Cap3 - Quando a chuva cai...

Ela ficou indignada, e lutou para se soltar.
Quando se livrou dele, começou a ofende-lo:
- Seu... abusado! Como ousa fazer isso? Eu não suporto você! Vá embora daqui e não volte mais!
A reação dela o decepcionou.
Shunrey achava que um beijo poderia fazer com que Saori recobrasse a memória. Mas se esqueceu de um detalhe: eles nunca tinham se beijado antes!
Seiya atendeu à ordem de Saori. Foi embora, e quando chegou em casa, colocou pra tocar o CD do Capital Inicial, que era um de seus preferidos.

(Não me perguntem como, mas ele tinha um CD do Capital Inicial).

"Cai a noite na cidade
Vinda de lugar nenhum
E o dia vai embora
Indo pra lugar algum
Não sentia fome
Não sentia frio
Sentado num canto
De um quarto vazio"

O melhor seria se afastar dela. Se Saori não o queria por perto, deveria aceitar.

"Quando a chuva cai
Nas noites mais solitárias
Lembre-se que sempre..."

Chovia lá fora, mas o que era uma simples chuva comparada às suas lágrimas de tristeza e desilusão?

"Sombras e pensamentos
De um sonho só esperança
Nas paredes ecoavam
O silêncio e a lembrança"

Não estava suportando ficar ali, precisava dar uma volta pra esfriar a cabeça. Foi caminhando até o cais do porto, que era próximo de sua casa.

"Entre ruas desertas
Ele está só de passagem
Na vertigem e tontura
Surgia todo tipo de imagem"

Não havia mais ninguém por ali. Sua cabeça parecia girar...
Ele tinha esperado tanto pela chance de beija-la, mas agora só lhe restava a imagem dela ordenando que saísse de sua casa.

"Quando a chuva cai
Nas noites mais solitárias
Lembre-se que sempre
Estarei aqui"

E a chuva, cada vez mais intensa, caía sobre ele, encharcando sua roupa.
Nunca, em toda sua vida, sentira-se tão sozinho...

"Se virou e alcançou o céu
E a última estrela
Nada deixava passar
Tudo lembrava ela"

Com o passar dos dias, Saori conseguiu se lembrar de mais pessoas. Agora já reconhecia Hyoga, entre outros.
Só não conseguia se recordar de Shiryu e de Seiya. Desde que o rapaz a beijara, ela não o vira mais.
Estranho... não parava de pensar nele. Aquele beijo, que a irritara, também a deixara impressionada...
Não conseguia esquecer daqueles braços que a tinham envolvido tão firmemente, daquela boca que mergulhara na sua com tanta intensidade...
"Droga, não quero pensar nele!".
Mas não podia negar que Seiya era muito atraente...
Julian percebeu que ela já não se mostrava tão interessada em sair com ele. Até tentara beija-la, mas Saori o repeliu.
Quando conversavam, a garota parecia estar bem longe dali...
- Saori, vamos jogar tênis? Eu sou expert nesse esporte!
E ela, completamente alheia ao que ele dissera:
- Eu quero muito ver esse filme.
- Filme?
- Você não me convidou pra ir ao cinema?
- Saori, o que você tem? Eu te chamei pra jogar tênis!
- Desculpe, Julian, estava distraída.
- Percebe-se...
- Pra falar a verdade, não quero sair hoje. Prefiro ficar sozinha, se não se importa.

Shunrey se arrependera de ter sugerido que Seiya beijasse sua amiga. Só tinha piorado a situação. O coitado sofria muito por ficar longe de Saori.
Seus amigos insistiam para que ele voltasse a freqüentar a mansão, porém Seiya se mantinha irredutível. Cansara-se do desprezo de Saori.
Para surpresa de Shunrey, ela lhe perguntou:
- E aquele rapaz, o Seiya? Tem visto ele?