– CAPÍTULO TRÊS –
As Trevas Se Movem
- Como é que é? – disseram em coro.
- Há algumas semanas eu recebi uma carta muito inesperada de uma pessoa que não vejo há muitos anos, Martha Willams Black. – Dumbledore continuou enquanto todos se acomodavam pasmos à mesa. - Ela foi a esposa de Sirius. Fiquei surpreso em receber sua carta porque todos achavam que ela e sua filha estavam mortas. Até Sirius achava. Imagine a situação dele; quando recebeu a notícia da morte da família, ele já estava em Azkaban havia um ano. Receber uma notícia devastadora como esta num lugar onde a tristeza, infelicidade e angústia prevalecem pode ser terrível. Na carta Martha explicou que não podia ficar aqui depois do que acontecera, e não queria que Sirius soubesse que estava viva porque isso poderia fazê-lo sofrer ainda mais naquele lugar. Então ela fingiu uma morte para ela e a filha e sumiu do país.
- Mas porque Sirius nunca mencionou isso? – Harry perguntou ainda surpreso. Não esperava algo desse tipo.
- Ele ficou muito abatido na época. Talvez não quisesse relembrar o que houve.
- Isso é, definitivamente, muito inesperado. – Rony disse com os olhos arregalados.
- Nunca imaginei que Sirius pudesse ter tido uma família. Ele parecia um homem tão solitário. – Mione disse boquiaberta.
- Bem que eu notei uma certa semelhança nos dois. – George disse. Harry se lembrou que também achara a garota familiar. Os olhos e o sorriso de Christine eram parecidos com o de Sirius.
- Quando recebi a carta pedi que elas voltassem para cá, mas não quiseram. Christine veio no lugar da mãe, pois queria saber o que houve com o pai. Elas só descobriram que Sirius havia fugido de Azkaban esse ano, através de amigos que vieram a Inglaterra. – Dumbledore disse com uma cara triste. – Quando soube da morte de Sirius ficou muda e melancólica. Tive pena dela. Me lembro que entre Christine e Sirius havia uma ligação tão forte que surpreendia a todos.
- Me lembro de um dia que eu os visitei. Sirius não estava em casa, e eu e Martha conversávamos na sala enquanto Rony, os gêmeos e Christine brincavam no tapete. Christine, de repente, saiu engatinhando feito louca e sentou de frente para a porta esperando por alguma coisa. "Que foi, meu amor?" Martha perguntou rindo, e Christine respondeu apontando para a porta "Papa", eu ri e disse "Não, querida, essa aí é a porta", mas a porta se abriu e Sirius entrou. – Sra. Weasley disse sorrindo.
- A senhora sabia?! – os filhos dela perguntaram em coro.
- Mas é claro. Sirius era o meu primo, eu deveria saber. – ela respondeu obviamente.
- Então era por isso que ela estava aqui. – Harry concluiu o obvio.
- Aproveitamos que ela estava aqui e a levamos para o Ministério para que ela tomasse o que era seu por direito, sendo a herdeira dos Black. Ela nos cedeu a casa para a Ordem, mas não quis ficar, como vocês viram. – Dumbledore disse.
- O senhor acha que ela volta? – Harry perguntou.
- Não tenho certeza. Mas algo me diz que sim. – Dumbledore respondeu pensativo.
Um minuto de silencio procedeu enquanto todos organizavam as idéias. Por fim Dumbledore se levantou.
- Bom, eu tinha vindo para poder conversar melhor com Christine, mas parece que não tive tempo. Então, já estou indo.
- O senhor não vai ficar nem para o almoço? – Sra. Weasley perguntou.
- Não, obrigado, Molly. Sou um homem muito ocupado, tenho negócios a tratar. Sejam bem-vindos, Sr. e Sra. Granger. – e com um Crack, Dumbledore desapareceu no ar.
- E eu vou preparar o almoço. – Sra. Weasley se preparou com a varinha e começou a trabalhar. – Vão se ajeitar nos quartos, mas se ajeitar nos quartos, não ficar correndo atrás de elfos fazendo o maior escândalo. Já foi difícil o suficiente para calar a velha Sra. Black.
Eles saíram e fizeram como o pedido (Rony e Harry pegaram o mesmo quarto que ficaram no ano passado). Depois desceram para o almoço. Quando terminaram, foram para a sala de estar e ficaram conversando.
- Bem que eu a achei familiar. – Harry comentava. – ela tem os olhos de Sirius.
- Também achei. – disse Hermione.
- Vocês acham que ela volta? – Rony perguntou.
- Segundo Dumbledore... Talvez... – Gina respondeu.
- Espero que sim. Ela pareceu gente fina. – disse Fred, que estava jogando xadrez de bruxo com George.
- Não sei não. O Monstro nunca gostou do Sirius, só gostava da mãe dele, e agora parece bastante apegado à garota. Ouviu ele a chamando de mestra? – Gina disse. – E quando Harry correu atrás dele, ele correu para os braços dela.
- Isso não quer dizer nada. – argumentou Mione.
A conversa durou a tarde inteira. De noite, depois de um bom jantar animado, Harry já começou a sentir que um sono profundo estava por vir. Todos subiram para os quartos mortos de sono. Rony e Harry estavam tão cansados e bêbados de sono que assim que deitaram na cama começaram a roncar. Harry teve uma noite muito interessante.
Harry não tinha a mínima idéia de onde estava; só sabia que era um lugar escuro, úmido, frio e sombrio. Se sentia indefeso e fraco, como se estivesse esperando que alguém o chamasse. De repente, ele se sentiu puxado para um outro lugar; ele se viu diante de centenas de pessoas, adultos e crianças que ao julgar pelas roupas eram bruxos , e eles o olhavam aterrorizados - as crianças chorando com medo abraçando os pais e o desespero estampado nos rostos destes. Harry estava dentro de alguma escola, e estava tendo uma festa, mas ele não sabia de onde tirara essas informações. E então percebeu que estava rindo, mas não era a sua voz que ele escutava, era como se havia outras pessoas falando através dele, e ele não conseguia ouvir direito o que falava, mas sabia o que estava dizendo: "E então? Vocês se curvarão a mim por livre e espontânea vontade, ou querem acabar como essa mulher?", ele apontou para o chão onde uma mulher estava caída, pálida e de olhos abertos - estava morta. Harry sentiu algo novo dentro de si, se é que aquele era ele mesmo, pois não tinha controle sobre si. Sentiu uma energia nova e poderosa fluindo pelo seu corpo. "Nunca!", gritou uma voz por entre a multidão, e em seguida um homem alto e moreno se aproximou apontando a varinha para Harry, mas antes que pudesse fazer qualquer outro movimento, por alguma força invisível, o homem foi jogado para longe de Harry, batendo com força na parede e caiu no chão imóvel. Os outros deram gritos e gemidos de medo. "Já que esta é a decisão de vocês..." Harry se viu dizendo, "Eu realmente não queria ter que fazer isso, pelo menos não agora. Mas isso vai ser bom. Será um aviso para todo o mundo. Então, este é o fim. Digam adeus!", de repente um clarão cobriu a sala e Harry não pode ver mais nada, apenas ouviu gritos de dor e desespero.
Ele acordou com um susto e percebeu que sua cicatriz não ardia e nem doía. Será que o sonho teve alguma coisa haver com Voldemort? Mas se tivesse, porque a cicatriz não doera? Ela se levantou da cama e começou a descer as escadas para tomar água, quando ouviu uma agitação lá embaixo. Ele parou e tentou escutar.
- ... Dumbledore pediu que eu fosse, pois ele próprio não pode ir. E eu tenho que ir logo senão algo pior pode acontecer. – Lupin dizia, um pouco apressado.
- Era só o que faltava! Que fim isso vai ter?! – Sra. Weasley disse, ela parecia preocupada e um pouquinho desesperada.
- Calma, Molly. Vai dar tudo certo, você vai ver. – a consolou o Sr. Weasley.
- Nós resistiremos até o fim. – encorajou Lupin. – Acho que voltarei em dois dias. Vai depender de quando Dumbledore puder chegar lá. Então é melhor ir. Tchau.
Harry ouviu passos apressados e depois a porta se abrindo e fechando rapidamente. O que será que aconteceu? Poderia ter alguma coisa haver com o sonho? Harry queria descer e perguntar, mas achou melhor voltar para a cama. Pensando no que acabara de acontecer ele deitou na cama e, depois de um tempo, voltou a dormir. Mas sua noite não acabou aí.
Harry agora estava deitado na sua cama na casa dos Dursley olhando para o teto pensando quando ouviu um sussurro. No começo achou que fosse só o vento entrando pela janela aberta, mas mudou de idéia quando o vento começou a sussurrar o seu nome cada vez mais alto e com mais freqüência. Se sentou na cama e tirou a varinha do bolso procurando ver se alguém estava ali, mas só o que viu foi a bagunça que estava o seu quarto. Se levantou e foi olhar pela janela; lá embaixo não tinha sinal de vida, e em cima Hedwiges voava em círculos. De novo alguém o chamou, e dessa vez o sussurro parecia bem mais próxima. Ele se virou e viu uma luz esverdeada na fresta da porta. Lentamente, Harry foi se aproximando da porta com uma mão estendida para o trinco e a outra grudada na varinha. Quando estava a apenas uns centímetros da maçaneta, ele ouviu um grito. "Sirius!", ele gritou e abriu a porta com um puxão. Ia começar a correr para as escadas, quando percebeu que já estava nelas, ou pelo menos rolando nelas abaixo até atingir o solo duro e frio de uma sala cavernosa que o trazia muitas lembranças. Tentou se levantar, mas seus braços e pernas não respondiam ao seu comando. Olhou ao redor para pedir ajuda e notou mais duas pessoas lá, mas elas não pareciam tê-lo notado. Eram Sirius e Bellatrix, e estavam duelando perto do véu que um tempo atrás Harry encontrara quando procurava seu padrinho. Ele tentou gritar por Sirius, mas sua voz também não respondiam aos seus comandos. Bellatrix atingiu Sirius no peito e Harry teve que presenciar, novamente, uma das cenas mais marcantes de sua vida, e isso o deixou triste e zangado. "NÃO!", Harry conseguiu gritar. Bellatrix dava gargalhadas altas e satisfeitas, ela ainda não notara a presença de Harry, que agora sentia seu corpo se movendo. Ela correu para uma porta próxima, Harry conseguiu se levantar e correu atrás dela. "Eu vou te MATAR!" ele gritou momentos antes de bater com o nariz na porta que se fechou por trás de Bellatrix. Massageando o nariz, Harry abriu a porta e entrou; agora estava numa sala pequena e muito escura, como se ficasse num vazio profundo, e a única fonte de luz que tinha ali vinha de algo que flutuava no centro da sala. Bellatrix tinha sumido e ele não avistara nenhuma porta pela qual ela poderia ter passado. Mas agora a única coisa que lhe interessava era a luz; parecia uma chama verde e brilhante de surgia de um nada. Harry se sentiu atraído, queria tocá-la, algo o dizia que era dele, e ele a queria de volta. Mas pareceu que não era hora de reavê-la já que era apenas um sonho e que Rony o sacudira acordando-o.
- Feliz aniversário, Harry! – ele disse. Já era dia.
Durante aquele dia Harry foi muito bem tratado, recebeu bom presentes, a Sra. Weasley fez todos os pratos que Harry mais gostava, se divertiram muito. Mas nada o deixara tranquilo à respeito do que houve noite passada; Lupin não deu notícias (a não ser por um bilhete de Feliz Aniversário que ele deixara para Harry junto com um livro com várias técnicas de quadribol), a Sra. Weasley ficou o dia inteiro nervosa, apesar de tentar esconder, e o Sr. Weasley conversava às escondidas com Mundungus e Tonks, que vieram dar os parabéns a Harry. Durante o dia todo Harry se perguntava se o que sonhara tinha haver com o que Lupin estava fazendo.
Mas Harry teve uma boa notícia para variar; as cartas de Hogwarts chegaram e junto veio o resultado dos N.O.M.s. Todos se deram muito bem – Hermione passou com nota máxima, o que era óbvio, Harry tirou excelentes notas, também, e Rony,bem, não foram todas excelentes mas foram muito boas. Resumindo: Todos passaram. Isso foi mais um motivo para comemorar. Até Dumbledore apareceu para lhes dar os parabéns, se bem que esse não fora o único motivo; Harry o viu perguntando aos Weasley se eles tiveram notícias de Lupin. Fora o mistério, o dia foi maravilhoso.
Passaram-se alguns dias e nada de Lupin ainda. Teve algumas reuniões da Ordem bem sigilosas, o que aumentou a curiosidade de Harry, que, por fim, decidiu perguntar logo o que acontecera. Ele aproveitou a oportunidade que teve quando todos estavam nos quartos se preparando para o café da manhã; Harry já estava acordado, pois não conseguira dormir direito – desde seu aniversário, toda noite ele tem o mesmo sonho que teve com Sirius – e a Sra. Weasley já acordara para preparar o café.
- Bom dia, Harry! Acordou cedo hoje. Dormiu bem?
- Mais ou menos. – Harry respondeu.
- Aconteceu alguma coisa?
- Hm... É isso o que eu queria perguntar para a senhora. – Sra. Weasley ficou seria de repente. – Onde está Lupin? Aconteceu alguma coisa a respeito de Vold...Você-sabe-quem? – ele perguntou.
A Sra. Weasley, que estava lavando os pratos, parou e enxugou as mãos para se sentar com Harry à mesa (a louça começou a se auto-lavar).
- Eu sei que alguma coisa aconteceu, mas ninguém diz o que é. – Harry continuou.
- Sei que você não vai se aquietar até saber o que foi, então vou direto ao assunto. Mas quero que me prometa não contar nada aos outros. Não quero preocupá-los. – ela disse seriamente. Harry concordou. – No dia antes de seu aniversário...uma tragédia aconteceu, onde centenas de pessoas morreram.
Harry lembrou-se do sonho que teve naquela noite. Lembrou-se dos rostos assustados das crianças agarradas aos pais.
- Aconteceu durante uma festa em uma escola na América. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, pois, infelizmente, não sobrou nenhuma testemunha ocular do que possa ter ocorrido. Teve alunos que, por sorte, saíram das propriedades da escola antes do massacre, e eles alegam ter visto uma explosão de luz verde e brilhante na escola, e ouviram muitos gritos, antes da escola desabar. – Harry havia ficado meio pálido, mas não surpreso. A Sra. Weasley acabara de descrever o seu sonho, confirmando as suas suspeitas.
- Mas o que isso tem haver com Lupin?
- O motivo de Lupin ter viajado, é que Dumbledore, e muitos outros, acham que esse incidente possa ter sido obra de Você-sabe-quem. Agora que se tornou pública a sua volta... Não seria surpresa se ele começasse a agir. Então Lupin foi a América para investigar o assunto.
- Mas já se passou uma semana desde que ele foi. Ele chegou a descobrir alguma coisa?
- Infelizmente não.
- Então porque ele não volta?
- Bom...tem outro motivo para ele estar lá. A escola que se explodiu, era a escola que Christine estudava.
- CHRISTINE ESTÁ MORTA? – Harry se viu gritando.
- Não, não. Deus me livre! Vire essa boca para lá.
- Então porq...
- Bem...Há uma chance de que Christine seja uma única sobrevivente do ataque. Os alunos que haviam saído da escola antes da explosão a encontraram há alguns metros dos destroços da escola, junto com a mãe. Ela estava inconsciente e com um grande corte na cabeça. Esperávamos que ela pudesse dizer o que aconteceu, mas ela não se lembra.
- E a mãe dela?
- Morreu. – Sra. Weasley respondeu e deu um suspiro.
- E o que vai acontecer com Christine?
- Não sabemos. Lupin está cuidando disso. Lupin está tentando trazê-la para a Inglaterra, mas o Ministério de lá não querem permitir. Querem tentar de tudo para fazê-la se lembrar. Pobrezinha... Acabou de descobrir que o pai está morto, e quando volta para casa a mãe morre. E ainda tem que passar por isso.
Quando a Sra. Weasley terminou de falar alguém entrou na cozinha – era Lupin.
- Lupin. – Harry e Molly falaram em coro.
- Tudo bem? O que houve? Cadê Christine? – Sra. Weasley perguntou preocupada, enquanto Lupin (com aparência muito cansada, parecia que não dormia a anos) sentava-se à mesa. Ela se levantou imediatamente e correu para pegar uma xícara com chá para ele.
- Christine não veio.– Lupin respondeu cansado. - Quis ficar morando com uns amigos. São boa gente, me convidaram para ficar hospedados em sua casa.
- E teve alguma notícia? Descobriram alguma coisa? – Harry perguntou curioso. Lupin não pareceu nem um pouco surpreso com isso.
- Não. Christine conseguiu se lembrou de como ela e a mãe escaparam do desabamento, mas não se lembra de ter visto a causa da explosão. E não tive nenhuma pista de Você-sabe-quem. A não ser os supostos mensageiros de Você-sabe-quem que apareceram na Venezuela.
- Hm...Eu não contei a ninguém antes...mas foi porque eu não tinha certeza, mas eu sonhei...quer dizer...eu meio que tive uma visão dessa explosão. – Lupin e Sra. Molly olharam para eles surpresos. – Eu me vi no lugar da pessoa que fez isso.
- Você viu...? Harry você sabe quem fez isso? – Lupin perguntou.
- Não vi rosto. Eu era a pessoa, entende? Estava no lugar dela. Mas acho que poderia ser Voldemort. Vocês sabem daquela conexão que eu tenho com ele. Foi como aconteceu com o Sr. Weasley ano passado. Com a cobra...
- Se Harry estiver certo. Se tiver sido realmente, com toda certeza, Você-sabe-quem...temos um problema muito grande pela frente. – Sra. Weasley disse preocupada.
- Pode ser que ele esteja tentando juntar forças em outras partes do mundo. Sua força pode aumentar. Temos que estar preparados. – Lupin acrescentou.
- Temos que falar com Dumbledore.
- Fazer uma reunião para discutir o que faremos a seguir.
- Grande Lupin. O que conta de novo? – os gêmeos entraram, seguidos pelo resto do povo que morava na casa.
O café da manhã foi servido.
