômodo que ele, e isso estava me incomodando. Não conseguia ainda identificar o porquê disso, mas era estranho, uma sensação de saudade...Tão estranho, tão confuso, eu queria que as coisas voltassem ao normal...

 O que mais me martirizava agora era como Tiago estava, ele se encontrava abatido, andava quieto, sem aprontar muito, sem o mesmo brilho nos olhos tão belamente castanhos. Não podia mais refrear a vontade de consolá-lo e de observá-lo, era tão bom...

 Lá vem ele. Desce as escadas tão discretamente que ninguém o percebe. Antigamente ele não faria isso, ele seria espalhafatoso, apareceria com o melhor sorriso para todos e faria uma saída triunfal, mas hoje não, ultimamente não. Como que para interromper meus pensamentos ele me olhou e eu senti finalmente que sentimento era aquele que se abatia sobre mim. Era o mais simples e puro amor, com todo o encanto e  a magia que pode haver...era tão verdadeiro para mim, parecia tão palpável que eu não sabia como ainda não tinha notado. Foi quando percebi, eu não queria notar, eu queria fugir, escapar, dizer que não era mais uma na lista de Tiago, mais uma que cai de amores por ele, mas eu era simplesmente uma garota, e eu me apaixonei.

 Fui bruscamente tirada dos meus pensamentos por Alice, que chegou para me chamar para o café. Mas eu ainda podia sentir a intensidade daquele olhar sobre mim, da tristeza que ele emitia, da palidez que dominava...Eu tinha que mudar, não, eu não podia deixar tudo assim...

[hr]

 Quando chegou a noite eu já sabia o que fazer. Eu ia falar com ele, mesmo não querendo admitir que gostava dele eu tinha que fazer algo. Eu sabia que não podia deixar Tiago daquele jeito, triste e melancólico, e eu podia ver que ele tinha amadurecido, não podia também negar o amor que finalmente descobrira que sentia. Era tão estranho, parecia tão fora do normal, mas era o certo, pelo menos eu achava que era.

 Cheguei do jantar na sala comunal e de cara avistei quem eu queria. Lá estavam eles, os Marotos. Tinha sentido a falta dele no Salão Principal, mas tinha certeza que os encontraria ali. Quando não iam jantar era que alguma coisa séria estava acontecendo com algum deles,  essa era uma praxe já sabida por todo mundo. Pensei quem podia ser o caso da vez e certamente quem me veio a cabeça foi Tiago. Sabia que ele não andava bem e por minha culpa. 'Oh, maldita raiva a minha!'

 Fui me aproximando da mesa onde eles se encontravam silenciosamente até que ouvi uma risada, uma risada muito conhecida e que eu tanto 'repudiava' há algum tempo atrás. Vi Sirius abrir um largo sorriso juntamente com os outros e dizer "É isso aê, Pontas!". Dei meia volta e comecei a caminhar em direção as escadas para os dormitórios por perceber que ele realmente não estava triste e que era uma simples encenação quando ouvi um comentário que me fez parar e permanecer escutando.

 "Pontas, graças a Merlin você riu. Eu achei que você nunca mais fosse fazê-lo depois do fora da Evans."

 "Sirius, eu não quero falar disso. Vocês não queriam me animar? Pois bem, não falem na Lílian. Já me basta o sentimento ruim e a dor aqui dentro que ela deixou."

 Foi o suficiente para eu realmente entender o que eu tinha de fazer. Novamente me virei e segui firme até a mesa deles, parando entre Remo e Pedro e me apoiando na mesa, encarando diretamente Tiago. Notei que quando eu cheguei todos ficaram apreensivos, e se entreolharam. Era óbvio que achavam que eu ia novamente 'acabar' com Tiago.

 " Será que podíamos conversar, Potter?". Optei por usar o sobrenome já que a última vez que usara seu nome havia sido um tanto quanto cruel.

 " E o que você teria a mais pra dizer a ele? O que você já disse não basta?", despejou Sirius. Eu me virei pra olhá-lo, vendo que ele realmente sentia pelo amigo, mas me mantive firme e disse com a voz mais sincera possível.

 "Eu não irei magoá-lo. Palavra de Bruxa. E se eu o fizer, você realmente pode me humilhar ou o que for. Eu somente quero falar rapidamente com seu amigo". Ele me encarou firmemente e deu de ombros como que concordando e depois apontou para Tiago que mantinha a cabeça baixa e não falara nada até então.

 "Vamos." Ouvi-lo murmurar e se levantar andando até um canto bem afastado da mesa onde os Marotos se encontravam sentados. Sentamos nas poltronas vermelhas e confortáveis e senti meu corpo todo travar. Eu tinha medo do que poderia acontecer, mas eu já estava ali. Era a hora de entregar os pontos. Era a hora de abrir meu coração para Tiago Potter. Eu realmente tremia.

[hr]

 Eu não queria olhá-la. Eu não queria saber o que ela faria. Então por que estava ali, esperando-a falar? Eu não sabia dizer não a ela, não com meu coração clamando escutar sua voz, nem que fosse mais uma única e última vez. Eu sentia que ela estava tensa, tão tensa quanto eu, talvez até mais. Era angustiante a espera, era torturante essa demora dela para falar, mas permaneci quieto.

 " Tiago...", levantei a cabeça rapidamente para fitá-la incrédulo e um tanto quanto estranho. Ela havia dito Tiago e aquilo tinha soado tão carinhoso que realmente me surpreendeu. "Eu queria pedir desculpas. Desculpas por todos esses anos te maltratando e, principalmente, desculpas por aquilo que eu disse algumas semanas atrás...me desculpe...".

 Olhei para ela dizendo aquelas palavras que soavam tão sinceras e abri um fraco sorriso. Senti que ela relaxou um pouco ao ver que eu também estava baixando minhas defesas.

 "Lílian, eu realmente não sei o que dizer...eu te desculpo, sim, é difícil pela nossa última conversa, mas você está desculpada. Eu estou tão pasmo..." disse sem realmente saber o que falar. Era tudo tão confuso, tão destorcido que eu estava perdido...

 " Tiago, eu queria dizer mais uma coisa...her, bem...há alguns dias, mais precisamente desde a última vez que nos falamos, é que eu venho me sentindo estranha. Eu não sabia a princípio o que era, mas as peças foram se encaixando, as coisas foram fazendo sentido e eu realmente senti que eu não te odiava. Pelo contrário, eu te amo, ah, é tão difícil dizer isso! – a vi se levantar e ficar de costas para mim, fitando um quadro.- Eu não sei simplesmente o porquê, o quando, o como ou o onde. Eu só sei que eu não quero mais magoá-lo, deixá-lo triste e melancólico. Eu somente queria dizer isso...me desculpe, por tudo. Eu...é tão confuso!".

 Choque. Completo e definitivo choque. Eu olhava para aqueles cabelos sedosos e ruivos à minha frente, mas sem vê-los realmente. Ela dissera que me amava, que não queria me magoar...ela, Lílian Evans...Era tão difícil assimilar, aceitar e refrear um calor e uma felicidade que cresciam dentro de mim. Fiquei alguns minutos em torpor, quando realmente percebi que eu finalmente teria a minha chance. Eu finalmente poderia provar para Lily que a amava e que nunca mentira em relação a isso.

 Levantei-me e caminhei até ela. Delicadamente peguei seus ombros e a fiz virar para mim. Percebi que ela chorava e muito. Mesmo surpreso com isso, limpei seu rosto com meus polegares dando um sorriso reconfortante.

 "Ah, é inacreditável." Murmurei e ela levantou os olhos para mim. Eles pareciam tão opacos. "Eu realmente achei que isso nunca fosse acontecer, minha bela Lílian..."

 " Eu também não mas, por favor, não me faça sofrer. Me diga simplesmente que não me ama, não me iluda, por favor...", ela pediu e recomeçou a chorar. Entendendo o que ela tanto temia levantei seu rosto para poder encarar seus olhos enquanto revelava meus sentimentos.

 "Eu achei que nunca chegaria o dia em que meu amor por você seria correspondido. Tantas noites eu passei acordado pensando em você e em como você nunca me amaria. Sentia medo de te perder, medo de não ter nem ao menos seus gritos todo dia, e então semanas atrás você decretou tudo que eu temia. Você realmente não me enxergava, você nunca mais ia me dirigir a palavra e eu finalmente caí num poço. Eu me sentia sozinho e despedaçado, já que a mulher que eu amava não me queria realmente. E então hoje quando eu tentava esquecê-la, ou pelo menos começar a tentar fazê-lo ela veio até mim e realmente diz que me ama. A emoção é tanta, o meu coração está a mil, e eu simplesmente não posso acreditar que o brilho desses olhos verdes é só pra mim, é apaixonado por mim...", declarei emocionado e sincero. Nossos olhares não haviam sido desviados por um único instante, e foi por eles que nós concordamos que a prova real se era ou não um sonho era um beijo.

 As respirações entrecortadas, os corações a mil, o cheiro inebriando ambos, o arrepio ao primeiro contato e então, o mar de luz, esperança, amor e paixão. Beijar Lily era a coisa mais incrível que eu já havia sentido. Era tão mágico e inexplicável.

 Separamo-nos sorrindo em cumplicidade e encostamos as testas, rindo intensamente. Era tão estranho. Tiago Potter e Lílian Evans, tão opostos, tão iguais. Tão distantes, tão unidos. Abracei-a fortemente sussurrando " Eu te amo" antes de iniciar um novo beijo, tão mágico e inovador como o outro. Para sempre seria assim, cada novo momento, cada nova descoberta, tudo. Seria simples e divino, como a cada dia e noite, como a cada nascimento, seria simplesmente inexplicável.

 Novamente nos afastamos e fiz a pergunta que tanto ansiava.

 "Quer namorar comigo, Lily?"

 " É óbvio, Ti. É óbvio que sim", respondeu sorrindo lindamente.

 "Pra sempre, Lílian?"

 "Pra sempre, Tiago. Eu te amo.".

 Beijamo-nos de novo. Sem esperar nada mais, somente querendo ser felizes juntos.